AD SENSE

terça-feira, 14 de março de 2023

Os 4 Cavaleiros do Apocalipse na Terra do Jeitinho


Parece até profecia. E por que não? Acreditem ou não, sim, quando os acontecimentos fatídicos (eu sempre quis usar essa palavra, mas estava economizando para um tema mais retumbante) descrito no livro de Revelação, vulgo Apocalipse, estiverem na velocidade cruzeiro, a 666 mil rotações, ainda que seja o vórtex em Israel, as rebarbas do tornado irão soprar na terra das Palmeiras, onde as aves que que ainda gorjeiam aqui, gorjeiam melhor que as que chilreiam e grasnam lá (eu digo isso, porque só vi dois tipos de pássaros em meu breve périplo na Terra Santa, e eram Corvos, pretos, sinistros, e barulhentos, além de umas gaivotas que também merecem atenção dobrada se você estiver molhando os pés nas águas geladas do Mediterrâneo, e descuidar do lanche ao lado).

Os ventos (são quatro, ao todo) que já estão começando a escaparem dos lençóis sangrentos, segurados por quatro anjos, sopram sua brisa sobre o Atlântico, passando pelo Saara, na altura do Marrocos e a parte subsaariana, desemboca na costa brasileira, e garrando rumo do poente, adentram sulfurosos pelos recônditos purulentos, por onde mancomunam trapaças, os guardadores das chaves da miséria e da fome, posto que são usadas aos poucos, em doses antes homeopáticas, mas nesse tempo em descarado e ululante delírio, ao som de histriônicos festins, para que tal como faziam os tambores de Moloque, abafem também na terra onde foi dada nacionalidade ao deus das folias, e o chamaram de "brasileiro". 

Ventos uivantes e gemidos nas filas da madrugada à espera de alívio nos hospitais lotados, são cantilenas dos ais que o temido livro apregoa, e cada ai despejado será ecoado pelas mídias que se multiplicam em novos ecos de ais, ais e mais ais.

Não, o velho e bom Brasil não tem uma muralha d eproteção, e não está assentado sobre um rochjedo inexpugnável. O bom e velho Brasil já quase nem é mais Brasil, se é que um dia foi, tamanha a diversidade de jeitos de gemer que os ais encontrarão. O país do acolhimento não será esquecido por nenhum dos cavaleiros, que fazem pares com os anjos, em número de quatro por quatro, e o solo macio destas terras alcatifarão as patas ferozes das quatro cores equinas vociferantes. A terra da Mula-sem-cabeça, acostumada com as loucuras da besta que solta fogo pelas ventas, estará desatenta e o som das patas de um e outro a ouvidos acostumados parecerá tudo igual, e quando perceber que não é, será tarde demais, mesmo porque Mula-sem-cabeça é lenda, assim, pensar que quatro cavaleiros trazendo revoluções, por que não seria fpabula também? E nessa narrativa de comparar a fábula com a fé, os cavalos atropelem cá e lá. Mesmo que aqui seja a terra do jeitinho. Não tem jeito. Cavaleiro furioso não se comove com rebolado. Mesmo sendo Brasil.
O quanto você está preparado para o tropel destes cavalos e seus cavaleiros?




Dona Izartina Viu a Uva e Ganhou Diproma


Imagem: internet

Dona Izartina já vivia sozinha, havia certos pares de anos, desde que Seu Argimiro a deixara a lamentar pela saudade. E como tudo, o tempo conforta, também Dona Izartina sabia que enquanto vivesse no mundo, comer, dormir, rezar, e carpir a lavoura, eram obrigações e prazeres aos quais tinha direito, e bem exercia esta liberdade, dia após dia.

Galinha não planta milho, e vaca não planta pasto. As hortaliças não aparecem, assim, do nada, no cercadinho de taquarinhas que delimitava a horta do pasto, e o pasto, da roça, onde plantava e colhia mandioca, aipim, e milho. E as pamonhas, o angú, o cuscuz, não pulavam sozinhos pra dentro da caçarola, antes Dona Izartina precisava, pacientemente, ralar as espigas verdes, debulhar o milho seco, moer os grãos, "samear" o pasto, e carpir os inços entre suas afamadas couves e ervilhas.

Os chás de "Mistrunço", Maçanilha,e "Catinga de Mulata", que usava para curar "Furungos" e tratar do reumatismo, também eram plantas manhosas, dengosas, exigiam atenção contínua, e desse modo, entretida, Dona Izartina enganava as horas e arrematava os dias em sua laboriosa faina.

Ds frutas do pomar, fazia doces, geleias, marmeladas, goiabadas, e compotas de figos, peras, ameixas, o o que quer que coubesse no seu velho tacho de cobre, comprados dos Ciganos, ia pra panela, e da panela  pros vidros "Vecks", aqueles antigos, com um arame de pressão e um anel de borracha que servia de lacre para evitar contamiação, enquanto eram pasteurizados, e expostos na prateleira da parte do rancho que servia de sala para receber as visitas e promover as rezas.

Experiente, de "bom sizo", paciente, e sábia, naquele padrão de sabedoria simples e matreira, Doza Izartina era requisitada em todos os acontecimentos comunitários. Na igreja, colaborava com a limpeza da capelinha, cuivada das flores para os cultos, e  nas festas, lá estava ela, ainda madrugada alta, na cozinha, descascando batatas, temperando carnes, e preparando sobremesas, para a freguesia de fiéis e parentada, que se juntava de tempos em tempos para celebrar a vida, e recordar saudades. Depois da faina e louça limpa, que também cabia à ela e outras dedicadas aledeãs darem jeito, assentava-se com as velhas, e como nunca falta em ajuntamento de avós, netas curiosas, de olhinhos arregalados, escutando atentas à tudo o que falavam as macróbias, para depois repetirem em suas brincadeiras de meninas, daquele tipo de meninas da roça, que quase não existem mais.

