AD SENSE

terça-feira, 17 de março de 2020

Tecnologia e Hotéis-Incubadoras - Uma nova proposta para Gramado

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Imagem: hotel utilizado pela delegação alemã de futebol, doado para ser transformado em escola, em Santa Cruz de Cabrália, BA.

Como se diz por aí: "Carpir um lote lá em casa, não se acha um, mas pra colher couve de graça, aparecem quinhentos". Assim, é fácil reclamar da vida, reclamar do governo, reclamar da situação, mas apontar o foco do problema, aplanar o caminho, e trazer solução, ah, são bem poucos os que fazem. Mas tem, e dizia Jesus: "Grande é a seara, mas poucos são os ceifadores". Uma crise é um campo enorme de possibilidades para quem não tem medo de inovar, e menos ainda para quem tem a coragem de empreender. E a tão indesejada crise finalmente chegou. Quem esperaria que um espirro lá na China fosse colocar Gramado e o mundo de quatro para um bichinho tão pequeno, que só com lentes muito poderosas é que se consegue ver? Pois foi. A tal "semente de mostarda" mencionada por Jesus, cresceu mais rápido que a trepadeira do profeta Jonas. E abraçou o mundo, num piscar de olhos. Isso sabemos, então qual a solução?

Grande Hotel Campos do Jordão - Escola
A solução para Gramado, ainda que a situação melhore, é saber que todos, absolutamente todos, tem telhado de vidro. Durante a vida inteira ouvi falar de estabilidade, emprego garantido, poupança e investimentos sólidos, liquidez, investimentos. Mas eu nunca tive nada disso, e ainda assim, estou aqui, sexagenário, correndo atrás da máquina (acho isso meio estúpido, pois nunca vi ninguém correndo atrás de máquina alguma, apenas tentando ganhar a vida de forma honesta, mas deixa pra lá). Vi muitos, que tinham muito, esnobarem os que pouco tinham, e tomarem o pouco que havia daqueles que nada tinham. Vi empresários bem sucedidos cercados de espelhos para se ufanarem, pisotearem em prestadores de serviços, extorquindo-lhes o sangue em troca de minguados, mas também vi estes mesmos trocarem de lugar, e se repetirem os mesmos erros de um e de outro. Quem está em cima pisa em quem está por baixo, e quem está por baixo, ao subir, vinga-se que quem lhe pisoteou o pescoço quando servia de degrau. Mas esta não é a solução para Gramado, porque, acreditem, um dia, todos se nivelam por baixo, a sete palmos, e caixão não tem gaveta, tanto quanto mortalha não tem bolso. Daqui nada se leva, porque nada trouxemos ao nascer. Tudo o que temos pertence , pertenceu, ou pertencerá à D-s, e d'Ele tomamos por empréstimo todas as coisas. Por Ele somos responsabilizados pela administração daquilo que Lhe pertence.

Assim, trago minha contribuição para uma possível solução a médio e longo prazo para quando,
caso persista uma crise, e sabendo que cada crise traz suas próprias soluções, não é de todo loucura imaginar em transformar alguns hotéis em escolas, em incubadoras tecnológicas, em centros de construção do conhecimento, em "e coworkings", e centros de pesquisas, e por que não, em hospitais, desafogando o Hospital São Miguel.

Veja aqui alguns hotéis que foram transformados em escola. E aqui. Hotéis com baixa ocupação estão buscando alternativas, e aqui estamos falando de quantos? 300? 400 em Gramado? Onde é que estas hospedarias irão buscar tantos hóspedes em tempos de crise? na criatividade, óbvio. É aqui que entra a diferença entre que se desespera e geme a dor de barriga, e o que se levanta, e faz uma revolução. Estou propondo exatamente isso: Uma Revolução criativa em Gramado, e proponho direto e sem rodeios, sem voltinhas. Estou propondo a Gramado que amplie suas vendas sem ampliar o concreto. Estou propondo que alguns hotéis de Gramado sejam transformados em universidades, em escolas fundamentais especializadas, em centros de capacitação, em laboratórios, em incubadoras, como já disse acima, e que busquem especialistas para que sejam parceiros nestes empreendimentos. Imagine um destes hotéis sendo transformado parcialmente em estúdios de som, TV digital, e sei lá o que mais pode ser feito nestes espaços, já prontos. Pense você, leitor.

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Estou divagando demais? Talvez, mas olhem eu aqui, apresentando sugestões práticas e viáveis, que
naturalmente não irão funcionar se apenas um aderir à ideia, mas se for transformado em políticas públicas de crescimento sustentável! E o que precisa ser feito para que isso aconteça, fora a disposição dos hoteleiros em ampliarem seus horizontes? Precisa de infraestrutura tecnológica, com melhor acesso à internet (a internet de Gramado é paupérrima, mas pode melhorar). Precisa de escolas que formem profissionais de TI, Engenharias da Computação, Ciência da Computação, Análise de sistemas, matemática, física, design gráfico. Tudo isso é possível, é indústria limpa, capacita jovens (nos velhos eu penso depois), gera empregos, impostos, status, eleva o nível de mão de obra (ou de cérebros de obra, quem sabe), e abre caminho para outras dimensões econômicas, sem precisar recorrer somente às orações (estas são imprescindíveis diariamente), e à mais financiamentos de crise, uma esmola política de governos centrais. Bem, são sugestões apenas. E olha quem nem candidato eu sou.





segunda-feira, 16 de março de 2020

O Dia em que a Terra parou...de novo! Estamos mesmo no fim dos tempos?



"Em 30 de outubro de 1938, marcianos invadiram a Terra. Pelo menos em uma transmissão de rádio que disseminou preocupação e até pânico entre os milhões de ouvintes da Columbia Broadcasting System (CBS) nos Estados Unidos. Às 21h, uma mulher entrou apavorada na 47ª delegacia de polícia de Nova York. Carregava duas crianças pequenas, roupas e mantimentos. “Estou pronta para deixar a cidade”, anunciou para os policiais, segundo relato do New York Times do dia posterior.

Na verdade, o noticiário veiculado naquela estação de rádio era uma adaptação do livro A Guerra dos Mundos, de H. G. Wells, narrada por Orson Welles e pela companhia teatral Mercury Theatre on the Air. No início do texto, uma mensagem avisava que a peça se constituía de ficção. Mas muitas pessoas só começaram a ouvir depois, quando a narrativa retratava a queda de um meteoro em uma fazenda de Nova Jersey e a descoberta de que o “meteoro” era uma nave cheia de alienígenas munidos de raios mortais e inclinados a exterminar a espécie humana." (Fonte: Terra)

Este trecho é parte de uma matéria comemorativa aos 75 anos da radionovela dramática, ficcional, do dramaturgo norte-americano Orson Welles, e que descreve como uma obra de ficção conseguiu entrar no imaginário de uma nação inteira, contando apenas com as ondas do rádio, em menos de 24 horas de transmissão. Foi um verdadeiro caos. Pessoas de todas as partes dos Estados Unidos abandonavam, desesperadas, as suas casas, juntavam pertences, invadiam supermercados, esvaziavam prateleiras, em um desespero coletivo que crescia à medida que as notícias criadas pelo pavor se espalhavam de ouvido em ouvido, causando um verdadeiro cenário apocalíptico. E no fim, era tudo uma bem contada mentira.

Em 1981, um escritor alemão,  Dean Koontz, publicou um livro chamado: "Os olhos da escuridão",
onde relata também em ficção, que um cientista chinês, chamado  "Li Chen", em uma cidade chamada Wuhan, onde criou um vírus denominado "Wuhan-400", que causaria uma pandemia em curtíssimo espaço de tempo, mas que seria debelada tão rápido quanto chegou, no ano de ...2020! Tal epidemia, retornaria dez anos depois e seria extinta para sempre. Este é o relato de ficção do livro de Koontz.

Por essas coisas da vida, Li Wenliang, o médico que detectou o Corona Vírus, ou Covid-19, morreu após contrair o novo vírus enquanto atendia pacientes na cidade de Wuhan, epicentro do surto da doença.

