AD SENSE

terça-feira, 16 de junho de 2020

Como frustrar um vendedor, comprando o que ele tem pra vender

Você vende geladeira para esquimó?

"Escruncho! É uma expressão, um jargão, conhecido entre vendedores, que define o modo agressivo de vender aquilo que o consumidor não deseja comprar. 

Um exemplo disso, eram alguns vendedores posicionados em aeroportos, geralmente, em um quiosque com uma pilha de revistas fora de edição, e que oferecidas a quem apenas mostrasse que era usuário de um cartão de crédito. 

Funcionava desse modo: 
A vítima caminhava despreocupadamente pelo aeroporto, após seu check-in, no intervalo entre o despacho das malas, e o momento de embarque. Aquele tempo de um certo vazio existencial, onde caminhar lentamente para acompanhar o passar das horas, preenchia o tédio da espera. 
A mente se torna vazia, e ficamos abertos à lavagem cerebral que acontece a seguir. 
Pois era esse o exato momento para que fossemos atacados com um: "Psiu, ei, senhor! Temos um presente para o senhor!"

Pronto: a palavra mágica, encantada: "Presente"! 
Ato seguinte, o pedido para que apresentasse um cartão de crédito, apenas mostrasse que tinha um, e pronto. Começava o ataque.

- O senhor pode escolher uma de nossas publicações, e será inteiramente sua, sem nenhum custo!

Feito! Cada um escolhia a revista de sua preferência: Playboy, Quatro Rodas, Veja, IstoE, Caras, e a lista era grande, dependendo da editora. 
Pronto: Uma Casa e Jardim, para não ter problemas em casa.

Era nesse momento que começava a ladainha: 
"Sou estudante universitário, e trabalho para pagar a faculdade. Estou oferecendo ao senhor, de forma inteiramente gratuita, uma assinatura, onde o senhor vai pagar apenas o correio, que custa menos de 30 Reais por dia, blá, blá, blá.

Enquanto isso, o galanteador de egos, ia preenchendo um talão com seus dados, TOTALMENTE SEM COMPROMISSO, ele repetia constantemente, apenas um cadastro interno, blá, blá, blá. Então fala do tempo, dos vôos atrasados, da beleza do seu nome, do significado da sua assinatura, adulando, adulando, adulando, e:
- Por favor, confirme se é isso aqui, seu CPF está de acordo? Endereço? Certo, fique tranquilo,é apenas para cadastro, porque a editora me paga por cadastramento, e, ah, sim por favor dê sua rubrica aqui, ao lado da minha, e senhor,  não foi o seu voo que anunciaram? Tenha uma ótima viagem, senhor...!"

Pronto! um mês depois aparece uma revista ou duas na sua caixa de correio. Mais uns dias ainda, um boleto, prestes a vencer...e não, você não pode cancelar sua assinatura, porque já se passaram trinta dias da entrega da revista, e o senhor precisaria ter reclamado em 7 dias. Você insiste, e aparece aquela voz anasalada: "Senhor! Aguarde um momento, que vou estar passando para meu supervisor...!E assim, por dois anos, você lê o que não tinha vontade, paga pelo que não queria comprar, e toma na cabeça pra aprender a não ser burro.

Claro que a vingança chega depois.

- Senhor...blá..blá..um presente...

Escolho a revista e pergunto: 
É presente mesmo?
-Sim, só precisamos de...
-Opa! Foi o meu voo, em última chamada.. ADEUS!

E a revista era com data passada, mas a leitura até que era boa.

O grave problema desse tipo de vendedor é que ele não suporta vender de outro modo. É daquele tipo que decora a cartilha, participa de todas as palestras motivacionais, empola o peito com todos os bottons das reuniões de equipe, capricha na camisa abotoada no punho,sua mesa é impecável, com bandeirinha da equipe, xícara com a logo da empresa, e um sorriso quase caricato, demolidor, contundente. Ao levantar-se para receber o cliente, seu aperto de mão não deixa dúvida de que ele está ali para derrotá-lo, para sair dali vencedor, e ouvir tocar o sininho da venda realizada, com direito a balões e confetes jogados, que não não são para o cliente que acabou de adquirir aquela geladeira de duas portas tinindo de novinha, nem o carro mais cobiçado da loja de automóveis. As purpurinas e balões são para ele, vendedor, que gabaritou todo o check-list de palavras e gestos recomendados pelo "Grande Vendedor Do Ano", que é o seu chefe, naturalmente.

