AD SENSE

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Grandes personagens da política gramadense da atualidade 1 - Luia Barbacovi



Ele foi Chefe de Gabinete do Prefeito Waldemar Frederico Weber, aos dezessete anos de idade, no início da década de 1970. Logo depois, foi nomeado Secretário-Geral do Município. Formado em Jornalismo e em Gestão Pública, pela UCS, ocupou por dois mandatos o cargo de Vice-Prefeito, e atualmente é Vereador, tendo sido até o fim de 2017, o Presidente da Câmara de vereadores de Gramado, o gramadense Luia Barbacovi é, por consenso, um dos grandes personagens da política gramadense dos últimos tempos.

Na condição de Vice-Prefeito, com Nestor Tissot, o curso natural da política apontava ele na direção de ocupar o cargo majoritário na disputa à Prefeitura de Gramado, no último pleito, de 2016. Uma manobra interna de seu Partido, o PP, alterou esta condição, e tomado de surpresa, Luia vê sua natural carreira desmoronar-se, dando lugar ao Ex-Prefeito, Pedro Bertolucci, que também, colhido de surpresa, aquiesceu em aceitar mais uma candidatura, quando imaginava ter encerrado sua participação do executivo de Gramado. Luis, no entanto, soube engolir o choro, e surpreendentemente, candidatou-se a Vereador, e naturalmente, foi eleito.

Nesta sequência de entrevistas, Luia abre o espaço, e em breve, quero conversar com os outros personagens deste capítulo da historia de Gramado.


Pacard - Luia Barbacovi, Vereador, foi Vice Prefeito por dois mandatos, com Nestor Tissot, mas com longa carreira no Serviço Público, e um currículo de paixão por Gramado muito extenso. Pela lógica da política, deveria ser o candidato natural da UPG à sucessão de Nestor, e numa virada surpreendente, ressurge Pedro Bertolucci, e Jorge Drumm, como adicional de chapa, que desconcerta toda a lógica até então vigente. O que deu errado?

Luia - Naturalmente seria um candidato ao cargo majoritário, tanto por ser vice oito anos,como pela experiência que tenho em relação ao executivo municipal, bem como ser um apaixonado por Gramado e participar das mais diversas atividades da comunidade.
Algumas pessoas ligadas a cúpula partidária entenderam que o ex Prefeito Pedro Bertolucci teria mais condições de vencer e assim articularam está mudança. O que deu errado não posso dizer, pois continuo trabalhando e me dedicando a Gramado, mas, com certeza, os coordenadores da campanha teriam mais condições de responder.
Registro que o Pedro foi correto comigo e acho que perdemos a oportunidade de termos mais uma boa gestão, assim como acredito que o Luia também seria um bom prefeito.

Pacard - Podemos pensar que foi ingenuidade tua, em não imaginar uma rasteira, como dizes, dos coordenadores do Partido (ou dos Partidos), e que,esta eventual ingenuidade seria o aditivo que teria faltado para que se tornasse o grande líder do PP, e consequentemente da UPG, se este tirocínio estivesse presente? Faltou estratégia, de tua parte, ou excesso de confiança?

Luia - Não. Fiz a minha parte e meu trabalho, tanto que me tornei vereador tranquilamente e continuo contribuindo com o Partido e com GRAMADO. Cheguei até aqui acreditando na boa vontade das pessoas e assim, não posso ser acusado de omisso. Estava a disposição. Quem perdeu foi nosso município em não contar com ex prefeito experiente ou com um cidadão que ama sua terra e teria condições de fazer algo a mais.

Pacard - Quando assumistes a Presidência da Câmara, aparentemente houve um movimento para anular tua força no Legislativo, construindo, de ti, uma imagem de oposição frágil, mas eu mesmo ouvi que tu serias, em determinadas circunstâncias, uma muralha mais forte, ainda que silenciosamente, do que teus pares mais alvoroçados na tribuna. Como te descreves na figura de opositor?

Luia - Tive excelente trabalho a frente do Legislativo. Reformamos aLei Orgânica, Regimento Interno, criamos as emendas Impositivas, diminuímos mandato de dois para um ano. Criamos a Sala da Democracia,projeto Arte na Casa do Povo , programa semanal de rádio e aí por diante. Além disso reduzimos de 1,9 para 1,36 por cento a despesa do Legislativo em relação ao orçamento do município. Fui forte e conciliador, tanto que mantive um clima cordial e positivo na Casa.
Ser a favor de Gramado e contra os interesses pessoais fazem a diferença.


