AD SENSE

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Para ler e pensar
















Escrever é ...




Quem acha que escrever é apenas vomitar letras no teclado. falta-lhe sutileza, sua inteligencia é pouca.

Escrever é expressar ideias, mas também fazer pensar. Fazer refletir. Propor o contraditório com elegância.

Há uma gritante diferença entre a sutileza e a proposição que se contrapõe ao ranço da agressiva verbalização.

Escrever é ser sutil. É dizer com propriedade e construir com sabedoria. o que passar disso são grunhidos indizíveis,incompreensíveis e trogloditas.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O Cortejo e o gambá da Carsulina (Sim, ela voltou com a corda toda)




Carsulina era a intendente do Cêrro do Bassorão, o que é de conhecimento de todos, e como tal, deveria cumprir com os requisitos da função, ou segundo ela, da "Fonção". E um dos requisitos, era viajar pra capital da Província, em busca de "binifício" pro povoado.

A questão  é que uma viagem é sempre algo muito dispendioso, além do que, como sua fama a precede, Carsulina em solo "capitalista", é deveras um acontecimento, e segundo ela, um "acunticimento", Quase uma efeméride, pois não? E não é por acaso que Carsulina, a Lady do Bassorão, é "biçuluta e compretamente" desconhecida por sete bilhões de pessoas do mundo que cerca o Cêrro do Bassorão. Acha pouco? Não é pouco não. Esse número expressivo empresta-lhe notoriedade e prestígio.

Então, chegado o tempo de visitar a capital, Carsulina foi convocada pelo governador, que fazia gosto em receber a notável em grande pompa. E assim foi. As escolas da capital foram dispensadas, e as professoras levavam multidões de criancinhas com bandeirinhas do Cêrro nas mãos, entoando o hino nacional do Bassorão. E ao stilo da velha realeza, foi recebê-la na estação do trem, em carruagem aberta, puxada por seis garbosos alazões enfeitados, e bem alimentados. Vestiu o traje de gala, e levou junto sua espada de Cadete, que herdou do avô, velho caudilho da guerra cisplatina.

A Primeira Dama, ladeada por suas pajens, foi numa segunda carruagem, logo atrás, para não quebrar os protocolos de hierarquia. E assim, sucessivamente, os Ministros de Estados, os Alferes, Intendentes e por fim os lacaios, que levavam guloseimas e convescotes para refestelo da troupe ao fim do desfile, e antes das reuniões tediosas no palácio.

Carsulina, que era prenda pouco acostumada com pompa, abanava ao povo, enquanto mascava um naco de charque de capivara, e bebia uns goles de café que trazia dentro de uma guampa. Entre um bocado e outro, que oferecia ao Governador, abanava para o povo e abençoava as criancinhas pelo caminho.

Mas, lembram, que ali no terceiro parágrafo, eu mencionei que os alazões eram bem alimentados? Bem até de mais, e aquele pasto novo misturado com ração e milho, criava gases nos quadrúpedes, que, numa feita entre um trote e outro, o alazão mais próximo da carruagem,  dá uma patada num gambazinho que passava por ali, e em defesa, alivia um daqueles esturricados, advindos lá do fígado, e que fedeu. Por misericórdia, mas como fedeu aquilo, ao que o bagual corresponde, largando outro em seguida, como se um traque saudasse o outro, numa linguagem que só os intestinos são capazes de compreender. É o que Carsulina chama de "Intindimento Intistino)

O Governador, envergonhado, aproxima-se do ouvido de Carsulina, e tapando o nariz com um lenço, diz baixinho:

- A Comadre me perdoe....

Carsulina, que se distraía abanando para uma guriazinha sardenta e com longas trancinhas douradas, volta-se para o envergonhado político, e dando-lhe um tabefe no ombro, diz, às gargalhadas:

_Mas quê isso, compadre? Não se apoquente. Eu até pensei que tivesse sido o matungo e o gambá!



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Vida Bandida





VidaBandida
Pacard

Meu nome é...não interessa como é meu nome. Quer saber pra quê? Se liga, sou esperto. Muito esperto. Mas pode me chamar de Zarôio. Acho bem legal o apelido “Zarôio”. Lembra “Scarface”, “Cicatriz”, “Fogo Cruzado”. Bons nomes pro crime.

