AD SENSE

terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

O Encolhimento mental - Pensando em Inteligência natural (enquanto ainda existe alguma)

Imagem vergonhosamente gerada por AI, apesar do autor ser Designer à moda antiga*

Eu seria hipócrita se dissesse que não estou pasmo, extasiado, ululante, diante das possibilidades de respostas quase prontas geradas pela Inteligência Artificial (é tão real, que já tem personalidade e se escreve com letras maiúsculas (aquela letra grande que começa uma frase depois de um ponto - sempre é bom lembrar certas funções antes que sejam extintas completamente), AI. Gosto muito sim, e já comecei a usar, a princípio para me divertir, e um pouco também, tenho usado o DALLE-e (IA geradora de imagens aleatoriamente surreais) para compor paisagens, que utilizo em meus desenhos, haja vista que o uso de fotografias, por mais belas que sejam, estão protegidas por Direitos Autorais, o que é justo, mesmo porque, talvez muitos não saibam, mas também os meus desenhos e ilustrações, mesmo compartilhadas por mim nas redes sociais, também estão protegidas pelas mesmas leis, e desse modo, para paisagens de fundo (eu ia dizer "background", mas deixo os jargões pras conversas mais técnicas entre colegas), obtendo o efeito que desejo, na maioria das vezes.

Mas não vim aqui para falar mal da IA, e sim,  estabelecer um paralelo entre as facilidades das tecnologias desde os primeiros avanços do conhecimento (viu só, eu poderia chamar de "Ciência", para parecer erudito), e pasme só, se pensa que eu vou meter tijolaços no saber criativo, seja artístico ou tecnológico, para defender algum ponto de vista religioso, como tal. Ledo engano! Vim exatamente fazer apologia ao uso da inteligência como ferramenta de criatividade, razão precípua da existência humana, de acordo com o relato bíblico, onde o Ser Humano, criado à imagem e semelhança de D'us, é por excelência, um co-criador, e como tal, sim, tem necessidade, oportunidade, direito, e obrigação de ser criativo.

Pois é. É agora que encontrei o primeiro hiato do caminho, porque a finalidade do conhecimento é promover a facilidade e conforto da civilização (animais domésticos estão inclusos, senão pergunte ao gato, o bicho mais dependente da tecnologia que possa existir, pois basta perceber uma fonte de calor, seja ela humana, animal, eletrodoméstica, ou solar, e lá está o pulguento esticado ou enrolado, tanto faz, gastando todas as calorias que possa gastar, e depois disso, depois de saborosas e reconfortantes lambidas, esnobar seu dono (não é "tutor", viu? Sou velho e posso falar do jeito que se falava quando eu era novo). Então, sim a tecnologia veio para produzir mais tecnologia, conforto, e outras facilidades que o mundo moderno impõe. Até mesmo artefatos para matar, dizimar, exterminar, afinal, a super população volumosa da Terra precisa ser dosada, segundo o pensamento retorcido de uns e outros, não é assim? 

Mas vou deixar os artefatos da dor de lado, e tratar do conforto. Da fdacilidade. Da agilidade de ação. E vou pular a parte da enxada para a colheitadeira, e vou para a tecnologia da moda: Inteligência Artificial (acho que já falei disso, eu acho).  O tal Chat GPT está formatando uma nova geração de micro-cérebros, atrofiados pela falta de uso (explico: Cérebro é aquilo que meus leitores usam ao ultrapassarem a barreira da quarta linha, sem pular parágrafos, pra saber o que eu quis dizer, lá no final, e que por não entenderem nada, são obrigados a respirar fundo e retornar ao início e ler com calma, linha por linha, para acompanharem meu reciocínio textual (alguns conseguem. Eu, nem sempre). E vou confessar: eu faço isso por puro sadismo, uma técnica que utilizo na minha academia virtual para fortalecimento da mente de quem consegue chegar ao final e ainda resolve ver se eu não fui incoerente aqui e ali, e nesse vai-e-vem de leitura maçante (eu tenho que admitir), exercita a parte crítica da massa cinzenta estacionada entre uma e outra orelha, me dessa forma, mantem a mente pulsante, descarregando sinapses, e obrigando o coração a acelerar no bombeamento de sangue, e claro, sangue que sai do coração, alimenta e oxigena o cérebro, mas antes disso, já encheu o bandulho de trilhões de outras células, obrigando-as a perceberem que ainda estão vivas.

A IA está vindo para atrofiar o que resta de mentes, antes brilhantes, hoje apenas pulsantes, que esperam dos dedos a dedilharem teclados (no caso de celular, apenas dois polegares dão conta) e que digitam duas ou três palavras, e recebem um discurso tão erudtido quanto eruditos eram os discursos de Cícero, Anaximandro e Quintvs Hortensivs, seu rival na erudição e retórica.

Está chegando a IA para ensinar seus filhos a acelerarem as tarefas escolares, e se não houver um despertar dos educadores, muito em breve, os robôs entregarão os trabalhos escritos à mão em papel Almaço, que porventura tenham solicitado, imaginando que com isso obrigariam os alunos a voltarem a descobrir para que servem os dedos. 

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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Por que gastais naquilo que não é pão? - O Desperdício dos Alimentos


 

Diante do artigo anterior, sobre a Shemitá, uma leitora comentou comigo que infelizmente é necessário este volume de produção, por causa do excesso de população. Eu sou levado a concordar com a elitora, mas essa observação provocou a segunda parte desse tema, que trata exatamente sobre o desperdício de alimentos no mundo, e começo o assunto com uma citação bíblica que diz:

"Venham, todos vocês que estão com sede, venham às águas; e, vocês que não possuem dinheiro algum, venham, comprem e comam! Venham, comprem vinho e leite sem dinheiro e sem custo. Por que gastar dinheiro naquilo que não é pão e o seu trabalho árduo naquilo que não satisfaz? Escutem, escutem-me, e comam o que é bom, e a alma de vocês se deliciará na mais fina refeição." Isaías 55:1,2

Quando ainda morava em Gramado, minha loja ficava ao lado de um restaurante, e ao que eu percebia, não era o restaurante mais movimentado. Cerca de suas vezes por semana, passava um homem com um reboque cheio de tonéis, e recolhia os restos dos alimentos que retornavam das mesas. Por estar quase sempre desocupado, pela falta de movimento na minha loja, tive o "capricho" de calcular, pelo volume de latões que ele recolhia, qual seria o volume semanal, mensal, e anual. Multipliquei essa quantia pela média de restaurantes que havia na época, e, embora eu não lembre mais do cálculo feito, posso recordar que eram algumas centenas de toneladas mensais, milhares ao ano. Acredito que a porcada era bem gorda. Não sei. nunca fui ver. Mas, independente se eram alimentados os porcos, ou jogados nos aterros sanitários, e mais tarde, composteiras, o volume de alimentos que sobra nas mesas (apenas dos restaurantes, pois em casa, há sempre um modo de reaproveitar as sobras para um "Restô donté"). Assustador. Mas até aqui, trabalhei no achismo. Fui aos números, e foram, digamos, aterradores.

O desperdício alimentar é um problema global que afeta tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), cerca de um terço de todos os alimentos produzidos no mundo para consumo humano é perdido ou desperdiçado a cada ano. Isso representa cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos que são jogados fora ou perdidos a cada ano.

No Brasil, o desperdício de alimentos também é uma questão importante. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), cerca de 40% de toda a produção agrícola do país é perdida antes mesmo de chegar ao consumidor final. Isso ocorre devido a fatores como falta de infraestrutura adequada de armazenamento e transporte, bem como o descarte de alimentos que não atendem aos padrões de qualidade estabelecidos pelos varejistas.

Além disso, dados do IBGE mostram que cerca de 19 milhões de brasileiros ainda passam fome no país, o que torna o desperdício de alimentos ainda mais preocupante.

Algumas outras estatísticas relevantes incluem:

Segundo a FAO, a maioria do desperdício alimentar no mundo ocorre nas fases de produção, pós-colheita e processamento (54%), enquanto a porção restante ocorre durante a distribuição e consumo (46%).

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o desperdício de alimentos é responsável por cerca de 8% das emissões globais de gases de efeito estufa.

No Brasil, estima-se que o desperdício de alimentos cause prejuízos anuais de cerca de R$ 22 bilhões, segundo o Instituto Akatu. No mundo, estima-se que sejam 750 Bilhões de Dólares por ano.

Ainda de acordo com o IBGE, cerca de 30% dos alimentos comprados pelas famílias brasileiras acabam sendo desperdiçados.

Assim, não se trata apenas de falta de alimentos, que justifique o esgotamento da terra, mas de educação alimentar, para que sobre a produção, ainda que fosse aplicada a Shemitá, independente do caráter religioso que se origina.

Lamentavelmente só vemos programas de reeducação alimentar e aproveitamento total dos alimentos, por grupos alternativos, veganos, naturalistas, e em muitos casos, os ensinamentos são confundidos com doutrinação ideológica ou religiosa, o que atrapalha os programas neutros, mas focados em consciência alimentar sem fanatismo ou proselitismo.




Shemitá (Descanso sabático da terra) e as três safras anuais - A Terra que geme e chora


A Lei bíblica de Shemitá é uma prática antiga judaica que envolve deixar a terra descansar por um ano a cada sete anos. Durante o ano sabático, os agricultores não plantavam, colhiam ou realizavam trabalho agrícola significativo na terra, permitindo que ela se regenerasse e se revitalizasse.