Certa ocasião, resolvemos trocar de carro, e após uma semana de incansável pesquisa pela internet, montando virtualmente todos os itens desejados, o consenso foi de um modelo dentro do nosso orçamento e expectativa. Parti então a campo para a autorizada, e a pergunta era: "Quanto pagam pelo meu carro, na troca de um novo?" Era uma pergunta simples, mas claro que não se encaixava na cartilha do vendedor, que precisava dar uma demonstração de seus malabarismos vernaculares sobre a nova linha, etc e tal. Venci o round, e a contragosto, ele chamou o avaliador para verificar o meu carro. Deu o valor, e eu concordei. Ok. Fui direto ao carro que eu queria, mostrei a ele, deu o valor, e eu disse:
- De minha parte, fecharemos negócio, mas vou trazer minha esposa aqui hoje à tarde e certamente fecharemos negócio. E saí.

À tarde, voltamos lá, e ele saltou de sua mesa prontamente, e veio atender-nos, com um livrinho na mão. Apresentei minha esposa e disse: viemos fechar negócio. Entreguei-lhe o papelzinho com as anotações da manhã, e fomos até o carro. Ele veio e começou a falar das vantagens do carro, e delicadamente eu disse que não havia necessidade, pois já estávamos de cordo em tudo, e era aquele carro que queríamos, e já conhecíamos todas as vantagens dele, e só faltava assinarmos a compra.

Vocês já viram gente grande tremer o beicinho pra chorar? Pois naquele dia eu vi. E percebi a frustração do vendedor. Então,  delicadamente expliquei à ele a situação. Disse que não ficasse aborrecido, pois estávamos ali com a decisão já tomada de antemão, e a venda seria dele. E foi aí que ele desabou.
- Eu não sou vendedor. Sou professor, mas por opção econômica, tornei-me vendedor, e estudei tudo o que me passaram, decorei todos os passos, e estava com um discurso preparado para convencê-los a comprarem o carro, mas quando vocês vieram prontos para pular todas as etapas e comprarem o carro, senti-me frustrado, derrotado, porque mais que ganhar a a comissão, eu queria ter vendido um carro. Não vendi. Vocês o compraram sem mim.
Mais que isso, quando já estávamos assinando a documentação, o dinheiro já estava pronto a ser transferido para a conta da loja, veio o gerente, e nos deu mais um desconto, e acrescentou itens opcionais por conta da loja. Sem que fosse preciso barganhar.

Tirei algumas lições dessa situação: A primeira delas é que nem todas as pessoas trabalham pela facilidade do dinheiro, mas pela realização pessoal, pelo gosto da vitória sobre as dificuldades. A segunda lição é que nem sempre nossa decisão final precisa ser antecipada, pois podemos participar do crescimento profissional do vendedor que nos atende, e estabelecer um debate de barganha, não é ofensivo, mas construtivo, e se em nossa cultura, barganhar não é necessário, se estivermos satisfeitos com o valor acordado, é importante para o vendedor que tem a oportunidade de conhecer-nos melhor e exercitar sua retórica e demonstrar seus conhecimentos e convicção acerca daquilo que está nos vendendo. E por fim, a lição mais importante, enquanto Ser Humano, é de que nem todo vendedor vende por "escruncho", mas por convicção naquilo que faz e na confiança que deposita na empresa que representa, e nem sempre o cliente precisa ser ouvido, mas o vendedor também faz parte deste processo. O vendedor é muito mais que um agente de redução de estoque da fábrica, mas naquele momento ele é o agente de busca de algo que atenda as necessidades do consumidor. Ele passa a ser o "seu" vendedor, e a loja é apenas o fornecedor dos produtos que "você" precisa comprar. O vendedor é o seu "anjo protetor", para que você obtenha daquela empresa, o melhor que ela possa oferecer.



domingo, 14 de junho de 2020

Quando pensar


QUANDO PENSAR

(Opção em áudio)


Quando pensar na vida pense no amanhecer que anuncia todo novo dia, mais um dia pra viver.

