AD SENSE

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Uma prosa pra ser contada (Poema)



Uma prosa pra ser contada
Paulo Cardoso


No frio  inverno do tempo,
me tapei de solidão
vesti um manto de aurora,
me enrodilhei na geada
prendi saudades no laço
fiz das esperança uma estrada.

No frio minuano da sorte
vi que a morte já é lembrada
ainda que venha tarde
chegando devagarito,
sorrateira, sem alarde,
é o doce amargo que arde
a acidez do limão
o beijo com gosto de adeus,
o frio aperto de mão.

Atravessei madrugadas
conversando com as estrelas
mateei com primaveras
eram chinocas faceiras
enfeitadas de quimeras.

Bebi orvalho na guampa
redesenhando a estampa
do tempo que lá ficou.

No bornal eu levo os sonhos
nos braços, a prenda amada
no peito carrego, dentro
uma paixão esquecida
um amor correspondido
e uma dor, que é quase nada.

Branqueiam os campos  da história
nas melenas invernais
tempos que se abraçaram no vento
coisas que não voltam mais.
Brandindo a adaga da sorte
eu me recolho no pala
que é rancho de quem  se foi
bebo a água da sanga
durmo da relva sagrada
a Santa Ceia do boi.


Aqui me guardo pra história
e me visto de verdade
o meu canto é de saudade
dos velhos tempos de glória.
Vivencio aquilo que lembro
e invento o que não sei mais
pero ainda sou capaz
de retomar uma prosa
como um moço que se declara
à sua prenda formosa.

Aqui deixo meu epitáfio
que vou carregar muito em vida
sou valente e não covarde
porque o mesmo aço que arde
no tilintar da peleia
é o ferro que depois corta
a terra que dá a ceia
e como aço e ferro batido
mesmo que ainda ferido
hei de lutar com bravura
se for chamado pra justa
pois a única coisa que me assusta
é morrer sem ter vivido.




domingo, 14 de julho de 2019

O Risca-faca da Rua do Pau-pega, e o Salão do Bate-Parma

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Os trejeitos povoeiros sempre foram um tema de interesse de minhas buscas para inspiração literária, e volta e meia, ouço algum destes, muitos dos quais me fazem embarcar em uma viagem ao passado, onde ouvi todo tipo de gíria (ou não), considerada vulgar, mas que ao cabo de tempos, consegui associar à linguagem matriz dos pioneiros de nossas terras. Somos ricos em vernáculo, e pobres em memória, não esta memória do que tomamos no desjejum, mas da memória que construiu nossa cultura. Não alimentamos estas memórias, antes buscamos desesperadamente aprender e assimilar novas gírias cibernéticas, para que não sejamos tomados por antiquados, amorfos, alienados desta nova civilização que está sendo formatada pelas mãos e não pela mente.

Mas o objetivo aqui não é criticar os novos tempos, e sim transitar pelos ditos que nos fazem rir, resgatados de priscas eras. Expressões entre prosas de varanda ao sabor do mate um de um caneco de café com mistura. Assim, começo pelo título deste ensaio, onde menciono o tal "Risca-faca da Rua do pau-pega", que ouvi recentemente aqui em Caldas da Imperatriz, acerca de um sujeito que recebe esta alcunha, e mora na rua supra mencionada, lugar que, presumo eu, deva ter histórias bastante pitorescas para recolher, e quando der coragem, vou procurar conhecer  tal rua, porque o "Risca-faca", segundo sei, já recolheu os pertences e foi repousar entre os justos, e os nomes ouvi justamente quando alguém contava a outrem, que o "Risca-faca" morreu.

Em Gramado, havia, lá nos tempos do Almanaque Kraemer, um pequenino salão de eventos dançantes, situado no porão de uma residência, a quem chamavam de "Salão Fumaça", ou "Salão do bate-Parma". Fumaça, porque à época, não era proibido fumar em lugares fechados, e "Bate-Parma", porque era costume no interior, que as moças ficassem de pé, recostadas à parede, e os cavalheiros, ao convidá-las para dançar, postavam-se à frente deles, e batiam palmas. Caso estivessem de duas, o afortunado deveria levar junto um companheiro, pois era indigno deixar uma senhorita de pé, sozinha. Bater palmas era um gesto elegante e um código social de boa educação. Pelo menos nestes bailes de interior. Eu mesmo, ainda  no despontar da puberdade, fui a bailes de interior, e seguindo o costume, postava-me à frente das mocinhas tímidas, e batia palmas. Funcionava. Conseguia o meu par para dançar. Pobres moças! Pisoteava-as todas. Mas ia-me embora feliz, gabola, e certo de que havia arrasado corações. Elas, com a certeza que tinham feito mais um de bobo. Enfim, saíamos todos felizes.

Não quero estar enganado, e se estiver, corrijam-me, que em canela (a pronúncia oficial de antanho era: "No Canela", assim como "No Gramado", etc), havia o tal "Salão-do-pau-do-meio", devido à uma rudimentar coluna que sustentava a parte superior da casa de madeira, também ambientando  festivas e galanteios, sabe-se lá de que modo. Eram, dizia-se, revistados, os cavalheiros, e caso não tivessem nenhuma arma de fogo, lhes era dado uma, para que "empareiassem" numa justa de bala. Falácia, mas muito bem descrevia o ambiente deveras hostil após certa hora, porque a cachaça encorajava alguns sujeitos a demonstrarem ali e naquela hora, o valor de um terciar de ferro, ou de um assovio de bala varando rente o chapéu do taura.

Eu mesmo, aos cinco ou seis anos de idade, em uma inocente festa de escola, num domingo ensolarado, vi um sujeito atravessar o salão, em direção a um bêbado, e enfiar-lhe uma carneadeira no bucho, deitando-o para a eternidade ali mesmo, na frente de todos. Aí encerrou a festa, e todos, em comitiva silenciosa, deixaram a escola e rumaram para suas casa. Eu junto. Só ficou lá, o morto, esperando que o Delegado o liberasse para o enterro. Mas isso não foi no Risca-faca e nem no Bate-Parma. Foi lá pelos lados da Linha São Paulo, interior do Canela. Tempos duras aqueles, como no Velho Oeste, sim senhor.

Levar um buléu, eu aposto que nove entre dez leitores, não saberão o que seja, embora já devam ter tomado muitos buléus na vida. Pois na linguagem mais povoeira, campeira, um buléu é um tombo, uma queda, um estabaco, e outros adjetivos próprios à época e ao lugar de onde acontece o tombo, mas eu gosto mesmo é de ouvir a palavra "Buléu", porque remonta minha infância, e a parentada que falava deste modo.

A casa mais falada, da qual desconheço uma viva alma que a tenha visitado, é a da senhora Joana, mãe de alguém, a quem também nunca conheci, mas ao que parece era uma pessoa muito cordata e de certo modo desleixada, porque qualquer ambiente desorganizado, ou sem o cumprimento das devidas regras de boa conduta, era imediatamente atribuído como similar à casa desta mãe, a tal Joana, e acho que até havia um certo clube de mães, porque muito ouvi dizer de um lugar quase escondido, porque nunca fui visitar, foi a tal casa da mãe do badanho. Ah, o Badanho, o cara que todo mundo sabia quem era a mãe e indicava a tal casa como destino de coisas às quais não saim dizer onde estavam. Pois se não sabiam onde estavam, certo é que deveriam estar num só lugar: a Casa da Mãe do Badanho. Pobre Badanho.