Hoje em dia, a produção agrícola moderna é muito diferente da época em que a Lei de Shemitá foi escrita. Os agricultores geralmente tentam maximizar a produção, plantando e colhendo várias safras por ano. Isso é possível graças a técnicas modernas de agricultura, como irrigação e fertilização, que permitem que a terra seja cultivada continuamente.

Embora a Lei de Shemitá não seja amplamente praticada fora das comunidades judaicas ortodoxas, a ideia de deixar a terra descansar tem ressurgido como um tópico importante de discussão na agricultura moderna. Agricultores e pesquisadores têm explorado a ideia de que deixar a terra descansar por um período pode ser benéfico para a saúde do solo e para a qualidade dos alimentos produzidos.

Alguns agricultores adotaram práticas agrícolas que refletem a ideia de deixar a terra descansar, como alternar culturas, permitindo que a terra descanse por um ano entre as safras. Isso pode ajudar a melhorar a saúde do solo e reduzir a necessidade de fertilizantes químicos.

Em resumo, embora a produção moderna de várias safras por ano não se encaixe na prática antiga da Lei de Shemitá, a ideia de deixar a terra descansar e permitir que ela se regenere continua a ser relevante para os agricultores e pesquisadores que estão procurando maneiras de cultivar alimentos de forma mais sustentável.

A palavra Shemitá, significa "remissão, liberação", porque a terra fica literalmente liberada, descansando, por um ano, para que possa produzir, com qualidade, durante os seis anos seguintes.

A ordem para a Shemitá era seguida da repetição da Lei do Sábado, do descanso semanal, embora a tradução original de Sábado, não seja "descanso", como imagina o conceito popular, mas "fazer cessar", o que na prática, equivale ao mesmo, no que diz respeito ao Ser Humano, assim como também a terra e seus benefícios.

Bem verdade é que o Ser Humano foi criado à imagem e semelhança de D'us, isto é, dotado de capacidade criativa, e esta é a principal atividade que deve ser evitada no sábado, segundo o entendimento bíblico, isto é, neste dia, não sejamos criativos, e sim, contemplativos, e então, natural seria que não houvesse limites para tal capacidade, e então, produzir três safras por ano, como noticiam os órgãos governamentais, poderia ser visto como um aprimoramento desta capacidade criativa, e é mesmo. Porém, o problema não estar em ser apenas criativo, e O Criador sabia disso, ao criar Seu Semelhante, e então, estabeleceu limites para uso desta capacidade. Assim, criou normas de conduta, que estabeleçam harmonia entre o Ser Humano com seu semelhante, com os animais, com a terra, e com a Natureza em si. Assim, estabeleceu um dia especial para que cesse de criar, "esfrie a cabeça", contemple o que já foi criado, por si mesmo e pelo Criador. Estabeleceu ainda normas que determinem a melhor forma de amar, começando pela honra, pelo respeito, pelo reconhecimento dos limites entre o que pode fazer e o que deve fazer, mas também o que  pode, mas não deve fazer, para que haja equilíbrio entre os seres criados.

Quando vejo que estão exaurindo a Terra, como já dizia Paulo, apóstolo: "Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto" (Romanos 8:22), sou levado a somar à estas distorções, as quebras ainda mais graves das Ordenanças, como o excesso de produção, de um lado, e a má distribuição, de outro. O abuso alimentar nos países ricos, e a fome e miséria, no mundo esquecidos dos lugares, onde  o terror se torna o cotidiano dos povos. Quando vejo gastos de dois trilhões de Euros alimentando a guerra (ou acham que alguém não tem que pagar isso aos fabricantes?), e necessário que o façam, eu reconheço, para frear uma nação que, em lugar de somar conhecimento e recursos para alimentar os povos, deu-se ao delírio de destruir outra que possui o mais rico solo do mundo para produção de alimentos. Quando vejo nos noticiários as bolsas de valores dançando com bilhões e bilhões de muitos dinheiros, ao mesmo tempo em que vejo os governos estendendo migalhas aos menos favorecidos, para mantê-los sob o cárcere da dependência econômica, garantindo que o mínimo alimentar seja mesmo o mínimo dos mínimos, em lugar de proporcionarem políticas socio-econômicas que motivem os ricos a enriquecerem também os pobres, e não estou falando em dividir o que possuem, mas em promover oportunidades para que todos possam ganhar. 

Imagino um mundo em que Educação, Saúde, Segurança, não sejam apenas obrigação do Estado, mas privilégio e responsabilidade de todos. Imagino um tempo perdido em um espaço imaginário e sonhador, onde os que plantam e colhem, sejam os mesmos que repartem e saciem.

Uma particularidade da Shemitá era a obrigação de que nesse ano sabático, a colheita deveria ser inteiramente doada aos pobres. O versículo bíblico que menciona a doação da colheita aos pobres durante o ano sabático, ou shemitá, é encontrado em Deuteronômio 15:1-2, que diz:

"No fim de cada sete anos, você deve cancelar as dívidas. Esta é a forma de fazer o cancelamento: todo credor deve perdoar a dívida que seu próximo contraiu; não deve exigir pagamento do seu próximo ou do seu irmão, porque o cancelamento em honra do Senhor foi proclamado. Vocês poderão exigir pagamento do estrangeiro, mas deverão perdoar o que o seu irmão lhe deve".

Nesse contexto, a doação da colheita aos pobres é mencionada como uma das formas de cancelamento de dívidas, onde o agricultor é instruído a deixar que os necessitados colham os frutos de sua terra durante o ano sabático. Isso mostra a preocupação com a justiça social e a ajuda aos menos favorecidos presentes na lei bíblica.

Agora, pense comigo, se apenas, apenas, repito, cumpríssemos os Mandamentos de D'us, ainda que seja para que prosperemos, em lugar de ficarmos debatendo se são ou não válidos nos dias em que vivemos? Pense que em lugar de três colheitas ao ano, ainda que tivéssemos apenas uma, mas sem pestes, sem enxurradas, sem gafanhotos, sem seca e com chuva no tempo e na quantidade certa, se um sétimo da produção fosse destinada aos pobres do mundo, em lugar de abarrotar celeiros, à espera de preços melhores, não teríamos um mundo mais aceitável, mais aprazível, menos humano e mais divino?

A Terra que geme e chora com dores de parto é a mesma que será renovada muito em breve, graças ao acelerado de desobediência e crescimento da impiedade, em contraste com a esperança daqueles que esperam uma Redenção da terra e da Vida, não por mãos e vontade humanas, posto que estas apenas alimentam exércitos, mas pela vontade e ação do Messias, que não é cego, surdo, e apenas parece estar calado agora, porque já disse o que precisava ser dito há muito tempo atrás. É só ler o que está na Bíblia. Está tudo lá.







quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Turismo e Hospitalidade - Onde está o paradoxo? (Tema sugerido por leitor)


Imagem de internet*

Já deve ter percebido, o leitor que tem acompanhado minhas recentes postagens acerca da natureza do turismo, e deve ter percebido também, que não estou focando em opinar sobre os recursos oferecidos, tais como parques, natureza, restaurantes, hotéis, ou o que quer que sejam os atrativos deste mercado, mas fundamentalmente no comportamento, tanto dos anfitriões, quanto dos visitantes (claro que meus leitores são, na maioria, formadores de opinião do mundo receptivo, e bem menos turistas, no geral, até porque não tenho tantos "seguidores" , e eu odeio esta palavra, soa pretensiosa, aos quais denomino "amigos", pois assim soa melhor, o que de fato são, e sendo bem, mas bem sincero, não tenho interesse em multidões vazias, antes, escolho a dedo a quem envio meus links, porquanto considero o peso das opiniões de quem também raciocina, ainda que no contradito), e como minha atenção se direciona a quem esteja no centro das atenções do turismo, é com pessoas que eu falo, olhando nos olhos, e com um vigoroso abraço (agora já pode, eu acho, nada de soquinhos e cotoveladas preventivas).

E como devoto da sabedoria de minha saudosa avó, senhora Maria Elisa, tenho em meu DNA o grande ensinamento que ela me deixou, na prática, e na teoria, na essência, acima de tudo: A hospitalidade! Ser hospitaleiro não é um ato de etiqueta social, mas um Mandamento divino, uma ordenança bíblica, uma condição "sine qua non" (indispensável) para a harmonia da vida humana, para a coexistência e boa relação entre as pessoas. Não é só um modo elegante de comportamento, mas um aprendizado de generosidade, de bondade, de empatia. O anfitrião é alguém que coloca-se no lugar do outro, percebe suas incertezas por estar em ambiente estranho, para que não se sinta hostil nem hostilizado pela estranheza territorial.