Pacard – A lógica da política é que o Prefeito em fim de mandato, empenhe esforços para que seu vice ocupe a cadeira na vacância, pelo segundo mandato de Nestor, mas os fatos demonstram que não houve nenhum empenho dele manifesto, que te posicionasse para substituí-lo, o que significa duas coisas: Ou ele não teve liderança suficiente, ou não teve interesse em execrcê-la, para reduzir a possibilidade que tu vencesse, fizesse uma boa gestão, fosse reeleito, e nesse caso, ele estaria fora da corrida por mais quatro anos. Por esta leitura, como foi teu relacionamento com ele (tomando como comparativo o atual relacionamento entre Evandro e Fedoca, e a respeitosa divergência de motivação de um em relação ao outro)?

Luia - Meu relacionamento com o Nestor foi excelente. Assumi mais de 60 vezes a cadeira ,ou seja, fiquei "prefeito"por mais de um ano. Sempre respeitei e fui respeitado. A postura do Nestor na campanha me parece que não mudou , porém ele também sofreu reves com a derrota do Pedro, a exemplo de todo o pp

Pacard – Que tipo de revés?

Luia - Quando se tem boas gestões,como as nossas duas últimas, se espera vencer a próxima e a derrota foi um revés, exatamente por que acreditávamos que após o excelente trabalho,teríamos continuidade.


Pacard – Gramado vem atravessando uma sequência de problemas estruturais de graves consequências, e a atual gestão de Fedoca tem que dividir-se entre “apagar incêndios pontuais” e por em ação suas próprias promessas de campanha. Sendo assim, e com críticas tuas mesmo à questões como o recente episódio da CORSAN, o Saneamento e despoluição de arroios e cascatas, o próprio Lago dos Pinheiros, que já foi a “Menina dos Olhos” da UPG, o que vê que tenha sido rescaldo de gestões da UPG, e onde apontaria como falhas da atual gestão?


Luia - A questão não são falhas e sim a comunidade sente falta de iniciativas e obras. O Gramadense acostumou-se com a vanguarda e está vendo o município vizinho constantemente na mídia,com notícias positivas e boas iniciativas.
Foi criada um expectativa com o novo e,pelo que parece, a população está esperando.
A UPG deixou muitas obras iniciadas e outras com recursos para concluir. Passados dois anos, nossa gente ainda aguarda que sejam concluídas.


Pacard – Gramado sempre respirou uma dualidade muito forte, entre Direita e Esquerda, ainda que veladamente, pois houve um tempo em que fracionar estas linhas era politicamente incorreto, mas, mesmo assim, o poder político sempre se fragmentou desta forma. Durante o período da eleição, ainda era forte o sentimento de revolta com a linha à esquerda, e foi esta mesma linha quem determinou a vitória de Fedoca, que sempre se manifestou com muito apreço à herança socialista de Brizola e outros líderes deste viés. Isso ficou bastante visível quando formou sua equipe de trabalho com personagens egressos do mesmo viés, de outros municípios, o que proporcionou críticas e desconfiança dos eleitores pró UPG, em relação aos aditivos de natureza socialistas impregnadas no formato de gestão.
Com a virada nacional e desejo visível de extirpação da era petista e pró-socialista, acredita que a próxima eleição municipal também seguirá este viés, e se for este o caminho, como ficará o PP, tão enredado nos escândalos com o PT, e assim, permanecerá neste Partido, ou buscará outro caminho, o que parece ser um ajuste natural, para manter-se alinhado à política nacional?


Luia - A eleição presidencial mostrou que a população está atenta. Não aceita mais abusos, prepotência e velhas práticas políticas. A eleição municipal pode refletir isso, porém não acredito que mudará muito neste dualidade aqui existente.
De minha parte, participo das ações partidárias e estou com meus companheiros. O futuro,acho que haverão mudanças e fusões partidárias a nível federal que poderão ter reflexos aqui.