Quando pensar na morte pense em morrer somente quando toda semente de flor for um dia plantada

Quando pensar nos filhos pense num trem ruidoso que passa no teu caminho e leva junto dele  todos os teus sonhos, para que o realizem por ti.


Quando pensar no trabalho evite fazer atalhos pegue o caminho mais longo para saborear o tempo, é sempre o melhor

Quando pensar em descansar procura a sombra maior do imenso manto de Deus

Quando pensar que é triste viver num mundo tão frio desliga a televisão das noticias amargas

e liga a janela da sala no canal do por do sol


Quando pensar na dor da ausência nas gavetas da saudade, abre a gaveta logo abaixo, cheia de fotografias, e olha cada uma delas e lembra que elas te farão sorrir, te farão chorar, e aquecerão novamente a tua alma.


Quando se lembrar da alegria recolhe e guarda um bocadinho dela e ao caminhar pela vida espalha pelo caminho aquilo que guardou


Quando caminhar



QUANDO CAMINHAR
(Em áudio clique aqui*)
Pacard


Quando caminhar, à noite, siga o rastro do vento para que ele te leve aos sonhos.
Quando caminhar, pela manhã, deixe que o alvorecer te abrace para que contemple o nascer da vida.
Quando caminhar, à tarde, nunca caminhe só para ter a quem contar as lembranças da aurora.
Quando caminhar, sozinho, caminhe envolto em teus próprios braços para que não te esqueça do sabor que tem o abraçar.
Quando contigo caminharem seja único sem ser egoísta para que ouçam tua voz sem que nada digas
Quando caminhar, com dores, caminhe entoando louvores por pode caminhar.
Quando caminhar, calado, cale apenas a voz, e não a consciência para que quando volte a falar, possa ser ouvido.
Quando caminhar, chorando, mostra um largo sorriso a quem encontrar para que não te desnude a alma
Quando caminhar, sorrindo, empresta o sorriso teu a quem não sabe sorrir para que o tenhas de volta no dia da tua amargura
Quando caminhar, com fome, faze disso um jejum, e torne a fome porta e janela para que possa por elas, Deus, te saciar.
Quando caminhar, saciado, pare e lembre-se de todos aqueles a quem a fome não os deixa pensar para que penses na fome como porta e janela de esperança.
Quando, enfim, lembrar-se de caminhar com Deus e cansar de caminhar sozinho faz todo o silencio que puder, em tua alma para que possas ouvir a sublime melodia da voz do Criador que sempre caminhou ao teu lado e tu não havia ainda percebido
Porque caminhar com Deus
é caminhar parado e calado para chegar mais depressa

Quando falar



QUANDO FALAR 
Quando Falar  (ouça o áudio)

Quando falar de amor
Finja nada conhecer,
para absorver 
cada frase que brote do coração.

Quando falar sobre a dor,
deixe abertas as janelas da alma 
para compreender que 
amor e dor são tão parecidos 
que até os confundimos, 
ao vê-los bem de pertinho.

Quando falar sobre a paz, faça-o no rumor da guerra, 
para ser ouvido na mais alta voz.

Quando falar sobre sonhos, acorde, 
para vivê-los na melhor lucidez do seu dia.

Quando falar de amizade, estenda a mão aos seus inimigos, 
para que possa provar a si mesmo aquilo que gosta de dizer aos outros.

Quando falar de fome, faça um minuto de jejum, 
para lembrar-se daqueles que jejuam todos os dias, 
mesmo sem querer...

Quando falar de frio, 
abrace alguém.

Quando falar de calor, 
estenda a mão.

Quando estender a mão, 
sustenha o braço para que perdure.

Quando falar de felicidade, 
acredite nela.

Quando falar de fé, 
cerre os olhos para encontrar a razão daquilo em que crê.