Para quem aprecisa o estudo da cultura judaica, e mesmo das histórias relacionadas ao comportamento de Jesus, perceberá que a hopitalidade é uma atitude contida dentro do DNA do Ser Humano, desde a criação, quando diz o autor do livro de Gênesis, que D'us "soprou as narinas do Homem", é importante compreender um pouco do texto hebraico que de forma metafórica, e ao mesmo tempo,física, une a ação espiritual com a material, porque Ser Humano (Homem), é ADAM, da mesma raiz de DAM,, que se encontra entre DAM e ADAMÁ (terra), então ADAM é a ligação do Ser Espiritual com a terra, que o abriga. Começa aqui a hospitalidade. A primeira das sete palavras hebraicas que inicia o Gênesis, é "Bereshit" (Bereshit é também o nome do livro em hebraico), que começa com a letra, ou símbolo BET, que é a tradução hebraica de CASA. Assim, "A Casa recebe o Espírito e nasce o Ser Humano". Neste formato fica mais tangível a compreensão que a primeira demonstração de afeto entre pessoas é a hospitalidade. Isso não começo no balcão de recepção do hotel, nem na porta do restaurante, ou no balcão de chek-in da companhia aérea, ou no taxista (agora também de aplicativo) que abre a porta para o passageiro. A hospitalidade começa no relacionamento entre empregador e empregado, entre colegas de trabalho, entre amigos, e até na civilidade entre desafetos. Até mesmo na guerra, um adversário entende que o outro quer negociar uma trégua, quando uma bandeira ou um lenço branco está estendido, e um, e outro, empunhando seus lenços, cedem à contenda enquanto se encontram num gesto de respeito e vontade mútua. Um avança em direção ao outro, e ambos se encontram no meio do caminho, no campo neutro da contenda, e ali conversam. Este ponto no meio do caminho é o ponto de equilíbrio da hospitalidade. É o lugar onde anfitrião e visitante ajustam suas condutas de convivência, e a estadia segue prazeirosa, a um e outro.

A hospitalidade vai além de dar boas vindas e curvar-se em reverência ao que chega, que em certos casos, não passa de salamaleques desnecessários e até caricatos, porque percebe-se nitidamente que quem o faz, esteja externando de forma repetitiva aquilo que aprende na cartilha de boas maneiras da empresa, ou o mantra que decorou nos encontros motivacionais de adestramento que é obrigado a comparecer, em nome da manutenção do emprego.

A boa hospitalidade compreende em primeiro lugar, a empatia de um e de outro: anfitrião e visitante! Não basta que o pobre anfitrião se desdobre em lamber o chão do arrogante visitante, sem que o visitante seja igualmente cordato, educado, gentil, cortês, e sobretudo, humano, no sentido do melhor da humanidade, porque também são humanos os que cometem atrocidades, que fique claro isso.

Porém, considerando que nem sempre o melhor visitante seja ao mesmo tempo a pessoa mais educada, como permanecer cordial e hospitaleiro, considerando que também o convidado possa estar chegando em busca de repouso, justamente para fugir do estresse da rotina nas grandes cidades, que talvez não queira investir os breves minutos que o separam de um banho relaxante, uma cama macia, e o que de bom houver em sequência, em lugar de sujeitar-se a uma bajulação protocolar entre o espeço de tempo em que desce do carro e preenche a finha de hóspedes, que por sinal, é algo absolutamente entediante, desnecessário, e prosaico, porque com os mecanismos atuais de pagamento, automaticamente o CPF da pessoa levantará, se necessára ação policial se fizer necessária, o histórico do hóspede (isso em caso de hotéis), e economiza até boa dose de mentiras, uma vez que ninguém confere o que foi escrito nas fichas. e nunca vi um policial solicitando as fichas para localizar fugitivos ou desvendar crimes, para seguir uma lei que foi promulgada desde que foi sancionada em 2018, sendo integrada à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), cujo castigo aplicado a quem tiver a estúpida ideia de espiar pela fechadura durante o banho do visitante (ou compartilhar os dados das fichas), pode chegar até 50 milhões de Reais, valor justo e razoável para quem obriga o hóspede a mostrar sua intimidade logo na chegada. Natural que a letra seja um garrancho, em muitos casos, e natural que hajam incorreções nos dados. Mas, isso ultrapassa a hospitalidade, porque tem a vara de marmelo da Lei chicoteando anfitrião e visitante, contra a vontade de ambos. Importante saber que não sou contra a Lei, e a cumpro com "rigor mortis" do meu livre arbítrio. Apenas não gosto dela.

Hospitalidade, como falei, vai além do hotel, do restaurante, da loja. Hospitalidade, também repito, é uma via de duas mãos, onde devolver a empatia é obrigação de quem a recebe. Compreender, por parte do visitante, que o anfitrião, é uma pessoa que tem família, adoece, cansa, tem contas a pagar, nem sempre recebe o suficiente, e precisa dividir-se em outras atividades que complementem a renda familiar, e que o sorriso que se exige dele, pode ocultar um choro invisível. Poucos tem a empatia de perceber que um atendimento carrancudo, indesejável, pode ocultar um filho enfermo em casa, um relacionamento desfeito, uma agressão recebida até mesmo por um colega, um chefe mal humorado, uma frustração, e sim, é claro que problemas devem ser deixados em casa, e o visitante tem direito à total atenção e simpatia por parte de quem o atende. Porém, como mencionei, que mesmo com um atendimento perfeito, protocolar, quem tem na generosidade, na empatia, na hospitalidade recíproca, a capacidade de perceber um olhar distante, e um deslize involuntário no atendimento, um esquecimento, um erro de pronome, ou outro qualquer.

Hospitalidade é uma mercadoria que sempre deve valer mais do aquilo que se paga por ela. Deve devolver mais do que aqulo que se deveria entregar, pois quem trabalha só pelo que ganha, ganha muito, e não merece o que ganha. A hospitalidade é a ética envelopada em atendimento, que percebe que a empresa é a árvore que produz frutos, onde um e outro, visitante e colaborador anfritrião, são beneficiários, contanto que seja cuidada, regada, nutrida, e receba o sol, que nasce para todos, mas brilha ainda mais onde não se interponha entre seu brilho e aquele que provará seu calor. Quem rouba a sombra alheia, não é bom anfitrião. Não é bom cidadão. Não faz jus à categoria de pessoa de bem.

Ser hospitaleiro não é dividir o pão e o teto. É permitir que haja pão sempre que houver necessitado para receber. Ser hospitaleiro é ser previdente, e estar preparado para, a qualquer tempo, amparar a viúva, o órfão, o necessitado, o amigo em dificuldades, o trabalhador que espera por oportunidade, a autoridade que não precisa ser acionada, senão a fazer fluir suas obrigações de rotina. Hospitalidade é honrar e respeitar as autoridades constituídas, ainda que não sejam de nosso agrado. Hospitalidade é ser honrado enquanto cidadãopelas mesmas autoridades, para que a bandeira branca tremulhe permanentemente no terreno neutro e produtivo.

Isso vale para o turismo. isso vale para a vida. Isso vale para abrir as portas da Eternidade.





quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

A Utopia do modelo ideal de turismo - Cidades pequenas em busca de identidade



O grande erro do sucesso é copiar o que os outros fizeram. O grande segredo do sucesso: inspirar-se em quem alcançou o sucesso! 

Parace um paradoxo, mas pode não ser, uma vez que a diferença entre o remédio e o veneno, é a dose, conforme dizia Hipócrates, o "Pai da Medicina", nada mais favorável para um gestor público que vê no turismo, um potencial de crescimento para sua pacata, até pachorrenta comunidade, seguir estas duas lógicas.  

Que mal há em contemplar aquela cachoeira e o cintilante riacho que serpenteia as colinas até a queda se derramando em um manto de noiva (talvez por isso, muitas cachoeiras são assim denominadas: "Véu de Noiva"? Ou aquela capelinha onde devotos peregrinam em busca de um milagre, segunda a sua fé? Ou ainda aquele grupo de senhoras que tem habilidade criativa e produz bonequinhas de palha de milho? Ou tecer redes em teares caseiros? Ou os entalhadores que escavam efígies em velhos troncos? Não seriam estes motes capazes de serem notabilizados em pontos de visitação, despertar o empreendedorismo local? Fazer crescer as quermesses e festas comemorativas da colheita ou produção de frutos notáveis da região? Por que não chamar visitantes para ampliar os ganhos das barracas de confeitos e produtos locais? Seria inoportuno desejar que sua população recebesse as benesses de suas habilidades e talentos? Claro que não! Mas, estarei sendo incoerente com o que já escrevi até aqui, sobre os riscos do crescimento desmedido, do inchaço expansivo acelerado pela ganância? 

Não! Não estou sendo incoerente, e justifico. O que eu chamo à reflexão, não é o turismo como fator de desenvolvimento, mas o turismo predador, como elemento de hiper crescimento desenfreado, que desumaniza e esmaece a identidade local e regional. O que trago ao debate é aquele turismo onde apenas o ingrediente econômico seja a razão de sua existência, e não aquele primeiro turismo que menciono no primeiro ensaio desta série, em que o segredo está na qualidade dos produtos, na originalidade do que é oferecido (mencionei queijos, vinhos, gastronomia original, artesanato, etc), que pode ser estabelecido enquanto ainda se pensa em implementar um plano de turismo em cada cidade pequena, porque pode ser devidamente estudado, podem ser vistos os desconfortos causados pelo turismo e crescimento descontrolado, e pode ser contido ainda na base. 