As mesmas meninas da roça que antes cercavam as avós em suas prosas devotas, ao largo do tempo, seguiram o curso do mundo, e tornaram-se grandes profissionais, exemplares cidadãs, doutoras, professoras, cientistas, advogadas, enfim, a nata da nata do supra sumo da inclusão contemporânea. E sim, elas não esqueceram de onde vieram, e voltaram à sua pequenina aldeia, cheias de boas intenções e projetos, trouxeram investidores, elas próprias investiram nas suas próprias terras de herança, convenceram as autoridades a modernizarem a infraestrutura das chácaras, pavimentaram as ruas, reformaram as casas, modernizaram as plantações, ganharam prêmios, e o mundo conheceu, pelas redes sociais, a pequenina, mas aprazível aldeia, onde morava Dona Izartina.

Claro que não faltaram apelos para que Dona Izartina também permitisse que seu ranchinho recebesse benfeitorias: água encanada, energia elétrica, sanitário, mas nada dobrou Dona Izartina, exceto duas coisas: um vaso sanitário, no lugar da Capunga, e energia elétrica, para acender as três lâmpadas da casa, e movimentar a geladeira que ganhou de presente, para conservar as verduras e o leite. Ficou bem faceira, Dona Izartina, foi mesmo. E claro, com tais facilidades, Dona Izartina parou de colher verdurinhas e frutas todos os dias, pois as tinha estocado dentro de casa. Ah, sim, o velho fogão de barro, ali no cantinho do rancho, dera lugar a um moderno fogão à gás. Um luxo só. Agora, Dona Izartina podia dormir um tanticop a mais pela manhã. Levantava bem depois do canto do galo, do estardalhado das galinhas com fome, dos gatos miando à frente da porta, e do velho cusco latindo para calar os gatos e as galinhas, que não faziam por mal, era apenas fome, pois os novos horários ainda não sincronizaram com seus reloginhos biológicos. Agora, Dona Izartina, tinha tempo livre. Mas, livre pra que? - Perguntava!
- Pra ler, Dona Izaltina!

- Mas eu não sei ler, minha fia!

- Então vamos ensiná-la! - Responderam. E assim, Dona Izartina, ao largos dos setenta anos, aprendeu a ler, com certo esforço, é certo, mas aprendeu:
- Ivo viu a uva! Vovô viu a vovó! A palavra vovô levha chapéu. A vovó tem grampinho!

E assim, em certo tempo, já de "carreirinha", Dona Izartina deixou de ser analfabeta. Que alegria! Mas, era pouco, para as jovens bem sucedidas, que queriam mais. Não apenas mais de si, mas mais de quem estivesse sob sua influência. Agora Dona Izartina precisava se formar no Ensino Fundamental, e depois, com muita dedicação, no Ensino Médio. Por Supletivo. Em dois anos, ou menos, receberia o diploma, e estaria apta a ingressar na Universidade. Era fácil, pois no salão comunitário, havia um computador conectado à internet, que estava disponível para uso de Dona Izartina. E ela usou. Muito esforço, dois anos de dedicação dela, e da comunidade em seu apoio, e Dona Izartina subia ao palco, fantasiada de adolescente, com uma Toga preta, e um canudo na mão, para ser aclamada Bacharel. Bacharel em... bem, ao certo, não sei em quê, posto que Dona Izartina não sabia em que iria aplicar os conheimentos que adquiriu em tão pouco tempo. "O que faz o estudo", pensava ela. E depois disso, dia após dias, Dona Izartina voltava ao salão comunitário para aprender mais. Sabia navegar na internet. Já tinha conta das redes sociais, e proseava com pessoas que nunca vira antes. Fabuloso. Encontrou receitas de quitutes que nunca tirou tenpo para cozinhar. Criticava o governo, os políticos, o Presidente dos Estados Unidos, sabia quem era Gretha Thurnberg, e também Elon Musk. Sabia tudo. Mas uma coisa não mudou: Dona Izartina continuava a morar no velho ranchinho de barro, agora com luz elétrica, geladeira, e vaso sanitário. E ao fim da tarde, assentava-se no banco de tábua corroído, que o finado Seu Argimiro fizera, quando se casaram, e fitava o horizonte que embrulhava o sol para dar lugar à noite. Olhava a lavoura tomada pelo mato, as velhas árvores frutíferas embrulhadas em "Barba-de-velho", a velha cerca de Caiçara enegrecida pelos anos, se desmanchando, ligava o velho rádio na emissora que tocava valsas e canções sertanejas, e olhava para a parede da salinha, para o retrato oval retocado á mão, à pincel, onde aparecia formosa e jovem, ao lado do esposo, com seu bigodinho demodê sizudo, e em um quadro bem mais novo, seu diploma de universitária. Mas seu coração batia mais forte mesmo era com o poente, as modas de viola, e a saudade de seu velho. Ter um diploma era vaidade dos outros apenas. Ela nunca soube o que fazer com ele, senão emoldurar as lembranças.





segunda-feira, 13 de março de 2023

A Vaca Vermelha, O Messias, e o Apocalipse - Respostas judaicas à perguntas cristãs


Parece estranho, e até pândego, iniciar um tema tão misterioso e curioso, que faz acelerar o coração e tremer as pernas, como o tema do Apocalipse, ao mesmo tem em que O Messias centraliza o título, e então começo falando de uma Vaca vermelha, o que faz parecer que estou iniciando um grande deboche. Parece. Mas não é. A Vaca Vermelha, ou Novilha Vermelha (perceberam que comecei com letra maíuscula?), é um tema que se encontra no aparentemente aborrecido livro de Números, o quarto livro do Pentateuco, e o principal livro de genealogias do Antigo testamento.