Pacard – Gramado tem duas crises que andam em picos e hiatos, como um eletrocardiograma, e por coincidência, ambos estão ligados à Saúde. O primeiro, é o fato de Gramado ser uma referência internacional, e depender de penduricalhos jurídicos e administrativos para manter em funcionamento do único hospital do Município, sendo que vive aos sobressaltos pela possibilidade de que o patrimônio seja vendido, e sempre por força de “canetaços”, o Executivo impede que tal aconteça, mas o problema continua no fim da fila para se agravar. Muitos tem opinado sobre a construção de um hospital municipal, e tombamento da área do atual hospital, para evitar que o local seja transformado em um resort ou algo do tipo. Qual sua posição sobre isso, e que solução apontaria, caso fosse Prefeito?
A segunda é a crise da água, que também urge por uma solução que pense as próximas gerações, e que não deixe de herança a estas, o legado de torneiras secas, um drama contínuo desde muitos anos. Como vê a municipalização da água, e caso seja Prefeito, como atuaria neste desafio?

Luia - Em relação ao Hospital, acredito que a Prefeitura deva adquirir e transferir para uma Comissão Comunitária ( criar entidade)que fará a gestão. No futuro acho que poderá ser transferido de local em função de logística. Mas isso é coisa para um futuro .
Em relação a água, acho que devem se
r duplicados os dutos que trazem água tratada de Canela.
Posteriormente fazer o saneamento do lago do Parque dos Pinheiros e levar a água dali até uma futura estação de tratamento que devemos construir em Gramado.
O contrato com a Corsan deve ser revisto e FISCALIZADO.


Pacard – Gramado tem se desenhado quase instintivamente, intuitivamente, à medida que os desafios surgem. Assim, criam-se mecanismos de ajustes, seja no campo legislativo, executivo, urbanístico, ou onde quer que sejam necessárias ações de ajustes. Como vê a elaboração de um grande plano de futuro para Gramado, com visão de uma, ou duas gerações, onde sejam necessários esforços e até ajustes administrativos, para que Gramado deixe de ser uma cidade de remendos, para tornar-se, ao modelo de cidades europeias, referência de qualidade de vida, ambiente, e sobretudo administrativa? Se candidato, e se eleito, como faria um projeto assim, caso concorde com a necessidade?

Luia - No passado foi feito o projeto Gramado mais 50. A sociedade participou e fez um planejamento muito bom e que foi seguido pelo Pedro e Nestor.
Atualmente foi elaborado um grande trabalho que é a Agenda Estratégica e de Mobilidade,pensando nos próximos 20 anos.
VaI ser analisado pela Câmara no início do ano.
Acho importante e serve de norte aos gestores. Com um bom acompanhamento da sociedade civil e organizada, teremos um bom documento.


Pacard – Tu sempre esteve, e continua, ligado à Cultura. Várias críticas ao desempenho desta Secretaria, no início da gestão de Fedoca, mesmo tuas, mas percebe-se que houve avanços e a situação se estabilizou. Agora, com o novo Governo Central, e com a proposta de extinção do Ministério da Cultura, que era segundo muitos (opinião que eu compartilho também), um “Xuxu no meio da pizza”, não acrescentava nenhum sabor, e era um cabide de empregos de doutrinação ideológica. Assim, como vê que a Cultura em Gramado possa respirar sem sobressaltos, diante de tantos desafios mais urgentes, sob uma eventual administração tua?

Luia - Em relação a Cultura, vejo que o Ministério da Cultura se mantinha com a Lei Rouanet, boa iniciativa,mas muito mal utilizada. Uma estrutura enorme, porém contribuindo pouco com o segmento.
Em relação a Gramado,vejo a Cultura num bom patamar,mantendo muitos eventos que já existiam e iniciando outros projetos. Dentro do contexto, acho que está num bom caminho.
Já em relação a política, creio que o passado só serve como aprendizado.
Sou Progressista e pretendo ser protagonista em 2020.