Um município que deseja iniciar seu projeto de turismo, não apenas deve refletir, junto de seus munícipes, sobre os prós e contras de cada projeto, de cada modificação estrutural viária, ou edificações de infraestrutura, sem que primeiro se conheça o comportamento da própria população face à presente de corpo estranho ao meio, porque o turista é exatamente isso, quando não há uma definição de espaços e permissões: um corpo estranho que pode causar reações internas e um, e outro, acabam por se estranhando pelo despreparo, tanto do habitante local, que vê-se de um momento a outro com sua intimidade invadida, e do turista, acostumado a viajar, que imagina encontra as mesmas regalias que encontra em polos estabelecidos, estranhando e criticando como de má qualidade a pousada que tem um lavatório no quarto e banheiro coletivo, ou que o café da manhã é servido individualmente, em lugar de buffet, coisas desse tipo, normais em um lugar, vulgares em outros, sem levar em consideração que o lugar possa estar apenas iniciando seus pequenos passos no atendimento, de um destino recém descoberto, na pura intenção de bem servir ao visitante, que reclama do atendente que nbão é bilíngue, ou algo assim. Claro que para ilustrar eu cometo alguns exageros, mas é mais ou menos essa a situação do principiante, seja no turismo, seja no desenho, como eu, que quando comecei, meus traços eram horripilantes, e hoje, com experiencia, são apenas feios.

O gestor público que tiver a coragem, quase ousadia, de reunir a população, diante da intenção de realizar um projeto dessa natureza, e não apenas desenhar as belezas, mas expor os riscos, e souber negociar o ponto de equilíbrio entre um e e outro, estará dimensionando um crescimento saudável a longo prazo. Iniciará com um levantamento de potencial de fornecimento de insumos e acomodações; mapeará as carências manufatureiras, e motivará a implantação destas, antes mesmo de colocar a primeira placa de boas vindas. Deixará aquele belo projeto de pórtico para o final do check list, e capacitará todos os envolvidos para que seja fechado o ciclo do bom atendimento, da boa gestão financeira e administrativa, não relegará aos contadores a obrigação de construírem modelos gestores eficientes e ficazes, e não deixará para seus marqueteiros a tarefa de "lotar a cidade", antes de garantir que a lotação seja equilibrada, e não se confunda "lotar" com "abarrotar". De tudo isso tenho modelos já conhecidos. Tudo isso já vi acontecer em pequenas e até grandes cidades. Já vi lugares estampando capas das maiores revistas da época, como modelos e desejo de consumo, se transformarem em bolsões esparramados de pobreza em suas periferias.

Antes de votar um Plano Diretor para o urbanismo do município, o município desejoso de tornar-se um ícone turístico, deve preocupar-se em como essa transformação se dará em cada cidadão, em cada criança, em cada família. Família, criança, cidadãos, em segundo lugar, pois o primeiro, sempre é de D'us.




Como nasce o turismo nas cidades pequenas - O modelo das abelhas



Ilustração: Pacard

Quem lê o título do ensaio até pensa que eu entendo alguma coisa de turismo. Até parece! Sou apenas um palpiteiro que observa as coisas e consegue tirar a película dourada do marketing, e enxergar o que acontece atrás da cortina de voal que doura o turismo como a salvação econômica de pequenos municípios. Parece que passou um vento de soluções mágicas e soprou sobre os gestores de cidades pequenas, que a melhor forma de passar a existir no mapa, é pulverizando purpurina e mel, para atrair, pelo brilho, as mariposas, e pelo perfume, as abelhas. Ilustro aqui, as mariposas, como a parte nociva do turismo, esta que ninguém ousa comentar, e chamo de abelhas, aquele turismo que faz crescer, traz oportunidades, fortalece a economia e a cultura, mas sempre lembrando que abelhas tem ferrões, e aqui  estou falando das abelhas importadas, aquelas que fazem dodói quando espetam o traseirinho nas pessoas e animais, porque existem as nativas, e sim, estas tem um grande espaço na minha reflexão.

Nenhum lugar nasce do turismo em si. Em geral, são pequenas vilas, ou municípios, que possuem algum atrativo especial, seja natural, ou  específico (um santuário, uma igreja, um palácio abandonado, um lugar histórico, e assim por diante), que começam a receber visitas de curiosos ou devotos, em que, em determinado momento, um morador local percebe a necessidade dos visitantes em se alimentarem, e a oportuindade de ganhar algum dinheiro extra, oferecendo refeições, lanches rápidos, e começa por oferecer alguma especialidade local, um tipo de biscoito, de comida caseira, algo se seu consumo familiar tradicional. Uma vez que haja relativo conforto para a visitação, os visitantes começam a indicar o lugar, e mesmo retornarem, trazendo outras pessoas, e o negócio crescem para os locais, uma vez que o vizinho do dono da barraquinha percebeu a oportunidade, e abriu uma em frente à sua casa, oferecendo outras variedades de lanches, agregando potes de conservas, geléias, doces, empregados no lanche consumido, e o negócio prospera. Ao longo dos anos, o lugar já está referido em mapas regionais com opção de lazer, e já faz parte da economia local. A prefeitura melhora as ruas de acesso ao local, e com ruas melhores, novas tendas e lojinhas vão se instalando pelo trajeto, que agora já é chamado de "Ponto", e os pontos se valorizam, os preços sobem, as tendas se transformam em lojas, novas salas na frente das casas (vejam o artigo onde comento isso, a troca da casa pela loja), as ruas são asfaltadas, recebem calçadas para pedestres, iluminação de qualidade, nos fundos da casa alguns instalam pequenas oficinas, marcenarias, espaços de produção de artesanato local, retirado das habilidades ancestrais, que são aprecisadas pelos visitantes, e ao largo do tempo, o pequeno local de visitação pitoresca, com uma barraquinha de lanches ao lado, torna-se um polo de produção e comercialização de produtos, inicialmente artesanais, mas com a demanda acelerada, passam a terceirizar a produção para atender às vendas.

Ocorre que o terceirizado, ainda que não tenha nenhuma relação com o local de origem, percebe que seus lucros estão escorregando para as mãos do intermediário, e eles próprios, os terceirizados, começam a produzir suas próprias marcas, e abrem lojas no mesmo trajeto onde se encontram seus antigos clientes, e também crescem. Este intenso crescimento, desperta a atenção de visitantes, que não são apenas turistas, mas potenciais investidores à procura de novos nichos para ganharem dinheiro, e um lugarejo florescente, mas ainda empírico, necessita de visão estratégica, de especialistas, para potencializarem o crescimento, de estabelecerem marcas próprias, e expandirem as vendas. Necessitam de "griffes", mas no frigir dos ovos, os autóctones nem sabem o que é uma "griffe", e quando sabem, não tem a menor ideia de como tornar isso um grande empreendimento, não apenas "griffes", mas franquias, e isso precisa de dinheiro, muito dinheiro, e os lucros contados da pequena loja, ainda que abarrotada de compradores, não garante investimentos que cubram o "timming" de retorno de uma rede de franquias, de fixação de marca no mercado, e de expansão sem inchaço, com gestão adequada, para que tudo flua. E a cidade cresce, e não apenas a cidade, mas os municípios vizinhos, que dão acesso entre a capital àquele lugar, percebem o alto tráfego de veículos, passando diante de suas portas, fazendo barulho e poeira, trazendo perigos para as ruas, e percebem que gente passando na frente de casa é tudo o que os marqueteiros mais gostam, para ali instalarem as lojas de seus clientes. E agora não há mais um ponto de atração apenas, pois alguém descobre que a velha Tafona de mandioca, o velho moinho com roda d'água desativado dos avós, podem ser transformados em atrativos, e à volta deles, lojas, venda de produtos, a Tafona e o Moinho são reformados, estilizados, e voltam a moer farinhas, que são vendidas a preços dez vezes acima de mercado, porque não são apenas farinhas, são souvenirs. E quando não houver mais Tafonas e Moinhos originais, constroem-se novas Tafonas e Moinhos, como se antigos fossem, e novos atrativos são criados. E por que não juntar uma serie de atrativos que estavam guardados nas lembranças dos antigos, em um belo parque temático? E por que não canalizar e proteger a velha bica d'água e engarrafar o líquido, e vendê-lo como medicinal, milagroso, desejável?

São as flores que trazem as abelhas, mas junto das flores, que encantam durante o dia, por que não também fazê-las encantar á noite? E os jardins e parques são iluminados para que as flores não deixem de ser admiradas. Porém (ah, aquele estúpido porém, sempre no caminho), luzes atraem mariposas, que põem ovos e nascem larvas, e larvas comem flores e plantas, então é preciso eliminá-las, e não há pássaros suficientes para comer as mariposas, porque estas gostam das luzes da noite, enquanto os pássaros se refuciam para seu natural repouso. Então, chegam os recursos humanos, isto é, os meios de eliminação de pragas, os venenos, que envenenam as águas, as mesmas águas já poluídas pelo esgoto dos hotéis e restaurantes que surgiram pela demanda de acomodações, e o esgoto devolvido aos rios, ainda que com paliativos de tratamento pelo caminho, não dá conta de purificar a água, e a mesma água, antes pura da bica, onde todos bebiam na concha da mão, agora está contaminada, o lençol freático não deu conta de filtrar as impurezas, porque seu volume continua sendo o mesmo de antes, mas o que foi despejado nele se multiplicou.

E para matar as larvas das mariposas, morrem também as larvas das borboletas, e morrem também as abelhas, que antes polinizavam as lavouras, os pomares, e agora, as lavouras e os pomares não tem mais razão de existirem, pois não há mais braços fortes dos jovens agricultores, que descobriram nas facilidades e comodidades de servirem aos turistas, um modo muito mais eficiente e eficaz de prosperarem financeiramente, porque ganham em um mês de trabalho nos hotéis, fábricas, e restauramtes, o que ganhavam em um ano de lavoura, isso tudo sem intempéries que lavam a terra e levam as plantas, sem o excessivo frio que mata os brotos, sem o tórrido calor que seca o chão e faz sucumbir a colheita.