Meu negócio é o crime. Não era, mas decidi entrar pro crime. Crime organizado. Eu mesmo organizo tudo. Quando saio pro crime, levo lanche e água mineral. Primeiro bebo a água e depois como o lanche. Cuscuz mexido com ovo. Dá trabalho pra fazer, mas vale a pena. Faço na hora.

A moda agora é crime magnético. Gosto do nome, acho científico. Crime pela internet.Por isso “magnético”. Talvez porque a gente enjoe fácil e fique mudando de página. Enjoo lembra leite de magnésia bisurada. Então o nome magnetico. 

Meu nome é conhecimento. Pronto, falei o meu nome. Você não devia ter lido o meu nome. Agora terei que apagá-lo. FUUU (assopro). APAGUEI VOCÊ! Desculpe.Eu só queria assoprar, não queria cuspir. Limpe aqui com meu lencinho. Pouco uso. Leninho de confiança. Acabei de usar quatro ou cinco assoadas de nariz. Gripe é brabo. Trato com libão e bél. 

O negócio agora é enviar mensagens em grupo de avezaps. Acabei de engatar uma véia. Marquei com ela de assaltá-la na terça feira. Mas bateu medo, Ela não pareceu de confiança. Não pareceu mesmo. Nunca se sabe em quem se pode confiar. Tem gente ruim nesse mundo, Tem mesmo. Sim senhor.

Consegui um numero. Não sei de quem é.Muito melhor. Fico incógnito. Mandei uma mensagem de bater medo. Pavor mesmo:

-Alô, usuário!
- Quem fala?
- O sequestrador!
- Vc é doido?
- Ok.já que me cconhece, sabe que sou periculoso! Faça um depósito na conta de R$ 56,39,IMEDIATAMENTE!
- Na conta de quem devo depositar?
- Na sua conta,otário. Pensa que sou bobo em passar o número da minha conta pra você? Eu NEM CONHECO VOCÊ!
- E que provas eu tenho que você esteja dizendo a verdade? Tem muito golpista no mundo esquelético.
- Ah, tem mesmo. Vou fazer assim, porque gostei de tu, madamo! Vou mandar pelo sedex uma orelha e dois dedos,pra ver que tou falando sério.
- Orelha e dois dedos de quem?
Ora de quem? MEUS, é CLARO?
- Cara! Você já tentou um psiquiatra?
- Sim. Ele não quis nada comigo. Me mandou consultar com um veterinário, e depois passar num ferreiro. Ele se preocupa com meu bem estar. Gostei do cara. Quer o telefone dele?
- Nãooo!
- Certo! Já chega de conversa. Pra que endereço eu mando a orelha e os dedos?
- Manda pra casa da sua mãe!
- Perfeito! Tem uma taxinha pra pagar o motoboy, senhor. 5,95, com impostos e sem a “grujetinha”.
- VAI PRO INFERNO, DEMENTE!
- Pois não, cavalheiro. Mas antes passo na casa de mamãe pra saber se ela recebeu a orelha e os dois dedos.
…...tu...tu….tu...tu…

- Ué! Desligou! Como tem gente mal educada nesse mundo. Credo! O cara entende, é nada, de sequestro.



domingo, 12 de fevereiro de 2017

A Serpente e o Gambá - Fábula


Imagem de internet

No tempo em que os bichos falavam,vivia um velho gambá em sua toca, que passava os dias dormindo, e à noite, saía à procura de sustento para sua ninhada.
Entravam e saíam os dias, e o velho gambá saía troteando pelas veredas em busca de algum ninho esquecido, para roubar os ovos, ou de uma fresta no galinheiro, para refestelar-se com uma galinha gorda. Esta era a vidinha daquele gambá, e de todos os gambás. Comer, dormir, reproduzir, e deixar a vida em seu curso, assim como O criador havia deixado desde a Criação, tempos atrás.