sábado, 10 de novembro de 2018

MUNICIPALIZAÇÃO DA ÁGUA - EXEMPLOS QUE DERAM CERTO

Leitores do Blog enviam contribuições, que as publico aqui





http://www.comusa.rs.gov.br/index.php/noticia-615/comitiva-de-farroupilha-conhece-case-de-sucesso-da-municipalizacao-da-agua-hamburguense



http://www.jornalestadodegoias.com.br/2017/11/13/municipalizacao-da-agua-e-irreversivel-frisa-prefeito-roberto/

http://mundialagua.confea.org.br/index.php/2017/10/04/municipalizacao-do-saneamento-e-descoberta-de-nascentes-asseguram-agua-para-o-futuro-de-mt/

http://www.samaetimbo.com.br/municipalizacao

https://ndonline.com.br/florianopolis/noticias/municipalizacao-da-agua-em-palhoca-completa-dez-anos-de-promessas-e-atrasos

http://abconsindcon.com.br/noticias/prefeitura-do-cabo-quer-municipalizar-os-servicos-de-agua-e-saneamento/

http://www.prefcedro.sc.gov.br/noticias/index/ver/codMapaItem/9379/codNoticia/484174

https://maringapost.com.br/poder/2018/04/30/prefeitura-de-maringa-acena-com-municipalizacao-do-servico-de-agua-e-esgoto-administracao-descartou-acordo-em-processo-judicial/

https://diariosm.com.br/prefeitura-de-santa-maria-deve-municipalizar-servi%C3%A7o-de-%C3%A1gua-e-esgoto-1.2018882

https://blogs.ne10.uol.com.br/jamildo/2016/06/29/stf-da-sentenca-favoravel-a-municipalizacao-do-servico-de-agua-e-esgoto-em-petrolina/

https://www.clickriomafra.com.br/noticias/mafra/prefeitura-rompe-com-casan-e-quer-municipalizar-a-agua-em-mafra/




Municipalizar a água e o saneamento de Gramado - Será que Fedoca aceita este desafio?

Pacard

Para entender minha teimosia no tema, leia o post anterior,onde aponto (o que todos sabem) alguns problemas e desafios gerados pelo despreparo da CORSAN em gerir a água potável de Gramado, por razões que explico lá. Vamos adiante então. Lanço aqui um desafio para que Fedoca, Prefeito de Gramado, que tem muito poder e influência e que pode sim, manifestar-se acerca da solução definitiva da questão hídrica de Gramado. Vejamos alternativas:

Penso que o contrato de fornecimento de água para o Município de Gramado não seja tão indevassável que não seja encontrada alguma cláusula que demonstre com limpidez que a CORSAN descumpre sua parte ao permitir contumazes fechamento das torneiras, por não ter capacidade de suprir a cidade com seu produto, que é água potável. Ora, não é preciso entender de Direito, para saber que o descumprimento de uma cláusula de um contrato, dá direito ao encerramento deste contrato e sem direito à indenizações, haja vista que o descumprimento por uma das partes dá à outra este direito, e mais, poderá ela, a parte rescindente, ser indenizada por danos à saúde pública. Mas deixemos por isso mesmo e vamos seguir adiante, sem caça às bruxas. 

A urgência de um plano estratégico para abastecimento hídrico e manutenção do saneamento, além da despoluição dos arroios de Gramado, parece-me ser o grande desafio que poderá mudar o histórico da gangorra de Prefeitos que passam o chapéu aos governos estaduais e junto deles, à fornecedora de água potável,portanto estrategicamente sensível e poderosa, e que faça este Prefeito, se coragem tiver, e que municipalize a água, e mais que isso, elabore projetos que modernizem o abastecimento, tornando Gramado não apenas na mais bela cidade o Brasil, como aquela onde se bebe, na torneira, a mais saborosa água do mundo. Acho que esta pressão fará bem a Fedoca, como aos Vereadores, que tem poderes limitados junto á CORSAN,mas ilimitados recursos de pressão junto à Comunidade.

O desafio vai também aos líderes empresariais, comunitários, e sobretudo aos militantes de todos os Partidos que pleitearão a cadeira de Fedoca em 2020. 

Quem aceita este desafio? Eu já aceitei e estou colocando meu nome e meu teclado a serviço deste projeto.

