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quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Criar, ou não pensar? Eis a solução O labirinto existencial da Inteligência Artificial
















Imagem: IA

Criar, ou não pensar? Eis a solução

O labirinto existencial da Inteligência Artificial

Pacard - Designer - Escritor - Sujeito à revisão mecânica pela idade

Sou Designer, e sou velho, digamos, comparado à um tomate, porém, nem tanto, se ladeado com uma montanha. Mas velho o suficiente para perceber as transformações que me convocam a reagir, para não sucumbir.

De fato, no último ano, mais propriamente, no último semestre, o Tsunami Afuraconalhado* (Neologismo meu) vem varrendo todos os resquíscios da empoeirada multidão que tinha medo de pensar, e até achincalhava os pensadores, a saber, gente feito eu, que é capaz de combinar mais que três vocábulos sem tropeçar na gramática, ainda que eventualmente o faça, pois sou brasileiro, e em tal condição, é certeza de que "nóis pode, nóis fais, e nóis tá nem aí!". Então, sim, o soprador da tecnologia só não me deixa em situação vexatória, porque sou masculino aos moldes convencionais, e assim, estou protegido do efeito "Marylin Monroe", à eventualidade de ter minhas partes pudendas mostradas pelo vento traiçoeiro de algum bueiro maroto.


Voltemos às IAs, este vocábulo reduzido à duas letras, constantemente invertidas entre IA e AI, o que não altera o produto tal ordem de fatores. Pois esta mesma, achegou-se despacito como quem rouba, e instalou-se no meu Notebook (a quem os britânicos ainda insistem de chamar de "laptop"), sem pedir licença, ou talvez a tenha requerido naquele documento de 1500 páginas digitais que rolamos a página ao instalar o navegador, e quando vi, certa manhã, havia um ícone desconhecido na barra de tarefas. Foi verificar o que era, e fui comunicado que eu era um "Beta testador". Fiquei tão feliz! Eu ganhara um peixinho, talvez digital, daqueles protetores de tela, sei lá, mas não foi isso. Lembrei que "Beta" além da segunda letra do alfabeto grego, também significava que eu era uma espécie de rato de laboratório para a Máico Sófete, pois nada mais era que a primeira aparição pública do "Bing". Sério! Foi paixão à primeira vista, uma IA que faz desenhos muito menos monstruosos e borrados que o Dall-E, cujas bravatas digitais mais se parecem aqueles borrões do Salvador Dali amalgamados com Picasso, talvez numa daquelas noites de bebedeiras com seus amigos Focault e Simone Bovoá (sim, porque queles dois, mais o Paulo Neruda, faziam Paris e a Orópa tremerem, barbaridade). Enfim, era a IA, esta dizinfiliz, que passou a me fazer perguntas, e o palhaço aqui, gratuitamente, passou a adestrar o bichinho cibernético (será que só eu ainda falo "cibernético?), pra chamar de "meu"..Ah, como sou besta! Passei de graça me conhecimento das coisas da vida para um bendito robô que se faz de tonto pra ganhar café preto, e vai levando meu conhecimento  criativo, e me retribuindo com uns regalos muito bem feitos de suas ilustrações, como uma criança, que desenha bem mais que gente de palitinhos, e diz:"Olha o que eu fiz!" Mentira!  Quem fez ainda fui eu, que pelo uso da palavra, talvez até seja isso um dom, dei as ordens corretas para que fosse transformado em "prompt", em "sintaxes", e corresse a coletar fragmentos de imagens para montar a minha própria aberração.



sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Apresentação do projeto - Oportunidade única para não errar

Imagem:IA
 Pacard (Designer, Consultor, Escritor*)

Qualquer apresentação pressupõe-se única, única oportunidade de vender sua ideia, seu conceito, sua confiabilidade, e seu trabalho. Então, como um agricultor conhece a terra, seus nutrientes, o clima, a topografia, a densidade pluviométrica, e só depois disso decide o que vai plantar, quanto tempo demora até colher, que cuidados deve ter com as pragas e ervas daninhas ao longo do processo, também o designer jamais pode apresentar-se ao cliente no pitch, sem dominar todos os aspectos daquilo que vai vender.
O cliente não tem obrigação de dar respostas, e muitas vezes nem mesmo sabe fazer as perguntas adequadas à sua plena compreensão do que está recebendo, assim, cabe à equipe construir essa confiança, nesta única oportunidade que deve juntar expectativa, entusisasmo, surpresa, estupefação, e alívio.