Mas badanho não era o único. Vivia lá pelas terras por onde andei, um sujeito de pouca estatura, que andava de cabeça baixa, boné enfiado sobre as sobrancelhas, muito bom companheiro de prosa chimarrão, contador de causos, e que falava meio que, como estivesse falando num canudo, esticando o bico, e com grave entonação, voz grossa mesmo, fazendo bico quando falava. Não sei o nome, e mesmo que soubesse, não diria, mas o apelido do varão era: "Fióudaputa". Pronunciava assim mesmo, pois era como ele pronunciava a expressão, a quem chamava à todos, daí retornar a si o apelido. E apelidos haviam muitos. Um deles é o "Mínti", um descendente germânico, que morava lá pelas redondezas de outro lugar por onde passei. Pois a mãe do "Mínti" era muito severa, braba mesmo, por assim dizer. Andava ligeiro, elétrica, de um lado a outro, cuidando das lidas do rancho, enquanto a piazada brincava do lado de fora. Mas lá pelas tantas, ela ouvia alguns gritos, próprios de onde tem gurizada jogando barrucha, e enfiando a cara na janela, berrava pro filho, com voz autoritária:

- "Mínti! Passa pra dentro!"
Minti, só levantava a cabeça e respondia:
- "Ah, Vai tomá no cu da senhora!"
Respeito é respeito. E o jogo seguia firme.




sábado, 13 de julho de 2019

O Bom Mau Humor de nossos antigos - Maria Elisa, minha avó divertida, que sonhava com merda



Pois nem só de política vive este blog. Aliás, nem sei se vive, mas pelo menos, volta e meia, eu inflo meu ego e escrevo umas poucas e mal traçadas linhas com imenso prazer, para que outros as leiam e tenham o desprazer de chegar até o fim da leitura, para descobrirem que eu não disse nada de novo. C'est la vie, diziam os mongóis!

Assim, resolvi puxar pela memória, que dizem alguns, ser de alguma serventia, e relatar aqui, para a historia, algumas pérolas do bom mau humor de personagens dos tempos de antanho, e o faço dentro do mais absoluto respeito à dignidade destes, haja vista que alguns são de minha própria massa genética, começando por minha avó, Maria Elisa, que era meio pessimista com as coisas, apesar de ser muito divertida, então às vezes eu chegava e dizia:
- Que dia tão lindo, não acha?
E ela lascava à queima-roupa:
- Lindo até que chova!  O céu tá muito baixo e muito azul! Grunf...
Ô boca aquela. pois não é que logo chovia mesmo, e chovia à cântaros? Pra que fui perguntar? isso me adicionava culpa pela chuva que chegava mais cedo só pra confirmar algum acordo feito com Maria "Ilizia", e dar-lhe credibilidade.

Maria Elisa (a quem a parentada e vizinhança, e também o resto da aldeia, insistia em tratá-la por "Tia Ilizia". Vá que seja então) tinha umas tiradas dignas de almanaque. Uma memorável era quando estava com a serotonina no vermelho, pedindo reabastecimento, e o humor ficava insuportável. Ela sabia desses dias, e tinha a civilidade de avisar com antecedência, para evitar algum desastre, e sua marca de mau humor anunciado era:
- Não fale comigo hoje! Sonhei com merda!
Era o sinal para procurar uma funda, passar a mão, se houvesse tempo, em um naco de pão, e sumir pelo mato e, de preferencia, passar lá o dia, se fosse possível, os próximos dias., porque o aguaceiro era cabuloso, sinistros mesmo. Ela cuspia fogo pelas ventas, e amaldiçoava o mundo. Depois passava, e o sinal eram as canções que ela cantava para acalmar a dor da vida. Cantava hinos, muitos hinos. Sabia quase todos do velho hinário. Cantava apenas hinos. Não aceitava que se cantasse musica profana em casa. Tá bem. Quem pode manda, quem tem juízo, obedece. E também nem me fazia muita falta cantar coisa alguma, porque minha voz é esganiçada, desafinada, fora de compasso, e absolutamente dispensável a qualquer coro que precise de cantores. Outros, sim, eu não. Pois a voz de Maria "Ilizia" era daí pra pior, mas que importância tinha isso, não é verdade?

Maria Elisa cantava sentimentos que nasciam na pleura e saíam com cheiro de fígado. Era sua catarse de dores, seu lenitivo pós crise, e sua esperança na breve vinda do Messias. Ah, sim, ela orava, rezava muito. Muito mesmo. Fielmente, de joelhos, por cerca de meia hora, duas vezes ao dia. Pela manhã, urdindo tranças, que ao final da reza balbuciada, enrolava como uma coroa à cabeça, e assim, começava o dia. Já à noite, orava novamente, desmanchando as tranças do cabelo que jamais fora cortado. Coisa de judia velha cristianizada e devota à fidelidade de suas memórias, que aliás, acho que é genético, pois isso, e apenas isso, além do olho caído, eu herdei dela. Ah, o sarcasmo também.  Ô véia sarcástica, misericórdia. Pra debochar de alguém, não pagava imposto. Ou Talvez pagasse, e por isso éramos tão pobres. ia tudo pro governo. Imposto de debochada.

Certa tarde sabadal, estava eu, feliz como ganso em taipa de açude, debaixo de oito cobertas, quando ela chamou-me para ver a neve que caía lá fora. Mandei-a catar coquinhos. Ah pra que fiz aquilo: Pra que? Alguém me responda! Pois ela deu ordens expressas ao meu tio Isaac, tão ou mais debochado que ela, o imprestável, e lá foram os dois, rindo de mim, arrancaram as cobertas e me juntaram de "cadeirinha" até à cozinha, para que visse a desgraçada da neve. Eu vi. Vi mesmo. Vi tudo. E eles ganharam o dia, rindo da minha cara. os dois imprestáveis.

Maria Elisa era mais "Maria Ilizia" do que Maria Elisa. Apenas quando convinha, ela saía do armário  e deitava o vassorão com uma empáfia assustadora. Era capaz de conversar e sintonizar seu modo de falar com o interlocutor. Por exemplo: Quando ela falava com alguma pessoa mais rude, campeira, ela tornava-se praticamente um "Zé Buscapé":
- Sialembra, Ilizia?
- Sialembrooo, Hortência!
Mas, caso ela não gostasse da pessoa, na maioria gente mais da cola fina, metida a grã-fina, ela olhava em diagonal, postura ereta, cerrava em 50% o olhar (era cega de um olho, o que facilitava na mira), e lascava, como se tivesse lambido o veráculo, e perguntava em tom ameaçador:
- Como vaissssss? - Acentuando os "S" e os "R".  Estás bem, menina?

