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quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Cine Embaixador - As priscas eras que transformaram GRAMADO em uma aldeia universal

É evidente que se eu quisesse seguir a ordem cronológica dos fatos, precisaria começar pelo Cine Splêndid, que precedeu o Cine Embaixador, e, claro que, se o bom D's permitir, assim o farei, porque também já tenho pronto o desenho do Cine Splêndid, pareado com o Café Cacique, sobre o qual muito falarei mais adiante, pois a história do Café Cacique é a própria testemunha do pensamento político de Gramado, assim como a Prefeitura é o continuar dos fatos políticos, e assim, espero fazê-lo, em algumas edições onde pretendo falar sobre a história política de Gramado. Importante relatar que a proposta deste espaço é contar, motivar, e preservar as histórias de Gramado, perdidas no desmemoriado ir e vir do Ser Humano, onde destaca os expoentes sociais, políticos, econômicos, e religiosos, e lança na vala do esquecimento, como se sem importância fosse, os relatos daqueles que viveram suas vidas e geraram histórias de enriquecimento humano e social, de um município de fundamental destaque no turismo nacional.

O projeto do Cine Embaixador foi elaborado pelo Engenheiro Celso Bertolucci.

Convite de Inauguração do Cine Embaixador

Ata de abertura da Sociedade que fundou o Cine Embaixador (Cortesia de Leandro Cardoso dos Santos - Sobrinho do saudoso Odilon cardoso)

    


Quando se fala em Gramado, a primeira lembrança que aparece é a do glamour, do turismo, da beleza, que, sim, tudo isso tem valor e não tem preço, no entanto, há histórias por trás da história, contadas à boca pequena, às quais quero render homenagem e trazer ao debate, se o amável leitor julgar oportuno.

Contar algumas breves passagens da história do Cine Embaixador, é mergulhar em um tempo da história brasileira, onde havia mais liberdade de expressão dentro deste pavilhão, do que no resto do país, ainda que na primeira fila das cadeiras, em exibição de filmes (ainda sem cortes), assentavam-se os tios e as tias com as afiadas tesouras do Departamento Nacional de Censura, que assistiam a tudo, ora vermelhos de raiva, ora ruborizados de vergonha, mas na maioria das vezes, disposta a voltar com um belo relatório de tarefas cumpridas, aos seus gabinetes, na capital dos federais.

Ilustrações: Pacard

Vamos começar pelo ano de 1967, precisamente no dia 11 de Fevereiro, às 17 horas, quando "foram projetados documentários, inclusive sobre Gramado. Logo depois disso, às 20:30 horas, começa a primeira sessão regular, com um filme alemão: Amor ao primeiro tiro, estrelado por Margit Nünke, Gunter Phillip, e Grethe Weiser, em Tecnicolor". Muito curioso esse fato, porque nesse tempo, apenas vinte e dois anos após o término da II Guerra, e em plena Guerra Fria, um filme produzido durante o nazismo, tenha sido escolhido para abrir a nova fase do cinema. Um grande mistério.
À noite, foi apresentado em sessão dupla, o filme "Don Juan era aprendiz", com Jack Lemmon.

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Cartaz do filme: Amor ao primeiro tiro, 1941

Margit Nünke - Imagem: iMDb - Internet

Gunter Phillip - Imagem Wikipedia

Grethe Weiser - Imagem The Spielfilm

Assista o filme clicando na imagem abaixo. Importante: Esta NÃO é uma versão autorizada. Assista por sua conta e risco.

Jack Lemmon - Imagem: O exlorador - Internet





No domingo, a Matinée foi com o filme "A canoa furou", com Jerry Lewis. Por essas barbaridades da vida, este escriba esteve nesta apresentação. Pobre, mas café bem doce, ué. Isso comprova que Gramado era para todos. Até mesmo eu, pobre, feio, filho de mãe viúva, e torcedor de um time da segunda divisão.

Cine Embaixador era formado por um grupo de empresários gramadenses, denominado: "Sociedade pró reconstrução do novo cinema", relata a saudosa historiadora Marilia Daros Franzen, em seu livro "Grãos". Destaca ainda algo que foi sendo esvaziado no espírito comunitário de Gramado, à medida em que a economia cresceu, e aos poucos o que era uma necessidade para promover crescimento, com os novos tempos que chegaram a trote, o que era ação comunitária, tornou-se investimento e empreendedorismo. Importa é que deu certo. Eu acho.

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O Cine Embaixador era mais que uma sala de projeção de filmes (como se isso fosse pouco). Era o "City Hall", o espaço de eventos comunitários, semelhante aos espaços das pequenas cidades norte americanas, onde o "City hall" servia de palco de espetáculos cívicos, a manifestações políticas. Assim era o Cine Embaixador, nesse tempo descrito.