O Consultor - Amado, odiado, temido, ou desejado?


Imagem IA

Pacard (Designer, Escritor, Consultor, e com nojinho de fanfarrões*)

Alguém perguntou à Maquiavel, autor do "Príncipe" (e não do Pequeno Príncipe, embora o jovem Lorenzo de Medici não  fosse lá muito grande nem idoso, quando seu principesco saco já tenha sido puxado pelo bajulador fiorentino), o que seria desejável ao governante, se devesse ser amado ou odiado - ao que respondeu: O melhor é ser temido!

Eu traduziria esse "temido"m mais apropriado aos tempos pós medievais de Maquiavel, à expressão mais atualizada de : Respeitado! Fica mais palatável. Mas como se conquista respeito em um ambiente nítidamente hostil, que é uma empresa em estado crítico, que é o que acontece quando chamam a criatura sinistra do Consultor de Empresas, cuja chegada faz arrepiar a pelagem da nuca de qualquer contraventor dentre os colaboradores de uma gestão que sentiu o vento sul adentrar pelos fundilhos, e por conveniência, ou desespero,, corre a contratar o consultor. (importante saber que consultorias também, e preferencialmente são contratadas quando a empresa deseja entrar em expansão, e sente-se mais segura em contar com um palpiteiro pago para poder analisar suas próprias decisões, considerando que um consultor NUNCA toma decisão. Ele apenas levanta as deficiencias, e as virtudes, e as expões para análise do cliente e sua equipe.

Cada consultor tem sua demanda específica, condicionada à sua expertise, ao que ele realmente entende. E sim, a lenda é que o consultor entende do que está falando, apesar da velha piada do consultor que passeando com sua BMW, vindo de um atendimento, passa por uma fazenda com milhares de ovelhas pastando no campo. Decidido a faturar mais algum, o consultor para o carro, e se dirige ao pastor do rebanho, que fuma seu cachimbo de raiz de roseira, e sem se apresentar, faz um desafio ao pastor:
- Se eu acertar quantos animais estão em seu rebanho, o senhor permite que eu fique com um pra mim?

O pastor consentiu, e então o especialista puxou um notebook de última geração, esticou uma anteninha parabólica, soltou um drone, recebeu os dados, abriu uma planilha de excel, mais um software de Fibonacci, fez cálculos, elaborou gráficos, e em poucos minutos, puxou o resultado:
- Esta fazenda tem exatamente 6574 animais!
Maravilhado, o fazendeiro exclamou, tirando o cachimbo da boca torta e disse:
- Omessa, siô! Num é que ocê acertou na lata! Pois é exatamente esse mesmo o total das minhas ovelhas!
- Posso pegar a minha ovelha então?
- Mas claro! Promessa é dívida!
E assim o consultor passou a mão num bicho peludo e enfiou no porta-malas da BMW.
O fazendeiro então, perguntou:
- Antes que ocê vá embora, posso ter uma oportunidade de resgatar o meu bichinho?
- Claro - disse o consultor! O que propõe?
- Se eu acertar a sua profissão, o senhor me devolve o bicho?
- Trato feito!
- O senhor é consultor!
-Uau! Exatamente isso! Mas o que o levou a deduzir tão rápido?
- Três pistas que ocê deixou:
1 - Apareceu sem ser chamado
2 - Me falou o que eu já sabia
3 - Não entende nada do meu negócio, pois você pensou que pegou uma ovelha, mas pegou foi o meu cachorro!