Havia, próximo a um parreiral, onde o gambazinho apreciava, no verão, subir entre os galhos para comer saborosas uvas, um velho tronco caído, onde no oco da madeira, vivia uma também velha serpente. Passava todos os dias o gambá perto do tronco, cheirava, sorrateiro, e pressentindo o perigo, saía de mansinho, sem incomodar a astuta moradora do lugar.

Ocorre que o verão estava terminando, e a temporada de caça da velha serpente não havia sido muito promissora. Além disso, estava muito velha para abandonar sua toca e sair em busca de caça em lugares mais distantes, como fazia quando era jovem. E como via o gambá passar todos os dias à sua frente, engendrou um plano para fazer dele o seu abastecimento para o inverno, que prometia ser rigoroso.

Isto pensado, passou a espreitar todas as noites enquanto o marsupial passava, e como de costume, dava sua cheiradinha no tronco, antes de prosseguir caminho. Noite após noite,um e outro se espreitavam, até que um dia, a cobra velha decidiu executar seu plano alimentar, e colocou-se estrategicamente à espera do peludo.

Naquela noite, porém, o velho gambá também havia mudado seus planos, e estava pensando em mudar de dieta. Precisava de proteínas, porque o inverno prometia ser rigoroso naquele ano. E uvas, apesar de deliciosas, não ofereciam as proteínas das quais necessitava para enfrentar o rigor do frio. Decidiu então, que a velha moradora do tronco estava do tamanho certo para ser devorada. E passou, ele também a espreitar sua comida rastejante, e engendrar um plano de ação. E assim, u e outro, desconfiados e sorrateiros, lambiam os beiços quando sentiam as presenças, de um e do outro, ao anoitecer.

Mas, o gambá, por perambular mais que a serpente, também tinha mais amigos. Pelo bem da verdade, o gambá tinha muitos amigos, mas a serpente não tinha nenhum. Era temida e sorrateira, e por isso evitada. Era muito egoísta, e quando abatia uma presa, seu veneno mortal impedia que outros bichos partilhassem de seu refestelo.

Era vizinho do Gambá um velho lagarto, que por sua natureza, não fazia parte da cadeia alimentar do gambá, e vice versa. Mas de ambos, a serpente era inimiga, e ao paladar de ambos, era uma iguaria. E assim sendo, e diante das necessidades, de um e outro, que também sofriam os rigores do inverno, entraram num acordo: Iriam dividir a cobra velha. E sendo esperto como era, o gambazinho planejou a coisa. E assim feito, aguardaram o momento certo para seu banquete acontecer.

Noite de lua  cheia, ótima para sair em busca de comida. E lá estava o gambazinho passando perto do tronco. De longe, passava cantarolando, na língua dos gambás. Atenta, a serpente pensou: Lá  vem ele.  Vou deixar a causa balançando do lado de fora, e quando ele der uma mordida, eu pulo em cima dele. E assim fez. Deixou a cauda ali balançando ao brilho do luar. De repente, percebe que alguma coisa tocou nela, e de pronto saltou em cima do agressor. Mas, ah, mundo cão esse! O agressor não era um gambá e sim seu pior pesadelo: o velho lagarto faminto, que deu uma lambada com sua cauda e esticou a jararaca em um único golpe. E assim, feliz com sua porção, deixou metade da cobra para o gambá, que estava logo atrás, e que de quebra, ainda ficou com a toca da serpente, bem mais confortável e quentinha.

Moral da historia:
Por mais veneno que tenha suas peçonhas, nenhuma cobra velha terá perspicácia, veneno ou força para vencer a união da floresta, que também, sente fome, mas tem a perspicácia de unir-se em prol de um inimigo comum.

A propósito, o gambá poderia ter matado a cobra sozinho se quisesse.

Gambá contra veneno de cobra

Famoso pelo mau cheiro que assusta os humanos, o gambá poderá agora ajudá-los.