Acontece, que segundo a crendice popular, o Messias, como tal, só é apresentado no Novo Testamento, assim, com claras letras, então, por que eu o incluo em um ensaio lá do tempo em que o povo de Israel ainda fazia seu périplo educativo pelo Deserto do sinai? Exatamente por isso: Porque era uma jornada instrucional! Por mais antiquado que pareça, a mais ampla e educativa escola da história da humanidade, aconteceu numa jornada educativa, cujo período letivo deu-se ao longo de notáveis quarenta anos de "senta e levanta" à entrada do Professor, cantando-se o Hino Nacional, ao que foi dado o nome de "Shemá Israel" (Ouve Israel), cujo refrão é de apenas uma frase: "Shemá Israel! Adonai Eloheinu, Adonai Echad!" (Ouve, Israel! O Senhor É nosso D'-us! Nosso Único D-us!), e desde então, ou melhor dizendo, desde muito antes disso ainda, vamos encontrar referências e profecias relativas ao redentor da Humanidade. 

Pois foi, ao som desta melodia, que alunos de todas as idades ouviram, viram e viveram experiências e aulas, que universidade alguma pode replicar, mesmo porque um curso universitário não passa de cinco, talvez seis anos, e ainda some a eles, pós graduação, mestrado e doutorado, não ultrapassa quinze anos. mais onze anos de ensino Fundamental e Médio, ainda assim, não chega a quarenta anos, e mais: Quarenta anos com Um Professor com jeito pra coisa, que dedicou-se ao magistério depois de ter criado o Universo, sem pagamento, direito a férias, e com um único dia de "descanso" por semana, isto é, não própriamente descanso, mas uma parada estratégica para dar exemplo de contemplação do que havia criado.

Assim, dizer que há preciosas lições de vida em cada gesto do deserto, é ratificar a ideia de que a grande escola do mundo é a própria existência. Poderíamos falar por muitas horas e dias sobre esse tema, mas quero resumir a reflexão no chamada: Vaca Vermelha, Messias, e Apocalipse. O texto encontra-se no capítulo 19 de Números, e precisa ser lido, relido, e contemplado à luz de uma sequência de fatos e profecias, ritos, e costumes judaicos, que dentro do judaísmo enfrenta um hiato de conhecimento, ao ponto de que há intensos debates no Talmude sobre a questão, e não há nenhuma conclusão final, ao ponto que foi comentado que nem o próprio Salomão conseguiu compreender plenamente o significado deste Mandamento, pertencente ao grupo "Chukim" (Mandamentos incompreensíveis).


O pensamento rabínico do Talmude sobre a ADAMAH PARAH, ou a Vaca Vermelha, pode ser encontrado em vários trechos da Mishná e do Gemara, especialmente no tratado de Pará (Parah) no Talmude de Jerusalém (Talmud Yerushalmi) e no Talmude da Babilônia (Talmud Bavli).

A ADAMAH PARAH é um ritual descrito em Números 19, que envolve a purificação dos impuros por meio da água da purificação obtida a partir da queima de uma vaca vermelha sem defeito e sem ter trabalhado. A vaca é queimada fora do acampamento, e suas cinzas são misturadas com água corrente para produzir a água da purificação.

Os rabinos discutem várias questões relacionadas à ADAMAH PARAH, incluindo sua finalidade, a identidade da vaca, os detalhes do ritual e seu significado simbólico. Aqui estão algumas citações relevantes:

A finalidade da ADAMAH PARAH:

"Rabi Ishmael disse: Por que a ADAMAH PARAH é vermelha? Porque a cor da ADAMAH PARAH se assemelha à cor do pecado. Assim como o pecado é comparável a essa cor, pode-se dizer que a ADAMAH PARAH vem expiar o pecado." (Talmude de Jerusalém, Parah 3:6)

A identidade da vaca:

"Rabi Elazar disse: A ADAMAH PARAH é um decreto divino sem sentido aparente. O Santo, bendito seja Ele, disse: "Eu ordenei, você não tem o direito de questionar". Rabi Akiva disse: Não direi que é um decreto sem sentido, mas diria que ela é um estatuto divino. É uma vaca que nunca trabalhou, nunca foi usada para o arado ou a lavoura, e não tinha nenhum defeito físico. O Santo, bendito seja Ele, disse: "Deixe-a ser sacrificada em expiação do pecado"". (Talmude da Babilônia, Parah 2a)

O ritual da ADAMAH PARAH:

"Rabi Yochanan disse: A ADAMAH PARAH tem nove medidas de cinzas e é misturada com água que flui. A cinza se espalha para baixo e a água flui para cima. A razão para isso é que as águas da ADAMAH PARAH expiam a impureza que se originou na terra, que fica abaixo, enquanto as cinzas expiam a impureza que vem do ar, que fica acima." (Talmude de Jerusalém, Parah 3:7)

O significado simbólico da ADAMAH PARAH:

"Rabi Yochanan disse: A ADAMAH PARAH é comparável a um rei que estava irado com seu filho e o enviou para uma cidade distante. Quando o filho se arrependeu, o rei enviou uma carruagem para buscá-lo, mas o filho se envergonhou e não queria voltar na carruagem real. Então, o rei disse ao filho: "Pelo menos use minhas terras como meio de subsistência até que você se torne rico e possa voltar para mim em grande estilo." Da mesma forma, quando os filhos de Israel pecaram com o bezerro de ouro, Deus queria puni-los com a morte, mas, em vez disso, Ele os mandou para a Terra de Israel, que é comparável à ADAMAH PARAH, para que pudessem viver lá e se arrepender de seus pecados.