Entrega do Troféu "Ilha de Laytano", Cine Embaixador, Dezembro de 1976.
Em sentido horário: Paulo Cardoso, Nailor Balzaretti, Professor Francisco, D. Irma Peccin, Marília Daros Franzen, Esdras Rubim, José Staudt, e Romeu Dutra.

Era muito comum, a concessão do espaço do Cine Embaixador, para eventos estudantis. Nesse tempo, o diretor da entidade (Cinema), era o saudoso e querido amigo, Odilon Cardoso. Odilon não era de volteios. Bastava uma carta assinada pelo presidente do Grêmio Estudantil Machado de Assis (nesse tempo, eu estava no cargo), que a sala estaria à disposição, exceto nas quartas-feiras, sábados e domingos, dias de sessão. Ainda havia o compromisso de pagar os serviços de limpeza do espaço. nada mais.
De pé: Remi Pereira Dias, Ari Schmitz e Henrique Herrmann
Agachados: Odilon Renato Cardoso, e Gilberto Cavallin.



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É memorável, e até já escrevi sobre isso, o dia 7 de setembro, quando todas as escolas do município eram obrigadas a desfilas no frio da manhã, pois nesse tempo, ainda é inverno, porém, de modo geral, ao meio dia, o calor toma conta e as blusas são tiradas. Comemorando a data, os alunos levavam seus lanches de casa, e se refestelavam em alguma sombra, pela praça Major Nicoletti e Praça da Matriz, e logo mais, á tarde, uma sessão gratuita de cinema no Embaixador, fazia a alegria dos milhares de pequeninos, que se amontoavam pelos corredores, para não perderem um só momento do filme. Em minha memória, está vivo o filme: O casamento de Cindy, a namorada do Zé Colmeia, que no enredo da trama, a dócil ursinha é raptada e levada a exibir-se em um circo, e se não estou enganado, Zé Colmeia, e seu pequenino amigo de aventuras, o Catatau, se desdobram em peripécias para o heroico resgate da ursinha.



Mais que isso então, a partir de 1972, o Cine Embaixador torna-se o refúgio da liberdade cultural brasileira. Parece exagero pensar assim, mas é isso mesmo que acontecia lá. Vou explicar melhor.

"Tudo começou em 1973, quando o evento foi oficializado pelo Instituto Nacional de Cinema. A primeira edição, que surgiu da união da Prefeitura Municipal de Gramado com a Companhia Jornalística Caldas Júnior, a Embrafilme, a Fundação Nacional de Arte e as secretarias de Turismo e Educação e Cultura do Estado, aconteceu de 10 a 14 de janeiro de 1973, já com a disputa pelo Kikito, o “deus do Bom Humor”, cuja estatueta foi criada por Elizabeth Rosenfeld, grande incentivadora do artesanato gramadense." - é o que diz o relato oficial do site Festival de Gramado NET. Porém, a história começa um pouco antes e com outro objetivo: Em 1971, sob o comando municipal do então Interventor federal, Horst Volk (O Prefeito e o Vice, eleitos, foram cassados, pela ditadura militar, e no lugar destes, foi dado posse ao Presidente da Câmara de Vereadores), a então Festa das Hortênsias, que era uma festa absolutamente comunitária, e costumava oferecer espetáculos que iam de competições hípicas, na Carriére do Lago Negro, até acrobacias aéreas da Esquadrilha da Fumaça, para deleito dos milhares de espectadores e participantes do evento. A Festa das Hortênsias apresentava um concurso para escolha de uma Rainha e duas Princesas, que representasse a beleza das mulheres da pacata cidade de Gramado. Os carros eram ornamentados com motivos alegóricos e muitas hortênsias, e acontecia um cortejo, com música, narração em alto-falantes, para um povo que abanava com alegria e euforia para as alegorias dos carros e das beldades a bordo.
A praça se enchia de crianças à procura de algodão doce, pipoca, e vendedores de lembrancinhas. O café Cacique, assim como o Café Brasil, o Yogurt Pyp, os armazéns do centro, como o Armazém do Haas, do Horácio Cardoso, além da loja Guaspary, do seu Adail de Castilhos, a Churrascaria Vera Cruz, e se estou certo, também a Churrascaria três Reis, ao lado do Cinema, tudo se enchia de fregueses, e a cidade se adornava de cores.
Foi nesse ambiente que a equipe do turismo de Gramado, à época, composta por João Romeu Dutra, Silvia Wilrich e seu noivo, Enoir Zorzanello, que posteriormente tornou-se por muitos anos, o Presidente dos Festivais de Cinema, além do Interventor, Horst Volk, levou ao Rio de Janeiro, e Sâo Paulo, convites para que artistas do cinema e televisão, se fizessem presentes à Gramado, e andassem pelas ruas, à disposição dos fotógrafos e repórteres, e participassem de mostras de filmes, no Cine Embaixador. Isso foi em 1971, mas desmembrou-se da Festa das Hortênsias, que não era anual.
Horst Volk, Presidente da Ortopé S.A. foi, além de Interventor, um grande patrocinador de eventos ligados à comunidade, entre estes, o primeiro Festival, onde patrocinou dois filmes.
O primeiro filme premiado foi "Toda nudez será castigada", de