Quando falar de Deus, 
faça-o pelo silêncio do seu testemunho.

Quando falar de si mesmo, aprenda a calar, 
para entender o amor, a dor, a paz, os sonhos...




quinta-feira, 11 de junho de 2020

Inimigos nossos de cada dia


Os inimigos nossos de cada dia


A coisa que um pensador mais precisa é de tempo, precisa que esteja livre, de afazeres que ocupem a mente e as mãos, para que possa avaliar e reavaliar circunstâncias, valores, encontros e desencontros, necessidades,  para que possa comparar virtudes e defeitos, dissecar infortúnios para formatar o conhecimento, e disso burilar ideias, ideias que contribuam para uma reflexão coletiva, uma vez que o coletivo é sempre o que dissemina o resultado prático destas formulações.


Resumindo: a tarefa de pensar é gerar fundamentos para que o coletivo concorde ou discorde, mas que não passe batido pelas grandes questões, que são tropeços, ou que podem tornar-se soluções no dia a dia, pessoal, ou da sociedade.


O primeiro passo para combater o erro, é reconhecer que há um erro, reconhecer o erro, e combater o erro, porque sem que haja este conceito, é impossível promover qualquer tipo de transformação na sociedade.


É necessário que o médico faça uma anamnese do paciente, para que chegue a um diagnóstico, e será esta recordação dos passos dados na trajetória, tanto do indivíduo, quanto do seu coletivo, que se proporcionarão os meios para que haja o conserto da civilização.


É o concerto, o acordo, entre o erro e suas consequências, com a admissão da insuficiência individual, que a sociedade começa a sublimar-se de seus preconceitos, e consolidar seus conceitos para essa transformação.


Para que se conserte o que esteja torto, é necessário conhecer as forças que contribuem para a torção daquilo que deveria estar em retidão, e desta forma, reconhecendo o território onde se pisa, e os inimigos que enfrentamos, poderemos elaborar as estratégias e vitaminar as forças, para que tais inimigos sejam derrotados. Assim, a questão é: Quem são nossos inimigos de cada dia?


Respondo por autoconhecimento, por experiência, que o primeiro inimigo é o que dorme à espreita de nossos deslizes, mas com um olho sempre aberto, à espera de que acordemos também, para que nos ataque: O desânimo.


Este inimigo é traiçoeiro, e sempre pisa nas nossas feridas quando nos encontra fragilizados, abatidos, e é um inimigo covarde, porque colabora com nossa derrota, até mesmo nas pequeninas coisas.


Outro inimigo traiçoeiro, é a injustiça, nem sempre a que cometem contra nós, mas contra quem está sob a nossa proteção, e percebe que, em muitas circunstâncias, pode nos encontrar de mãos amarradas, e mãos atadas nos impedem que possamos corrigir tais injustiças contra os mais fracos, e por nos impedir de agir, é a nós que atinge mais. A injustiça é um monstro covarde, e em sua covardia, nos torna covardes também.


Embora eu pudesse citar muitos inimigos, resumo neste, que considero o maior de todos: O medo! É o maior, porque ele junta todos os outros inimigos sobre nossos ombros, e seu peso se multiplica contra nós, de tal forma que nos verga a coluna, nos faz curvar por conta própria contra todos os demais, e desta forma, nos cega, prende, dobra, e nos faz tombar como pássaros encantados pelas serpentes. O medo é a serpente que nos abraça, a covardia que nos afoga, a injustiça que nos amarra, e o desânimo, que nos abate.


Mas a história não termina aqui, porque há um antídoto, uma arma invencível para combater todos estes e outros mais, um a um, e aos poucos. Mesmo todos ao mesmo tempo: Este antídoto chama-se determinação, com o tempero da verdade, e sobretudo, a coragem, de saber olhar para nossos próprios erros, descobrirmos nossa submissão, e assumirmos nossa fraqueza, porque é na fraqueza que nos tornamos fortes, é na dor, que buscamos a cura, e é no medo, que encontramos a coragem.


Shalom



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Bella Ciao e Modelo Econômico de Crescimento - Táticas e Estratégias que modelam o Pensamento Político

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