A ADAMAH PARAH, ou a "terra da novilha vermelha", é um conceito simbólico do judaísmo que se refere a uma prática antiga de purificação ritual. A novilha vermelha era sacrificada e suas cinzas eram misturadas com água para produzir uma solução de limpeza. Essa solução era usada para purificar as pessoas e os objetos impuros.

Rabi Yochanan compara a ADAMAH PARAH a uma terra que Deus deu aos filhos de Israel como uma forma de purificação e arrependimento. Assim como o filho que se envergonhou de voltar na carruagem real, os filhos de Israel estavam envergonhados por seus pecados e foram enviados para a ADAMAH PARAH para se purificarem e se arrependerem.

A ADAMAH PARAH, portanto, representa um lugar de purificação e transformação espiritual. É um lembrete de que, mesmo quando pecamos, Deus ainda nos dá uma chance de nos arrepender e nos purificar para que possamos voltar a Ele em um estado de pureza espiritual.

Assim se expressam os sábios do Talmude. Porém respeitosa e ousadamente, seguiremos além nesta interpretação, que necessita de Um Aditivo posterior ao talmude, ao qual denominamos: Messias!

Para entender o rito, que vou encurtar aqui, basta ler o capítulo 19 do livro de Números, que vai conhecer o passo a passo da operação. Vou estreitar a leitura no significado místico (os crentes, com preconceito à palavra, podem entender: Espiritual. Dá na mesma), com as duas palavras: ADAMÁ, e PARAH.

ADAMÁ - Vermelha (Fem.)

ADAM - Vermelho (Masc.) (Adão - Vermelho)

DAM - Sangue

PARAH - Novilha

DO QUE ADÃO É COMPOSTO?

"A palavra אָדָם (pronunciada: Adam) está conectada com duas outras palavras em hebraico: דַּם (dam) "sangue" e אֲדָמָה (adamá) "terra/solo". Estas palavras nos mostram que o significado básico de Adam (Adão em hebraico) está associado com o "sangue" e a "terra". Podemos entender a simplicidade do significado apenas através do texto em hebraico. Conecta-se perfeitamente com a afirmação que "o Senhor Deus formou o homem do pó da terra" (Gênesis 2:7) e a proibição de comer qualquer coisa que ainda tenha sangue, porque a alma de qualquer coisa viva está no seu sangue (Gênesis 9:4)." (Fonte: E.teacher)


Indo mais adiante, vejamos o significado destas letras (caracteres) hebraicas:

ÁLEF -    Paradoxo - O Divino no Humano

                Significado: Um Boi, um Milhar (Mil simboliza grande multidão) grande ensinamento, o Divino no Humano

                Formato - Duas tendências polares (os yud superior e inferior) juntos por uma força mediadora (o vav) - VAV é um gancho, O Messias. O Yud Superior, voltado para baixo, mediado pelo VAV, buscando o Yud inferior, que é voltado para cima. Resumo: D-us, por intermédio do Messias, resgatando o Ser Humano perdido.

                Número 1 ("Eu e O Pai somos UM")


                Tempo: Estação intermediária entre o Verão e o inverno, estação das chuvas, das águas (Água da Vida). 


                Alma (Essência): O Torso superior, especialmente o peito e sistema respiratório (E soprou nas narinas. e o tornou Alma Vivente).


                Qualidade: Grande Compaixão


                Arquétipo: A manifestação Divina da Alma do Messias


                Canal: De Chesed a Guevurá (Alguém de braços abertos)


DÁLET   Conceito: A anulação do "eu" que acompanha qualquer mudança básica na orientação existencial de alguém.


                Significado: Uma porta, Homem pobre, extração (exclusão)


                FormatoUma alma ereta (o vav vertical) ligada a sua Divina Fonte (o vav horizontal pairando acima)


                Número: 4 (O Nome Sagrado, Bendito seja, É formado de 4 Letras)

No judaísmo, o número 4 também pode ser associado aos quatro filhos na história do Seder de Pessach (a festa da Páscoa judaica), que representam diferentes tipos de personalidades e níveis de envolvimento com a tradição judaica.

Além disso, no Talmud (a coleção de ensinamentos e comentários sobre a lei e a ética judaicas), há várias referências ao número 4, incluindo as quatro estações do ano e os quatro pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste). O número também é considerado um número completo, simbolizando a totalidade e a perfeição.

                Espaço: Sol

                Tempo: Terça Feira (Embora a Terça-feira seja mencionada em vários lugares do Talmude, não há uma seção específica que trate desse dia em particular.

No entanto, existem algumas referências à Terça-feira que podem ser encontradas no Talmude. Por exemplo, em algumas tradições judaicas, a Terça-feira é considerada um dia de sorte para o início de novos projetos ou empreendimentos. Isso se deve em parte à associação da Terça-feira com o terceiro dia da criação, quando Deus criou a terra e o mar).

                Alma (Dom) Narina Direita, Descendentes, Discípulos, cura. 