O que era o Festival de Cinema de Gramado em 1973
Olga Reverbell, Waldemar Weber (Prefeito) e Beto Perini


Uma mostra de filmes que ainda não haviam entrado para o circuito de exibições, e ainda não haviam passado pelo crivo do Departamento Nacional de Censura. Desde seu início, o Festival de Cinema foi um separador de ideologias, usando Gramado com pano de fundo para estas disputas paradoxais. Por exemplo: se de um lado, os governantes locais eram representados por aliados do governo militar, de outro, os artistas, em sua esmagadora maioria, eram manifestos militantes da resistência política, em seu braço intelectual.
Exibir um filme no Festival de Gramado, era dar à grande imprensa a oportunidade de mostrar ao público, em primeira mão, aquilo que a censura e sua tesoura implacável, trataria de cortar, logo após a primeira exibição.
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"Muitas vezes fomos falar com a "Tia da Censura, para que ela liberasse os filmes, ao menos para primeira exibição, no Festival" - diz Enoir Zorzanello, um dos Presidentes de maior permanência no Festival. A luta para burlar o olho nem sempre aguçado, mas profundamente ideológico e puritano dos censores, era grande. Como havia uma clara caça aos comunistas, institucionalizada, os cineastas utilizavam seus filmes como veículos de protestos na área política, e sua estratégia era simples, pois perceberam que os censores também não eram muito perspicazes, alguns eram muito burros mesmo, e então colocavam cenas esdrúxulos e fora do contexto do roteiro, de nus frontais masculinos, principalmente, para desviarem a atenção dos censores, que se chocavam com as cenas escancaradas, e perdiam o reflexo de análise dos diálogos ou imagens nitidamente políticos, de protesto.


Selo do Departamento de Polícia federal, Serviço de Censura de Diversões Públicas


Pedro e Suzana Bertolucci
Enoir e Silvia Zorzanello



Célia Ribeiro (Colunista de ZH) e Glória Menezes


Documento de uma música de Raul Seixas com anotações dos censores (Fonte Wiki)


Filme "Vai Trabalhar Vagabundo" Estes ainda eram os primeiros Kikitos com cara de metal. Pedi, certa vez ao Hugo Carvana (segundo em sentido anti-horário), e ele prometeu doá-lo para o acervo do Festival. Passou.

Silvia Zorzanello, uma das grandes incentivadoras do Festival e Secretária do COMTUR - Conselho Municipal de Turismo, que funcionava na sobreloja do Cine Embaixador.
Enoir Zorzanello (Foto: Terra)

Pedro e Suzana Bertolucci Foto Museu J L Lied

Enoir e Silvia Zorzanello Foto Museu J L Lied
Romeu Dutra



Paulo Porto - Vencedor do I Kikito pelo filme: Toda Nudez será Castigada, de Nelson Rodrigues.

Paulo Porto e Darlene Glória

Esdras Cardoso Rubim, ex-Presidente de vários Festivais.
Foi de Esdras, a iniciativa de transferir a data, de janeiro, para agosto, do Festival de Gramado

João Romeu Dutra, primeiro Presidente do Festival de Cinema - Foto: Rádio Floresta


Horst Ernst Volk - Interventor Federal e Patrocinador de festivais (Foto: Gaucha ZH)
Foto: Arquivo Publico de Gramado





Destacado "Penetra" de Festivais e eventos oficiais de Gramado nos anos 70.


Paulo Betty, Eva Wilma e Carlos Zara (Foto Arquivo Público de Gramado)


O filme abaixo, por ter restrição de idade, só pode ser assistido no Youtube

Celebridades de Gramado

Odilon Renato Cardoso - Foto: Arquivo Público de Gramado

Seria vazio se falássemos do Cine Embaixador, sem que fossem lembrados alguns de seus personagens notáveis, como Odilon Cardoso,  Diretor quase vitalício da instituição. Sujeito bem humorado, sem deixar de lado a seriedade. Humano, humilde e generoso.  Precisaria pesquisar todos os sinônimos para qualificar as qualidades deste grande amigo de priscas eras.
Durante muitos anos, minha filha Melissa e sua filha Cristina, foram colegas. Desde o pré-primário, até o último ano do ensino médio, com um breve intervalo, do tempo em que fomos morar fora de Gramado. Amigas inseparáveis, as duas, adolescentes já, iam na danceteria do Gramado Tênis Clube, aos sábados à noite. Odilon deixava a filha à tardinha, na minha casa, e mais tarde, eu as levava até o Tênis Clube. Lá pelas duas da manhã, Odilon enfiava um Pala por cima do pijama, e estacionava na frente do clube. O porteiro já sabia quem era, e chamava as meninas, que iam dormir na casa do Odilon. No dia seguinte, eu buscava minha filha. E, todas as vezes, Odilon me convidava para comer uma "Sapecada de pinhão", com ele, pois tinha uns portentosos pinheiros diante da casa. E toda vez que eu o encontrava, perguntava quando seria a tal "sapecada", e ele respondi: Em março.
O tempo passou, Odilon foi dormir o sono dos justos, e "Março" não chegou.