Naturalmente se escrevo, e não sou alarmista, naturalmente o leitor gostaria de uma opinião, no mínimo para ser contestada, a respeito do assunto que eu me atrevo a trazer à reflexão. E tendo em conta que sou um Dati, estudioso das Escrituras, e mais especificamente de profecias bíblicas, a pergunta é: Podemos relacionar estes fatos à alguma profecia específica, a um conjunto hipotético de cumprimento de profecias,  ou a um fenômeno próprio da humanidade, repetido ao longo de milhares de anos, muitas vezes, levando à morte prematura dezenas de milhões de pessoas, ao longo da existência humana, e que estaríamos apenas atravessando uma nova onda de extermínio "natural" da evolução do mundo e do universo?

Para que não pese a minha opinião, vamos analisar o primeiro caso, as profecias da Bíblia. Não vou aqui detalhar quais são estas profecias, posto que exíguo seja o espaço e o tempo do leitor, mas posso dizer com convicção que milhares são as profecias do Livro Sagrado que indicam uma série de fatores no mundo natural, e do comportamento humano, que precederiam a chegada do Messias, o Reinado Messiânico, ou a Nova Era, seja qual for o viés escolhido para seguir, no tocante ao chamado "Fim dos Tempos". Então, sob este aspecto, sim, quem tiver disponibilidade para examinar corretamente os fatos e as predições, encontrará elementos que confirmem não apenas a pandemia coronária, como qualquer outra em curso (vem aí mais uma, o H5N6, que já está abatendo a Ásia), mas temos ainda um rescaldo enorme na tuberculose, na varíola, que, embora considerada extinta, está voltando com fome e sede de vingança, e outras tantas espalhadas pelos continentes, muitas delas não relatadas, por conta da situação miserável dos países onde estão se proliferando. Isso tudo, se não levarmos em conta as guerras, as intrigas entre nações que nem sabem direito a língua uma da outra, não são vizinhas territoriais, mas que por essas coisas ruins do Ser Humano, teimam em aniquilar-se mutuamente, não sem antes destruírem-se moralmente perante as perplexas nações que se amontoam pelos cantos roendo unhas e tremendo de pavor. Então, sim, é minha resposta: há contundentes evidências que se enquadram perfeitamente nas visões apocalípticas escatológicas de muitos profetas, bíblicos e extra-bíblicos, que sugerem tempos de angústia e recolhimento para o mundo.

Se eu fosse traçar um comparativo do que está acontecendo, com algum relato bíblico, talvez eu associasse à Nínive, a capital da Assíria, que estava se excedendo na esbórnia, na maldade, nos maus tratos com as outras pessoas, e que receberia a paga através das consequências do que fazia. Assim, o profeta Jonas recebeu a incumbência divina de alertar Nínive, seus habitantes e autoridades, pois, segundo o argumento divino, "eram incapazes, os ninivitas, de distinguir a mão direita da mão esquerda, e que mereciam uma oportunidade de discernirem o que era errado, abrindo-lhes os olhos do motivo de sua eventual punição. E de fato, aconteceu, Nínive inteira jejuou, se arrependeu, orou à D-s, e obteve uma sobrevida de mais setenta anos. Depois esqueceu tudo, e aí desandou de vez.

Às vezes achamos que D-s é injusto, e perguntamos o porquê de certas coisas. Não perguntamos a razão de que Ele instituiu leis de proteção e amparo aos pobres, aos órfãos, às viúvas, e deles nos esquecemos completamente. O mundo se esquece. Quantos e quantos apelos diários são levados para que auxiliemos a África destruída, os Médicos Sem fronteiras, a Cruz Vermelha, e tantas instituições de amparo às vítimas da fome e das guerras, e em lugar disso, o que fazem as nações? Compram, fabricam, e vendem armas. Gastam trilhões de dólares em munições e artefatos de guerra, que será levada a efeito exatamente nos lugares onde a miséria humana já havia chegado ao fundo do poço.  Ou onde acham que é feita a Guerra na atualidade? Na Síria, destruída e governada por um ditador sanguinário; na Líbia, na Nigéria, no Sudão, todos lugares onde não há mais um pé de árvore que dê fruta, nem uma horta para colher um pé de couve. Apenas cinzas, crianças abandonadas, escombros, e troar de canhões, bombas, metralhadoras, e toda espécie de atrocidades possíveis. E Sim, isso também faz parte do pacote que precede a intervenção do Messias neste mundo, porque o Ser Humano atingiu a borda da taça do sofrimento e da ira.  E pergunte se é O Messias o culpado por isso tudo? Claro que não! Uma profecia não é uma sentença, mas um aviso. E se somos capazes de ler placas de aviso, então podemos segui-las, ou esperar que tropecemos no próximo obstáculo anunciado por elas. Emfim, sim, é minha resposta: São profecias que se cumprem, mas infelizmente não dão datas, apenas indícios.  Cabe à nós, interpretá-los e mudar nossas atitudes, ou descartá-los como falácia, e enfrentarmos as consequências de nossa incredulidade.

Mas ainda falta a questão evolutiva, das epidemias que varrem a humanidade, de tempos em tempos, e sim, elas acontecem, e não estamos livres de que esta seja apenas mais uma destas calamidades ocasionais, o que torna o mundo uma esponja de desgraças, um prato cheio para que a miséria novamente leve a humanidade inteira para um período de trevas, e que não se duvide, porque elas já povoaram a história várias vezes, e se hoje, dominamos a tecnologia, somos capazes de chegar à outros planetas, e que apesar de provas reais da esfericidade da Terra, ainda perambulam zumbis da ciência, mortos-vivos do conhecimento, batendo na tecla da Terra Plana, percebemos que a tecnologia não surte nenhum efeito na obtusa mente até mesmo que frequenta as academias, o que diremos quando tratar-se de sentimentos inerentes à poesia da alma, como a empatia, a percepção da dor alheia e a determinação da busca de soluções, não porque eu preciso, mas porque você precisa? Então, sim, o meu sim também para esta questão é: Podemos estar no meio de uma betoneira evolutiva, e se isso for mesmo verdade, então nossa esperança se anula por inteiro. Nossa fé perde completamente o sentido, e o amor ao próximo é apenas uma falácia para tomar o dízimo dos crentes.

E sobre o livro de Koontz? É uma profecia moderna? Não! A mim parece uma inspiração. Nada mais que isso. Inspiração, que pode ter dado o cenário para construção de elementos com semelhança, para dar credibilidade ao acaso. Acaso nunca existiu. Se não podemos explicar, é obra de quem foi capaz de esconder a verdade de nós por certo tempo. Apenas isso. Se podemos explicar, somos gênios. Também nada além disso. Mas acasos não existem. Esta é uma das certezas que eu tenho.

Estamos atravessando o "Pit Stop" da Terra, que foi ali mijar, e já volta. Será que dá tempo para fazer um lanche antes de prosseguir a viagem?







sábado, 14 de março de 2020

O Vírus, a cebola, e eu



Em 2016, passei alguns meses em Gramado, trabalhando no atelier do centro Municipal de Cultura. Morava a 6 km, e tomava dois ônibus diariamente, geralmente, lotados, muito lotados. Teve um período em que quase todos estavam resfriados ou gripados, naqueles ônibus. Convivi com gente muito gripada, e eu, estava próximo dos 60 anos, portanto, velho, portanto, no grupo de risco.
Eu tomava meus cuidados, o que sempre fiz, muito antes disso. Higienizava as mãos, banho diário (às vezes, à meia noite, com temperatura negativa lá fora), e comia muito, muito alho, pimenta e cebola. Comia muitos ovos, e tomava muito chimarrão, chá, e algum café. Por esta combinação alimentar, Channel e eu, não tínhamos nada em comum. Fedia a alho, tinha bafo de cebola.
Todos se griparam, à minha volta.
Eu atravessei o inverno sem dar um único espirro.
Lasque-se o bafo, o cheiro de alho. Dane-se o Corona, o H1N1, e todo o resto das imundícies que derruba tanta gente todos os dias.
Eu não estou livre de ser contaminado e contrair uma pereba dessas. Ninguém está.
Outro dia, na casa onde morei, em Águas Mornas, um pequenino paraíso, tive que defenestrar uma serpente que resolveu dividir a casa comigo, sem ajudar nas despesas. Estava a 15 centímetros da minha mão, que tem muitas veias salientes. Ambiente ótimo para inocular duas gotinhas letais de veneno. Já em outro dia, ao voltar pra casa, fiquei preso em um engarrafamento, com chuva, e o limpador de para-brisas é hipnótico, me acreditem. Peguei no sono, por uma fração de segundos. Poderia ter sido grave, mas não foi. Nada aconteceu, senão que eu me mantivesse mais alerta.
Então, nós somos cercados de perigos, muitos deles, mortais. E daí? Não precisamos provocar o perigo, nos expormos á ele, mas ele existe, é real. Mas nem por isso, precisamos desenhar nosso destino tendo o medo como combustível.
O medo mata e a morte pelo medo é a mais dolorida, porque nos mata enquanto ainda estamos vivos, mata aos poucos, mata de dentro pra fora.
A única coisa da qual estou livre, é a paranoia que vem varrendo o mundo. E se um dia ela chegar, quero ter a lucidez de olhar para as vezes que fui salvo misteriosamente de tais perigos. Então, fiz a opção de confiar que tenho anjos cuidando de mim e dos meus queridos.