CORSAN e a Água que Gramado não tem

Imagem relacionada

Sabe aquelas pessoas que nunca fizeram nada que os distanciassem da mediocridade na vida,e um dia se infiltram numa pequena cidade do interior, tentando domesticarem os nativos? Gramado está cheio desse tipo de gente. É só procurar. Pois não é meu caso, porque até de "fake" já fui chamado. Até hoje há quem acredite que eu nem exista, que seja um personagem oculto de um político local, manipulado e manipulando os políticos, para mobilizar ou influenciar a opinião pública com opiniões que levem as pessoas a pensarem nesta ou naquela direção. Nada mais estúpido que isso, pois, em primeiro lugar, sim, eu existo, sou gramadense de alma, história e coração, e mantenho vínculos fortíssimos com pessoas notáveis desta cidade, e quando digo notáveis,não estou falando da importância social ou poder político ou econômico,mas de caráter, de discernimento,e sobretudo de lealdade aos amigos. Não moro mais em Gramado, por contingência da vida, que nos conduz a lugares que a geografia teima em distanciar de um lugar a a outro,mas nem por isso sou menos gramadense que minha avó, que nasceu, viveu 85 anos na cidade, para repousar os dez anos seguintes em outro lugar, até seu repouso temporário  da vida, na espera da ressurreição. Da mesma forma, que pessoas que chegaram há certo tempo, e estabeleceram ali suas raízes e sentimentos, e são tão gramadenses quanto qualquer outro que viva dentro ou fora dos limites do município. Dito isso, falemos da água que não tem.

Água será, segundo futurólogos (que nada tem a ver com profetas), cientistas que analisam as condições do mundo, suas movimentações, e de acordo com o soprar dos ventos da história, projetam possibilidades de mudanças no comportamento humano e ambiental, e com base então nestas possibilidades, dizem eles, que o motivo da esperada, mas indesejada terceira guerra mundial, será pela posse da água. Isso mesmo. A água, somada à energia e alimentos, serão os três pilares que darão grande poder à quem os dominem, e uma mostra disso é o assim chamado, "Aquífero Guarani", uma gigantesca reserva de água potável submersa,portanto de intensa pureza, que abrange uma área de 1.2 milhões de Km2, e está situada em quatro países, sendo a maior parte submersa em território brasileiro. Mas, não, Gramado não está sobre o Aquífero Guarani. No entanto, possui reserva ainda inexplorada de água potável suficiente para abastecer a si mesma, e ainda que parte dela esteja a céu aberto, como no caso do Lago dos Pinheiros, um esgoto mal calculado desde o seu projeto original, Gramado tem condições e mais que isso, tem necessidade de pensar com urgência na água que o povo e os filhos e netos do povo irão beber. Gramado pensa no brilho dos espetáculos do Natal Luz, pensa na pavimentação das ruas que levam às colônias, pensa na mobilidade urbana, investe milhões (que somam-se ao longo dos anos, em bilhões de Reais, porque tem a Prefeitura, uma receita de causar inveja a muita cidade de médio porte, em eventos, arquitetura, paisagismo, urbanismo, meio ambiente, tudo o que possa ser calculado por um Corretor de Imóveis, mas deixa a sua verdadeira fortuna nas mãos de uma autarquia comandada por políticos de ocasião (aqueles que não conseguem se elegerem mas mesmo assim ganham de presente por quatro anos, seus cargos bem pagos), e à técnicos que tem todo o Estado para tomarem conta, e Gramado não passa de um alfinetinho nos mapas surrados pendurados em paredes antigas, onde de novo só tem as cadeiras giratórias,e a plaquinha com o  nome em cima da mesa.

Gramado deixa construir prédios gigantescos, hotéis, restaurantes, bares, parques temáticos, tudo que gera receita, empregos, riqueza social, e bem administra isso  tudo, mas deixa que uma autarquia pobre de um Estado falido, determine quem vai ter e que não vai ter água, quando e em que quantidade, e se a lei não mudou, se você optar  por não usar a água oferecida pela estatal, mas abrir uma cacimba, ainda assim terá que pagar a taxa, e terá que obter licença desta estatal para perfurar seu poço artesiano ou não, ou seja, paga por ter cachorro e paga por não ter cachorro, paga por usar a água e paga por não usar a água que eles oferecem.