Também preciso falar dos "Vaga-lumes", ou "Lanterninhas", e porteiros do Cine Embaixador. Então falemos de Ari Schmitz, Henrique Herrmann, Flávio Schenkel (não consegui foto),  Paulo Cavallin (idem), Seu Quintino, do Remi Pereira Dias, que, embora ele possa negar o fato para se preservar, sim, eu e mais contemporâneos, já tivemos oportunidade de entrar pela porta lateral, por benefício caridoso de um dos porteiros supramencionados. Apenas, omitirei qual deles tenha sido generoso conosco. E também é bom lembrar  da Jura,  que era bilheteira e baleira, do Nienow, que projetava os filmes, e se eu tiver esquecido alguém, por favor, envie o nome e se tiver, foto também.




No Cine Embaixador também aconteciam as apresentações artísticas e culturais de Gramado, como musicais, e peças teatrais.
Em 1977, mês de abril, se não me falha a memória, realizemos lá o II FET - Festival Estudantil de Teatro, um evento em parceria com a UGES - União Gaúcha dos Estudantes. Nesta ocasião, acolhemos cerca de 700 estudantes provenientes de todo o Estado do Rio Grande do Sul, ocasião em que oferecíamos estadia, alimentação e eventos festivos paralelos, tudo por conta da entidade: Grêmio Estudantil machado de Assis. isso mesmo, tudo era de graça, exceto os ingressos, que eram cobrados do público em geral, e pasme, ainda tivemos lucro. Os estudantes eram alojados gratuitamente nas casas dos gramadenses, que generosamente hospedavam um, dois até mais estudantes, pelo período do evento. A alimentação ficava por conta de voluntários que cozinhavam nas dependências do Pavilhão de São Pedro, onde havia uma cozinha, e também lá era o refeitório para aquele povo todo. 
Naquele tempo, hospedar um estudante era um motivo de alegria para os anfitriões. Tem que dar saudade de um tempo assim, ou estou errado?
Paulo Cardoso e Nelson Dinnebier





Os escândalos e as festas

Como contei acima, o Festival de Cinema de Gramado, era uma grande oportunidade para que a intelectualidade manifestasse seu descontentamento com a situação política brasileira, e assim, qual maneira seria melhor do que atrair a atenção da imprensa, senão por meio de escândalos?
Não eram escândalos como os que acontecem hoje, financeiros, políticos, mas de natureza moral. Por exemplo: Em um dos desfiles que aconteciam, por conta dos patrocinadores, um renomado colunista social, entrou completamente nu, atrás das modelos que desfilavam, em uma apresentação de jóia.
Outra vez, eram as atrizes que desfilavam nuas pela praça, cercadas de jornalistas e fotógrafos. Outra ainda, eram atrizes que se abraçavam com autoridades, e os jogavam na piscina do Hotel Serra Azul, que nesse tempo estava instalada em uma depressão, onde hoje tem um pequeno centro comercial, e, protegida do acesso público, pela altura, pois ficava embaixo, e uma pequena mureta, onde se apinhavam curiosos, os eventos também eram realizados lá, pois era uma forma de permitir que a população assistisse aos acontecimentos.
Teve ainda, o cineasta gaúcho, que mijou no tapete da sala da lareira de um hotel em Gramado. E uma cena hilária, e triste, de um churrasco para os artistas na sede campestre do CTG Manotaço, e encontrei dois atores, duros de bêbados, sentados, de costas, escorados, um no outro, ao lado de uma árvore: Grande Otelo e Ambrósio Fregolente.

Ambrósio Fregolente


Roberto Gigante, colunista social











O dia em que Catherine Deneuve NÃO foi ao Festival de Cinema de Gramado
Isso aconteceu, não tenho certeza se foi no 21º ou 22º Festival, em que foi anunciado á boca pequena, e naturalmente, caiu na imprensa, que a atriz francesa Catherine Deneuve, com quem muitos contemporâneos meus de Gramado, confessaram ter um relacionamento íntimo com a atriz, ainda que ela nunca tivesse ido a Gramado, e segundo me confirmou Enoir Zorzanello, então Presidente do Festival, "Catherine chegou a estar com os bilhetes aéreos na mão, mas outros compromissos a fizeram desistir e não foi desta vez que Gramado se deleitaria com o mais belo rosto do cinema naqueles dias".
Conta-se que a ideia teria partido do cineasta Walter Hugo Khoury. Eu nem duvido disso, pois trabalhei com Khoury, e ele era muito brincalhão. Daí...

