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terça-feira, 30 de agosto de 2022

A evolução da madeira de Pinus no Brasil




Lembrei que começamos a trabalhar com Pinus Elliotis no fim dos anos 70, e em poucos anos, o mercado ficou completamente enojado desta madeira.

Em 2008, fui chamado para criar um projeto, uma coleção de produtos, montar uma pequena fábrica, e um show room, em Lages, por uma familia investidora em reflorestamentos, mas era Taeda, pra papelaria. queriam fazer também móveis.

O contrato era bom, mas fiquei arrepiado com a ideia de voltar a trabalhar com pinus.

Então, chamei, pra trabalhar comigo, um amigo, engenheiro de produção, que montou as plantas da Tramontina e da Madarco. A partir do que aprendi, mudei completamente meu conceito. Descobri que em 1980, usávamos a madeira errada, as ferramentas erradas, e a química errada. com o advento da exportação, os polos de Bento Gonçalves e São Bento do sul, se adequaram às novas tecnologias trazidas pelos italianos e alemães, começando lá na floresta remanejada, na fresaria, na quimica de acabamento, e tudo mudou. mas ainda havia um ranço de preconceito, porque as superficies eram muito sensiveis ao impacto, ficavam marcadas, perdiam muito tempo emassando, etc.


Shelves do Brasil , by Pacard, 2008 - Foto: Ricardo Bampi

Foi aí, que criei um novo conceito, usado até hoje, onde transformei o defeito em efeito, e começamos a usar superficies modificadas por abrasivos, em lugar do jato de areia. ensinei os moveleiros de São bento do Sul, em um grande projeto coletivo, a convite do SEBRAE, a montarem maquinas usando escovas de aço, encontradas em lojas de ferragens, a valorizar o distressing, e outras texturas, e até uma máquina importada da alemanha que custava 50 mil dolares, foi substituída por uma enjambração de uma plaina sucateada, ao custo de 500 dolares no total.


Shelves do Brasil , by Pacard, 2008 - Fotos: Ricardo Bampi

O momento era de transformação, e já estava em ebulição o movimento "New Baroque", onde se podia mesclar padrões, como se fosse uma libertação do minimalismo.

Isso interessou aos fabricantes de chapas planas, e em pouco tempo, passaram a fabricar acabamentos texturizados de melamina, que multiplicaram a possibilidade de acabamentos até hoje. Atendi nesse tempo, cerca de 25 indurstias de pequeno, médio, e grande porte naquela região, onde fiquei até 2013, quando a exportação já estava favorável, e voltaram a exportar commodities.

Isso a globo não mostra!

Pacard - Designer, especialista em criatividade*

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segunda-feira, 15 de agosto de 2022

O verbo e o vazio - A desumanização pela comunicação



Na cultura judaico-cristã, O Logos, ou O Verbo, ou ainda, A Palavra, são a expressão máxima do conceito Divino da Criação do Universo, da Terra, da Natureza, e do Homem.

A palavra sempre foi objeto de veneração, ao longo da história. Valia mais que a própria vida, em questões de honra. O empenho da palavra era mais precioso que o ouro ou qualquer outro valor mensurável, porque a palavra empenhada não tinha como ser destruída ou roubada, senão por quem a tivesse proferido. Assim, a palavra era única, um DNA, uma assinatura imutável.

Depois da palavra, vieram as palavras, no coletivo, no senso de pluralidade, de compartilhamento de atitudes e sensações. E da palavra falada, cujas raízes brotavam das cordas vocais de seu emissor, e antes delas, do pensamento, um lugar secreto na mente, cuja chave só pode ser aberta pela vontade de seu emitente.

Destartem compreendemos a história pelo conjunto de palavras ou imagens que as traduzissem em seus significados mais profundos, pela riqueza de detalhes oferecidos ao leitor de qualquer tempo. Então, tivemos os cuneirofmes pelos sumérios; os hieróglifos, no Egito, o proto-sinaítico, que derivou o hebraico; os ideogramas orientais, e assim evoluindo, passando pelo alfabeto ocidental, que permitiu certo hiato entre os primeiros caracteres até os dias atuais, quando surge, pelo vazio de referências analíticas, os memes, os emoticos, emojis, e de tão veloz que corre a nova linguagem, tantos outros que certamente trafegam às sombras da web obscura, como códigos de proteção aos intentos menos publicáveis. As gírias, traduzidas por novos ideogramas, apenas perceptiveis aos iniciados, isto é, aos que pertencem ao mesmo grupo de atividades de tal natureza.

Classificar as palavras é um exercício de milênios, e a cada momento em que os mistérios da linguagem são satisfatoriamente elucidados, surgem novos tratdos de correção e ajustamento aos tempos e às invenções. Assim, viajar de um lugar a outro deixa de ser um aparato de meses, até anos, de preparo, para resumir-se à escolha da passagem mais barata, do hotel mais vantajoso, e da forma de pagamento mais propícia. Diante disso, a palavra "avião", aeronave, ou "Transatlântico", não fariam nenhum sentido há um século atrás, e soariam como fórmulas de bruxarias se proferidas durante a idade das trevas. Porém, a recíproca também é verdadeira, quando têrmos, conhecidos em lugares e em circunstâncias absolutamente locais e temporais, encontram-se em nossas leituras na literatura antiga, e torna-se ainda mais sinistra se tentarmos traduzi-las ao nosso tempo, sem a devida compreensão de suas fontes e propósitos originais.