O que mais me preocupa nesta questão é que, desde que eu participo da vida política de Gramado (ainda que indiretamente), eu tenho visto brigas homéricas entre a estatal, utilizada como mecanismo punitivo para desafetos políticos, e que os personagens, ainda que temporariamente beneficiados, se deixam encantar pelas cantilenas de sereia que o poder oferece, e usam (ou são usados) pelos dirigentes da autarquia como peças de um tabuleiro, onde uma benesse de uma adutora, meia dúzia de metros de canos em uma viela carente, ou qualquer outro tipo de afago desse tipo, faz mudar o  cenário de uma eleição.isso vem acontecendo ano após ano, e entra governo, sai governo, parece que tem um livro de estratégias que ensina a dominar este ou aquele lugar por meio do pinga-pinga de uma torneira. Será que Gramado,por ser Gramado merece mais atenção que outros municípios? Não! E nem menos também. Mas água na torneira não se trata de merecimento, aquele biscoito que se dá a um animalzinho por sua obediência. Será então que a CORSAN não tem como ampliar seu atendimento e está no gargalo, igual ao restante do Estado? Não sei. Não tenho acesso à sua contabilidade nem seu planejamento estratégico, e desconheço seus dirigentes (embora sejam mudados, mas a estrutura permanecerá, assim como suas deficiências também), mas conheço as notícias contínuas e continuadas de que Gramado sofre pelas torneiras secas. E vai sofrer muito mais se não forem tomadas urgentes medidas para mudar esta amarga e árida perspectiva.

Devem urgentemente serem convocadas as forças ativas e proativas de Gramado, a começar pelo Prefeito, pelos Vereadores, pelo Sindicato dos Hotéis e Restaurantes, pelos demais órgãos que são atingidos pelo problema, para repensarem estrategicamente o abastecimento de água de Gramado para os próximos 50 anos. E quando falo de abastecimento, falo de tratamento sanitário também. Tarefa que a CORSAN empurra com a barriga desde que o problema começou, lá nos anos 70. Claro,poderiam alegar que o crescimento sem planejamento da cidade os encurralou no mau cheiro dos arroios, só que esquecem de dizer que teriam prerrogativas de negar licenças para que tais obras fossem feitas. Então, sim, Gramado não pode depender mais da CORSAN para sacia a sede e lavar a roupa de seu povo.  Não podem as autoridades e o empresariado lavarem as mãos para o problema, antes que se torne irreparável. A hora é essa. Gramado tem que contratar urgentemente um ou mais especialistas em planejamento estratégico, não apenas para urbanismo e mobilidade, mas para manutenção da própria existência, para sua autossuficiência em água potável, acessível à todos.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

O Belo,o Feio, e o Poder (Ensaio sobre a caneta e as escolhas)



Conhecido meu costumava dizer que gostava de andar com feios, para sentir-se lindo. Também dizia que eu era um cara legal, e que sentia-se honrado em ter-me como parceiro de farras. Prefiro pensar que tenha sido o meu carisma que me agalardoasse com sua amizade, e não os atributos estabelecidos por ele para escolha de seus pares nas aventuras doidas pelos bailes da juventude.

Os tempos são outros, mas sempre ao lado de um medíocre, há uma corriola de gente ainda mais medíocre, e apenas os sábios sentem-se seguros entre outros sábios. Não é incomum que o poder chame para si quem seja adestrável, e não quem tenha ideias, e que as saiba executar. Não é incomum que a mediocridade abarrote palácios, e que a sabedoria se esgueire pelas sombras para proteger-se das pedras dos que estejam no poder e não suportariam a ideia de ceder espaço a quem seja melhor.

Quando eu trabalhava com Design, eu viajava pelo Brasil, visitando fábricas e elaborando coleções para atualização de seus mostruários de produtos. Tinha uma regra que me acompanhava sempre: "Qum me coloca na empresa é o CEO, ou Presidente, mas quem me tira de lá é a Tia do cafezinho, se eu pisar na bola". Isso era verdadeiro, pois no setor moveleiro, é sempre o dono da empresa, o comandante maior, que chama para si a atribuição de contratar um profissional, mas faz isso e sai de perto, lá no meio da produção, com todos olhando de canto e com sangue no olho para ver cair o intruso, que chegou para mudar suas rotinas, e criar coisas que eles talvez não sejam capazes de produzir, tornando-os dispensáveis, e então, facilmente enfiam um grampo ao contrário numa máquina, e esta irá emperrar já na primeira peça da nova coleção. Fim! Contrato desfeito, se o profissional não tiver jogo de cintura para administrar a sabotagem, e sair ileso do contrato.

O medo do novo, o medo de não saber administrar o contraditório, faz gerar a tirania, ainda que velada pela hierarquia, e não raro percebe-se uma penumbra viva das luzes que se apagam, porque a necessidade do ganho é maior que a capacidade de ser melhor. É muito comum que haja nas corporações um limite de crescimento, necessário, certamente, mas quando se trata de limites, trabalhamos com os dois lados do pêndulo, onde um que pode mais excede o peso da mão sobre o que pode menos, e assim, castra a iluminação das ideias, que seriam mais que ideias, se administradas em lugar de serem castradas. Isso que é o gestor incapaz de ter ao seu lado mentes brilhantes, porque vê-se ele próprio emasculado diante dos demais, e sua natural reação será a de fazer silenciar o invasor de ideias.