Catherine Deneuve


Homenagem ao ator Alberto Ruschel, 1993


Visitantes ilustres

Lourival e Adarly Raimundy recebem a atriz gaúcha Carmem Silva - Acervo Arquivo Publico de Gramado

Prefeito Nelson Dinnebier, Walter Hugo Khoury, Dr Luis Carlos e sua esposa, Neusa Silveira



Cartaz do 18º Festival
João Alfredo Bertolucci, Presidente do Festival, e Esdras Rubim, recebem políticos.
Fotos Arquivo Publico de Gramado







O Festival sempre esteve atrelado aos patrocínios oficiais de órgãos do Governo federal, isso desde sua primeira edição. Sem estes patrocínios, teria sido extinto antes de começar.
Já participei da execução de alguns festivais, e na primeira gestão de Nelson Dinnebier, éramos apenas três na Secretaria de Turismo: Esdras, eu e a Roswitha Mikolayszak. Esdras corria de um lado a outro em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, ajustando patrocínios e contratos, e Roswitha e eu, fazíamos o restante, em Gramado, para os preparativos, sempre amparado pelas demais secretarias (já mencionei Arlindo de Oliveira, um grande suporte aos eventos de Gramado). Tinha também os parasitas, que não levantavam a bunda para carregar uma cadeira, mas apareciam na hora de fazer discursos. Ah , tinha mesmo. Mas a estes, reservo as letras brancas do esquecimento. 
Na data do evento, em si, eram contratadas empresas que tomavam conta das secretaria e parte executiva, hospedagem, e logística do Festival. No fim dava tudo certo.

Coquetel de abertura do Festival
Os eventos paralelos eram muito concorridos. Demais mesmo. E também ali aconteciam alguns episódios folclóricos. Vou contar alguns.

No coquetel de abertura do Festival de 1979, eu já não trabalhava mais da Secretaria de Turismo, mas fui agraciado com um convite VIP, e como estava recém noivo de uma prenda mui linda, vi uma ótima oportunidade para "fazer média" e levá-la ao evento. Ela, comprou um belo vestido, e na noite do coquetel lá estávamos nós, entrando com convite especial pela porta da frente do Hotel Serrano. A prenda, com seu olhar cintilante, imediatamente tornou-se alvo de atenção de todos, especialmente dos artistas gambás e destemperados, que tinham a falsa impressão de serem deuses em um harém, à disposição de suas mentes depravadas, e em poucos instantes, estávamos cercados de olhares inescrupulosos à minha belíssima dama. Não antevi coisas boas, e, de sangue quente já, antevi dentes quebrados, escoriações diversas, costelas fraturadas, e um escândalo a mais pra imprensa se divertir, e eu não iria permitir que minha noiva ingênua passasse por aquela situação. Porém, eu não poderia demonstrar ciúme, pois ciúme é insegurança, e gera sofrimento. Então, o que fazer? Pois foi o que fiz! De um instante a outro, lembrando que estava no meio artístico, assumi meu lado "Paulo Autran", em Hamlet, e declamei: "Ser ou não ser? Eis a cuestã!" E meu fígado começou a manifestar sinais de deterioração. Meu coração avisava com claras letras que, se não saíssemos imediatamente daquele lugar, para "tomar um ar lá fora", eu poderia infartar ali mesmo. Comuniquei à princesinha que eu precisaria sair por uns minutinhos tomar um ar lá fora, mas que ela poderia ficar ali e se divertindo, que eu "já voltaria". Ahã! Bem capas, que ela me deixaria sozinho numa aflição dessas. Não, claro que não. E fomos lá fora. Meu fôlego estava visivelmente abalado, e eu "precisava" sentar, pois minhas pernas tremiam, eu talvez nem conseguiria sobreviver na próxima meia hora. Foi terrível. E sim, minha noiva era solidária e tomou a decisão que julgou certa, ainda que eu a contrariasse:
- Vamos embora aqui! Tu não está bem. Vamos pra minha casa (em Nova Petrópolis). Vou cuidar de ti!
- Oh, não, não, não! Por favor - implorei! TEMOS que ficar aqui na festa. Você está tão linda. Todos te admiraram. Vá lá dentro e se divirta e eu fico aqui num cantinho, tomando ar puro, e depois, se estiver vivo, eu entro!
Bem, vou encurtar. Fomos embora, e à medida em que nos afastávamos do local, minha saúde foi melhorando, até que, chegando na casa dela, a 40 km de distância, fiquei completamente bom. O ar de Nova Petrópolis era muito saudável, naquele tempo.
Mas nunca me deram um Kikito pela brilhante atuação. Fica o "rezistro" da injustiça.