sexta-feira, 13 de março de 2020

Adeus, abraço! Eu vou partir....

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Imagem - Internet
O título é um trocadilho. Eu amo trocadilhos. A vírgula poderia ser retirada, e ficaria assim: "Adeus abraço! Eu vou partir!" E essa é mesmo a segunda e primeira intenção da reflexão: Adeus ao abraço. Então, a frase "Adeus, abraço!", torna-se falsa, porque o abraço de adeus, ou de encontro, foi suprimido. A civilidade está se desintegrando como pão farelento no aperto da mão. Olha aqui outro trocadilhos. Hoje estou insuportável. O aperto de mão também dá adeus, e sem abraço, sem aperto.

O velho e mau diabo continua sendo diabo, se inovando a cada dia mais. Quando o mundo parecia já saturado de problemas, ele aparece com mais um, dois, uns duzentos, talvez. Ah, você acha que estou falando do tal Corona Vírus: Que nada! isso é café pequeno. Tem coisa bem, mas bem pior que isso para derrubar de vez o moral das pessoas, para entristecer de fato: Está declarado extinto o abraço, o aperto de mão, e até mesmo o afago. "Don't touch me!" (Tradução: Tira os dedo seboso das minhas teta), dizem os americanos. "Não-me-toque", o pequenino município escondido no interior do Rio Grande do Sul, a terra do abraço, tão forte, que recebe o nome de "Quebra-Costela", do aperto de mão cheio de trejeitos e salamaleques (a palavra vem se Salam Aleiko, ou Shalom Aleichem - A Paz esteva contigo), que traduz em toque de partes corpóreas não pudendas, a expresão de afeto, de boas vindas, de saudade, de consolo, de amizade. Pois é. Acabou. O diabo venceu também, e assim como o Sul do país é a região mais fria, e portanto mais suscetível às enfermidades próprias desta clima, começarão as vacinações pelo Rio Grande, e também o expurgo do abraço, três beijinhos, aperto de mão, e pra arrematar a diabice do tal, a proibição do chimarrão. Acabou tudo!

O objetivo deste ensaio não é enaltecer a obra em franca expansão do maldoso, mas demonstrar que
finalmente ele conseguiu um jeito de criar novos costumes em menos de uma lua de tempo. Em nome do cuidado com a saúde do outro, e da própria, as conversas passarão oficialmente pelos Smartfones, tablets, ou qualquer outro instrumento satânico a ser criado que consiga afastar as pessoas.

Fico pensando em quem estará lucrando com esse pandemônio desta pandemia, senão, em primeiríssimo lugar, a indústria de aplicativos, equipamentos, e websites, que proliferarão uma imensurável quantidade de dispositivos para oferecerem segurança, proteção, e entretenimento às pessoas, fazendo com que esqueçam elas, na maior brevidade possível, o que significava um aperto de mão entre duas pessoas civilizadas.

A coisa mais linda entre um grupo de pessoas era exatamente ser um grupo de pessoas. Em breve, será considerado um ato subversivo, uma conspiração para matar a cidade de alguma doença que nem se sabe  bem o que é, pois ainda não existe. Mas basta que duas ou três pessoas se reúnam, como Jesus ensinou, que isso não será visto como uma comunhão, uma fraternidade, mas uma conspiração embrionária, sujeita à penas altíssimas.

O abraço e o aperto de mãos são tão antigos quanto a própria civilização. Os russos, dão beijos na boca (para darem, quem sabe, uma lambidinha no resto de vodca que congelou no beiço do afeto). Os esquimós, esfregam os narizes congelados um no outro. Os franceses, dão três, quatro, ou umas duas dúzias de beijinhos no rosto. Os cachorros lambem o tico e depois lambem as pessoas (engraçado, que ninguém recomendou que não se deixasse lamber por cachorrinhos, os quais lambem o...ah, vocês já sabem o que). Os gatinhos se lambem inteirinhos, e depois esnobam o dono. Pelo menos gato não vai transmitir Corona Vírus pras pessoas. Então, o mundo amanhecerá um pouco mais triste depois que tudo passar. Enquanto isso, o diabo já pensou em outra malandragem para deixar o mundo mais bagunçado. Eleger o Lula, talvez. Não, isso nem o tinhoso quer pro reinado reinento dele, que tá indo tão bem.


quinta-feira, 12 de março de 2020

Corona Vírus, o Apocalipse, e O Messias


E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.
E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas.
Homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto as virtudes do céu serão abaladas.
E então verão vir o Filho do homem numa nuvem, com poder e grande glória.
Ora, quando estas coisas começarem a acontecer, olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima.
E disse-lhes uma parábola: Olhai para a figueira, e para todas as árvores;
Quando já têm rebentado, vós sabeis por vós mesmos, vendo-as, que perto está já o verão.
Assim também vós, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o reino de Deus está perto.

Lucas 21:24-31

Temos aqui dois cenários possíveis: O primeiro é um conjunto de verdades se conectando, mas também este conjunto forma uma mentira muito grande, baseada na indústria do pânico, ruidosa, poluidora, e caótica. Esta mentira é colocada numa caixa de ressonância, e se propaga ao vento de tal maneira, que em poucos instantes, até uma montanha faz tremer.

Assim, aquilo que é uma verdade, soma-se à outra, e outra, mas com diferentes direções, e o caos está montado, instalado, e agindo sem freios. Assim funciona a indústria da perplexidade, onde todos nós somos agentes de prospecção, onde cada um é responsável pelas vibrações que se reverberam em cada compartilhamento de áudios, vídeos, textos dramáticos, e assim, quem está protegido em suas bolhas, enriquece com o medo, com a informação acelerada, que torna-se desinformação letal.

Desinformação mata, e excesso de informação é a primeira ferramenta para desacreditar nas informações genuínas. Uma má notícia, entristece, duas más notícias, alarmam, mas um conjunto de notícias ruins desencadeiam um descontrole de tal dimensão, que já não se pensa mais na fonte, e sim nas consequências.

Já recebi áudios de gente falando em estocar alimentos, remédios, água, como se uma hecatombe nuclear estivesse próxima. Ora, nem vou me estender falando sobra os gráficos que mostram que  a tuberculose mata 56 vezes mais ao dia do que o Corona, e nem teria pauta para argumentar aquilo que os especialistas não concordam entre si, com todos os recursos científicos disponíveis ao redor do mundo. Quem sou eu pra isso? jamais!

Minha leitura não está no grau de letalidade do vírus, e sim no rebuliço que uma informação verdadeira, mas mal dimensionada pode causar no mundo. São 7 bilhões de pessoas no mundo, e se todas conhecessem o assunto, seriam 7 bilhões de verdades disseminadas como únicas. Então fica complicado tentar manter o equilíbrio nesse momento. Aqui entra a minha teoria própria de conspiração, e talvez nem eu mesmo me assuste com ela, posto que é teoria. Pense comigo:

Se tudo for mesmo assim, estamos em um cumprimento de profecia. Se nada for o que parece, também estamos num cumprimento de profecia, pois a mentira e a estupefação em busca da verdade, e nunca se desejou tanto a verdade quanto agora, são acontecimentos profetizados para o fim dos tempos ruis, e surgimento da Era Messiânica, ou como creem os cristãos, a Volta de Jesus. Em ambas as situações, espera-se a intervenção divina através do Messias. Os cristãos esperam isso; os judeus desejam isso, e os muçulmanos não veem a hora que isso aconteça. E eu acredito nas três situações: O Messias está vindo.