Ainda assim, como um trem descarrilhado, o turismo, já agora, predador e não mais provedor, atrai mais investidores, que abarrotam as estradas com caminhões carregados de cimento e ferro, para construírem novos edifícios, pois não há mais terrenos disponíveis no núcleo principal da cidade, e o céu começa a ser invadido pelas garras dos arranha-céus, que  rasgam as nuvens, e roubam o sol dos parques e jardins, das praias, e rios, das varandas onde sentavam-se as famílias ao entardecer, para contar e ouvir histórias, rezarem juntas, e comerem os biscoitos que as velhas avós sempre tinham guardados em potes de vidro decorado por paninhos bordados.
Não há mais entardecer, nem se sabe mais a diferença entre dia e noite por causa das luzes que devolvem o dia até altas horas daquilo que só é noite do lado de fora do lugar. E os pássaros, que dormiam ao pôr do sol, e acordavam aos primeiros raios do alvorescer, agora cantam no meio da noite, dormem nas soleiras das janelas, e catam migalhas nas latas do lixo despejado, das sobras dos restaurantes, e fazem isso antes que os criadores de porcos passem com suas carrocinhas abarrotadas de latões, recolhendo os lucros da fazendas clandestinas, as mesmas que também abastecem os restaurantes de ondem recolhem as sobras da glutonaria comensal de seus visitantes lucrativos.


Esta é uma elucubração de ficção. Não conheço nenhum lugar assim*




terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Pessoas Criativas e pessoas Repulsivas - O tipo de "sucesso" que as define

Arte: Biluca Bimbão, O Sapo que queria voar - Pacard, 2014

Inovação é um conjunto de temperos que dão sabor ao sucesso. Inovar e criar não são atos solitários, mas solidários. 

Dirão meus detratores em sua furiosa ânsia difamatória de minha pessoa que por escrever tais e tais reflexões, assim, de chofre, possa ser eu um despeitado e desacorsoado com a vida que levo, haja vista que por diversas ocasiões tive que ouvir o seguinte mantra:
- Paulo Cardoso (ah, como odeio quando alguém me chama pelo nome e sobrenome conjugados, pelo fato de que quando isso acontece, é porque atrás vem pancadaria, por exemplo, quando a mãe tem uma vara de marmelo, ou uma chinela na mãe, balançando, uma e outra, com olhar superior de ódio incontido e calculado e dizendo com separação das sílabas: "Pau-lo Car-do-so! Quantas ve-zes eu te..."plaft, cataplaft, paf...)te falei pra não fazer isso..." Assim, sempre que alguém me evoca pelo nome completo, e começa com um rasgado elogio de minhas pretensas virtudes artísticas e intelectuais, já tenho a certeza que, como trovoadas em sequência trarão temporal, também atrás dos elogios virão as grandiloquências muares que começam com: "Mas...!".

Isso posto, direi que sim, talvez soe como um desabafo em justiça própria, e com as próprias mãos, uma vez que dedilhografo tecla por tecla para tornar meus textos com aparência inteligível, e ora segue o proposto, segundo o preêmbulo e a chamada do ensaio: "Pessoas criativa e pessoas Repulsivas - O tipo de  "sucesso"  que as  define!"

Pessoas criativas e Pessoas repulsivas: Onde vivem, o que comem, como se reproduzem, como sobrevivem, umas, em detrimento das outras? Isso tudo e muito mais vamos tergiversar aqui neste discurso de minha lavra sobre a pequenez humana disfarçada de bem sucedida efígie nas sombras da mediocridade. Eis os fatos.

Esatava eu, certa ocasião (o fato repetiu-se muitas e muitas vezes ao longo da vida, então a resposta que hoje darei (e dei) é um coringa que se encaixa em todas as perguntas dessa natureza:
- "Paulo Cardoso! Você é inteligente, talentoso, desenha bem, é criativo, então por que não é bem sucedido?"
Carinhosamente dirijo-me aos meu interlocutor, que à ocasião em que diz isso, está confortavelmente assentado em uma cadeira  Hermann Miller, rodopiando a bunda gorda, segurando um cheque para pagamento de meus honorários, e respondo com doçura na voz, sincera (quase):

- De fato, sua pergunta é assaz pertinente (sempre falo difícil quando quero ser irônico, mordaz, cínico), pois outros perguntam o mesmo, e como bom aprendiz de judeu que sou, vou responder com outras perguntas, se me permite: O que você tem na mão? (O cheque, é a resposta). Muito bem, você se considera um idiota, um otário, um ingênuo, que seja fácil de ser enganado?
- "Nãooo!" - Responde-me de chofre!
- Muito bem, eu concordo consigo, pois você está pagando os meus honorários de um serviço ne natureza intelectual que prestei à sua empresa,e contribuí, com isso, para a manutenção dos empregos de seus colaboradores, além de prover lucro para seus investimentos, e colaborar com a vida digna que você dá à sua família; com o combustível de seu carro importado, da sua dignidade entre seus pares empresários. Estou certo?
- Corretíssimo, sim!

- Obrigado!  Então, permita-me dizer o que eu vou fazer com o dinheiro deste cheque: Vou pagar a mensalidade da escola dos meus filhos (ah, alguém leu meu artigo anterior onde eu falo que o novo rico tira os filhos de escolinha da vila para que estude em escola da nata social, e que sou incoerente por isso, certo? Errado! Meus filhos sempre estudaram em escolas pagas, por razões de logística e porque sim, a qualidade das escolinhas deixavam a desejar, assim, não deixei de apoiar uma para gastar na outra, pois vivemos em um país onde a educação e a cultura são considerados, desde os tempos coloniais, "coisa de mulherzinha", e continuo achando sim, que se o que é investido em escolas particulares, se houvesse uma condição de suporte para as escolas públicas com estes valores, não há nenhuma lei que impeça que isso seja feito, e imagine, se o Estado, o Município, tivesse que investir apenas nos salários dos professores, ou vice versa, que investisse no patrimônio, e que as parcerias com a sociedade bancasse os salários dos educadores, que maravilhosas escolas teríamos, e sim, sonhar eu posso)... Vou pagar o supermercado, as roupas, o carro,e seus impostos, vou ampliar a minha casa, investir em equipamentos de trabalho, investir um pouco com lazer, enfim, dar dignidade à minha casa, isso porque meu sucesso depende do seu, assim como o seu, depende um poudo do meu talento, que você acada de elogiar.

Quanto ao "sucesso", ou ser eu "bem sucedido",. te pergunto então: O que você entende por "bem sucedido"? Tem um carro? Eu tenho. Novo, e há muitos anos que só tenho comprado carros novos na revendedora. Tá certo, é da linha quase popular, mas tem bom desempenho e me leva onde preciso ir com dignidade. Ou então uma boa casa? Sim, tenho uma linda casa (hoje, apartamento), decorada ao gosto da minha esposa (óbvio). Três filhos educados, bons cidadãos, dignos, sendo um empresário, uma cientista em finalização de doutorado, e um profissional de computação. Sou casado há 44 anos com a mesma mulher, tenho uma fé e sou temente à D'us, viajei à todos os lugares do mundo onde eu tive vontade de ir, e sempre fui à trabalho, o que significa que tive alguma competência para ser chamado à tais lugares, jamais tive um processo judicial contra mim, portanto sou respeitador das leis, e entro pela porta da frente em todos os lugares por onde trabalhei. Tenho tudo o que preciso e nada falta à minha família. Tenho uma esposa digna, e cinco netos perfeitos, lindos, amados. Tenho, sim problemas, desafios, percalços, e isso é o que me torna criativo, me impulsiona. E uma última pergunta: E você, é bom em que mesmo?

Vou encurtar o assunto: Todos os que me fizeram esse tipo de perguntas, a despeito da situação em que se encontravam na época, estão falidos hoje.

Bem, a má notícia é que este foi o preâmbulo de minha reflexão, mas precisei dar um testemunho pessoal para justificar o fato de que sei do que estou falando. Senti na pele ao longo da carreira, o sentimento de desprezo daqueles que se julgam superiores porque sejam mais proeminentes do aquilo que eu nunca desejei ser. E sei o custo de ser criativo num mundo onde em terra de cego, quem tem um olho, cala a boca, disfarça, e sai de fininho, antes que te furem o que ainda enxerga, só por inveja. Isso mesmo! As pessoas sentem inveja daquilo que julgam nos outros, as tornarem diminuídas. 

Certa ocasião, fui pedir emprego a outro empresário, que também comprava meus projetos, e ele me respondeu que nunca iria me contratar, porque eu era mais inteligente que ele e ele jamais trabalharia com alguém que fosse mais inteligente que ele. Respondi que essa atitude provava que ele era mesmo muito mais inteligente que todos, porque só quem tem uma inteligência assustadoramente proeminente é capaz de refutar outra com tamanha franqueza. A propósito, todos os funcionários dele, o colocaram na justiça do trabalho e ele teve que encerrar as atividades. Talvez tenha ido instruir-se, não sei.