Teatro
Carlos Volk, Sergio Broilo, Miriam Nilles, Silvana Patszinger, Maria helena Accorsi, Maristela Rossi, Suninha Patszinger, Mônica Campion, Suni Patszinger, Margarida Bertolucci, Paulo Cardoso, Marta Rossi, e Gelson Oliveira (Pél)- Peça EU VERSUS VIDA, de Marta Rossi

O Kikito
Desnecessário esmiuçar a história do Kikito, que todos conhecem. Apenas desfiar algumas minúcias, para registro de alguns detalhes.
Originalmente os Kikitos eram entalhados em madeira, e tinham o rosto, dos dois lados, finalizado com uma aplicação em latão. A parte de madeira era feita pelos escultores, e nesse tempo, o mais habilidoso, a quem Elisabeth confiava suas inovações, era o Nailor Benetti, chefe da seção de escultura.
Mais tarde, o próprio Nailor, aprimorou o entalhe, deu ao Kikito mais volume, e estabeleceu o padrão das unidades seguintes.
No início dos anos 70, Elisabeth vendeu ao casal Sopher, o Artesanato Gramadense, que foi colocado sob a responsabilidade de sua filha, Renata, então casada com Esdras Rubim. Nesse tempo, Elisabeth não trabalhava mais, mas os Kikitos continuaram sendo produzidos no Artesanato Gramadense pelos escultores: Nailor Benetti, Samuel Isaac cardoso, Gelson Oliveira, e Orival marques (Xixo). A qualidade porém era de responsabilidade do Nailor. Nesse tempo, eu já trabalhava na seção de escultura, mas nunca fiz nenhum Kikito, porque eu não tinha habilidade suficiente para esta tarefa, que exigia repetição das peças. E a bem da verdade, eu odiava aquele trabalho. Então não fiz nada.
Mais tarde, quando já não havia mais uma seção de escultura, e outros gestores tomavam conta de acabar com o Artesanato Gramadense, o Xixo foi encarregado de produzir os Kikitos, pagando royalties ao viúvo de Elisabeth (que  faleceu em 1980), Erich Rosenfeld, isso até que, em dado momento, o volume de Kikitos aumentou, e Xixo não dava mais conta. Foi então que usando de um dos modelos de madeira, passaram a produzir o troféu em bronze fundido, na Metalúrgica Natalino Tomasi, na Grande Porto Alegre. Desde então, Xixo continuou produzindo manualmente em madeira, e eram vendidos como souvenir. 
O fato é que em determinado momento, alguém tentou registrar a marca "Kikito", isto é, apropriar-se sem a devida ética de propriedade intelectual que não lhes pertencia, e a seguir, conforme os registros da INPI,  Prefeitura registrou a marca Kikito, no INPI, e como o mundo é dos espertos, assim ficou o registro de marca do troféu criado por Elisabeth Rosenfeld, que, em teoria, deveria permanecer no espólio de seus herdeiros, mas... Digamos assim: "Quem foi ao vento, perdeu o assento" (Antigo ditado português).
Bem, por ora , é isso que temos para o momento, mas esta matéria é aberta e pode ser corrigida a qualquer momento, se necessário.
Sabem o que me incomoda, particularmente nessa história? É que Elisabeth Rosenfeld, foi uma das pessoas que virou positivamente a página de Gramado, e seu nome só é lembrado por um troféu, que nem mais pertence à sua família. Verdade é que tem um Teatro com seu nome, mas se perguntar quem foi ela, dirão apenas que foi a criadora do Kikito. E ainda assim, não é mais dela.
São coisas assim que me põem medo de ser criativo, pois tudo se esvazia com a memória curta das pessoas.





















Agradecimento especial à Camila Tegner, Leandro Cardoso dos Santos,  e Enoir Zorzanello, pelas valiosas contribuições à esta matéria.




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domingo, 5 de dezembro de 2021

Sobre o amor e a consolação - Pétalas



Na dor devemos consolar, e confortar. No ódio, devemos perdoar.
Não, nunca é fácil, nunca foi, mas tanto a dor quanto o ódio, são barreiras que travam a vida em sua plenitude, que rompem o fio de prata entre a vida e a eternidade, que enterra a esperança, e que conduz ao esquecimento.

Confortar não é a cura, mas a companhia, o abraço, as mãos estendidas e o caminhar junto, enquanto a cura não vem, enquanto a jornada não se encerra.

Perdoar, não é aprovar o mal feito, mas jogar água fria no calor da ira, para que se fechem as comportar do destempero. Perdoar é seguir em frente sem o cadáver da ira nas costas. É libertar-se do que nos ata ao que nos ofende. Perdoar não é concordar, mas não dar lugar ao lenitivo, a fim de que este  aplaque  a dor do embate, e abrir as janelas do tempo, para que entre e nos acompanhe em suas asas.

