Foto Pacard*
Texto publicado em 2010, e reproduzido aqui
https://dpacard.wordpress.com/2010/04/24/debris-fragmentos/
Imagem Copilot*
DEBRIS (Fragmentos)
Pacard (24 de abril de 2010)
Às vezes, não poucas vezes
Ao dia
Me vejo no espelho quebrado num corredor por onde passo
Dividido (ou será multiplicado)
Em fragmentos vazios
De mim mesmo.
São vários eus espalhados
Num quadrado único,
Lúgubre e sereno
Me olhando de lado, querendo fugir.
São tímidos retratos que vão e vem
Me roubando os sonhos em forma de imagem
Que mostram quem eu sou
Não quem eu sempre quis ser.
Melhor não passar ali pela manhã
Nem ao fim da tarde, quando mais um dia perdido
Tenta roubar um pedaço da noite
Numa ânsia incontida
De recuperar o que não deixou que eu fosse
Em plena luz do dia.
Todos os dias eu passo de novo
Fazendo birra ao velho espelho
Com a firme crença que um dia, quem sabe
Possamos chegar num acordo
Em que deixe ele, o espelho
De ser tão formal
E mostre a si mesmo um EU diferente
Daquele que o puro reflexo da luz tenta mostrar
E que mergulhe nas sombras para se buscar
Onde talvez encontre, talvez
A si mesmo refletido em mim.
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