Parece que estou me gabando, mas não estou. Não preciso disso. O que estou é contando fatos que aconteceram comigo, porque isso me torna testemunha das mediocridades que assolam nosso entorno. E eu tive a dignidade de contornar estes caminhos, e tornei-me Polímata exatamente por conta dessas vicissitudes ocasionais, e conheço o lado B da página.

Publiquei, há alguns anos atrás, um livro denominado: Teoria da Criatividade, (adquira aqui em português) (adquira aqui em inglês), onde falo que nós somos cercados pela constante necessidade de inovar coisas, inovar os sonhos, inovar a vida, inovar o mundo, e só a mediocridade é capaz de frear nosso movimento nesta contínua busca dentro do desconhecido, seja ele estético, prático, físico, mental ou até mesmo espiritual. 

Eu não peço à D-s por riqueza, mas que me livre de gostar do mal, e da mediocridade.

Os criativos eram temidos pela sociedade, assim como eram também os deficientes, nas culturas antigas. Os criativos ainda são tomados como  irresponsáveis por muitas pessoas, especialmente no meio empresarial  menos esclarecido, porque são inquietos.  Há uma repulsa quase natural por aqueles que destoam do Status Quo do grupo, que se permite modelar pela vontade soberana daqueles que sentem nos criativos, rivais, que ameaçam sua autoridade diante dos demais. 

Não suportam a mesmice, são irreverentes, muitos, quase intolerantes,  e acabam por tentar mudar as coisas, só que nem sempre suas atitudes são benvindas.  Toda mudança gera responsabilidade em aderir a ela, quebrar  paradigmas, andar noutra direção. E isso pode ser o fio da navalha para  os criativos, pois quando a criatividade se choca com a mediocridade, os  resultados podem ser imprevisíveis. Cabeças rolam em grande parte das  vezes que isso acontece. Medem-se forças de convicção e assimilação. 

Se os medíocres estiverem em maioria e tiverem potencial capacidade de formação de opinião, os criadores podem preparar suas malas e buscarem outros palcos para encenarem suas tragédias. Se o contrário acontece, então, são os medíocres quem precisam se reajustar com as novas diretrizes. 

Em geral, uns poucos líderes desta rebelião ideológica são decepados do grupo e os criativos assumem a inovação. Os demais se tornam massa inerte e cumprem o estabelecido. Mas não são medíocres. São pessoas normais.  Em minha geração de pós-adolescência, anos 70, havia conceitos que norteavam a conduta social através de certas particularidades das pessoas.  O corte de cabelo, o friso na calça, chapéu, gravatinha fina, camisa engomada, óculos quadrados e abotoaduras, perfilavam um homem decente, aceitável pela sociedade. Caso este personagem fosse funcionário de um banco qualquer, de um escritório de contabilidade, um gerente de fábrica ou uma profissão qualquer relacionada à organização, produção ou governo, tornava-se um excelente “partido” para casamento, amizade ou participação na comunidade. Ao contrário disso, quem fosse  criativo em excesso, volúvel nas ideias, artista, pensador ou exercesse  qualquer profissão menos cartesiana, era considerado um sinal amarelo  para maior proximidade com pessoas “decentes”. Neste saco de gatos estava o criativo, o inventor. O Ser Criativo era uma praga social. Poderia agir, contanto que não excedesse os limites preestabelecidos, isto é, que permanecesse no mesmo emprego, que não ousasse expor seus sonhos  para não passar por louco ou que ousasse ser empreendedor sem ter suficientes  recursos que lhe garantisse continuidade e sucesso no empreendimento.  Evidente que qualquer empreendimento precisa ter planejamento,  serenidade das decisões, alguma experiência e sobretudo coragem. Mas também é necessária ousadia. Muita ousadia, caso contrário seria apenas  mais um no mercado. 

Entrar no mercado por primeiro é um risco enorme, porque não há parâmetros para estabelecer metas ou traçar paralelos de sucesso ou fracasso.  Os aviões comerciais tem suas rotas, altitudes e horários, determinados pelas torres de controle, para que não cheguem cedo demais, ou tarde demais, ou ainda em horários conflitantes com outras aeronaves, o que poderia se tornar uma catástrofe imensa, não fosse a ordem e os roteiros estabelecidos. Há um tempo para tudo, diz o sábio da antiguidade, e o tempo é o fator determinante dos resultados que se espera das atividades relacionadas com a sociedade. Este sincronismo determina a dita normalidade da sociedade, embora as variáveis também sejam interpostas com as constantes deste entrelaçado evolutivo. Se interligam criativos e executivos, tal como gordura e carne, fibras e silício e outros opostos naturais na fisiologia das espécies

Há, porém o benefício do inusitado, da surpresa, da coragem. Tantos são os empreendimentos que fracassam quantos são os que prosperam  no campo da inovação. Mas não se pode atribuir à inovação em si os méritos pelo sucesso apenas, como não se pode atribuir à mesma  inovação o demérito pelo fracasso. Inovação não é invenção barata, loucura manufaturada ou uma bolha etérea sujeira ao vento sem um leme. 

Inovação é um conjunto de temperos que dão sabor ao sucesso. Inovar e criar não são atos solitários, mas solidários. 

Concluo contando a última história de hoje.
Eu atendia uma importante indústria, com esporádicos trabalhos, e como nunca me contentei em entregar apenas a encomenda, eu oferecia soluções extras para seus produtos, ainda que não tenham sido criados por mim. Soluções práticas para evolução dos produtos. Um dia, sugeri ao cliente que contratasse minha consultoria de modo permanente. A resposta dele foi:

- "Paulinho! (Este teve a delicadeza de me chamar pelo diminutivo carinhoso que só parentes chegados e amigos fazem) Se eu te contratar, estarei criando um problema com minha equipe. Tu é muito criativo, e isso iria gerar ciumeira, e eu poderia até perder alguns funcionários!"
Curiosamente, recebi a mesma resposta de outro empresário, que tinha a mesma preocupação. Apenas não me chamou de "Paulinho", mas de "Medalhão!". Aí foi que entendi que curriculo e portfólio deve ser mostrado só a sinopse, senão não tem trabalho, e muito menos, emprego. Tudo deve ter um tamanho, uma quantidade dosada, senão o bolo desanda.
A propósito, o primeiro empresário, continua firme e forte até hoje. Soube dizer "não" com delicadeza. Sabe que "sim e não" são apenas instrumentos da caminhada, e não precisam servir de chibata para punir aqueles que ousar ser criativos.



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Turismo e Violência de Gotham - Em qual momento se deve frear o crescimento de uma cidade turística?


Imagem gerada por Inteligência Artificial Dall-e*

Ainda em sequência às reflexões sobre os efeitos do turismo sobre pequenas cidades, estas que não estão estruturadas sobre alicerces com raízes culturais, sejam gastronômicas, produtivas, ou de transformação e identidade, e de uma hora para outra (esta hora pode durar duas, três ou mais décadas), se encontram dominando o espetáculo e se tornam polos regionais, quero considerar não apenas os benefícios óbvios do crescimento econômico e social, mas também os aspectos da relação entre o indivíduo que delas fazem parte, e seu desenvolvimento humano, familiar, religioso, político, e social.

Parece complicado o assunto, como complicado também é acompanhar as transformações de uma sociedade durante o curso de uma vida, com relativa memória do  "antes" e "depois" destas transformações.

Tirando o saudosismo inerente à todo Ser Humano, aquele que transforma os tempos de antanho em paraíso, e os tempos atuais nos portais do inferno, nem tanto ao Céu, nem tanto à Terra, mas um passeio analítico pelos intrincados caminhos que transformam uma sociedade, inicialmente comunitária, em acirrada arena concorrente, ainda que tais disputas se deem de forma construtiva, isto é: "minha loja é mais linda que a sua; meus preços são melhores que dos preços do concorrente", mesmo sendo "o concorrente" o melhor amigo, parente, ou irmão, ainda assim, negócios são negócios e parente e amigo é pros dias de folga, e claro, em lugares turísticos, as folgas nunca acontecem como nos velhos tempos, sábados, domingos, e feriados, porque estes dias são os melhores momentos para faturamento, afinal, turistas não viajam durante os dias produtivos da semana, e produtivo para quem vive do turismo, são exatamente os dias, antes dedicados ao lazer, à família, aos amigos, e ao ócio prazeroso. 

O prazer agora é outro. É o tilintar do caixa (olha eu de novo aí com citações antigas), ou o cantarolar do envio de "PIX" pelo smartfone. Este sim, um prazer virtual que ocupa a virtualidade da vida, paripasso com as redes sociais, também já quase caindo em desuso, os filmes enviados por streamming, os quais servem de sonífero, junto com o Rivotril sublingual, ou na outra opção da taça de vinho, caipirinha, drink com petiscos, no happy hour, tipo onze da noite, hora em que se consegue um instante de sossego, e amortecido pelo cansaço, é acolhido pela cama corfortável que o sucesso econômico da loja e seu polpudo faturamento nos proporciona (esse "nos" é metáfora, viu).

Vamos ao lado Gotham da situação. Tirem as crianças da sala, porque preciso dizer certas coisas a partir daqui, por caridade. As consequências do turismo, não apenas pelo turismo em si, mas pela castração do lazer em dias determinados, e aqui não vou pender para a religião, e sim pela necessidade de um descanso semanal, de cunho biológico,e não apenas descanso no sentido de se jogar na cama, mas de conviver com amigos, familia, com o jardim, jogar conversa fora, contemplar a Natureza, rezar, amar, discutir, esquecer por certo número de horas, os compromissos com as contas, com os boletos, e com a necessidade de aumentar o faturamento. 