A caneta tem o poder de fazer um Ministro, um Secretário, um Chefe de seção, mas nenhum poder tem sobre uma mente iluminada, a não ser de apagar seu brilho pelo constrangimento, pela coação, pela ameaça, ou ainda pior, pelo cumprimento destas ameaças.

Minha utopia não é viver em um mundo onde os dias sejam ensolarados com uma brisa constante, ou as noites enluaradas, com o frescor dos perfumes do campo, mas um lugar e em um tempo onde a luz seja usada para mostrar o brilho de seu entorno, e a escuridão seja para aquietar corações, apenas aquietar corações. Minha utopia se estende ao poder público, mas também a cada pessoa que tem diante de si outra pessoa que pense diferente e seja capaz de expressar-se sem medo de que a ambição desmedida do outro o faça calar a alma definitivamente.

O belo que precisa de um feio para sentir-se mais belo, não teria coragem de olhar-se no espelho, pois correria o risco de desejar sua própria companhia, ao descobrir-se mais feio do que realmente pensa que é.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Ninguém precisa de heróis. O que todos precisam é SEREM heróis!


Eu não preciso de heróis. Eu preciso é SER herói. Todos os dias. Preciso dar bons exemplos para os meus filhos, todos os três. Meus netos, todos os quatro. Ser generoso com os necessitados, paciente com os chatos, assíduo com meus compromissos, fiel aos meus princípios, e praticar inconscientemente, sem pensar em retorno, em todas as demais virtudes que deveriam ser naturais a todo Ser Humano. Isso é ser herói.
Não tenho heróis, porque heróis matam e heróis morrem. Não quero matar, e não preciso facilitar minha morte. Não preciso cultuar heroísmo nos outros, para não comprometer o meu próprio heroísmo em sobreviver e participar da sobrevivência de outrem. Então, meus heróis não pendem para a direita nem para a esquerda, nem tampouco ficam se esgueirando pelas metades de cada lado. Meus heróis são valores e não pessoas. Então, sendo assim, nem eu mesmo posso ser herói, mas posso aflorar heróis em minha conduta. É assim que penso demonstrar heroísmo aos que isso esperam de mim.

sábado, 1 de setembro de 2018

Apolônio Lacerda - Um entardecer no Bassorão, com Revirado de Cuscuz


Pous pensem naquele dia cinzento, domingo lá pelo meio da tarde, o bolicho fechado, não fazendo frio nem calor, e uma ameaça de chuva se avizinhando. Pense que as reses já estavam guardadas, a lenha empilhada, cavacos picados para acender o fogo, logo mais, ao chegar da noite, e a cachorrada já se enroscava debaixo do rancho, lambendo as sarnas e a pingola, não necessariamente nessa ordem, enquanto os gatos vadios já estavam aninhados sobre um pelego atrás do fogão, que, ainda que apagado, oferecia um confortável aconchego aos peludinhos do rancho.

A patroa viajara pra cidade, e Apolônio Lacerda, nesta tarde, solito, um taura que apreciava uma boa prosa e um mate com rapadura, olhava entediado para o horizonte, recostado na janela fechada por tampão de tábuas acinzentadas pelo tempo, procurando e esperando a sorte de ver alguma alma se achegando para dividir o mate. Em vão, Com o tempo enferruscado do jeito que estava, todas as almas do Cêrro do Bassorão, naquele momento faziam o mesmo. Nenhum indivíduo com são juízo teria disponibilidade para aventurar-se  pelas veredas da serra em véspera de temporal. Não mesmo. Asim, mascando um graveto, Apolônio aproveitava a solitude para espremer uns cravos do saco, côsa que devia ser feita com muita cautela. Mas até cravos tem limite, e logo o tédio avançava, e não teve outro jeito Apolônio, que não o de cuspir na cabela dum galo que passava no terreiro, e depois disso, escrafunchar no bolso em busca de um isqueiro de pederneira que levava sempre consigo.