Na Cabala, a Árvore da Vida é uma representação simbólica das forças divinas e do universo. A Árvore é composta por dez esferas ou sefirotes, cada uma com seu próprio nome e significado. A esfera da direita é chamada de Chesed, que significa "bondade" ou "misericórdia".

Chesed é considerada uma esfera masculina, associada ao amor e à compaixão divina. Ela representa a energia criativa e expansiva de Deus, que está sempre pronta para se manifestar em nossas vidas. Chesed é frequentemente associada à figura bíblica de Abraão, que é conhecido por sua compaixão e generosidade.

Citação: "Na Árvore da Vida, Chesed é a esfera da direita, a esfera da bondade divina e da misericórdia." Desse modo, a Narina Direita, por onde foi sobrado o espírito (fôlego) de vida, simboliza a porção da bondade, a sensibilidadse, e a narina esquerda, simboliza a retidão e justiça.

                Arquétipo - Jacó

                Canal (Natureza) - Kether a Tiferet (Kether e Tiferet são dois dos dez sefirot ou esferas na tradição da Cabala, uma tradição esotérica judaica. Cada sefirá representa uma qualidade ou aspecto divino, e juntas elas formam um mapa da Divindade e do universo.

Kether é a sefirá mais elevada e representa a coroa ou o princípio da unidade divina. É frequentemente associada à vontade divina, à essência divina e à luz que permeia todas as coisas. Kether é considerada a fonte de todas as outras sefirot e, como tal, é considerada o ponto de partida para o processo de criação divina.

Tiferet, por outro lado, é a sexta sefirá e está no centro da Árvore da Vida da Cabala. É frequentemente associada à beleza, à harmonia e à compaixão divina. Tiferet representa a união das sefirot superiores e inferiores, conectando Kether e Malkuth, a sefirá da manifestação física. É a sefirá do equilíbrio e da integração, e é considerada a fonte da compaixão divina.

Juntas, Kether e Tiferet representam aspectos complementares da divindade. Kether representa a essência e a fonte de toda a criação, enquanto Tiferet representa a manifestação da divindade na realidade física. Enquanto Kether é a coroa que governa todas as outras sefirot, Tiferet é a sefirá que une e equilibra todos os aspectos da criação divina).

               MEM -    Conceito - O brotar da sabedoria na fonte do supraconsciente


                Formato - Um tanque, com uma ligeira abertura em seu canto inferior esquerdo. O mem final: Um tanque completamente fechado

                Número - 40 (Na Bíblia, o número 40 é um número simbólico que representa um período significativo de tempo. Ele é frequentemente usado para representar um período de provação, purificação ou preparação. Algumas das referências bíblicas ao número 40 incluem:

O Dilúvio durou 40 dias e 40 noites (Gênesis 7:12).

Moisés ficou 40 dias e 40 noites no topo do Monte Sinai, onde recebeu os Dez Mandamentos (Êxodo 24:18).

Os espiões israelitas foram enviados para explorar a terra de Canaã por 40 dias (Números 13:25).

Os filhos de Israel vagaram no deserto por 40 anos (Números 32:13).

No Talmude, o número 40 também é significativo. Ele é frequentemente usado para representar um período de mudança ou transformação. Algumas das referências talmúdicas ao número 40 incluem:

Um feto é formado em 40 dias (Niddah 30b).

Aquele que estuda a Torá por 40 anos adquire sabedoria divina (Avot 5:26).

Um indivíduo que se arrepende sinceramente de seus pecados é perdoado após 40 dias (Ta'anit 16a).

Em resumo, tanto na Bíblia quanto no Talmude, o número 40 é usado para representar um período significativo de tempo ou um período de transformação e mudança).

                Espaço: Terra 

                Tempo: Inverno (O inverno é mencionado várias vezes na Bíblia e no Talmude, mas o seu significado pode variar de acordo com o contexto e a interpretação.

Na Bíblia, o inverno é muitas vezes associado a tempos difíceis e adversidades. Por exemplo, em Ezequiel 34:12, Deus promete cuidar das suas ovelhas durante o inverno, quando elas estarão expostas ao frio e à fome. Em Zacarias 14:8, o inverno é mencionado como uma época de seca e falta de chuva, enquanto em Salmos 147:16-17, o inverno é associado com a neve e o gelo, que Deus espalha sobre a terra como parte do seu controle sobre a natureza.

No Talmude, o inverno é visto como uma época de escuridão e tristeza, mas também como um período de descanso e renovação. Por exemplo, no Talmude Babilônico, Tratado Ta'anit 29a, é mencionado que o inverno é um tempo em que as pessoas devem jejuar e buscar a Deus, a fim de evitar calamidades e obter bênçãos. No entanto, o inverno também é visto como um tempo de descanso para a terra e para as pessoas, em que se deve tirar proveito do tempo frio para repousar e renovar as forças.

Em resumo, o inverno é mencionado tanto na Bíblia como no Talmude como um período de dificuldades e adversidades, mas também como uma época de descanso e renovação. O seu significado pode variar de acordo com o contexto e a interpretação das fontes).

                Alma (Essência): Torso inferior, especificamente o abdômen (Sentimentos, paixão, amor infinito). No Talmude, a palavra "alma" é frequentemente traduzida como "nefesh" em hebraico. "Nefesh" é um termo complexo e multifacetado, que pode se referir a diferentes aspectos da vida e da existência humana.

Em geral, a "nefesh" é entendida como a essência vital que anima todos os seres vivos. É a fonte da vida, responsável por todas as funções biológicas e psicológicas do indivíduo. No entanto, além disso, a "nefesh" também está associada a uma série de outros conceitos, como a vontade, o desejo, as emoções, a personalidade e a consciência.