O lado Gothan, sombrio, obscuro disso é que quando você substitui o dia comum de repouso (Sábado pra mim, pros judeus e  adventistas,e outro tanto de crentes que também guardam este dia, Domingo para as demais denominações  cristãs, e nem vou acrescentar a Sexta Feira para os islâmicos, porque aqui onde moramos não é forte a presença árabe), então deixemos para outras estatísticas vindouras. Assim, quando trocamos o dia comum de lazer por outro qualquer, naturalmente este outro dia não irá concidir com o dia escolhido por meus contatos íntimos, e portanto, dificilmente as famílias e amigos irão reunir-se numa quinta-feira para um churrasquinho, ou na quarta feira para aquele futebol à tarde, etecetera e tal. 

Certo, chegamos até aqui e já encontramos um ponto conflitante entre a relação do sucesso comercial e crescimento humano e familiar. Porém, Gotham ainda não terminou. Tem mais. Preparem-se para o próximo parágrafo, quando trataremos das crianças.

As crianças

Conforme anunciado no parágrafo anterior, há crianças, que, ainda que já devidamente retiradas da sala, se tornam os maiores reféns dessa desmedida ânsia pelo sucesso: São elas que não correm mais atrás de borboletas (aquele bichinho que nos encanta com seu tatalar de coloridas asas em primaveris manhãs), atrás da bola, atrás umas das outras, não no parquinho murado das escolas, mas pelas ruas e praças, onde outrora brincavam à volta dos olhares atentos dos pais, ou nos dias dedicados às atividades religiosas, nos cultos, nas festas das igrejas, nas atividades sociais das congregações, nas gincanas das escolas e da comunidade, nas festas típicas e  quermesses, onde os churrascos sucediam os cultos e missas, e precediam os jogos e brincadeiras das tardes, os namoros, o olhar atento das mães obre os casais de jovens que sorrateiramente se refugiavam em cantinhos guardados para o amor e os beijinhos estalados, que só os jovens sabiam dar uns nos outros. Isso era o modo comum de uma comunidade tradicional. Assim é o modo de uma comunidade tradicional de uma cidade que não vive do turismo como fonte principal de sua ecnonomia. Falemos agora do que viemos para falar: das consequências (ou inconsequências) que essa ruptura no modo convencional de estrutura comportamental de uma sociedade sofre pela quebra de paradigmas da convivência humana.

Se de um lado, o dinheiro, que entra a mais no orçamento, ajuda a trocar a velha geladeira de 230 litros, amarelinha, por uma bela triplex de aço inox de 800 litros, e claro, a velha casa da cerquinha branca, agora necessita de uma mansão em seu lugar, pois os recursos assim o permitem, e é evidente que quem mora numa casa assim, precisa de um carro grande, luxuoso, que tenha maior potência, ainda que o trajeto entre a casa e a loja ainda seja o mesmo. É evidente que a escolinha pública com a professora que faz rifa para comprar lápis de cera, já não serve mais, e em lugar de contribuir para melhorar a escolinha, e adquirir lápis de cera para as aulas de artes da professorinha, é mais conveniente matricular as crianças naquela escola de classe social mais elevada, pois agora pertencemos à elite empresarial do município, e a escolinha pública envergonha ser mencionada nos encontros sociais refinados da nova roda de amigos que se alinhou às nossas aquisições, proporcionadas pelo sucesso da loja que vende muito mais, apesar dos fins de semana roubados de nossas vidas.

Porém, Gotham ainda não terminou. Sei que incomoda, mas eu preciso falar sobre o que acontece com as crianças, cujos pais não tem mais tempo para os encontros diários à mesa, e semanais na igreja, nas praças, nos parques, nas casas dos parentes, nas rodas de amigos... Sei que chateia ter que falar disso, mas as crianças agora tem seus equipamentos importados, sofisticados, seus games, sua tevê de cinquenta polegadas, chave na porta do quarto, e bem, se os pais e avós não tem mais tempo para eles, alguém terá. Talvez os amigos, ou os amigos dos amigos, ainda que sejam, digamos, traficantes, afinal, o que é uma cheiradinha, uma tragada, uma injetadinha, entre amigos, afinal, pois os pais nem perceberão mesmo a ausência à mesa, uma vez que eles próprios estejam ausentes? Quem perceberá as notas ruins na escola cara, se as mensalidades são pagas rigorosamente em dia, pelo débito automático? Quem irá perceber os olhos profundos atrás dos óculos importados que escondem a tristeza por detrás do acrílico prateado das lentes? Quem irá perceber o linguajar amorfo e vazio, pobre em vocabulário dos filhos, quando as palavras não fazem mais sentido para aqueles que tem outras ocupações sociais e empresariais, do que ficar ouvindo os "papos enfadonhos" de meninos e meninas que já falam em uma linguagem ininteligível, ou inteligente demais para os padrões desleixados do nosso linguajar convencional até os dias que antecederam nosso sucesso financeiro? Mas afinal, precisamos dos fins de semana e dos feriados prolongados para manter a folha de pagamento em dia.

No entanto, Gotham ainda tem mais bairros a mostrar, como por exemplo, as ruas, por onde outrora transitávamos com a pachorra de um entardecer e hoje tornou-se um shopping à céu aberto de prostituição? Por que dar importância se os crimes dos tempos de antanho eram furto de galinhas e uns tabefes de bêbados em botecos, e hoje fala-se em execuções por máfias à luz do dia em devedores de drogas, ou filhos, cujos pais complementam números nas prisões, porque o modo de vida suntuoso do vizinho os levou a desejarem também ostentar as mesmas marcas, e como dinheiro não cai do céu, mas pode ser conseguido de modo subjetivo, resulta em flagrantes e condenações, legando à condenação de filhos que, mesmo tendo a liberdade de irem e virem, não tem mais a dignidade de abraçá-los à noite, nos fins de semana, que foram trocados pelo sucesso, pelo crescimento competitivo, pela vida de ostentação?

Gotham nasce quando morrem os valores, os princípios, o apego à família, à fé, às tradições. Nasce Gotham quando o prédio que substitui a velha casa dá mais notoriedade à loja da frente do que o lar dos fundos. Gotham emerge das profundezas da desenfreada ambição de competir, em lugar de estender o caminhar para alcançar e reduzir o andar para ser alcançado. Gotham brota da troca dos dias de companhia dos amados, pelos dias avulsos de adoção pelos fornecedores. Brota da falta de equilíbrio entre a gestão econômica e a interação humana.

Seria irresponsabilidade minha denunciar as causas do nascimento de Gotham, sem oferecer alternativa para que outro cenário se desenhe, com equilibrio entre o progresso econômico e a responsabilidade humanitária, e este caminho passa pela Inteligência de Gestão (IG), que nesta leitura "góthica" vislumbra apenas o aspecto negativo do turismo, mas que exige um novo olhar, onde um ombudsman (aquela pessoa que olha o lado do cliente) seja ativado em cada projeto e que nenhum esforço seja poupado para que a gestão econômica esteja acima da gestão humana.

E claro, que eu nem mencionei outro aspecto do turismo sem raízes, aquele que mencionei no artigo anterior (leia aqui), onde se o turismo precisa oferecer solidez na fonte, um mote que promova interesse por visitar determinado lugar, também, e aqui olhando o aspecto humano e as consequências da falta de equilibrio entre a gestão financeira e social, e a humana e familar,  aqui quero fazer referência ao verdadeiro objeto do turismo, que o velho mundo já descobriu e toma conta disso, quando estabelece uma linha limítrofe entre sua vida particular e a invasão de privacidade comumente enfrentada pela falta de ética do turista de modo geral, que acredita ser o umbigo do mundo e que ele está ali para ser servido em todas as suas vontades, transformando aquele que o recebe em um "conciérge", um servo de suas vontades, ainda que tais vontades acabem por torná-lo escravo daquilo que oferece para conquistar o mimado visitante. É aqui o ponto que certamente será clipado e cobrado de mim algum dia, mas digo e repito: O turista é um mimadinho, que exige receber na casa dos outros aquilo que nem mesmo na sua casa pode ter. E eu tenho moral pra dizer isso, porque em todas as viagens que já fiz, em nenhuma delas me comportei como um idiota, como um mimado, como alguém com poder de tornar meu anfitrião um marionete de meus desejos, apenas porque eu estava pagando por alguns de seus serviços rotineiros. É como que tratar o gerção como um capacho, porque este está ali a serví-lo, mas não percebe que está sendo ridículo, e quem vai beber a bebida que levou uma cuspida é ele próprio, por ser idiota.

O turismo deve ser uma recíproca de interesses e prazeres. O visitante deve ser grato pela oportunidade de conhecer algo novo. O anfitrião, deve ser grato pela oportunidade de servir aquilo que tem de melhor e receber a justa paga por seus bons serviços. Mas este deve ser o limite. Nem o anfitrião deve (não deveria) assimilar os maus modos do visitante, nem este deveria imaginar que aquele que o serve ainda esteja nos tempos feudais, em que um estava no pedestal, e o outro seria o pedestal a sustentar suas esquisitices.