Ai, meus sais! Se ela chamasse alguém de "menina", ou "rapaz", era encrenca da braba. A pessoa estava claramente em maus lençóis, e às vezes, discretamente eu fazia gesto com a mão para que a pessoa visse, insinuando que ela devia "passar fora", "vazar", escafeder-se dali o quanto antes, porque senão o castigo chegaria de caminhão, e o castigo era..bem, antes que conte qual era o castigo, devo esclarecer que tanto o castigo quanto as boas vindas, eram idênticas: Assentar-se à mesa e comer bolinho frito com chá de mate! O segredo era que, enquanto ela preparava a massa, fritava os bolinho, fazia o chá de mate, tinha tempo para fazer uma CPI da vida da pessoa, escarafunchar tudo, o passado dos antepassados, o presente, a situação financeira, conjugal, cor da ceroula usada pela bisavó da pessoa, tudo, tudo. Então, e só então, tratando amigo ou inimigo, com a mesma cortesia e hospitalidade, ela dava-se por satisfeita, pois tinha mais uma história para contar aos netos (à época era apenas eu. Só muitos anos depois veio o meu único primo, por parte dela, que usufruiu da fase mais idosa da anciã, mas que pode dar boas risadas também. Dela, e com ela.

Igrejeira, ela não faltava um único sábado ao culto, e chegava quando já havia começado o serviço religioso. isso não fazia diferença, porque ela passava pelo corredor, dando um saudável tabefe na orelha dos rapazes, e um sorriso para as moças.  Era um passo e um tapa: Tablaft! Outro passo e mais um tapa: Tabléft! E não adiantava encolher-se, porque ela estacava diante da vítima e dizia: Venha cá, guri!
À hora do estudo bíblico, ai de quem tentasse discutir bíblia com ela. A desgramada da anciã já leu mais de CEM vezes as sagradas Escrituras. E isso não foi uma hipérbole. Leu mesmo. Sabia tudo de cor e salteado. Já vi pastor enfiar a viola na sacolinha e cantar fininho com ela.

Este temperamento e comportamento eram sua marca registrada, e tornou-a querida até mesmo anos após a morte, aos noventa e cinco anos, sorridente, e segurando a mão do filho mais novo, seu bebê (o tal bosta que me tirou da cama e me fez a neve), levando consigo para o descanso a paz que empregou sob a perene hospitalidade, fator que carimbou sua identidade judaica guardada no fundo do armário.

Certa noite, acordei com o barulho dela tentando abrir a porta de meu quarto com uma faca (a casa não tinha fechaduras internas, e sim tramelas), para buscar uma coberta, porque havia acolhido um mendigo, e ele iria dormir lá em casa. Fazia isso com frequência. Nossa casa era cheia de mendigos, seja para que ela investigasse suas vidas e os alimentasse, ou para que mesmo dormissem lá por uma ou duas noites. Teve um caso de uma família que foi hospedada lá em casa, por algumas semanas. Era assim que Maria Elisa tratava as pessoas. Em hebraico isso se chama "Tsedacá" - Justiça Social. Ela não considerava isso uma caridade, porque dizia que eram filhos de D-s, portanto nossos irmãos, e tinham que ser acolhidos daquela maneira. Tenho que confessar que sinto inveja disso, mesmo. Sinto vergonha de mim por não ter aprendido tantas lições de cortesia, bondade, hospitalidade. Claro que o que aprendi a foi a ser debochado, e sinceramente, eu também ás vezes sonho com merda. Isso me possibilita largar as patas em quem me incomodar. A propósito, você está rindo do que? Diz na minha cara! Hoje eu sonhei com merda!

sexta-feira, 12 de julho de 2019

O Apocalipse do Bem e do Mal de nossos dias




Quando eu era pequeno, ou melhor dito, desde quando eu era pequeno, fui ensinado a estudar profecias, especialmente profecias apocalípticas, embora o adjetivo não defina exatamente a expressão, e em geral as pessoas  tratem do tema do livro de Apocalipse (Revelação), com certo espanto, e algumas com muito pavor mesmo, ao ponto de tornar a palavra maldita, evitada, e deixada guardada no fim da Bíblia, apenas para os loucos, os melancólicos, e os eruditos.

Houve tempo, e não faz muito, que ouvia dizer que quem lê este livro, morre louco. Eu confirmo isso. Já morri louco umas cinco vezes, doido de atar em poste, mas ainda assim, fiz do livro minha fonte de perguntas para as respostas que já tinha prontas.

E por que eu começo uma reflexão política, citando um livro da Bíblia? Exatamente porque não há melhor definição para o que está acontecendo no mundo, do que um cenário apocalíptico, onde mentir descaradamente tornou-se um "mal necessário" para implementação das ideias obstinadas de quem quer mudar a ordem do mundo e das coisas de qualquer modo, a qualquer custo, e sob qualquer pretexto.

Não há melhor lugar para encontrar paralelos acerca da ganância, da inveja, da falácia, da disseminação de desconfiança, da mentira deslavada, do mal se mostrando como mal, ainda que diga que seja bem, do que nas Sagradas escrituras, onde citações como:  "Ai daqueles que arrastam a correção com as cordas da indisciplina, e a pena do pecado como com os tirantes de um carro!
Isaías 5:18", ou: "Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!"
Isaías 5:20: Ou ainda: "Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!
Ai daqueles que são sábios aos próprios olhos, e prudentes em seu próprio juízo!"

Isaías 5:20,21: "{ai} daqueles que, por uma dádiva, absolvem o culpado, e negam justiça àquele que tem o direito a seu lado!"
Isaías 5:23Por isso o furor do Senhor se inflama contra seu povo, apodera-se dele e o castiga; os montes tremem, seus cadáveres, como carniça, jazem nas ruas. Entretanto, sua cólera não se aplacou, e sua mão está prestes a precipitar-se.Isaías 5:25

E ainda há quem ache que o D-s (Deus)do Antigo testamento seja rude, mau, sem amor, no que eu discordo completamente, porque vejo apenas Homens ímpios, maus, mentirosos, estúpidos, que recebem a paga de seus crimes e sentem o frio e o fio da espada que faz justiça. Ou acaso serão tidos por inocentes aqueles que fazem conspirações pelos cantos com intenção de pisotear o justo? Acaso serão tomados por inocentes no dia do ajuste de contas com O Todo Poderoso? Não! Será um dia de remorso, sem arrependimento. será um dia frio e coberto de cinzas, porque em tempo algum haverá perdão para aqueles que fazem da mentira e do engano o seu abrigo e modo de andar entre as pessoas.

Pasmamos e perplexos ficamos cada dia mais, diante das descabidas ofensas à verdade e ao bom senso que fazem tais pessoas, e nossas mãos parecem amordaçadas, e nossos lábios entorpecidos, que apenas desejamos que brotem heróis para que nos salvem. Não brotará nenhum herói se não brotarmos nosso desejo e determinada ação em fortalecer a verdade, fortalecer a justiça, e sobretudo, fortalecer a nação, pois fortalecendo a Nação, fortaleceremos o Estado. fortalecendo o Estado, fortaleceremos a nossa aldeia, e fortalecendo a aldeia, daremos força à família, lugar onde cada indivíduo é o mais importante de todos, e pelo qual todos se unem em protegê-lo, até de si mesmo, quando necessário.