No Talmude, a "nefesh" é frequentemente discutida em relação ao papel que desempenha na relação entre Deus e a humanidade. Segundo a tradição judaica, a "nefesh" é um presente divino que é dado a cada pessoa no momento do nascimento. É responsabilidade do indivíduo cultivar e desenvolver sua "nefesh" durante a vida, de modo a se aproximar de Deus e cumprir seu propósito na Terra.

Assim, a "nefesh" é vista como uma parte essencial da natureza humana, que deve ser nutrida e fortalecida para que o indivíduo possa viver plenamente e se conectar com o divino. No Talmude, a "nefesh" é considerada uma das maiores dádivas que Deus concede à humanidade, e é vista como a chave para a realização espiritual e a felicidade duradoura.

                Qualidade: Amor, expressando-se como Água (Vide Formato)

                Arquétipo: Messias, Filho de Davi

                Canal: (Modo de atuação) De Netzah a Hod (Criação e Reverberação Criar O Homem à Sua Imagem e Semelhança para que seja Co-Criador)

Procurei esmiuçar um pouco aqui a natureza da palavra ADAMAH, e vejamos Quem Se identifica desta forma:

"A expressão filho do homem (ben Adam, בן אדם), literalmente filho de Adão, é utilizada comumente no Judaísmo e no idioma hebraico em geral para denotar um ser humano, uma pessoa; o plural (bnei Adam, בני אדם) é utilizado para humanidade. No Cristianismo é reconhecido como Jesus, pelas referências nas Escrituras ao Messias.

No livro do profeta Daniel conta-se que é a aparência de uma pessoa que recebe de Deus todo o poder sobre o Reino Eterno (Daniel 7,13 e 14 "Eu estive olhando nas minhas visões noturnas, e eis que vinha nas nuvens como um filho de Adão, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele, e foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino para que todos os povos, nações e línguas o sirvam. O domínio dele é domínio eterno, e o reino dele é o único que não será destruído."). (Fonte: Wiki)

Assim exposto, vou revelar o mistério da Vaca vermelha:

O animal a ser sacrificado deveria ser retirado do arraial, isto é, seria sacrificado, morto, fora deste, e suas cinzas seriam assim divididas: Uma terça parte seria guardada em uma ânfora, para purifucação das águas da Micvê, ao longo dos anos vindouros, e o restante seria enterrado fora também, no deserto (durante a travessia) ou no Horto das Oliveiras (no período do Grande Templo).

Traduzindo: Jesus sendo judeu, foi tirado dentre os judeus, e morto pelos gentios. Seus ensinamentos (cinzas que se espalham ao vento e purificam as águas), permaneceria em parte, mas seu nome seria retirado dos anais do judaísmo (fora do arraial). Suas cinzas se misturam ás águas (de Seu peito verteu sangue (DAM) e Água  (no hebraicom MIM, isto é, dois Mem que cercam o Yud, ou seja, Um Único Messias, ou "O único capaz de redimir o ser Humano por DAM, na ADAMAH.

E o Apocalipse?

Apocalipse, do grego: Apokalupsys - Retirar o véu, revelar, é isso. Está revelado, desde as maravilhosas aulas do deserto, cujo "Power Point" eram os rituais, que podemos compreender cada YUD e VAV do que D'us deixou preparado para nosso conhecimento e conforto a respeito da Salvação.

Perece assim, saudável, pensar que o sacrifício era retirado de seu lugar derradeiro, para ser levado a outro lugar, e lá ter seu destino final.
Parece razoável pensar que O Messias foi escolhido (ungido quer dizer "escolhido") dentre seu povo, para ser levado a interceder na morte por outro povo também.

Bem, meus queridos leitores. Vou dar uma pausa por aqui para que vocês leiam tudo novamente, e possam assimilar tanta novidade, mesmo que já esteja lá desde os tempos de Moisés.

Se quiser saber mais, pode escrever e na medida do possível, vamos conversar a respeito.

Abaixo este video que gravei sobre o mesmo assunto, com outros detalhes. Vale a pena acompanhar para ter uma leitura mais ampla do assunto.





Shalom!









domingo, 12 de março de 2023

Entre Lírios e Leões - No Campo e na Eternidade


Contem o presente ensaio,  o relato fictício de uma gentil camponesa, "Dona Izartina", que, alheia às turbulências do mundo, tocava a sua vidinha mansa, com a simplicidade de uma criança recém nascida, que vê apenas vultos a poucos metros, e distingue a mãe pela voz e pelo cheiro. Assim, para a personagem Dona Izaltina, o cheiro da Maçanilha, ou o cheiro das galinhas no terreiro, ou do perfume do pasto levantado pelo orvalho aos primeiros raios de sol, era o limite de sua fé, de sua esperança, expectativa, e de ambição.

Os Lírios do Campo mencionados por Jesus, simbolizam este oásis de refrigério, entre tantas incertezas que as turbulências ameaçam. Contemplar os Lírios do Campo equivale a secar uma lágrima de alguém com um sorriso furtivo. Equivale a colocar fones de ouvido, como eu faço enquanto escrevo, para que as turbulências do mundo lá fora deslizem como se eu estivesse banhado por T-Flon, e me permitam raciocinar cada palavra entre um e outro acorde de violino ou pela orquestra inteira, ainda que lá fora as orquestras sejam de ruidosos caminhões, trens, aviões, obuses, tanques de guerra, ou soldados bem alimentados, que pisoteiam nos lírios dos campos, ou nas couves de senhorinhas que estejam entre suas marchas e seus alvos a serem destruídos.