Famoso pelo mau cheiro que assusta os humanos, o gambá poderá agora ajudá-los. Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, isolaram uma proteína existente no organismo do animal que o torna resistente ao veneno de cobras do gênero Bothrops, como a jararaca e a jararacuçu, responsáveis por cerca de 90% das picadas de serpente no Brasil. “A proteína bloqueia efeitos locais do veneno, como hemorragia e edema, tarefa em que os anti-soros existentes não são tão eficientes”, diz o biólogo Jonas Perales da Fiocruz. Ela poderá estar no mercado em dois ou três anos e é um providencial reforço terapêutico. Segundo um relatório da Fundação, em 1991, dos 39 780 casos de intoxicação, 10382 foram provocados por animais peçonhentos.

Fonte:
http://super.abril.com.br/ciencia/gamba-contra-veneno-de-cobra/

Se correr, o GAMBÁ pega. Desta vez fedeu...




 PS: Nenhum político, nenhum eleitor, e principalmente, nenhum gambá foi maltratado para esta crítica do mundo imaginário. Os personagens são todos imaginários e qualquer semelhança com a vida real, não é problema meu.
O autor

Gambazinhos recolhidos no Pinterest, mas já foram devolvidos por causa do fedorzinho nojentinho que exalavam do traseirinho.


Quando penso que já vi de tudo, descubro que o fundo de tudo é o topo do porão do que ainda resta pra ver.
(Fedorent, Le Gambá)

Acompanhando, com discrição, as manifestações nas redes sociais, deparo-me com melancólicos desabafos de quem sentiu-se desprestigiado, apesar de terem sido devotados colaboradores da campanha ao atual governo, mas que, ao longo dos primeiros dias já começam a descobrir que o buraco da vida pública era bem mais embaixo.

É o momento da transição da adolescência ruidosa, tempestuosa da vida, onde os vivazes gritinhos de euforia da infância são substituídos pelos grunhidos roucos e desafinados da puberdade, onde as ideias se fundem e se confundem em desvarios entre a ira e a desilusão. Entre a incerteza e a ânsia pela vida. É aquele momento da angústia pelo isolamento, e a contida saudade do colo,que são as bravatas da campanha. 

Acabou-se a festa e começa a semana. E descobrem que nesta semana todos já encontraram seus lugares, menos aqueles que continuaram no delírio e na ilusão de acreditar que alguma coisa seria melhor do que apregoaram e se empenharam até às últimas consequências. E as últimas consequências não se esgotaram,porque descobrem terem sido traídas por falsas promessas e pela ânsia de ensejar mudar o mundo, sem perguntar ao mundo se queria mesmo ser mudado.
Já, do outro lado da cerca, agora se fechando,  estão os governantes, que em impopular  atitude, estabelecem suas fronteiras, e nestas fronteiras, traem a quem ajudou a carregar os moirões e os aramados. E os arames eram farpados. 

É uma cobertor curtíssimo em que se encontra agora o executivo, que jactou-se em reduzir os cargos comissionados em nome da governabilidade e da moralidade, gabando-se ainda em haver considerado as nomeações por prova de capacidade (sob critérios misteriosos), e que, caso ceda aos rogos e gemidos destes correligionários, estará se contradizendo, e estará atendendo a exigências políticas e politiqueiras, em lugar de oferecer respostas ao clamor das necessidades administrativas que diz ter encontrado. 

Que situação! Se correr, o bicho pega, Se ficar, o bicho come.E o bicho desta vez não é nenhum gambá. É bicho do próprio cercado. Mordendo os calcanhares. Grunhindo e não deixando ninguém dormir, nas frias noites que breve haverão de chegar.

Já começo a perceber que o bicho não geme sozinho...


E vem aí.....



FEDO'RENT, Le Gambá!(

Da série: Gambá meu ninguém tasca!)

Aguardem


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O dia em que faltou leite pro gatinho - Um conto quase absurdo

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Contava um sujeito que conheci, de um gatinho que teve quando era criança.  Gato esperto, daqueles raros, e muito exigente, também.  Gostava de beber leite, como todo gato gosta, e assim, mimadinho como ele só, ganhava todos os dias sua tigelinha transbordando do suquinho de vaca, para refestelar os longos bigodes, depois da lauta fartura, esparramando-se ao sol, pensando na vida.