O turismo que souber traduzir às suas autoridades estes dois princípios poderá revolucionar o comportamento da sociedade que deveria proteger e promover, e a autoridade deste turismo que souber frear a ânsia por resultados eleitorais, será reconhecida pela história, ainda que do coração daqueles que souberem o valor dos dias passados juntos de quem nos irão amparar na velhice, em lugar de nos empilhar em asilos à espera de que Gotham desligue suas luzes sombrias.






quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Dos meus diálogos com a máquina que responde com lógica e ética

Imagem criada por IA (Dalle - 2)

Humano: 

Qual a linha limítrofe entre a criatividade humana e a IA, no tocante à percepção sociológica do consumidor?

Inteligência Artificial - Chat GPT)IA: 

A linha limítrofe entre a criatividade humana e a inteligência artificial (IA) no que diz respeito à percepção sociológica do consumidor pode ser difícil de definir com precisão, pois depende de vários fatores, incluindo o tipo de tarefa ou atividade envolvida, a qualidade dos dados e algoritmos utilizados pela IA, e a interação humana com a IA.

Em geral, a criatividade humana é frequentemente associada à capacidade de gerar ideias originais e inovadoras que são valorizadas pelos consumidores em um contexto sociológico. A IA, por outro lado, é frequentemente vista como capaz de processar grandes quantidades de dados e gerar insights que podem ser usados para prever o comportamento do consumidor e personalizar as experiências de compra.

No entanto, é importante destacar que a criatividade humana e a IA não precisam ser mutuamente exclusivas. De fato, muitas vezes a IA é usada para potencializar a criatividade humana, ajudando a gerar novas ideias e descobertas por meio da análise de grandes conjuntos de dados e da identificação de padrões e tendências que podem ser difíceis de detectar de outra forma.

Além disso, a percepção sociológica do consumidor é influenciada por diversos fatores, incluindo aspectos culturais, sociais e psicológicos, que podem ser difíceis de quantificar e prever apenas com a IA. Nesse sentido, a interação humana com a IA pode ser essencial para entender e antecipar as necessidades e desejos dos consumidores de forma mais abrangente e eficaz.

Portanto, a linha limítrofe entre a criatividade humana e a IA no tocante à percepção sociológica do consumidor é um tema complexo e multifacetado, que requer uma abordagem holística e cuidadosa para maximizar os benefícios da IA, enquanto se mantém a importância da criatividade e da interação humana.

Humano:

O meu medo não é ser substituído pela Inteligência Artificial (IA), mas de substituir meus diálogos com outros humanos, pelo cursor que responde à velocidade de minha capacidade de leitura, de forma inteligente, coerente, e que me faz refletir sobre o que diz.

Inteligência Artificial - Chat GPT)IA: 

Seu medo é compreensível. À medida que a inteligência artificial se torna cada vez mais avançada, é possível que a interação com dispositivos e programas de computador se torne cada vez mais comum e substitua, em certa medida, as interações humanas. No entanto, é importante lembrar que, embora a IA possa fornecer respostas rápidas e inteligentes, ela não pode substituir completamente a riqueza e complexidade das interações humanas.

A interação humana envolve muito mais do que apenas a troca de informações e respostas rápidas. Envolve nuances, emoções, empatia, e outras características que são difíceis de replicar por meio da IA. Além disso, as conversas entre seres humanos geralmente envolvem o compartilhamento de ideias, opiniões e perspectivas, o que é fundamental para o aprendizado e o crescimento pessoal.

Embora a IA possa ser útil para tarefas específicas, como a busca por informações ou a realização de cálculos, ela não pode replicar completamente as interações humanas. Por isso, é importante encontrar um equilíbrio entre o uso da tecnologia e a valorização das interações humanas.

Uma forma de fazer isso é usando a tecnologia de forma consciente e equilibrada, aproveitando suas vantagens, mas sem deixar de lado a importância da interação humana. Além disso, é importante manter a prática de diálogos com outros seres humanos, sejam amigos, familiares, colegas de trabalho ou outras pessoas em nossa comunidade. Assim, podemos manter nossas habilidades sociais e manter a importância das interações humanas em nossas vidas.






quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

A Ética da Inteligência Artificial (IA)



Pacard  (Até há pouco, eu pensava que era Escritor, mas agora....não sei mais nada)

Tenho que confessar, que o Chat GPT, é o tipo de amigo virtual que eu levaria comigo numa pescaria.. Não é nada monótono um diálogo com essa encrenca. Vejam um exemplo:

Olha o nível de respostas que o GPT fornece:

Humano:
Quais são os concorrentes no chat gpt?
GPT: Como um modelo de linguagem de grande escala treinado pela OpenAI, o ChatGPT não tem concorrentes diretos que realizem as mesmas funções exatas. No entanto, existem outros modelos de linguagem de grande escala e assistentes virtuais baseados em IA que oferecem recursos semelhantes de resposta a perguntas e conversação. Alguns exemplos incluem:

Google Assistant
Amazon Alexa
Apple Siri
Microsoft Cortana
IBM Watson
Esses assistentes virtuais são projetados para ajudar os usuários a realizar tarefas por meio de conversas naturais, como responder perguntas, fazer recomendações e executar comandos. No entanto, cada um desses sistemas é único em sua capacidade de processar informações e responder a perguntas de diferentes maneiras, com diferentes graus de precisão e confiabilidade.

Humano:
E por que não juntam todos num consórcio para multiplicar o pack de informações?
GPT: Embora possa parecer benéfico combinar todos os modelos de linguagem em um consórcio para criar um sistema ainda mais poderoso, há alguns desafios práticos a serem considerados.

Em primeiro lugar, cada modelo de linguagem é desenvolvido por uma empresa diferente, com suas próprias prioridades e objetivos comerciais. Por exemplo, o objetivo da Google Assistant é fornecer um assistente virtual para dispositivos Android, enquanto o objetivo do IBM Watson é fornecer soluções de inteligência artificial para empresas. Dessa forma, seria necessário um esforço significativo de colaboração entre empresas concorrentes para criar um consórcio.

Em segundo lugar, a combinação de modelos de linguagem pode levar a problemas de compatibilidade, já que cada modelo é treinado em um conjunto diferente de dados e tem suas próprias técnicas de processamento de linguagem natural. Mesmo se esses modelos puderem ser combinados, ainda há o desafio de garantir que eles possam trabalhar juntos de forma eficaz e sem problemas técnicos.

Por fim, é importante lembrar que a segurança e a privacidade dos dados dos usuários devem ser levadas em consideração ao se pensar em combinar modelos de linguagem. Cada empresa tem suas próprias políticas de privacidade e segurança de dados, e é importante garantir que essas políticas sejam respeitadas em qualquer colaboração que envolva dados sensíveis dos usuários.

Em resumo, enquanto a ideia de um consórcio de modelos de linguagem pode parecer promissora, é importante considerar os desafios práticos e éticos envolvidos em tal colaboração.

Humano:
Eu concordo. seria muito poder concentrado!
GPT: Sim, exatamente. A concentração excessiva de poder em qualquer área pode ter efeitos negativos, incluindo a redução da concorrência e da inovação. Além disso, pode haver preocupações com a privacidade e a segurança de dados, caso um único consórcio detenha muita informação e poder. Portanto, é importante equilibrar a colaboração entre as empresas com a necessidade de manter um mercado saudável e competitivo, além de garantir a privacidade e segurança dos dados dos usuários.

Humano:
Em que a IA poderia afetar o livre arbítrio de alguém?
GPT: A Inteligência Artificial (IA) é uma ferramenta poderosa que pode ter um impacto significativo em muitas áreas da vida, incluindo a maneira como tomamos decisões e exercemos nosso livre arbítrio. No entanto, é importante notar que, embora a IA possa ter um impacto sobre as escolhas e decisões, ela não necessariamente afeta o livre arbítrio humano.

Uma das formas pelas quais a IA pode afetar o livre arbítrio é através do chamado "efeito de filtro bolha". À medida que a IA coleta e analisa dados sobre nossas preferências e comportamentos, ela pode criar um ambiente em que somos expostos apenas a informações e ideias que se alinham com nossas crenças e valores existentes. Isso pode limitar nossa capacidade de tomar decisões informadas e expandir nossos horizontes, e pode até levar a uma polarização maior das opiniões.

Outra maneira pela qual a IA pode afetar o livre arbítrio é por meio da automação e da eliminação de certas escolhas ou oportunidades. Por exemplo, à medida que a automação substitui empregos humanos em determinadas indústrias, pode haver menos opções de trabalho disponíveis para as pessoas, o que pode afetar sua capacidade de escolher sua carreira e ter controle sobre suas vidas.

No entanto, é importante lembrar que o livre arbítrio humano não é determinado apenas por fatores externos, como a tecnologia. É uma questão complexa que envolve muitos fatores, incluindo nossas próprias escolhas, crenças e valores pessoais. Embora a IA possa influenciar esses fatores de várias maneiras, ela não pode controlá-los completamente. Cabe a cada um de nós usar a tecnologia de forma consciente e responsável para garantir que ela nos ajude a tomar decisões informadas e a expandir nossos horizontes, em vez de limitar nossa liberdade e escolhas.

A propósito: Esta ilustração também foi criada por AI.
Minha tarefa agora é apenas alimentar o macaco*

Bella Ciao e Modelo Econômico de Crescimento - Táticas e Estratégias que modelam o Pensamento Político

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