Não perdoamos o mal feito, mas o que deixou-se enredar pelo desejo de fazer o mal, e por fim, o executou. Perdoamos a condição humana, de humanos atos, para que façamos perceber o contraste entre o divino que cria e a criatura que destrói. Não fomos lançados ao mundo, vindos do nada, mas fomos moldados pelas mãos, e soprados pela boca do que É, acima de tudo. Somos a imagem e semelhança, do Tudo, e assim, Tudo em nós que somos nada, torna-nos em tudo habilitados para sermos plenos, ainda que aparentemente insignificantes.

 "Ama ao teu próximo" não é uma opção. É uma condição. É uma orientação positiva, sem ser impositiva. É uma necessidade do outro que deve ser considerada como alternativa de viver saudável, não no sentido físico, mas mental e espiritual.

Em hebraico, "Ahavá", se traduz por: doar-se, independente de afeto envolvido. Amar não é bem querer, mas quer o bem. Amor não é a sobremesa. Às vezes, pode ser a casca dura da noz a ser rompida. Porém,  romper a casca é porque outro necessita  do conteúdo. Já quando a casca de rompe de dentro para fora, acontece a germinação, e a vida se renova.

Amar é deixar-se brotar para que seja quebrada a casca, e a árvore cresça.

Amar não é escolha. É oportunidade.

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

O homem que vendia solidão

Solidão? - Perguntou, ensimesmado o caixeiro da loja de roupas, que recebeu uma filipeta, um panfletinho em preto e branco, anunciando a venda de nada mais, nada menos que "solidão". Isso mesmo, essa mesmo que o leitor está pensando aí.
- Mas e alguém compra isso?
- Evidentemente que sim" - Respondeu o filólogo, que oferecia solidão em promoção. Infelizmente, apenas uma por freguês, pois como se trata de solidão, não há um coletivo. Por acaso você sabe qual é o coletivo de solidão?
- Creio que seja "multidão"! - Respondeu o caixeiro, meio desconfiado de que talvez fosse uma pegadinha.
- Pois aí que está" Isso mesmo. Multidão. Ocorre que multidão é algo que descaracteriza a pessoa, compreende? Qualquer um na multidão, desaparece completamente, e assim, fica pior que antes.
- Nunca havia pensado a respeito disso! Respondeu, pensativo o caixeiro. E como funciona isso?
- Ah, não é tão simples, mas é um recurso para que o indivíduo se torne novamente um indivíduo, e não uma estatística, um número, uma sombra. A coisa funciona assim: Nesse tempo em que vivemos, onde cada louco contamina outro doido com sua loucura, fazendo com que dois loucos multipliquem seus disparates e desta forma, teremos uma multidão de loucos. Assim como acontece em uma pandemia, por exemplo. Um louco avisa o outro, e ambos se enroscam na loucura coletiva, e tornam-se alvos, presas fácies dos dominadores, que capturam doidos com redes, sabe. Redes de mentiras, rede de intrigas, rede de fofocas, redes e mais redes, até que estejam todos dominados, e por estarem em bandos, perdem sua individualidade, não são mais ninguém, ainda que amontoados com outros milhares de ninguéns. Compreende?
- Não!
Veja bem, vou dar um exemplo: Se você caminha entre muitas pessoas, e se todas elas falarem ao mesmo tempo, você conseguirá entender o que falam?
- Pois então! Aqui está a chave da questão. As pessoas precisam ouvirem suas próprias vozes, ouvirem seus nomes, conversarem com quem as ouça, e ninguém melhor que nós mesmos para ouvirmos o que dizemos. Assim, se você for capaz de caminhar sozinho, ainda que na multidão, você voltará a ser você e mais ninguém.
- Mas e por que as pessoas não fazem isso?
- Porque perdem suas vontades, pelo medo, pela falta de esperança, pelo exagero de informações que receberam, e saturaram a credibilidade em tudo. Pois é aqui que eu entro, e vendo para elas o meu projeto de "Solidão Responsável!"
- E como funciona:
- Vendo à você a pergunta "coringa", para todas as respostas, que é uma pergunta padrão, capaz de afastar as pessoas negativas de sua presença, e assim, você tem possibilidade de caminhar livre por entre elas, sorrindo, enquanto choram, sereno, enquanto gritam, altivas, enquanto se dobram ao desânimo.
- E tem garantia isso?
- satisfação garantida, ou recebo em dobro o que você pagou, em espécie.
- Não estou precisando ainda, mas por favor, embrulha pra viagem, pois vou ligar a tevê, e posso precisar disso logo, logo.
- Pois não! Débito ou crédito?
- Faz no carnê?
- Infelizmente não. Carnê pressupõe um monte de parcelas, e isso descaracteriza o negócio. Solidão é tudo, é o nosso lema. Vai querer uma sacolinha?
Não tenha medo. A verdade será sempre verdade, independente dos fanáticos que tentam constrangê-lo com suas próprias crenças do que seja a verdade.
Aquilo que é verdade para alguns, e não para outros, não se torna em verdade absoluta apenas porque entopem-lhes os ouvidos com fatos e opiniões na intenção de demover-lhes as crenças.
isso acontece na política.
isso acontece na religião.
isso acontece em tudo.
Pelo fato de que temos e emitimos reflexões, não nos coloca na posição de donos de nossas verdades ou de verdade alguma. Apenas diz que exercemos nossa liberdade de construirmos o conhecimento dos fatos pelo contraditório das opiniões.
O que passar disso, é lavagem cerebral.