Os Senhores das Guerras não dão importância para as velhinhas que plantam couves e dão milho para as galinhas. Na verdade, os Senhores das Guerras nem sabem que elas existem, pois veem apenas as terras e o que abaixo delas se oculta. Não sabem, os senhores das Guerras, que depois das guerras que os enriquecem, não haverá mais couves para saciar seus filhos, e talvem nem filhos, para que plantem couves, ou façam novas guerras. Mal sabem, os Senhores das Guerras, que já estão prontos para seu definitivo êxtase, em premer botões vermelhos e olhar de longe os cogumelos não comestíveis, cuja luz que brilha, apaga o brilho de pequeninas luzes que antes brilhavam por meio de sorrisos e olhares esperançosos. Mal sabem os Senhores das Guerras que nenhum êxtase, por mais glorioso que se mostre, estasiará o coração dos que restarem em seus bunkers, posto que o Sol que brilha lá fora não pode romper o concretos das galerias onde foram empacotados suas mulheres e filhos, para serem preservados das barbáries que eles prórpios semearam, ragaram com sua ganância, e agora colhem as tempestades que brotaram do brilho intenso da morte e destruição.

Olhai os Lírios dos Campos, e cerrai os olhos para guardar na lembrança este último olhar, para que reconheçis os lírios dos campos da Eternidade, ao novamente abrirdes seus olhos, despertados pela brisa suave da manhã perenal que dá início à segunda eternidade.

Olhai os Lírios do Campo, aqui e agora, enquanto ainda há lírios para desconstruir a imagem das legiões que pisoteiam nas couves das senhorinhas. Olhai os Lírios do olhar das crianças, do fraco andejar dos velhos, enquanto houver campos para semear. Olhai os Lírios com inocentes olhares,  enquanto com laboriosas mãos semeiam a paz à todos os campos onde os pés os levarem.

Dona Izartina, minha doce e matuta personagem estará, tenho esta crença, entre aqueles que muito em breve, caminharão sobre o chão fertilizado pelos Senhores das Guerras, eneles plantarão Couves, Ervilhas e frutas silvestres tá doces, que não deixarão que haja lembrança alguma dos amargos frutos da guerra, da saudade, e da dor. Dona Izartina caminhará entre as Maçanilhas e Lírios, pelo doce prazer de sentir o perfume e a brisa a acariciar seus cabelos, enquanto ao longe Seu Argimiro, sorridente, estende os braços e mostraos belos cachos de uvas da Árvore da Vida, que nenhum soldado bem nutrido pisará jamais, e as espadas e tanques de guerra serão transformados em tratores e arados, e os cuscos e gatos manhosos brincarão com os leões, e os bebês de colo, colocarão a mãozinha na toca da serpente, e os cordeirinhos serelepes  saltitarão com os leõezinhos e os Leopardos, bebericando a água fresca do Rio da Vida, cuja nascente emerge do meio do Trono onde reina O Altíssimo, O Redentor, Aquele que escolheu viver entre Seu Semelhante, brotado de Seu Sopro, à Sua Imagem, e semelhante perfeição.

Olhai os Lírios do Campo, com intensidade de fé. Olhai o olhar dos que apenas lírios têm nas mãos. Apenas isso.





Dona Izartina e a Terceira Guerra Mundial



Dona Izartina era viúva do Seu Argimiro, um matuto bonachão, que  se acocorava na porta do ranchinho, ao fim da tarde, depois da faina na lavourinha mirrada, e pacientemente sovava o fumo de rolo, lambia a palha, e pitava seu paiêro. 

Dia após dia, tarde, após tarde, lá estava acocorado, o Seu Argimiro, pitando seu paierinho, e ao seu lado, bombeando o céu pra módi ver se choveria ou não, na manhã seguinte, a sua fiel parceira , Dona Izartina. E entre eles, os diálogos eram simplórios, eivados de comentários econômicos, sobre o tamanho das couves, das galinhas gordas, e do chazinho de Maçanilha, que preenchia a existência daquele ranchinho de barro e palha, também chamado de Lar.

Mas, como o tempo não oferece opções, um dia, Seu Argimiro, não entardeceu mais com seu pito atrás da orelha, e foi tirar uma pestana abraçado pelo pó da terra, esperando a ressurreição, e deixando Dona Izartina sozinha, com as couves, as galinhas, e a Maçanilha florida e perfumada, do diminuto quintal, que avizinhava com a janela sem vidros, do puxadinho que servia de cozinha.

Devota, Dona Izartina começava o dia, bem no final da noite, pouco antes da madrugada, e encerrava a faina, logo além do último raio de sol, no poente que se despedia para abraçar a noite. Acordava, ela, em sua simplória, bem simplória devoção, rezava balbuciando como uma cantilena, agradecia pela noite e delicadamente, humildemente, sugeria como bênção para o dia, o pão quentinho, e   "dous gorpe de leite gordo pra módi branquear o café". "Premêro D-us", dizia, e isso feito e dito, erguia-se em etapas, como se erguem os velhos, e tocava a soprar, entre as cinzas do velho fogão de barro, o toco de pau que ainda tinha brasa, encostava uma palhinha seca, e já acesa a chama tremulante e viva, cobria com uns gravetinhos, uns paus de lenha, e em poucos instantes, a velha cambona preta começava a chiar na chapa, para preparar o café.

Enquanto a água "aquentava", dava de mão a uma cumbuca e dosava certo tanto de milho e quirera, pras galinhas e pros pintos, e "apinchava", cantarolando no terreiro, chamando as galinhas, que ao som da voz, e o tilintar da vasilha de ração, faziam estardalhaço e corriam para o lugar onde o milho caía.