Pareço pessimista e descrente, e não fiz nenhuma piada neste ensaio, mas é justamente porque ainda posso refletir e pensar livremente, que escolho a verdade, e por escolher a verdade,  muitas vezes, recebo como troco a injustiça. Trago à mim a reflexão, mas creio ser extensiva à muitos, não todos. Trago o alerta para que meditem sobre o que está sendo dito pelos parlamentares, pelos terroristas que começam falando em democracia e terminam proibindo de se falar em democracia. A mesma democracia que serve a que sejam ouvidos, servirá para que sejamos por eles, calados, se vencerem esta batalha.

Eu escolho pensar que não há mais solução estritamente humana, mas que  será por mãos humanas e corações ainda mais humanos, que todas as escolhas serão feitas. Escolho pensar que se investíssemos mais nosso tempo em sonhar com dias melhores do que remoer os piores dias de nossas lembranças, ao menos teremos um lugar de paz para repousar nossa esperança, ainda que escondido em algum lugar limpo de nossos corações.

sábado, 2 de março de 2019

Quem é você? A resposta de D-s a Moisés.

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Imagem: internet

Quem é você? Esta é a primeira pergunta que nos fazem em uma primeira apresentação. Nome, idade, filiação, lugar de nascimento, local onde reside, enfim, atrás de uma pergunta central, o "quem", está o cercamento de confirmação do "Onde", para que defina-se a relação espaço-tempo-existência, a terceira dimensão desta casa da existência.

Quando O Eterno atraiu Moisés para um colóquio, o fez em um ambiente onde não havia sinal de celular para atrapalhar a conversa, que discorreria por horas, embora esta relação de tempo naquele momento fosse dispensável, pois o tempo é relativo ao grau de satisfação ou dor pelo qual atravessam seus personagens,e ali não estava em questão esta percepção. Eram O Criador e a Criatura, face a face (usemos esta metáfora), onde Um apresentava-se sem limousine nem pompa, apenas circunstância, como uma voz sublime saindo de uma chama interminável, na combustão de uma Sarça, um arbusto quase volátil, onde outra chama qualquer a teria consumido em segundos. Eis portanto o primeiro manifesto  do Altíssimo, demonstrando que Sua Presença independe de pompa, senão somente de circunstância.

Nesta condição, chama D-s a Moisés, e manifestando-Se, começam o diálogo. Por duas ocasiões nesta situação, O Eterno repete Que Ele É: O D-s de Abraão, O D-s de Isaac, o D-s de Jacó. E nas traduções que conhecemos, vamos encontrar uma discrepância do tradutor, que em lugar de traduzir, acrescenta sua interpretação pessoal, e distorce a Essência da Torá: O Nome Magnífico do Altíssimo. Onde o tradutor diz: "SOU QUEM SOU", a palavra original, a partir do Tetragrama Sagrado, impronunciável,YHVH, é traduzida literalmente por: "SEREI QUEM SOU". Ora, pensou o tradutor. Há um erro semântico aqui, pois D-s É, e não SERÁ, e assim, temos até hoje uma tradução errada, pois a palavra YHVH, traduzida por SENHOR, e muito erroneamente ajustava por YAHVEH, JAVÉ, OU JEOVÁ, não fazem o menor sentido, e ainda blasfemam pela pronúncia errada do Nome impronunciável. Eu explico:

Sempre que a letra YUD (Y) está à frente de uma palavra, O Sujeito da ação torna-se a Ação do Sujeito, um Verbo. Aqui, entra Yochanan (João), que diz:"No princípio Era O Verbo, e o Verbo estava Com D-s, e O Verbo era D-s". Este texto, firma uma relação com o texto que diz que "Eu Sou O D-s de Abraão, O D-s de Isaac E O D-s de Jacó", na sequência em que diz também: E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia (Êxodo 3:2). Então temos aqui Dois Personagens, e Um Personagem ao mesmo tempo, pois "o anjo do Senhor" é a manifestação de YHVH, sendo O Próprio YHVH presente naquele momento, tornando-se EU SOU. mas loho adiante diz que EU SEREI, isto é, as Duas manifestações em Um Único D-s, denotam que Ser é atemporal, mas Real e Ativo. Não há como localizar Um D-s Passivo, senão pela Sua própria afirmação: Sou O D-s de Abraão, Isaac e Jacó" Ora, nenhum dos três personagens citados estava ali naquele momento, então D-s se apresenta nos três tempos: Passado, Presente, e Futuro. Isto é SER. Por isso, na cultura judaica, não há a conjugação do verbo "ser", nem "estar", pois O Único que É, e Está, é D-s. Simples assim.


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Contato: 48 999 61 1546

domingo, 10 de fevereiro de 2019

As Formigas-Correição e a Nova Ordem



Nova Ordem,  pressupõe que eu vá falar de alguma teoria de conspiração, apoiar ou negar, ou ainda apresentar respostas que confortem e deem certezas para dúvidas que crepitam nas labaredas da angústia da realidade, ou então desmontar  tais ideias, alegando-as estapafúrdias e sem sentido. Não! Não farei uma coisa, nem outra, antes, desfiarei um novelo de acontecimentos que borbulham no coletivo da sociedade e das nações, e que diretamente atingem nossa felicidade e nosso modo de viver.

Falemos dos conceitos de Direita e Esquerda políticos, que não dividem o país e o mundo, apenas intensificam e decantam os sentimentos de um e outro lado, aflorando entre seus simpatizantes a oportunidade de extravasarem suas opiniões, e borbulharem no caldeirão das angústias que nos desperta todas as manhãs, e tornam-se o elixir energético que nos impulsiona a sobreviver, no mínimo que seja, os sentimentos adormecidos de um um e de outro lado, na mesma pessoa, o que leva-me a imaginar que não somos de Direita ou de Esquerda, mas tornamo-nos ora de um lado, ora de outro, não por nossas convicções, senão por nossas necessidades prementes. Somos volúveis e voláteis, e manifestamos essa inconstância de acordo com nosso bem estar intestinal, propondo, apoiando, ou promovendo uma revolução, sempre que tivermos dor de barriga. Aliás, estudos dizem que várias tragédias políticas, determinadas por reis sanguinários, foram dadas em momentos de extremo sofrimento do monarca. A "Noite de São Bartolomeu",por exemplo, por uma infecção dental do Rei (tardado) Carlos IX de França,um pau mandado de sua mãe Catarina de Médicis, que também não estava com a saúde intestinal bem regulada na ocasião. Assim, a classe média, sempre temerosa pela volta da pobreza, ou pela ânsia sem medida de alcançar a riqueza de modo acelerado, ao ver-se ameaçada em qualquer de suas fragilidades, revolta-se contra o governo, contra qualquer sistema de autoridade, e valendo-se dos recursos que tem, promove a tal revolução.