Levante-se, meu herói!
Filho, já brilha o primeiro raio
dos muitos que cairão após a noite
eis que é manhã, quase a chegar
e eu preciso que me levantes.
Há fogo a acender, café por passar, o pão para assar
o leite quente para beber, o açúcar, o queijo
para o desjejum da manhã.
Levanta-te, filho, porque preciso de um herói em minha casa.
nada mais que isso, não um general, não um escrivão, não um desembargador que nos desembargue a dor
nem um doutor que nos entregue e bula
não o deputado, o senador, o governador, o vereador
nem o ator, nem o doutor
apenas tu, meu filho, com tua coragem insana
com tua voz silente
contra a dor tirana
que pisoteia nas gentes.
Levanta, filho, é manhã
busca o poeta que dorme
apesar de tanto barulho
levanta o menestrel calado
levanta o ator calado
levanta pelos que calam
levanta pelos que falam
levanta pelos que morrem
levanta pelos que vivem,
ainda que morram de novo
esperando depois voltarem
corroídos, combalidos, caídos, sofridos
mas que voltem vivos
voltem livres e não mais cativos
voltem porque lembram
do que é sentir saudade,
voltam apenas por vontade
por liberdade
pela ânsia de voltar.
Levanta, filho, da escuridão do medo
caminha desde cedo pelas vias que te esperam
caminha livre, não te demores em chegar
ainda que não haja mais para onde voltar,
ainda assim, volte
pelo prazer de voltar.
Triste mundo que precisa de heróis
tristes heróis que não tem mais mundo
triste é ser triste sem saber o porquê
triste é saber
que não saber é a ordem
não é é útil conhecer
de que importa viver
se viver não é viver?
levante, meu filho, e abrace a aurora
recolha o amanhecer
guarde os raios da vida
para libertá-los janela afora.
Abra as janelas e deixe sair a luz da esperança.
deixe a esperança viver.
Levante-se filho, porque preciso de um herói em minha casa,
preciso de um herói no mundo
minha casa é o mundo.
(Pacard)
As crises manifestam três tipos de pessoas:
As que sabem o que está acontecendo.
As que tem opinião sobre o que acontece.
As que ouvem as duas primeiras, e perdem o juízo.


Aconteça para te aconteçam os que em ti se espelham
Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer.
Jeremias 18:4

Do mesmo modo que milhões, talvez, bilhões de pessoas, tenho atravessado, primeiro, perplexo, depois, irado, desesperançado, resignado, os primeiros dias em que temos lutado com incontáveis demônios ocultos pelo diminuto tamanho, mas que como os seres espirituais da trevas, que tiram a nossa paz, sem que possam nossos olhos vê-los, também estes minúsculos seres sem alma, fazem tombar ricos e pobres a cada instante, reduzindo as forças e o ânimo das autoridades, e do mundo em geral.
O que dizer? O que fazer?

A palavra é RESILIÊNCIA, a capacidade de retomar o que foi machucado e refazer sua essência, para moldar nossa existência. Afinal, que história teremos a contar aos nossos herdeiros? Quem fomos nós, no meio da calamidade? Fomos os que sentaram a chorar pelo que foi perdido, ou os que se erguerem a reconstruir uma nação, um mundo, uma existência?
Se eu não for por mim, quem o será? Mas se eu for só por mim, que serei eu? Se não agora, quando? (Hilel)

O dia de chorar foi ontem. O dia de pensar é hoje. A hora de recomeçar, é agora. Aquele projeto guardado no canto envergonhado dos sonhos, traga pra fora. Aquela palavra de conforto e ânimo, entre tantas críticas e acusações, faça acontecer. Aquela vontade de escrever seu livro: O que te impede? Aquele tempo para fazer melhor, senão agora, quando será? Aquele que te ampara, senão D-s, mas humano, não é você mesmo? E quando a te amparar para que não caia, senão já?
Caminhe em frente. Caminhe só, pois os mini demônios te negam companhia, mas vá. Olhe para o GPS, não o que te denuncia às autoritárias, mas o que te mostra onde quer estar no amanhã, e diga: Comece a navegar, pois a vida tem pressa. Eu tenho pressa e preciso acontecer.
(Pacard)

Bella Ciao e Modelo Econômico de Crescimento - Táticas e Estratégias que modelam o Pensamento Político

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