A grande epidemia que acontece não é de virus, mas de medo. O grande sintoma não é a tosse nem a febre, mas o medo. O medo mata mais que tudo, mata lentamente, mata sofrendo. Assim, até que a verdade se estabeleça, muitos poderão deixar de viver na plenitude da esperança, para desabarem na perplexidade do desespero. Eu não quero estar nessa contagem. Quero estar entre os poucos que ainda acreditam que é preciso preservar a fé, manter a dignidade, e não ajudar a proliferar o medo. Ainda prefiro escrever meus longos e difíceis textos, para que, quem os leia, perceba que é muito mais seguro manter-se agarrado na verdade, num cantinho qualquer,  do que deixar-se deslizar pelo medo mundo afora, levado pelo tsunami de pavor que o excesso de informação pode causar. A diferença entre o veneno e o remédio, é a dose, já dizia Hipócrates, na antiguidade.

O Apocalipse (Revelação) é decididamente o momento em que o que não presta está revelado, o que é ruim, se escancara, o que faz mal, vem à tona. E o mal se propaga como ondas de choque, como os círculos concêntricos de uma pedra atirada no espelho d'água, onde o epicentro forma círculos concêntricos que se espalham em amplitude multiplicada, cada vez maiores, até que esbarram na margem do lago, e se dissipam. Quem joga a pedra nunca sabe em quanto tempo a última onda, o último círculo leva para encontrar a margem, mas sabe que é certo que a encontrará.

Estamos com uma enxurradas de pedras jogadas no lago do mundo. Ninguém mais consegue fazer com que as ondas retrocedam. Assim, respondendo a questão inicial, das duas uma: Ou estamos atravessando uma sequência de ondas mentirosas, e o desfecho disso é a intervenção do Messias, ou as ondas são verdadeiras, e apenas O Messias as podem frear.

Estamos atravessando, assim eu creio, a última onda da pedra que foi jogada no lago. Vivemos o último entardecer, e ainda que essa crise passe, e acho que vai passar, ela apenas nos prepara para outra que virá depois, e outra, até que o mundo esteja saturado de crises, e descubra que não tem capacidade de administrá-las, que os governos e seus trilhões de dólares são insuficientes para dirimir o pavor, que são aptos apenas para disseminar a incredulidade, e estasiarem as nações com sua incompetência. Assim, O Messias é a margem do lago. E está chegando, mais cedo do que muitos esperam. Eu espero que venha logo.

Mais que nunca, o mundo busca a paz, e não apenas o intervalo entre uma guerra e outra. O Mundo precisa de uma paz que permita aos Homens, ao menos os de boa vontade, que sintam a brisa do amanhecer, o frescor da noite, e o perfume do amanhecer.

48 999 61 1546  CONTATO 


terça-feira, 10 de março de 2020

Moral e civilidade - D-s (Deus) como limite da conduta

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Imagem: getty

O recente e incômodo episódio do midiático médico, Dráuzio Varella, e do horrendo estuprador e assassino, com a decidida atitude de conduzir e confundir a opinião pública acerca de valores e costumes humanitários, acabou gerando um total desconforto na população, onde apenas a própria emissora que armou a presepada, e o repórter de ocasião, trataram de justificar o fato, em lugar de reconhecerem que erraram em todos os caminhos: no jornalismo, que em lugar de dar a notícia, montaram o circo para gerar a notícia, o que por si torna-se anti-jornalismo, manipulação, e na medicina, representada pelo blogueiro, que em lugar de cuidar de seu bem visitado blog, resolveu ingressar em um território, no qual é um perfeito forasteiro: a religião.

Dráuzio Varella é ateu, mas nem por isso deixa de ter, professar uma religião: prega um ateísmo capaz de gerar a crença que é o Ser Humano capaz de estabelecer seus próprios limites, seu próprio padrão de bem e mal, e que D-s seja uma invenção dos fracos para justificarem sua falta de raciocínio lógico, ao não explicarem aquilo que a ciência ainda não decifrou. Assim, não crer em D-s é crer em si próprio, no Ser Humano, e no acaso.. Isso é uma religião. Então, o médico que tentou bancar a Madre Teresa, ou Francisco de Assis, na empatia com os encarcerados, tentou pregar o seu ponto de vista no tocante à empatia com o sofrimento humano.

Alguém descobriu e levou ao editor da emissora, uma estatística bizarra, onde descreve o percentual de apenados com preferências sexuais não convencionais, e demonstra que em mais de 90 por cento dos casos, são condenados por crimes de menor gravidade, como roubo, tráfico, arruaças. É um fato. Também é um fato que com tantos trans para escolherem, foram no pior de todos (pior na gravidade do crime, não na escolha sexual), foram direto no que cometeu a pior das brutalidades contra uma criança, em todos os sentidos, e douram de tal forma a pílula, transformando excremento e glacê de bolo. Nojento. Sinistro.

A questão aqui é: Onde D-s entra nesse e em outros casos? Pode a pessoa ser melhor ou pior, se crê, o se não crê em D-s? Como se justifica que pessoas que se dizem religiosas, possam cometer atitudes más, enquanto ateus ou céticos, tenham conduta elogiável, e em muitos casos, uma maior empatia com a generosidade? Da mesma forma, o contrário também é verdadeiro: ateus cometem atrocidades, e religiosos são pacíficos diante do sofrimento proporcionado por outros. Então, qual a relação de D-s com o bem e o mal, com a bondade, a generosidade, e a maldade humanas?

Vamos ao caso citado: o médico é ateu, e cita um juramento pagão como justificativa de sua conduta, ao responder críticas. Alega não ser juiz para julgar a quem comete atos generosos. Vou chamar esta atitude de "Ética tardia", ou "Justiça irresponsável", e explico. A palavra "Ética", provém do grego: "Ethos" - cobertura, proteção. A palavra "Justiça", é de origem latina e se origina em "Justítia", do latim, e significa tornar justo, ajustar, acomodar ao espaço que lhe é devido, também traduzida por "Equidade", o que torna igual, Assim, pratica, em nome da ética, a justiça, mas evita usar o termo próprio da religião, "Amor ao próximo", o que melhor traduziria a situação, desconsiderando o desfecho midiático. Assim, não é a brutalidade do crime que impediria ao blogueiro dar fluência ao instinto fraterno, e a disposição de fazer o bem sem olhar a quem, que causa comoção, mas a publicidade dada ao caso, e a justificativa injustificada dada como reparo da situação.

Mas e D-s, como fica nesta situação, ou outra qualquer, onde o bem e o mal se digladiam pelo direcionamento de outras circunstâncias, onde não há alguém olhando, filmando, e publicando o feito? Aqui entra o profundo e quase desconhecido significado de um costume judaico, o uso da "Quipá", aquele pequenino gorro, ou de um chapéu, cobrindo parte, ou toda a cabeça do devoto, especialmente na presença de ambiente ou situação de cunho religioso. Mas o que significa a quipá, e qual o seu efeito para quem o utiliza?

Quipá vem da mesma raiz da palavra "Cappelo", Chapéu, e Cabelo, e especialmente da palavra "Cobrir". Aqui encontramos uma forte relação com as palavras "Cobrir" e "Cobertura", proteção da cabeça, e por fim, Ethos, ética. Então o significado é cobertura, proteção. Mas cobertura do que e proteção do que?