Nós estamos atravessando esta revolução, caso ainda não tenham percebido. Eu explico então. Vínhamos de um período onde era dedilhada a tecla da liberdade, da democracia, do autoritarismo dos militares, da inflação, da necessidade pelo crescimento econômico, e por muitos outros problemas e desafios que foram sendo apresentados, à medida que um e outro problema eram resolvidos. Vejamos assim: Os militares saíram do poder, mas havia inflação. A inflação acabou, aí veio a competição por posições internacionais. Subimos as posições, mas apareceu a violência urbana, primeiro, e depois ramificou-se para o interior. A violência se estabeleceu,mas apareceu a corrupção (irrompeu nos noticiários), e cresceu o ódio pelos corruptos, e então, agora sim, tínhamos razões para uma revolução, pois não se começa uma guerra sem inimigos visíveis. Não se atira, sem ver o branco do olho do inimigo, dizia uma orientação militar de combate, ou seja, não desperdice energia,munição e recursos, contra um inimigo que não possa ver para combater a céu aberto. Então, sim, então, o inimigo apareceu. Foram dados nomes e seus crimes, e foram julgados, e condenados, e assim, na defesa de um e de outro lado, porque nenhum corrupto é corrupto na solidão. Corrupção pressupõe no mínimo três personagens, onde um propõe roubar do outro, e o terceiro, se propõe a comprar o produto do roubo, e assim neste tripé do suborno, forma-se um cartel, uma quadrilha, um bando, uma gangue, e um  conjunto de gangues, forma um território e este território está infecto de coadjutores que tornam-se o braço ideológico da patifaria, até aqui então já institucionalizada, e quem ousar combatê-la, está se posicionando como anti-patriota, porque ai daquele que ousar apontar o dedo a uma destes membros  da realeza corrupta, assinará a si e aos seus, sentença de morte e expulsão do mundo dos favorecidos, e a má sorte servirá de cobertor para as frias noites nas escarpas do esquecimento.

Já de outro lado, ergue-se uma muralha humana de enfurecida turba, armada de paus, pedras e celulares, que se entregam ao combate da imoralidade, da corrupção, da violência, da pureza espiritual, da pureza ética, enfim, com a gana de fazer uma assepsia política e moral, promovendo o desentocamento e expurgo dos dominadores de antanho, trazendo à nação a Nova Ordem, onde tudo será perfeito, belo, moral, ético, e moralmente aceitável. Uma revolução necessária, que faz-me lembrar das formigas guerreiras vermelhas, ou "Formigas-Correição"*, aquelas formiguinhas que andam em colônias de dezenas de metros, limpando e desentocando tudo quanto é bicho até o tamanho de um rato, por onde passarem. Limpam tudo, fazem o mesmo que faz uma "Lava-jato" (desculpem o trocadilho, mas também serve), e sanitiza completamente os cantos escuros do jardim, por longo tempo. Assim, esta revolução, após estabelecida, instaura a sua "Nova Ordem", e esta "Nova Ordem" irá reger as normas de comportamento político, ético, social, administrativo, empreendedor, e perigosamente também, o religioso. Aqui minha mão começa a tremer, e podem surgir mais erros de digitação, pelo nervoso dos pensamentos que fervilham nas minhas lembranças, haja vista que sou um estudioso e observador dos acontecimentos, dando a um e outro polos de pensamento, oportunidade de que apresente razões para minha convicção a favor de um ou de outro lado.

Lembro que quando Collor foi eleito, e rapou a conta de todos, foi uma euforia inicial da turma do "quanto pior, melhor", que comparava-se aos milionários, pelo menos por alguns instantes. Ferrou com todos. Depois, quando Sarney decretou seu famigerado Plano, com a "Tablita" das URVs para deflação dos cheques pré-datados, foi uma euforia, e todos compravam de tudo, porque era proibido subir os preços. Ferrou todo mundo em 1987. Seguiram-se Plano Real, mas ainda com alguns resquícios de autoritarismo, e vieram as "Correições" vermelhas, arrasando tudo, limpando tudo, comendo tudo e todos, tocando terror em tudo, e nova mente outra revolução, onde a massa, que imaginava-se, havia pouco tempo antes, que fosse acéfala, como no episódio da greve dos caminhoneiros, que aparentemente não haviam lido "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, e "O Príncipe", de Maquiavel, onde o segundo diz que primeiro o conquistador deve tomar um reino, e depois deve ocupá-lo, e Sun Tzu diz como fazer isso da melhor maneira, com menor número de baixas, e maior eficiência. Então,  não havia, nem no movimento dos caminhoneiros, nem no "Fora Dilma", uma liderança, um monarca, um herói, um nome a ser apresentado como o continuador da Nova Ordem. Então, foi nesse vazio, que surge alguém que fala a linguagem que a massa quer ouvir, ainda que seja eco de suas próprias palavras, e esta mesma massa fez toda a tarefa de fazer brotar o herói e o vilão, muito distintos entre si, e naturalmente, as viúvas do vilão, tratarão de desmerecer o herói, mas não tem coragem de atacar os revolucionários, oferecendo uma batalha curta e decisiva, onde aparentemente não prevalecerão as raízes daninhas das ervas arrancadas da lavoura da nova liberdade.

A Nova Ordem então está livre para ser a nova ordem de fato, pelo tempo a ela destinado, até que a história se repita, com a dor de barriga da vez. Meu receio não é pela Nova Ordem, mas pela falta de entendimento de seus adeptos egressos da velha ordem, que não perceberão a importância de fortalecer a democracia, os bons valores éticos, e não apenas uma troca de ódios, onde o ódio mais forte domina sobre o ódio mais fraco, e constrói novas modalidades de ódio, permitindo que em dado momento, doa a barriga de quem teve que se calar, ou mesmo de quem fez a revolução, mas não gostou do sabor do ódio trocando de mãos.





Formiga-correição, tauoca, tanoca ou taoca é a designação comum a cerca de 200 espécies formigas carnívoras, notórias por organizarem expedições periódicas de milhares de indivíduos. Não constroem colônias e têm um modo de vida em constante movimento. Algumas aves seguem regularmente essas expedições, aproveitando os insetos e outros pequenos animais que tentam escapar do ataque das formigas.

O grupo inclui espécies de diferentes subfamílias e diferentes linhagens filogenéticas que desenvolveram o mesmo comportamento de acordo com os princípios da evolução convergente. O termo formiga-correição, não corresponde, portanto, a nenhum taxon em particular dentro da família das formigas.


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sábado, 9 de fevereiro de 2019

A Caminhada - Ensaio




Antigo adágio popular reza que "Água parada não move moinho", ou ainda, que "Pedra que rola não cria limo", e há também outro que diz que "Águas paradas são profundas". Enfim, se puxar pela memória, muitas serão as citações que fazem referência a movimento, ação, ou em contrário, estagnação, indecisão, inanição.



É próprio do Ser humano, o movimentar-se, e movimentar-se vai muito além de apenas mover-se aleatoriamente de um lugar a outro.  A movimentação consubstancia a amálgama (aqui redundei, mas paciência, velho é assim mesmo) de coisas e ideias, ambições, ou senso de participação no processo criativo infinito, ao qual fomos destinados desde a criação do mundo e dentro dele, buscarmos nosso cantinho ajeitado para a felicidade, aquela que nos faz parecer um esquilo correndo dentro de uma roda giratória diuturnamente, para esgotar as energias provida pelos ácidos graxos e sua rica alimentação de oleoginosas guloseimas, e não corresse ele dentro desta roda infinita, tornar-se ia gordo e obsoleto para sua natureza de esquilo. Assim, se a natureza do esquilo é comer e correr, a natureza do Homem, é caminhar e viver, e viver aqui é bem mais que comer e correr, porque sendo criado à imagem e semelhança do Criador, nossa natureza é criativa e construtiva, edificadora, propositiva, e insaciavelmente criativa.