A fluidez das palavras é uma máxima cotidiana, quando o que antes era comum, torna-se abjeto anacrônico, porque o sentido mudou, e o que antes fosse corriqueiro, torna-se ofensivo. Assim, pouco a pouco, obliteramos o desejo de falar, porquanto nossas palavras poderão tornar-se nossos verdugos. O que antes era afago, tornou-se assédio. O que era carinho, tornou-se malícia. O que era brincadeira, tornou-se um perigoso labirinto repleto de armadilhas para enredar ao menor delize. Assim, perigoso é falar. Perigoso é olhar, e torna-se nocivo até mesmo existir.

O verbo conjugado é o sujeito vivo. o verbo intransitivo é o sujeito acorrentado. A flexão verbal deixa de ser um aditivo do conhecimento, e torna-se um vazio cáustico pela ruptura da vontade acorrentada pelo medo do erro acidental. A inflexão verbal esvazia a vida. A vida vazia, esvazia o ser. O ser vazio caminha e arrasta consigo o mundo todo ao caos. A comunicação racional, que nos diferencia da comunicação instintiva dos animais, afunda-se numa espiral invertida, e cada dia mais, vai sendo engolida por si mesma, como a serpente "Ourobouros", que devora-se a si mesma, tendo seu formato absurdo indicativo de eternidade, mas uma eternidade perniciosa que se fecha, que se devora, diverente da eternidade que se expande, que se multiplica, que se descentraliza, o ponto inicial para o vazio desconhecido, como o "Big-Bang" que moldou o Universo.

O vazio dos verbos se distancia da plenitude do Verbo, porquanto é a iniciativa humana a reformular a plenitude moldada pelo Verbo primevo. A comunicação emaranha-se neste vazio do Ourobouros. A vontade se esvai no c´pirculo fechado do monstro, onde a cabeça devora a cauda, e impede a si mesma de flutuar pela existência.

Gosto mais de pensar no singelo "beabá" das primeiras lentras, onde não havia história a resgatar, senão o cantar sereno da mãe que embala o filho, mostrando o céu e nominando as estrêlas, como poemas e canções. o verbo era mais suave e o vento era apenas brisa. Um sopro. Uma promessa.


Pacard - Pétalas, 2022



Renovar para não sucumbir - O que a pandemia trouxe de bom



Renovar para não sucumbir

O que a pandemia trouxe de bom

Pacard - Escritor - Designer




Parece ser uma piada de mau gosto, dizer que algo de bom tenha saído de uma pandemia, com milhões de mortos pelo mundo, e traduzindo para o pessoal, a impagável quantidade de pessoas com qualidade, próximas, seja por parentesco, amizade, ou contemporaneidade, que nunca mais iremos cumprimentar durante o breve espaço de tempo entre o nascimento e o descanso, que chamamos de vida.


Ainda assim, para que o ânimo e a vontade de continuar não se perca, precisamos tomar um gravetinho, e remexer nas cinzas, levantar escombros, para descobrirmos que nem tudo foi perdido, a começar por nossas próprias vidas, haja vista que estamos aqui, levemente estraçalhados, e ainda assim, íntegros da determinação de continuar em frente, rumo aos sonhos que havíamos desenhado pela aquarela da esperança.


Desde que o mundo é mundo, desque que o Ser Humano descobriu a função das mãos e pés, e de todos os demais sentidos, sobretudo, de sua capacidade de repensar caminhos diante de obstáculos, nenhum caminhar é linear, mas todas as vidas desta longa história são como um prato de Lámen, aquele espaghetti crespinho, emaranhado entre si, e ainda assim, saboroso. A vida é saborosa, e quanto mais emaranhada, mas e mais desafios à nossa criatividade, ao uso de noss capacidade de recomeçar, é aflorada, e a cada instante somos diferentes do instante anterior, somos mais criativos, somos mais dinâmicos e resilientes. É assim que é a vida: um compêndio de resiliências, como adobes que constroem edifícios e pirâmides, como pilares que sustentam nosso caminhar.


Eu, assim como outros bilhões de eus espalhados pelo mundo, estamos nessa ebulição criativa, e basta que não fechem as portas que encontramos, para que nelas entremos, e ali façamos morada, não como invasores, mas como bons vizinhos. É assim que quero ser: um vizinho laborioso em uma coletividade de pessoas que não caminham para a escuridão, mas que se fazem luzes para iluminarem caminhos àquels que mal abriram os olhos, com luzes tênues em crescente, para que não sejamos ofuscados e venhamos a tropeçar pelo excesso de confiança vazia. Isso é o que quero dizer: não caminhamos sós, mas importa mesmo é que continuemos a caminhar.


Pacard, Pétalas, 2022


#esperanca,#determinacao ,#trabalho

Bella Ciao e Modelo Econômico de Crescimento - Táticas e Estratégias que modelam o Pensamento Político

Imagem: Bing IA Pacard - Designer, Escritor, e Artista, que tem nojinho de políticos vaidosos* "E sucedeu que, estando Josué perto de J...