Há duas respostas: O primeiro significado diz que aquele gorrinho é o limite do Ser Humano,  que é o elo de ligação entre o céu e a terra. Os pés estão sobre a terra, tem um limite inferior, mas a cabeça, ainda que presa ao pescoço, sustenta o cérebro, a mente, a imaginação, a liberdade, o livre arbítrio. Então, o pequeno gorro, a quipá, estabelece o limite da mente humana, do orgulho, do livre arbítrio. É o limite físico e mental do domínio humano sobre si mesmo e sobre o mundo.
O segundo significado nos diz que, uma vez que todos estamos sobre a terra, e temos nossa mente voltada para as altura, somos todos iguais, em direitos, obrigações, liberdade, e responsabilidade. Ninguém está acima de nós, exceto D-s. Ninguém está abaixo de nós, exceto a terra onde pisamos. Assim, a consciência de que há Um D-s que regulamenta nossas ações, propõe-nos também limites, que nos igualam aos demais humanos, e são estes limites, demonstrados por Leis, por Mandamentos, que nos direcionam para uma caminhada longa, até o destino final, e este destino é sugerido pelas religiões, cada uma a seu modo, como eternidade, vida eterna, felicidade suprema.

Então, por uma questão de ambição, necessária como força motriz desta caminhada, há um conjunto de leis e regulamentos, e estas leis e regulações nada mais são do que as niveladoras dos outeiros e escarpadas para que todos possam caminhar com dignidade e bem estar até o fim da jornada. A ética faz isso. Apenas isso: prepara caminhos e costumes, para que um respeite o outro, e se faça respeitar, enquanto a eternidade não tome conta de todos por meio de um plano divino, chamado de "Salvação". É assim que trabalha o conceito de que há Um D-s Criador, Mantenedor, e Salvador, e que, nossas atitudes nos levam, e também a outros, com dignidade até o fim da jornada. Assim age a cabeça de quem crê m D-s, e espera uma recompensa, para si e para os outros.

De outro lado, temos um vazio divino, isto é, não temos nenhum deus à nossa espera, e estamos largados no mundo, perdidos no Universo, à própria sorte do acaso das casualidades randômicas, à espera de nada, oferecendo coisa alguma. É nesta direção que o ateísmo procura sobreviver por si mesmo, oferecendo ao ateu o bem e o mal como um pisca pisca que ora oferece solução, ora desesperança e acelera o fim. É pela falta de uma referência invisível, infinita, e atuante, que o ateu justifica-se pela lei da sobrevivência, onde o mais forte subjuga, domina, devora o mais fraco, e fortalece-se com seu sangue, encoraja-se com sua dor, e continua sua jornada ao vazio buscando novas vítimas para saciar seu apetite por uma vida que sabe (ou imagina) que termina em poeira e vento. Não tem esperança, portanto não tem regras, e as regras de cada sociedade podem valer para sobreviver o máximo que puder dentro daquela sociedade, e que ao ultrapassar cada fronteira, sua expectativa de sobrevivência pode ser maior ou menor, mas não poderá entender como errada aquela sociedade, uma vez que ela faz o que faz para manter-se viva o máximo que pude, porque o que passar disso torna-se especulação de ignorantes. Desta forma, justificariam o canibalismo, o estupro, o vampirismo, as atrocidades, a barbárie, afinal, são apenas pessoas sem cultura suficiente para se tornarem mais elegantes e falarem com mansidão, ainda que na justificativa de darem suporte moral a quem foi imoral.



sexta-feira, 6 de março de 2020

Preguiça mental, o tempo, e a verdade - Porque eu escrevo e porque muitos leem o que eu escrevo




Às vezes faz-se conveniente, o inconveniente de justificar o que se faz, para que, uma vez feito, torne-se compreensível e justificável. De tudo o que eu tenho escrito e publicado (e olha que lá se vão mais de mil ensaios em três anos, apenas no Blog), até a presente edição, não recebi nenhuma contestação ou corrigenda ética de nada que eu escrevi, com exceção de deslizes de digitação, ou alguma eventual concordância que passou batido, nenhuma expressão, ainda que mais contundente, foi rebatida na condição de infame. nenhuma. Isso deve-se principalmente à postura que mantenho, intrínseca, que torna desnecessário o patrulhamento vernacular ou ético, uma vez que esteja contido em essência e não como cosmético no meu modo de ser, falar ou escrever. Uso meu livre arbítrio com responsabilidade para que não me sobrepuje nenhuma arbitrariedade por algum mal feito. Simples assim.

Muito do que eu escrevo é de difícil interpretação para quem usa leitura dinâmica, para quem fotografa mentalmente um quadro de texto, e insere no subconsciente algumas palavras-chave, e destas, formula sua linha de raciocínio dentro daquilo que eu escrevi. Porém, quando chegam na metade do texto, e descobrem nele alguma relevância lógica, percebem que precisam retomar a leitura desde o início, palavra por palavra, vírgula por vírgula, e assim seguem até a última sílaba, voltando, relendo, estruturando sua linha de pensamento, que, por estas sortes que a gente tem na vida, acaba sendo bastante parecida com minha própria forma de pensar e colocar as coisas.

Há porém os que reclamam do tamanho dos meus textos, e ameaçam mesmo que não irão mais ler o que eu escrevo, se eu não mudar minha forma de escrever. ora! Se eu não fosse eu, não escreveria desta forma, pois para mim, escrever não é fazer relatório.

Meus temas vão muito além de relatar, contar os fatos, pois eu não faço jornalismo e sim análise dos fatos que o jornalismo publica. Enquanto o jornalismo convencional informa que choveu, eu quero saber como as pessoas se comportam, como percebem a chuva, como convivem com a água que cai do céu, como sobem ou descem o morro e o que pensam enquanto sobem e descem o morro, apesar da chuva. Eu sou o sujeito que, insatisfeito em beber a água do coco, quero saber como ela foi parar lá dentro. Então, eu escrevo para todos, mas sei que o meu universo dos "todos" é fracionado entre os que muito leem, os que pouco leem, os que leem títulos e correm para as imagens, e aquelas que nem sabem o que significa uma interpretação de texto.

O que eu escrevo é para as pessoas que caminham além do horizonte, e não acham que montanha seja obstáculo, mas oportunidade de ver o mundo lá do alto. Escrevo para os que desejam mudar a sociedade, e construírem uma civilização, mas sabem que apenas olhando a chuva nada poderão fazer quando vierem as tempestades.

Então, eu não escrevo muito. São eles quem conseguem ler pouco, e entenderem menos ainda.  Não se compreende o conteúdo de um livro pelo título da capa impresso em letras douradas. Eu escrevo para que se montem bibliotecas e não tirinhas de almanaques. Escrevo pela ânsia de cumprir o mandamento bíblico de buscar a Sabedoria onde quer que ela esteja. E se ainda não a tenho, muito a desejo. Por isso eu escrevo do jeito que escrevo. para aprender com meus erros de sintaxe, e corrigi-los, se for possível.


Cinco ideias para conquistar seus eleitores, sem precisar mentir


...
Imagem: Picryl
Começa, o leitor mais inquisitivo, a imaginar que eu parto do princípio que todos os candidatos em campanha mintam, certo? Errado! São incontáveis os candidatos bem intencionados que percorrem o país em busca de votos, percorrem seus estados, seus municípios, seu bairro, e até mesmo sua rua, tentando convencer os eleitores que eles, candidatos, representam o último bastião da liberdade e da democracia ao alcance do voto, e que o mundo será dividido no "antes" e no "depois" que eles, eleitos, começarem o processo de transformação da sociedade. Todo político honesto deseja transformar a sociedade, e que seja a partir do seu mandato, sob sua influência pessoal. É assim que funciona o pensamento político dos candidatos.