Passamos a vida em uma caminhada rumo a um destino certo, mas escondido, e a única certeza que temos é em nossa crença de que entre nós e nosso destino, há um caminho a percorrer, e que se não nos movermos em direção à ele, certamente ele também não moverá uma palha para buscar-nos. Somos destinados a caminhar e caminhar sempre, e não há como acelerar o passo, porque o destino parece perceber nossa ânsia pelo fim, e afasta-se de nos lentamente, para que encontremos a celeridade de equilíbrio, sem rastejar nem tampouco correr. 

O destino não caminha a nossa jornada. Ele apenas nos espera, e nesta espera, não caminhamos de mãos vazias, mas carregamos um cesto, para coletarmos frutos pelo caminho, para a jornada incerta. Tal cesto não é demasiado grande, que não o  possamos suportar, nem tão pequeno, que pouco possa armazenar as benesses que levaremos até o ponto de chegada. Neste cesto, coletaremos frutas, que renderão outros frutos, uma vez que a finalidade não é chegarmos com os cestos abarrotados,mas acompanhados por aqueles com quem tenhamos dividido, compartilhado nossas frutas, sendo que tais companhias serão os frutos das frutas, e o fruto da jornada serão os  portais que nos esperam para o banquete final.

Nesta caminhada, encontraremos subidas e descidas, e não estaremos sós, antes, cruzaremos por muitos outros,com muitas outras cestas, umas cheias, outras vazias, uns tristes, outros alegres, uns afortunados, outros empobrecidos, e nas subidas mais íngremes e escarpadas, nossos cestos parecerão pesados, o que nos permitirá torná-los leves, distribuindo as frutas que coletamos, aos que coletaram menos que nós. Nesta subida, faz-se mister que subamos de cabeça baixa, para que, se necessário for descer para ajustar nossa rota, o façamos de cabeça erguida. Assim, de encontro em encontro, de fruta e fruto em fruto e fruta, perceberemos que a chegada é precedia por uma planície, e que flores e perfumes alcatifam nossos pés ao frescor das manhãs, e que perceberemos, em dado momento, não termos mais cestas em nossos braços o peso das cestas,mas o calor de outros braços que foram alimentados por nossas frutas. No destino da jornada,não levaremos mais nada, senão a nós mesmos, e aqueles com quem estivemos ao longo do caminho. De cabeça baixa ao subir, e levantada ao descer, pois o contrário disso nos faz perder o rumo da vida, o sentido da existência, e o premio tão desejado.




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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Gauderino - Conto

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Gauderino assentava-se à soleira da porta do ranchinho, e ficava só bombeando o movimento dos transeuntes. Negaceava as nuvens e agourava o tempo. Levantava mecanicamente a chaleira preta para encher a cuia, e trocava de mão, "pous" era falta de respeito servir um mate pela mão canhota. Gauderino era pobre, mas guardador dos bons costumes, como devia de ser, sim senhor. Trocava de mão para servir a si mesmo, porque havia muito que não tinha mais ninguém para estender uma cuia.


Vivia só, ainda que cercado de vizinhos. O choupo em que vivia, há muito não estava mais perdido à léguas do povoado, porque o povoado havia buscado avizinhar-se com a maloca de Gauderino. Não mais acordava ao canto do galo, mas pelo alarido do povoedo que atirava pedras na cancela de telhas velhas de zinco, que separava seu ranchinho da ruela lamacenta e malcheirosa. Entre a cancela de zinco e o rancho, um carreirinho ladeado por brejo, e escondido entre as folhas do brejo, um e outro pé de couve, um chazinho pra gripe, e uma morangueira que se adonava do espaço, espargindo suas largas folhas agarradas às mangueiras de seu caule. Gauderino olhava para as mangueiras, tragava um gole, e viajava no lombo da saudade até a querência da infância, onde brincava com os canudinhos das morangueiras durante as chuvaradas de verão. Olhava os pés de couve espalhados, e tomava outros dois ou três goles.

Gauderino fora um habilidoso fazedor de coisas. Mexia com ferramentas, com madeiras, pregos enferrujados, e com graxa patente, aquela preta, que se passa em roda de carreta. Hoje, o velho já tem mãos trêmulas, que não firmam mais o martelo e o facão, para talhar um boizinho de figueira para os miúdos. Gauderino apenas caminha de um lado a outro, com a chaleira preta em uma mão, e a cuia com cor de cuia na outra, enchendo e tomando, enchendo e tomando, enchendo e suspirando. Gauderino dá a volta no rancho, e larga a chaleira num velho banco de pé em "V", para apanhar um graveto e espantar um guaipeca que cagava na moita de chá de Pariparóva.

-Te raspa daqui, cusco maleva! Eia-te que te capo e apincho os bago pros gato, animáli xujo!
O cusco esguia-se em curva, enfia o rabo no traseiro e sai ganindo umas palavras de desacato ao velho resinguento. Depois, tudo volta ao que era. A chaleira volta para a mão, e a cuia permanece na outra mão.

O galo canta cedo, mas nunca encontra Gauderino dormindo. Não senhor! Quem tem a solidão por parceira, não tem tempo nem vontade para dormir. Dormir é coisa de quem não vive de lembranças e precisa sonhar. Não senhor! Gauderino, assim como todos os solitários, não brincam com a insônia, pois é a única companheira de quem vive só. Ao menos, na noite escura, insônia e solidão se aparceiram, e abraçadas, esperam o alvorecer. O galo que cante quando quiser, mas galo tem mais o que fazer do que controlar a horas de dormir das pessoas. Gauderino pensa assim, sim senhor.

Gauderino tem um causo de vida, mas não gosta de comentar. Envolve apreço e bem querer, e isso é cousa pros mais moços. Um taura enrugado pela vida não tem tempo a perder com reminiscências de  feitos antigos que façam doer o coração. Não se mexe com os sentimentos da pessoa, e por isso preferia falar de feitos e peleias em guerras e revoluções de onde nunca chegou perto. E quem disse que é preciso terciar ferro numa justa para sentir o tinir do aço nas lembranças edificadas pela solidão? O fogo de chão e a trempe balançando a cambona do refestelo de logo mais são motivo suficiente para engendrar um causo, e do causo, razão para soltar uns gritos de entusiasmo ao falar de uma carreira em cancha reta, ou uma bebedeira e briga de faca num bolicho de lá adiante, por conta de umas percantas desbocadas. Assim, de causo em causo, de cuia em cuia, de olhar em olhar, de gritos de vizinhança, Gauderino devorteia o rancho á espera da morte, com quem pretende ainda tomar umas cuias, antes da derradeira mateada na querência do infinito.