Com três ou quatro batidas do toco de lima na pedra sílex, um faisquedo alumia o rancho, e logo um fogo bicharedo crepita nas grimpas do velho fogão de chapa. Apolônio alça mão na velha chaleira de ferro, e com uma caneca de porongo, enche a chaleira e leva ao fogo. Mexe no tição e ajeita as labaredas. Vai até à gamela no canto, passa a mão num naco de sabão, e num ato de coragem repentina, lava as mãos e as fuças, passa um pouco de água ensaboada nas melenas, e penteia os poucos cabelos brancos que ainda restam. O velho espelho emoldurado com dourado descascado serve de parceiro para uma prosa corriqueira, e olhando para si próprio, do outro lado do vidro, Apolônio faz uma murisqueta, e sorrindo, ri de si mesmo.

A chaleira chia, e Apolônio busca numa lata velha, a erva para o mate.Um toco de guampa serve de concha para abastecer a cuia com a erva amarga do rancho. Um tanto de água para cevar, um tanto de água para preencher a cuia, e aí entra a bomba de prata carcomida pelo tempo. Um gole, dois goles, e no terceiro gole, a expressão de satisfação. Acabou-se o tédio, acabou-se a solidão. O mate parceiro faz-lhe companhia, e juntos falam da vida.

Lá fora, o minuano geme, e uma saracura canta no banhado, anunciando chuva. O cusco responde erguendo a cabeça, mas logo volta a enroscar-se para escapar ao frio. As galinhas não ousam soltar um pio, mas até poderiam, porque do jeito que o tempo está, nenhuma raposa terá coragem de sair da toca. A fome pode esperar pro dia seguinte.

Apolônio vai até à janela, que está próxima ao fogão, agora quente, tomando seu mate, e olha pro lado de fora, no quintal, onde tem plantados uns pés de couve, umas verdurinhas, e umas ervas. Estica o pescoço virando de um lado a outro, e encontra os tempero que estava buscando. Toma mais dois goles de mate, e vai lá fora buscar os temperos. Volta, cantarolando, e começa a preparar o jantar. Uma frigideira pendurada na parede serve para o intento, e pouco a pouco, os ingredientes são jogados dentro dela.Um naco de charque bem picado,uns temperos, alho, salsinha, cebolinha verde, gordura, ovo, cebola, e o frito está pronto. Mais uns gols de mate, e com uma colher grande, coloca generosas porções de cuscuz que estava pronto, já aquentado, ali do lado, dentro daquela mistura de fritos, e mexe com delicadeza, movendo a colher pra lá e pra cá com maestria. E em pouco tempo, um revirado de cuscuz está pronto para a última refeição do dia. Ali do lado, um velho e amassado bule servirá para o preparo do chá de mate, feito com a mesma erva do chimarrão. Um tanto de tempo breve sobre a chapa  quente para dar uma tostatinha na erva, e a seguir, a velha chaleira preta divide sua água com a cambona, eum ferver espumante e perfumado anuncia o chá de mate que acompanhá a ceia do revirado de cuscuz.

O leite gordo da vaca "Manhosa", já fervido, deixa à mostra uma cobertura de uma camada grossa de nata, num ladinho do fogão, e Apolônio serve um caneco bem grande com aquele leite, pela metade do caneco, completado pelo chá de mate, e umas duas generosas colheres de açúcar amarelo, lá da venda do Barbosa. Um naco de pão guardado debaixo de um pano velho, sobre a mesa, é colocado à frente da frigideira de revirado de cuscuz, acompanhado por uma tigela de marmelada e outro naco de queijo gordo. Está servida a refeição.

Apolônio assenta-se à mesa, e reza um agradecimento pelas goloseimas. Pede proteção para a patroa que está fora, para as reses guardadas, as galinhas, o cusco e até o gato. Pede pela saúde de Carsulina, sua velha amiga, e por fim, lembra de si próprio no finalzinho da reza. A chuva desaba lá fora.O fogo crepita e cantarola no velho fogão. A mesa está servida, e Apolônio come descansado o seu quinhão de quitutes. É um homem rico. Não há de querer mais que isso nesta vida. É tudo que ele precisa para ser feliz. Depois disso, a noite, o catre, e o sono dos justos.


Bella Ciao e Modelo Econômico de Crescimento - Táticas e Estratégias que modelam o Pensamento Político

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