Assim como um recém formado Bacharel de Direito, imaginar que esteja esperando por ele um grande júri popular, e que ele, do alto de seus recém adquiridos conceitos acadêmicos do Direito, possa defender o indefensável, diante de uma plateia entorpecida pela sua homilética, inebriados pela sua oratória eloquente, mas que ao cabo de dias, horas, talvez, descobrem que antes de enfrentar um grande júri, terão que despachar petições intermináveis nos balcões dos cartórios forenses, e sei lá quantos atendimentos gratuitos terá de fazer, antes que um primeiro caso de briga por qualquer "dá cá uma palha" precise de defesa ou de um "Habeas Corpus". Na política é  igualzinho.  Assim como numa corrida de maratona, onde arrancar voando na largada é contraproducente, também na carreira política, menos é mais, e desejar é mais que alcançar, mas ensejar para continuar, é a premissa que vale para fortalecer o passo, para que caminhe seguro, para que chegue aos objetivos, e saiba antes quais são estes objetivos, que estude as possibilidades, que trace estratégias para ter e saber o que fazer condo chegar à tribuna. Então, vou simplificar as sugestões:

1 - Avalie sua saúde física, mental ética, moral e espiritual, antes de pensar em uma aventura eletiva.
Digo aventura, porque sem preparo, na incerteza, e sem estribo físico, moral espiritual, não passa disso mesmo: uma roleta russa, em uma arma com uma bala a menos, apontada sobre sua cabeça.
De nada adianta o candidato pensar em ingressar em uma campanha política, sem estar fisicamente preparado, pois ele não irá buscar votos apenas para si próprio, mas fará parte de um conjunto de pessoas que estarão trabalhando umas pelas outras, no contexto de unidade partidária, e todos dependem de todos nesta jornada. Um único deslize morar da parte deste candidato, poderá desmoronar o resto do grupo, da coligação, ou do Partido.

2 -Avalie seu território, mapeie seu bairro, sua rua, conheça bem as pessoas, e mais que isso, com bastante antecedência, faça-se conhecer, torne-se conhecido, para que não seja atacado, desprezado, pisoteado, por conta da ideologia que você prega. Faça uma análise do perfil das pessoas a quem pedirá votos, e cuide em não pisotear nas crenças pessoais destas pessoas, não apenas religiosas e políticas, mas de costumes e tradições.

3 - Prepare-se intelectualmente para responder à todas as questões levantadas pelos eleitores. Se você representar a situação no governo, procure conhecer, por suas lideranças no Executivo, os desafios encontrados, as soluções oferecidas, e aquilo que ainda resta por fazer. Procure falar a linguagem destas pessoas, sem perder o seu modo de falar, isto é, fale de uma forma que seja compreendido, quando for questionado, e jamais, eu disse jamais defenda com veemência as suas ideias enquanto estiver no território do eleitor, ou seja, evite discussões, evite debates inócuos, e prossiga oferecendo de maneira criativa, mas também metódica,  o desafio e junto, a solução que esteja ao seu alcance resolver. Estude minuciosamente a cartilha de seu partido, pois dez em cada dez candidatos desconhecem com profundidade a cartilha que rege os princípios partidários, e não é incomum que em suas campanhas defendam ideias de modismo, mas frontalmente contrárias às letras miúdas das cartilhas ideológicas dos Partidos Políticos.

4 - Prometa tudo, mas tudo o que pode ser feito dentro de seu limite de capacidade, e não aquilo que dependa dos outros para ser cumprido. De nada adianta a um candidato a vereador prometer melhores escolas, se ele desconhece a real situação da educação, e se desconhece o limite imposto pelo cargo, sabendo que sendo eleito, terá que seguir os protocolos próprios de uma administração. Assim também, o candidato à Prefeito, não poderá garantir a construção de ruas e pontes, se não souber como encontrará recursos para esta execução, e deve saber que sem apoio do Legislativo, não vai fazer muita coisa. Exemplo pra isso não falta.

5 - Jamais, repito, jamais fale mal de seu adversário, na ânsia de adular seu eleitor, pois ainda que simpatize com sua plataforma e pessoa, você não conhece a ligação daquela pessoa com seu oponente, e ainda que seja a seu inteiro favor, você corre o risco de que este eleitor seja ético, e não aceite o tipo de ilação e maledicência que muitos candidatos expõem em seus discursos, uma vez que estejam vazios de propostas.

quinta-feira, 5 de março de 2020

Festival do Japão em Gramado - Resgatando as culturas das etnias


Quando eu falo que Gramado não cansa de reinventar-se, que tornou-se muito mais que o quinto destino do mundo na preferência turística, surge um novo projeto que tem o tempero pronto para transformar-se em um mega evento, e atrair outros eventos desta natureza, redimensionando Gramado também neste quesito.

Parece um pouco de hedonismo meu dizer que eu acredito nesse tipo de evento desde 1991, quando criamos a Semana Alemã de Gravatal, e em sequência foi também realizada a Semana Italiana, no pequenino município de Gravatal, em SC, e a partir deste, seguindo a linha etno-cultural da imigração em Santa Catarina, seguiu-se um crescimento nesta direção neste Estado.

Não é, no entanto, novidade, que cada município, de uma forma ou de outra, resgata sua cultura ancestral, como forma de perpetuar as raízes de sua gente. Assim são os Kerbs, na região alemã do Rio Grande do Sul, as festas típicas italianas na região dos vinhedos, e em cada região, segundo suas raízes, segue o festejo destas culturas.

Gramado, há muito tempo, abriu mão de sua identidade ítalo-germânica, para pulverizar-se em um conjunto universal de culturas, criando com isso, uma nova cultura autóctone, que mescla não apenas um modo de agir, de falar, de comer, festejar e trabalhar. Soma-se a esse conjunto cultural adventício, um novo evento, que se de um lado, não traduz um tipo de comportamento e grupo específico no município, de outro, oferece-se como sede de um evento que poderá tornar-se um novo divisor de fronteiras entre Gramado e o mundo: O Festival do Japão!

Pouco posso falar sobre a ligação de Gramado com esta cultura, pois não nenhum grupo nipônico estabelecido que justifique um evento regional em Gramado, mas reconhecidamente Gramado recebe a tradicional Festa do japão, que já realizou nove edições em Porto Alegre, reunindo, na condição de Capital do estado, os representantes japoneses do Rio Grande do Sul. Hoje, porém, tal como nasceu o Natal Luz, pelas ruas de Porto Alegre, e sendo levado pelo maestro Eleazar de Carvalho à Gramado, segue os mesmos possíveis passos, o Festival do Japão.
Vou transcrever aqui a proposta do programa do evento.

Segundo Andre Kabutomori, responsável pela organização do evento, o Festival do Japão RS já recebeu 500 mil visitantes desde a sua primeira edição, sendo 95% do público não descendentes de japoneses. O evento promove uma exposição e experiência da cultura japonesa ao público gaúcho, cujo objetivo é aproximar a cultura japonesa dos gaúchos, além de manter as tradições dos nossos antepassados para as futuras gerações.

Imigrantes Japoneses no Rio Grande do Sul

Em dados recentes, o Brasil é o país que abriga a maior comunidade japonesa fora do Japão, somando mais de 1,9 milhão de japoneses e descendentes até da quinta geração. Apesar dos grandes desafios enfrentados, os imigrantes japoneses superaram e prosperaram contribuindo para o desenvolvimento econômico-social em diversos estados brasileiros; destaque o sudeste brasileiro São Paulo e Paraná onde há maior concentração de japoneses. No estado do Rio Grande do Sul a comunidade japonesa é modesta com estimativa de 5 mil habitantes nas principais regiões como Porto Alegre, Gravataí, Ivoti, Itati, Santa Maria e Pelotas.

Atrações previstas

O palco principal exibe performances artísticas exclusivas no RS! - Cantores internacionais e locais apresentando composições próprias, músicas folclóricas, pop, além de performaces únicas; - Taikô e instrumentos típicos japoneses; - Danças tradicionais japonesas; - Cerimônia de abertura; - Esportes como artes marciais (aikidô, judô, karatê-do, kenjutsu), sumô e beisebol.



Esportes e Lazer

Por toda a história do povo e da cultura japonesa, história, os esportes sempre se apresentaram como fortes ferramentas de integração dos povos, além de serem importantes elementos culturais. No Japão, se desenvolveram muitas artes marciais, além dos tradicionais sumô e gateball, que transmitem, em sua prática e filosofia, as diversas características do povo japonês. Hoje, as artes marciais já estão difundidas em vários países, marcando forte presença no Brasil. Da mesma forma, no Japão se popularizaram esportes ocidentais como baseball, softball, futebol, tênis e tênis de mesa. Não há mais fronteiras quando tratamos de esportes, que já se tornaram atividades de lazer comuns a diversos povos.