Convites para mateadas, churrascadas, charlas e palestras, pelo zap: 48 999 61 1546. É só botar uns pilas na guaiaca que eu me bandeio pra prosa.


terça-feira, 22 de janeiro de 2019

O peregrino - Conto

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Ninguém sabia seu nome, nem de onde viera. Apenas o chamavam de "Peregrino", e para os mais incultos, era "Seu Pelegrino". Falava pouco, e olhava de lado, desconfiado, solene, exceto para as crianças, a quem não economizava sorriso, especialmente com o olhar.

Catava umas ervas por onde passava, e com elas chamava atenção sobre si, quando pediam algum conselho para dores do tipo que não aparece, nos aparelhos dos médicos, mas enchem hospitais de doenças, e algumas vezes até, de doentes. Com suas ervas e rezas, ele era capaz de fazer leitura de almas, estas, as mais doentes. Peregrino fazia ar de mistério, balançava uma caneca velha amassada e rodopiava gemendo umas mandingas em linguagem incompreensível, para que os chás pudessem fazer efeito naqueles que deles bebessem com fé. A fé é assim mesmo, incompreensível, e no dia em que somos capazes de compreendê-la, perde o efeito, pois a força está no mistério, assim como o chá, cuja força está em quem bebe e não em quem serve.

Em todas as cidades existem uns doidos. Uns mais, outros menos, mas é só ter um velório, que lá estão eles: os malucos e os bêbados, chorando mais que os enlutados. Bêbado e doido choram com sentimento verdadeiro, ainda que nem tenham conhecido o morto. Bêbado e doido são como mariposas, que não resistem a passarem uma noitada de farra à volta de um poste iluminado, assim também, maluco e borrachos, não se contém diante de qualquer aglomeração de pessoas, ainda que seja velório ou comícios políticos.

Mas também, em todas as cidades, de tempos em tempos, aparecem os peregrinos. São tipos sinistros, silenciosos, avessos à higiene pessoal e à socialização, que deslizam pelas rodovias, ora empurrando um carrinho de mão ou de supermercado, cheio de traquitanas, cuja utilidade seja digna de análise sociológica, haja vista que  dificilmente teriam eles, utilidade específica para o tambor de uma máquina de lavar enferrujado, ou cinco pares de sapatos desencontrados e de numeração inferior aos seus próprios pés, amarrados,uns aos outros e pendurados no cabo do carrinho. Ou a pilha de jornais velhos embolados em sacolas de mercadinho, amontoadas com trapos velhos e outras inutilidades simbólicas que chamam de suas. E tente oferecer comida, quando não estão com fome, apenas tente, e ver´a expressão "sheakesperiana" de desprezo e orgulho contrastando com a aparência desgrenhada e indiscutivelmente de uma nobreza às avessas, capaz de fazer calar a hipocrisia do gesto de quem quase força uma esmola para aplacar a consciência.

Peregrino, nosso convidado para este ensaio, fugia bastante deste arquétipo,pois era asseado, agradável, cortês, e acima de tudo, generoso. Abstêmio, estendia a mão espalmada ao rejeitar um gole de cachaça que lhe ofereciam, ao passar por um boteco, onde os bêbados sociais tentavam divertir-se às custas do forasteiro, mas não funcionava com este andarilho.Não senhor. Apenas pedia, delicadamente um copo de água, e quando a fome apertava, com singular educação, olhava em direção aos quitutes do balcão, e tecia bondosos elogios ao perfume que exalavam, e às propriedades nutritivas das especiarias utilizadas na composição dos sabores oferecidos. Funcionava quase sempre, e era convidado a assentar-se com os demais, que respeitosamente ouviam suas histórias e dissertações sobre temas de relevância espiritual ou cultural. Naquele dia, eram vendidos mais refrigerantes e quitutes, do que cervejas ou pinga.Mas até o bodegueiro, com um pano sujo ao ombro, recostava-se no lado externo do balcão para ouvir-lhe dissertar sobre Divina Proporção ou história das civilizações.

Todo andarilho tem uma historia triste, e nem todos querem contar sua história, porque é triste. Muitos caíram na estrada porque perderam alguém da família de forma dramática. Outros, porque caíram na bebida, nas drogas, e desmoronaram em suas carreiras e laços familiares.Cada história é única, mas alinha-se com as demais no resultado dos dramas: as ruas, a estrada, o mundo sem fronteiras a desbravar.

Peregrino não era um andarilho qualquer.Não falava asneiras, embora fosse divertido, bem humorado, contador de piadas, e menestrel. Cantava canções antigas e compunha versos de improviso para divertir a assistência. E como já mencionei, se houvessem crianças no ambiente, as canções eram direcionadas aos pequeninos. Peregrino era crianceiro, adorava os pequeninos, e era amado por eles também.  Não era apenas falante, mas sabia e gostava de ouvir também, e em dado momento, sua presença suscitava desabafos e choros, confissões, e pedidos e conselhos. E Peregrino, os dava, mas não ao modo tradicional de perguntas e respostas, mas suscitava os queixosos a formularem suas próprias perguntas, e refletirem sobre possíveis respostas, silenciosamente pensadas e pesadas como possibilidade de mudanças. Era assim que Peregrino deixava saudade por onde passava. Era assim que edificava relações em sua jornada. Jornada que teve um começo, mas não havia planos para o fim, pois acreditava que o mundo é redondo e há muitos lugares para caminhar, muitos ouvidos para levar esperança, muitos corações machucados para abrandar com seus chás, suas rezas, e sua prosa agradável.

Peregrino nunca se despedia. Odiava despedidas! Dormia à porta dos botecos por onde havia encontrados novas amizades na noite recente, e ainda noite, precedendo o alvorecer, com a mochila às costas, bebia uns goles de água, e seguia seu curso. Ninguém sabia de onde vinha, e tampouco havia condição de saber onde encontrá-lo novamente, mas aquele andarilho que chegava recusando bebida e saía ao amanhecer, deixava profundas lembranças em todos, ainda que com poucas horas de proximidade. O maior atributo de Peregrino era sua sabedoria quando se calava,e era o seu silêncio que intrigava e deixava saudade. Peregrino talvez fosse um anjo. É, talvez fosse sim. Isso eu não sei dizer, pois não tenho uma tabelinha que identifica anjos, exceto quando já se foram, sem deixarem pegadas. É! Peregrino caminhava com passos bastante leves, e nunca deixou pegadas. Só saudade.



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segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Das Dores e Fridulino - Fábula

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Das Dores, a quem as comadres abreviavam para "Dasdô", levantava com o pé esquerdo enfiado no urinol, e começava as tarefas do dia, chutando o pé do armário com o dedinho estropiado do pé direito. Toda vila tomava conhecimento de que ela acordara, nem tanto por isso, mas porque, ato contínuo, enfiava a cara na janela, esticava o pescoço, se retorcendo pra posicionar o berro em curva, descabelada, ainda sem a dentadura(que nesse tempo estava com três dentes em falta), vestindo o camisolão preto desbotado, e uma das tetas quase despencando pelo parapeito, e desatava a verborréia rumo ao marido (se é que aquilo podia ser chamado de marido):

- "Fridulino, desgraça! Eu não te mandei que levasse o penico pra lavar ainda treisontonte? Onde é que tu anda com essa cabeça de porongo, seu bosta imprestável?"