Certa feita, o leite tornou-se escasso, e nem com reza de padre velho, encontrava-se um saquinho disponível no mercado. Nem no mercadinho, e nem no mercadão. O gato já andava subindo pelas paredes, de abstinência,e do nada, atirava-se contra as pessoas, num gritante pedido de socorro; Ele precisava de lactose. A situação estava tão crítica, que ele já enrolava casquinha de queijo num papelote, e fumava, desesperadamente, como se não houvesse amanhã.

Ninguém mais dormia na casa, diante dos desesperados miados do bichando, sentindo falta do leitinho diário. Até um milagre aconteceu, isto é, aconteceu pela metade. Mas não deixava de ser um milagre: alguém conseguiu contrabandear meio litro de leite. Mas tudo tinha que ficar em silêncio, afinal, outros poderiam também querer o tal leite, e não havia leite pra todo mundo. Sendo assim, meu amigo fez uma coisa: Meticulosamente calculado, ele dividiu o leite em cinco partes, uma para cada membro da família, que era composta de quatro pessoas. Isso mesmo:  o gato era a quinta pessoa daquela comunidade. Mas (sempre há um "mas"), meu amigo, precavido como era, não deu todo o leite num único dia. Misturou um tantico de leite com outro tanto de café. Não era leite puro, mas era leite; Café com leite, porém, leite também. E lá estava a cumbuquinha do gato cheia, transbordando, farta, de café com leite, tudo para o gatinho. Deixou no chão, chamou o bichano, e saiu de perto, para que o gato fruísse de sua intimidade com a substância. Era um momento muito pessoal, isto é, "gatal". O gato e seu potinho de leite.

Meu amigo, com o coração aliviado e a alma leve, ouvia, discretamente, detrás da porta, o "schlépt, schlépt" aimado do gatinho, que em poucos minutos, passou ao seu lado,de rabo erguido e acenando feliz, para o dono, indo recolher-se para a sua dignidade ensolarada. Ato seguinte, meu amigo corre para a cumbuquinha, e depara-se com uma surpresa digna de figurar nos anais da história da capacidade e genialidade que só os gatos possuem: O gato havia bebido apenas o leite, e deixado o café de ladinho.

Que lição eu tirei disso? Algumas. A primeira lição é que não pense que engana um gato. Gatos são sorrateiros, silenciosos, fazem as coisas sem deixar rastros. Diferente dos gambás, que são muito engraçadinhos, mas quando incomodados, liberam certas toxinas que, para outro gambá, pode ser até erótica, mas para o resto da bicharada, pode afastá-los da cumbuquinha de leite. 

Outra lição é  que um gato nunca será fiel ao humano que o serve,  mas apenas ao volume de leite servido na sua cumbuquinha. Não é por fome,pois gatos são hábeis caçadores. É pura vaidade mesmo. Para que possa mostrar-se aos demais gatos, que ele tem um humano apenas seu,  a seu serviço. Isso o torna uma autoridade. Seu ego é enaltecido, e sua despensa se enche com fartura. 

Porém, quando chega a hora de ter que dividir o leitinho com outros gatos, gambás, cachorrinhos, o gato não  aceita que o seu potinho baixe de qualidade, e torna-se audaz defensor dos fracos e oprimidos, no caso, elee mesmo, e luta até o último fio de bigode, para que sua canequinha se encha novamente de leite. Puro. Sem café.

Outra lição que posso tirar disso, é que, gato não morre de amores pala casa que o sustenta. Isso quem faz é o cão. Morre de fome, apanha, é chutado, e mesmo assim, lambe a mão do humano que o tratou mal. O gato não. Gato alia-se aos camundongos, ratos e ratazanas, e dispara em direção à fazenda onde as vacas ainda pastam gordas, e o leite está farto. E não encontra nenhuma dificuldade em reconciliar-se com os gatos dos vizinhos, porque onde há fartura de leite, as noitadas de agosto são bem mais animadas. E noitada de agosto nunca acontece na solidão.

Se eu fosse bicho, ia querer ser um gato.Mesmo que goste de café.



terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Verter, converter ou perverter



Gosto de trocadilhos. A riqueza de nosso vernáculo nos permite passeios verbais que fazem brotar ideias a partir de simples troca de verbetes homófonos, ou ao menos de sonoridade muito aproximada entre as palavras.