Cultura e Bazar

Oficinas e exposições para que o público entenda melhor sobre a cultura e experiencie das artes: - Exposição temática; - Oficina de origami e jogos japoneses; - Experiência de vestir kimono e cerimônia do chá; - Exposição de bonsai, ikebana e outras artes japonesas. Lojas e bazar para que o  público leve para casa um pedaço do Japão: - Produtos da colônia japonesa; - Produtos importados japoneses; - Artesanato japonês.



Gastronomia

Diversos restaurantes compõem na praça de alimentação, com cardápio variado e restrito da culinária japonesa: - Sushi e temakis; - Bentô tradicional (marmita japonesa); - Yakisoba, ramen, udon; - Harumaki e tempurás; - Takoyaki; - Doces japoneses; - Salgados japoneses.



Anime Buzz

O Festival do Japão RS divide o espaço e a organização do evento com o Anime Buzz. Dessa forma, há um encontro entre a cultura tradicional e a cultura pop japonesa em um único local! As principais atrações do Anime Buzz são: convidados especiais, concurso cosplay (fantasia), concurso animekê (karaokê com músicas de desenhos e séries), arena de games, card-games, RPG, oficinas/palestras, exposições, feira, gincanas, show de bandas, grupos de k-pop e fã clubes em espaços temáticos.


A estimativa é de cerca de 10 mil pessoas circulando no dia do evento. O Festival é realizado em espaço aberto e durante o dia, com diversas atividades e apresentações, o que atrai muitas famílias. O público jovem é atraído, principalmente, pelo Anime Buzz.
Local do evento: Rua Coberta e Sociedade Recreio Gramadense

O festival será realizado em dois espaços, as atrações serão alocadas na Rua Coberta pois é um espaço aberto que permite a circulação de um intenso fluxo de pessoas, já o Anime Buzz acontecerá no Recreio Gramadense, pois o mesmo conta com amplo espaço para sediar o evento. Fazemos parcerias com órgãos públicos. A segurança com a Polícia Militar, a limpeza e o controle do trânsito com órgãos responsáveis e o recolhimento de alimentos com o Banco de Alimentos.

Retorno filantrópico aos gaúchos

O evento é aberto a toda população, tendo entrada franca. São realizadas campanhas de arrecadação 1kg de alimentos não perecíveis em parceria com o Banco de Alimentos, sendo solicitada apenas a doação de 1kg de alimento por pessoa. Já foram doadas 49 toneladas de alimentos a diversas entidades beneficentes.




Os organizadores então em busca de patrocínios, com retorno em diversos níveis. Quem desejar estampar sua marca no evento, deverá contatar com:

ASSOCIAÇÃO DO FESTIVAL DO JAPÃO RS
 www.festivaldojapaors.com.br
contato@festivaldojapaors.com
festivaldojapaogramado
ANDRÉ KABUTOMORI
andrekabutomori@gmail.com
+55 11 95610-7971


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Você desapega do que é inútil?


Conhecido meu se desfez de um patrimônio considerável, doando a maior parte do que tinha em um lugar, para mudar radicalmente de vida. Para resgatar o relacionamento familiar. E neste esvaziamento patrimonial, desapegou-se de objetos que faziam parte de sua história, de suas vivências, de um testemunho de tudo quanto fizera ao longo de décadas, ou quase uma vida inteira. Desfez-se de um dia para outro, de coisas que antes considerava-as intocáveis, relíquias de memórias em três dimensões, que custaram uma pequena fortuna, mas mais que dinheiro, demandaram milhares de horas de envolvimento e fadiga.

De um dia para outro, esvaziou um passado de mais de meio século, para reconstruir um futuro absolutamente incerto e cheio de poréns, vírgulas, e "portantos". Ele fez isso, me acreditem. E não caiu uma única gota de lágrima. Não houve nenhum tipo de arrependimento. Não chorou o luto dos bens que se desfez e da solidão que lhe concedia liberdade. Nada disso trouxe qualquer tipo de arrependimento. Concedeu-lhe uma nova leitura, esta é a conclusão que chegou. Porque teve a ousadia de desapegar-se do que era inútil, e ocupando o vazio guardado para a releitura de sua vida. Desapegou-se, e ainda dormiu o sono dos justos, em paz. Fez, literalmente aquilo que Jesus disse que devia ser feito: deu mais da metade dos bens aos pobres. E não acha que tenha feito favor algum, pois se deu é porque tinha demais, guardou demais, comprou demais, gastou demais, e viveu menos do que deveria poder ter vivido.

Digo sempre que D-s  criou o Ser humano (e até a grande maioria dos animais) com os sentidos principais, direcionados ao futuro. Os olhos, a boca, o nariz, os ouvidos, os pés, os órgãos reprodutores, o sorriso, as lágrimas, tudo voltado para frente, para o amanhã, para a eternidade. O pouco que restou, voltado ao passado, é o excretor, o que esvazia a sujeira, o que é execrável, ainda que necessário, e muito necessário, porque promove o expurgo daquilo que deixou de ser útil. Somos, portanto, desenhados para o amanhã, com estrutura e massa para hoje ainda, mas nada que compense deve estar direcionado para o dia de ontem, por mais prazeroso que tenha sido. Somos o futuro que caminha sobre o presente, abandonando o passado.

O passado são as linhas tortas que foram endireitadas para que não perdêssemos o eixo da vida. As coisas inúteis e fúteis devem ficar no passado. A história é a única herança que nos deve restar, como ensinamento e identidade, mas jamais como depósito de entulhos que nos acorrenta no tempo. O passado é a dor, o presente, o lenitivo, e o amanhã o perfume. Sei que amanhã não me pertence, que ontem se foi, então é hoje que devo jogar no escuro as amarras do tempo. Desapegar do que é inútil. Reconstruir o que me torna vivo. Na terra é também assim. Rasga-se a terra com as plantas mortas e ervas daninhas, e semeia

Meu conhecido compreendeu isso, e caminha com uma tela em branco e um pincel sem tinta, redesenhando a vida em pinceladas que não serão guardadas, para que delas não sinta saudade. Saudade é, disse alguém, aquilo que fica daquilo que não ficou. Esperança é aquilo que precede, aquilo que virá, digo eu. Vida é isso. Vida são os passos dados com os pés voltados para frente, na direção do olhar, do perfume, da beleza das cores. Vida é o que acontece daqui por diante. No trato cm a terra acontece algo parecido. Rasga-se o chão, aterram-se as ervas daninhas, aduba-se o novo solo, e deitam-se as sementes para a nova safra, e o que nasce dali nada tem a ver com o que dali foi tirado. É assim que se renovam as coisas, é assim que se renova a vida.

O Amor na Política, faz sentido?


Afinal, o que é a política, senão a essência mesclada na expressão de poder, da sociedade em que se vive? Pode, no entanto,  o amor, um sentimento pessoal ou interpessoal, interferir no cotidiano coletivo de uma sociedade, de uma civilização? Onde fica este sentimento banalizado ou idolatrado, no trato com a coisa pública? Por que o político fala mais em realizações materiais, e poupa divagações que possam ser interpretadas como vazias, populistas, piegas, como falar em amor, por exemplo?

Creio que a resposta pode ser mais uma sequência de perguntas, que nem os próprios políticos sejam capazes de definir: Mencionar o amor como plataforma de uma campanha pode cair no ridículo, e ele ser tratado por doido, sonhador, vazio. Uma campanha política, pela natureza de sua tradição, deve contemplar elementos sólidos, e no máximo, ideológicos, posturais, pragmáticos, exequíveis. Então, ainda que imateriais, os movimentos políticos são sempre racionais, e o amor não é racional. Será? vamos entender o amor no seu significado através dos tempos.

Quando falamos de amor, tomamos como referência, não a palavra, mas o sentido dela, que se traduz, na maior parte das vezes por sentimento afetivo, por algo que proporcione prazer, e que, segundo o senso comum, proporcione recíproca, isto é, que saiba e possa devolver no mesmo grau de intensidade, o ato de afeto ao favorecido. Nessa leitura, quem recebe amor, torna-se devedor à quem dá esse amor. Então, na política, já há outro tipo de dívida entre eleitor e eleito, que não necessariamente implicam em sentimento de afeto. Assim,, se amor é gratidão, e gratidão é dívida do coração, há o agravante que o eleitor torne-se devedor ao eleito, quando o contrário deveria ser melhor empregado, mas sendo a eleição nada mais que a escolha dos representantes da coisa pública, que devem à si próprios o cuidado com aquilo que pertence a si próprios, compartilhada com os demais, e assim, não deveria ser visto como gratidão, nem de um lado, nem de outro, o ato de eleger-se alguém, mas apenas um cumprimento de rodízio de tarefas para os cuidados e a gestão da sociedade.