Fridulino apenas esticava o pescoço instintivamente, em direção aos berros, e serenamente retornava ao cócoras para terminar de obrar, enquanto pitava um toco de palheiro, resmungando qualquer blasfêmia que parecia demonstrar nenhuma importância aos berros da macróbia.

Dasdô corria, pulando em uma perna só, até a varanda, onde havia um velho tanque de tábuas também acinzentadas e cobertas de limo, que transbordava água da velha bica de mangueira preta, para lavar o pé enlameado de bosta e mijo. Enquanto lavava o pé, praguejava heresias e barbaridades, desconjurando o marido por todas as desgraças do mundo, desde que o mundo era mundo, pois afinal, era era culpado pela estrada barrenta, porque não atormentara o Prefeito,para que mandasse uma patrola para emparelhar a buraqueira. Era culpado, o Fridulino, na opinião dela, porque a vizinha comprara um vestido novo, e ele, nem para comprar-lhe um vestido novo, prestava. 

Com os pés lavado, caminha até a ponta da varanda e estica o pescoço, ainda vestindo o camisolão desbotado, que deixava uma teta de fora, e berra pelo marido, que apenas resmunga, acocorado, dando uma última pitada no palheiro babado, e depressa passa a mão em um sabugo de milho para limpar o traseiro, do jeito que der. Examina o sabugo, e o atira sobre a "obra" que fizera, erguendo as calças e ajeitando os suspensórios, para atender à patroa que à esta altura dos fatos, já engrossava a veia do pescoço, e desatava o cordel de ofensas ao atarantado sujeito.

- "Busque lenha e pique cavaco pra móde acender o fogo, seu imprestável!" - Berrava ela, ainda sem dentadura, e com a teta ainda de fora. E traga uns temperos da lavoura, se quiser comer alguma coisa (ele queria comer alguma coisa, mas era ele mesmo quem preparava seu pirão).

E assim, dia a pós dia, o azedume de um e outro era fermentado.Não trocavam sequer um "Bom dia!",porque se ele desse tal "Bom dia!",viria um saco de ofensas e desgraças de arrasto, e caso, por estes descuidos da vida, o cumprimento partisse dela, quem escarrava janela a fora, fingindo que tossia, para não ter que responder, era ele. Deste jeito, andavam, ela se arrastando com um trapo amarrado na perna besuntada por linimento e chás, e com a teta de fora, ou ele,se peidando pela casa, com a calça rasgada nas virilhas, e o saco espiando o mundo, como se tivesse vontade de fugir daquele ambiente infecto. Um e outro, com a bunda fedendo, ou a teta de fora, eram unidos pelo ódio que sentiam entre si, e pela vida, após longos anos de esquecimento da razão que os unira, um dia, ao som de melodias, ao perfume das flores da primavera, quando juraram amar-se até que a morte os separasse. O problema é que a morte se esquecera deles, e até é compreensível aceitar que nem mesmo a morte queira um de bunda fedendo e outra com a teta de fora. Seria muito zoada, debochada, pelos colegas, quando aparecesse no mundo das sombras e do silêncio, com aquela dupla de infelizes.Não, a morte não os queria daquele jeito, e precisava,imagine, a morte preocupada com seus clientes, dar um jeito para que se tornassem mais apresentáveis, no dia solene da partida. Assim, a morte aliou-se à dor, ao sofrimento, à angústia,à maledicência, à todos os males do mundo, chamou a mentira, o ódio, as facilidades ao mal, e abriu a porteira para que saíssem à farra.

Assim, todos os males do mundo cercaram aquelas duas infelizes criaturas, e como milagres acontecem, um e outro estavam de costas entre si, para defenderem um ao outro, e defenderem aqueles a quem amavam,  para enfrentarem todas as dores do mundo, na ânsia de protegerem-se do mal que vinha de fora. Fridulino não via mais a teta de fora de Dasdô, e Dasdô não sentia mais o cheiro de bunda do companheiro, porque um e outro apenas se abraçavam em choro convulso e no desejo de confortarem-se entre si. E então, assim abraçados, um não via o outro, mas olhava distante no passado, vendo uma pessoa amada que caminhava em sua direção. Ela via um jovem elegante e valente, ousado, trabalhador, e ele via uma princesa perfumada e com um sorriso que iluminava a escuridão da vida. Um e outro sentiam apenas o perfume da historia que deixaram apagar-se m seu caminho, e outro, abraçando o "um", falava apenas pelo bater do coração. Um e outro corações se encontraram, e finalmente a morte poderia trancafiar seus assistentes desvairados,  pois já restaurara duas vidas de seu itinerário. No entanto, era tão sublime o quadro, que a senhora vestida de preto pensou que poderia voltar outro dia, pois os que lhe pertencem,não a desampararão de seus compromissos.

E o que aconteceu depois disso? Bem, Dasdô continuava com a teta de fora, e Fridulino ainda não limpava direito a bunda, então evitava assentar-se sobre os travesseiros, e Dasdô vestia uma roupinha mais adequada, ao menos quando recebia visitas na varanda, para falar mal de Fridulino, e darem gargalhadas dos causos contados. Fridulino, de seu cantinho debaixo da macieira, ajeitando seu palheirinho, silenciosamente também gargalhava, deixando à mostra os dentes tortos e amarelos, todos os três.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

O general durão e a editora de fundo de quintal

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Foto: internet

Tava aqui puxando o carretel das memórias, e localizei um rosto conhecido, o do General Carlos Alberto dos Santos Cruz, que toma posse hoje como Ministro do Presidente Bolsonaro, e encontrei a resposta em 1996, quando o então Presidente, Fernando Henrique Cardoso visitou Gramado. Bem, se não era ele, era alguém com o mesmo biotipo, mas tenho em conta ser bom fisionomista, e creio não estar assim, redondamente enganado. Creio que era ele sim.

Eu tinha uma humilde revista, chamada Hortênsias (nada a ver com uma que existe hoje, que foi plágio descarado), e recebi credenciamento para acompanhar a comitiva presidencial durante dois dias, o que fiz, em companhia de uma pequena multidão de jornalistas mais tarimbados na função. Eu era o bobo alegre que olhava pra um e outro e anotava tudo o que diziam, pois eles sabiam fazer melhores perguntas que eu.


Como eu morava próximo a uma casa de idosos, visitada pelo cortejo, cheguei antes, para conseguir um lugar mais privilegiado para as fotos. Lá já estava o aparato de segurança presidencial, comandado pelo então Tenente Coronel Carlos Alberto, extremamente simpático e atencioso, explicando-me como funcionava o esquema de segurança, etc e tal.
Falei a ele que eu fazia uma pequena revista de interesse local, ao que me respondeu que já conhecia a revista, e deu-me detalhes de minha editora com precisão matemática, e ainda pediu-me que enviasse a ele um exemplar,com a reportagem. Nunca enviei,pois esqueci de pedir o endereço. E nem era preciso. Com certeza ele recebeu minha revista já impressa, antes mesmo de mim.


*Coloquei uma foto dele em traje civil, porque foi assim que o conheci.

Bella Ciao e Modelo Econômico de Crescimento - Táticas e Estratégias que modelam o Pensamento Político

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