O gato manhoso e magro, atento a isso, se enroscava nas pernas magras da velha, e ganhava um afago, seguido de um "tantico" de leite no pratinho de barro, ali no cantinho da porta. "Biju", um velho cusco faceiro, tremulava o rabo, balouçando as "cadeiras", indo e vindo, onde ia Dona Izartina. Dali, ao estábulo quase caindo, dar pasto à vaquinha, que a recebe com um mugido sincero e terno, um olhar que só as vaquinhas tem com seus donos, quando são bem tratadas, e a mansidão de deixar que lhes espremam cuidadosamente as tetas, para ganhar uns canecos de leite gordo, todos os dias.

Depois, já refestelados os bichos, refestelava-se também ela, com seu pão e um naco de doce, e um caneco bem cheio de café coado, com o leite gordo, e assim, refestelava-se também ela. Agora, passar a mão numa enxada, e rumar pra lavourinha, cercada de caiçara, e restos de ramos secos, que impedem a entrada dos pintos na hortinha, e carpir o inço entre as couves e outros legumes. Umas enxadadas aqui, outras ali, encerra sua ida à lavoura, fazendo do avental uma sacola improvisada, e passa a colher vagens, couves, ervilhas, tomates, favas, e uma ou outra frutinha que encontra, madura, pelo diminuto passeio entre as plantas. Volta pra casa, larga as verduras numa bacia com água, para serem lavadas depois, e vai para o quartinho, separado da cozinha por um vazio, e protegido por um pano velho, parecendo ser uma cortina. Mexe as palhas do colchão, areja os trapos e os estende na soleira da janela, e volta para a cozinha, para começar a preparar o almoço. Depois, sol a pino cozinhando o mundo, uma esticada no catre até que o calor seja amainado. Um pouco mais de lavoura, uma "barrida" no terreiro, mais milho pras galinhas, e quirera pros pintos, um resto de comida pro cusco e pro gato, as rezas da noite, e assim, dia após dia, os nós de existência de Dona Izartina, se emolduram pela vida, até que se junte ao Seu Argimiro.

E a Terceira Guerra Mundial? E as nações em rebuliço estasiadas e estupefatas pelas incertezas? E a Bolsa de Valores caindo? E as ameaças de bombas nucleares que podem destruir de uma só vez mais de quarenta mundos? E as ideologias que tiram o sono de multidões, e separam famílias, destroem amizades, engordam governantes, motivam turbulências, arrastam multidões? E a alta do Dólar? E as sanções às carnes? E o Petróleo que não para de subir? E os embates entre governos e juízes? E a certeza certeira de que a guerra vai chegar? Bem, isso todos sabem que certamente nada sabem. Há apenas a perplexidade de nada saber e tudo imaginar o pior. Mas Dona Izartina, não tem ouvido falar de nada disso. Apenas acorda, ainda noite, reza para que a chuva venha no tempo certo, as couves cresçam, a vaca dê leite, e as dores da velhice tenham o lenitivo do chazinho de "Mistruis" e Maçanilha, para que o vazio entre a tarde e o alvorecer seja breve e reconfortante. Mesmo porque, quando a guerra chegar, quando as artilharias e os soldados armados e bem nutridos passarem pisoteando as suas couves, o que pode fazer Dona Izartina, senão rezar e desejar que possa se juntar ao Seu Argimiro, para serem soprados pelo vento mundo afora, até o dia da ressurreição?




sexta-feira, 10 de março de 2023

Quando os Livros

QUANDO OS LIVROS

Quando os livros são escritos
há almas que se derramam sobre eles
como chuva copiosa sobre a terra sedenta
Quando os livros são abertos
há palavras libertas
que nem sempre são ditas
algumas de bênçãos, algumas malditas
que bem e mal dizem
a quem quiser ler
Quando os livros se fecham, fecha-se a alma
cega-se a mente
entardece a vida
fenece o pensar
Quando os livros se queimam
há um fogo que não se apaga
que não gera mais luz
e quanto mais livros se queimam
trevas se incandescem
que geram sombras
e escurecem o espírito.
As nossas pegadas


Canção da Esperança

Canção da Esperança


Letra: Pacard

Música e arranjos: Léo Santos


Quando me chegar aos poucos

meu amigo entardecer

de braços dados com o tempo

cavalgaremos lembranças

recordando as esperanças

pela alegria de viver.


Dedilhando raios do sol

nas melodias da aurora

a vida que vivo agora

viverei, assim eu quero

no raiar do alvorescer


A manhã, mulher tão bela

bela será pela tarde

no calor do sol que arde

no frescor da madrugada

minha canção embargada

como toada perdida

assim caminho eu, pela vida

pela mão eu levo memórias

cicatrizes de minha história

calejadas mãos estendidas


Amigo, foi boa a prosa

o mate já está lavado

as lembranças da esperança

são as brasas do passado

nelas crepitam faíscas

das tertúlias milongueiras

de altaneiras bravatas

das glórias que já sonhei

Diga à todos, amigo

que mesmo chorando, cantei.


Amigo, foi boa a prosa

amigo, cante comigo,

amigo fique ao meu lado

muito em breve serei passado

muito em breve serei lembrança

amigo cante comigo

esta canção da esperança.



Laodicéia é aqui - A hipocrisia que rasteja pelas igrejas

  "A igreja de Laodicéia é mencionada no livro bíblico do Apocalipse como uma das sete igrejas da Ásia Menor. Ela recebe críticas sever...