Se analisarmos o amor, a partir do idioma e do entendimento filosófico grego, fracionaremos o termo em quatro palavras: Eros, Fileos, Ágape, e Storge, onde Eros é o sentimento físico e afetivo de intensidade quase mensurável, entre um homem e uma mulher (hoje a sociedade exige que vá-se além disso, o que não é a pauta desta reflexão); o Fileos é o sentimento de irmãos, de amigos, de uma fraternidade ou grupo afim;  Ágape é o sentimento de bem querer universal, da humanidade, de D-s pelo Ser Humano, e vice versa, e por fim, Storge é aquele sentimento, necessidade do filho pela mãe. Isso era o amor na Grécia, e nenhum destes adjetivos complementares estava inserido no discurso da "Polis", da coisa pública. A República estabelecia normas e protocolos do homem e sua convivência social, mas afeto era algo desnecessário à causa social e dos negócios de estado.

É no judaísmo que iremos encontrar uma definição que se ajusta perfeitamente ao ideal do Homem Público (atenção analfabetos intelectuerdas: "Homem", no sentido antropológico): A palavra "Ahavá", que traduz-se por "Doar-se", comprometer-se, envolver-se. Então, aquilo que chamamos apenas, e para tudo, de "amor", que por pulverizar-se desta forma, se esvazia no excesso de conteúdo, e quando chega aos corações, pouco resta para o destino que deveria ser dado á palavra. Assim, no hebraico, a palavra Ahavá implica em uma doação contínua e se endereço pessoal, que pode ser aplicada à política, o genuíno ato de doar-se por outrem, esvaziar-se para preencher outro vazio, desprender-se do manto para que outro seja aquecido.

Amor deveria ser a regra de ouro da verdadeira política, e sendo um adjetivo, na ação torna-se um verbo, e de verbo passa a ser a ação por inteiro. Amar e promover amor não significa distribuir flores ou pegar criancinhas ao colo para ganhar o voto das mamães, mas prover às mamães que tenham segurança para que o colo dos filhos sejam pelo prazer e não pela defesa. Para que o prato à mesa seja farto, e nele nada falte, posto que divinamente distribuído. Para que o debate seja um digno espetáculo de propostas, e não um festival de pancadaria moral.

Amor na política faz com que a política seja mais política e menos os políticos. Mais a causa e menos o causador. Mais o povo e menos os que se valem do povo. Ou não?


quarta-feira, 4 de março de 2020

Tramela, Bago, e Jiringonça - Lorotas do Apolônio Lacerda)


Jiringonça era um faz-tudo, porque o próprio nome, apelido, ou título nobiliárquico assim o declarava. Mexia com geringonças e reciclados, e não raro, descobria um liquidificador descartado, cujo motorzinho ainda funcionava, e o transformava em um aparador de grama, ou ventilador de parede.
Tramela era outro gênio dos parafusos, e atendia à domicílio, consertando e instalando fechaduras. Habilidoso, era ele capaz de abrir um cadeado emperrado usando apenas um grampo de cabelo, e um tijolo grande. Com o grampo, ele furungava no buraquinho do cadeado, até ouvir um "clac", abrindo o emperrado. Já o tijolo, servia como banquinho. Nada mais.
O terceiro era o bago. bago não tinha nenhuma habilidade para inventar ou consertar nada, e nem precisava, pois o bago era o Bago e há quem, nesse mundão velho, não tenha ouvido falar do Bago? Não há. Você mesmo que lê isso, já ouviu falar do Bago. Se não agora, dentro de alguns minutos, sim. Bago não precisava de apresentações nem atributos, pois Bago era o atributo em pessoa, uma lenda viva, um ícone.

A afinidade dos três, era a ciência. Não a ciência em si, mas a pseudo-ciência, à qual chamavam de "Ciênciamento Periférico", ou uma gama de conhecimentos não avalizados pela ciência convencional, mas que preenchiam os vazios de entendimento que a própria ciência não explicava. Os paradoxos e os paradigmas da quadratura do círculo, ou dos triângulos de quatro lados, por exemplo, preenchiam grande parte do tempo de Tramela e Jiringonça, entre um martelinho com limão e uma isquinha de jiló, no boteco do Talarico, ao fim da tarde. Já o bago, meio torto, num tragoléu bagual, apenas arregalava os olhos inchados, coçava o rego, para depois cheirar, e ouvia a tudo em silêncio. Ele não duvidava de nada, não era incréu de coisa alguma, e meditava atentamente às conclusões dos companheiros, porque, na sua humildade, entendia não possuir argumentação suficiente para as vírgulas que se metesse de pato-a-ganso em debater com os rábulas. Ouvir era suficiente. Alimentava a alma e tinha-se na conta de feliz pelo conhecimento adquirido com os amigos, dos quais sentia muito orgulho.

Certa ocasião, a prosa enveredou para a ciência da mente, e Jiringonça explicou como funciona o entrelaçamento quântico dos neurônios, das sinapses, da transmutação e transubstanciação galática do microcosmos que comanda a mente humana. Gesticulava, desenhava com o dedo indicador, molhado em cachaça, no balcão do boteco, e um círculo de pessoas à sua volta nem respirava para ouvir o desfecho daquilo que era mais que uma aula: era um seminário de metapsicologia aneurísmica quântica que estavam tendo ali, ao vivo, com aquele sábio. Coisa pra contar aos netos em quinze gerações adiante, pensavam.

- O poder da mente é incalculável! - Dizia, gesticulando e girando o indicador, apontado para o alto, e acima da cabeça.
- Pelo poder da mente, podemos tudo e qualquer coisa. E vou dar um exemplo aqui e agora!
Dito isso, afastou com os dois braços, empurrando delicadamente para trás as pessoas, e fixou o olhar numa rosquinha que estava á mostra dentro do balcão, e misteriosamente: PUF! A rosquinha desapareceu, e ele lambeu os beiços. A seguir, para estupefação de todos, olhou para uma fatia de torta, e: PUFT! A torta desapareceu, mas deixou um resíduo no canto do beiço, que já lambia o restinho de glacê que ficara do lado de fora.
- Impressionante, berrou Bago, já entorpecido pela manguaça! Qualquer um pode fazer isso? - Perguntou.
- Certamente, respondeu Jiringonça! Tente você meu amigo!
Bago esfregou as mãos, e olhou atentamente para um imenso frango assado na assadeira giratória que estava na frente da porta, e: PUFT! Uma galinha a menos na máquina, e Bago, lambendo os beiços, chupando um ossinho, e batendo na pança. Continuou, olhou para uma imensa torta de chocolate sobre o balcão, e: CATAPAF! Em uma fração de segundos, a boca toda lambusada de merengue! Mas não ficou satisfeito, e foi descendo pro bucho uma Coca litrão, um bule de café, e uma salada de frutas, e seria maiss, se não tivesse passado na sua frente, Tetéu, a sobrinha do bodegueiro, moçoila casadoira, atenta à moda e bem empacotada, um pitéu, por assim dizer. Bago não teve timidez, e encarou a moça, de cima abaixou, tres vezes, e: CATAPIMBA! Caiu mortinho, esturricado, duro!

Foi aquele gritedo, aquele rebuliço no lugar, e veio correndo, o talarico, com uma toalha no ombro e perguntou o que havia acontecido. Quem respondeu foi o Tramela, que não tinha aberto a boca naquele dia:

-Também! O ôme bebe que nem um leitão, come que nem um avestruis, não deixa a bóia abaixar pra digestã (acentuou o "ã" final), e cai na esbórnia? Só podia dar nisso!







Bella Ciao e Modelo Econômico de Crescimento - Táticas e Estratégias que modelam o Pensamento Político

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