Mas em muitas palavras, a sonoridade diversificada, com base no radical da palavra, nos permite avançar em reflexões mais profundas. Como é o presente caso dos verbos sugeridos. Verter, converter ou perverter.

O primeiro verbo, sugere criação, emanação, edificação,generosidade, produtividade.

O segundo verbo,derivado do primeiro, sugere uma mudança  de direção.Um novo caminho.Alternativas a seguir.

E o terceiro é aquele que distorce os outros dois. É pernicioso, destrutivo, enganador, miseravelmente infame.

Estes três verbos são irmãos da mesma mãe, mas separados pelo nascimento. Caminham juntos, mas espargem atributos diversos. Tomam aquilo que foi gerado e  cada um, a seu modo, transforma o resultado de acordo com seu próprio interesse.

A política é cheia destes trocadilhos.

Uns vertem.
Outros convertem
Outros, revertem.
E para tristeza do mundo,  infiltrados entre todos estão aqueles que pervertem.




domingo, 5 de fevereiro de 2017

Fedoca - Entre O Carnaval e a Saúde

Foto: Site Caíque Marquez



Justiça seja feita. Sou o maior crítico do Governo de Fedoca. Não o faço por inimizade,pois até  manifestação contrária, ainda o considero um amigo, dos tempos de juventude. Não concordo com suas posições políticas, mas nada conheço que o desabone no campo moral. 

Acho seu governo pífio e com requintes sutis de esquerdismo saudosista.Acho discutível, no campo ético, sua decisão de levar ao alto comando de Gramado, políticos que sejam estritamente partidários com sua ideologia brizolista, mas que nenhuma ligação comprovou-se possam ter com o histórico do Município. Mas, ele éo Prefeito, e continua sendo uma prerrogativa sua esta escolha. E ainda corro o risco de estar errado, o que não descarto aqui. Mas até lá, bato o pé no cheiro da terra para  plantio desta administração.O que vier de fora, com único objetivo eleitoreiro, isso eu descarto como desnecessário.

Explicado o preâmbulo, vamos aos fatos. E o fato é que preciso elogiar a atitude do Prefeito, em trocar o carnaval pelo hospital. A folia pela saúde. Acho incabível que não haja sacrifício do prazer em detrimento à grave crise financeira pela qual passa a Casa de Saúde, única da cidade, apesar da urgência que evoca.

Isso é uma coisa que traz muita preocupação, e também uma reflexão. Gramado, ainda quando uma pequena aldeia, com talvez oito, dez mil habitantes, contava com o serviço de dois hospitais.Isso mesmo. Havia em Gramado dois hospitais, Havia certa rivalidade entre os médicos (não mudou nada), e os pacientes também escolhiam um e outro como se escolhe um partido politico, um clube de futebol ou uma religião. E defendia com paixão os talentos de um e outro médico, de um e outro hospital. Mas isso acabou. Gramado cresceu, modernizou, e  o prêmio disso, foi a extinção de  um hospital. Uma lástima.

Hoje, a Saúde em Gramado torna-se o palco onde lamenta-se o ocaso da qualidade de vida. Aquilo que deveria ser motivo de orgulho para a cidade com mais de trezentos hotéis e pousadas, com milhares de leitos, torna-se objeto de escândalo para a política e seus políticos interesseiros.

Vergonhoso pensar que sejam necessários apelos da oposição, para que haja sensibilidade em enviar uma verba tampão. Está bem. Desta vez foi o carnaval, pelo hospital. E qual será próxima barganha? 

Mas pelo menos uma coisa foi certa: Na foto onde se divulga a assinatura do Decreto, estão exatamente os dois personagens que deveriam estar: o Prefeito Fedoca, e o Secretário da Saúde, João Teixeira. Justo. Muito justo.

Bella Ciao e Modelo Econômico de Crescimento - Táticas e Estratégias que modelam o Pensamento Político

Imagem: Bing IA Pacard - Designer, Escritor, e Artista, que tem nojinho de políticos vaidosos* "E sucedeu que, estando Josué perto de J...