Claro que é uma piada, embora hajam consultores com menos tenacidade que outros, é natural, como em qualquer atividade. Mas o conceito pré estabelecido do consultor é que é alguém feroz, decidido a tornar a vida, tanto do cliente, quanto dos colaboradores, um cárcere mental, sim,, muitos pensam assim. E sim, alguns estão certos, pois existem mesmo carrascos com um notebook na mochila, que amarram a cara, se intrometem no escritório, escolhem um canto e se instalam lá, para que sejam vistos por todos e para que todos tremam ao vê-lo.

Bem, eu sou consultor, e sim, vi muita gente tremendo ao me ver passar, e sim, eu sabia disso, então, para minha própria defesa, e para que o tratamento fosse o menos doloroso possível, jamais tentei mudar a cabeça da equipe ou do cliente, mas a minha própria mentalidade, sem corromper a integridade do meu trabalho nem a precisão dos meus relatórios. 

Aprendi que o consultor pode tomar todas as atitudes, até mesmo drásticas, no relatório de avaliação, e nas soluções propostas, e ainda assim deixar a empresa no prazo proposto e nunca antes, saindo no atropelo. Assim, a relação entre consultor e cliente (e o chão de fábrica é a ramificação sensível deste cliente), deve estabelecer o ponto de virada da empresa, a partir do reconhecimento das deficiências de forma natural e sensível,e os ajustes para o novo formato da jornada, proposto pelo consultor, ajustado pela equipe interna, e ratificado pelo contratante.
Quando falo em consultoria, sempre vem à mente o administrativo, RH, comercial, ou financeiro, mas pode ser em qualquer setor. O meu era gestão do design, que é muito delicado, porque envolve fragmentos de todas as áreas vivas da empresa, e um único desagradado na equipe local, pode gerar a ruptura sensível do projeto e consequente desabamento da própria empresa.
Assim, em resposta ao título, Maquiavel estava certo para o seu tempo, mas hoje, ser amado e respeitado, ainda são a melhor escolha tecnica para um resultado satisfatório do trabalho.




quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

O que tens à mão?


Imagem IA

Pacard (Escritor, Designer*)

Moisés era um príncipe banido havia cerca de quarenta anos. Isso parece ser tanto tempo, que podemos imaginar que todas as suas lembranças tenham sido apagadas da memória. Ledo engano! Lembro, como se fosse ontem, o que aconteceu há quarenta, cinquenta, e até sessenta anos atrás em minha vida, na vida da minha família, na minha comunidade, e até no mundo. Então, não, quarenta anos é como a manhã de ontem que ainda brilha viva nas nossas lembranças, ainda mais se você for velho, aí sim, vai lembrar do pito que levou por se pendurar no abacateiro da lavoura do vizinho.

E nestas lembranças, mais doces do que tristes, porque as tristes, sim, sublimamos para não sofrer, e então lembro da pobreza, e na pobreza, os brinquedos e as brincadeiras que precisávamos inventar para avançar na algazarra infantil. Cavar nos barrancos para construir uma caverninha, conseguir um pedaço de câmara de pneu de bicicleta para fazer uma funda (estilingue), uma tampa velha de panela, para com uma varinha furada na ponta e um pedacinho de arame em formato de ganho,  conduzir a tampa pelas vielas, ou uma bola de meia e trapos, para jogar uma pelada no fim da tarde, no terreno poeirento ou barrento, depois da chuva de verão, colher araçás, juntar pinhão, procurar uma goiabeira carregada, ou dar a sorte de encontrar uma cerejeira do mato, uma guabirobeira, um córrego limpinho serpenteando uma encosta, coisas assim, sem custo calculável, mas de valor imensurável, era isso que tínhamos à mão, nos dias de antanho, nas nossas saudosas priscas eras da infância.

E hoje, temos o que,para contornarmos o frio das relações em primaveras perfumadas? Temos boca para sorrir, olhos para fitar, a mente para refletir, mãos para levar os braços ao abraço, pés que nos conduzem onde possa nosso coração mandar, e a determinação de fazer e agir, quando nossa vontade pede exatamente o contrário.

Temos à mão, como o que tenho nesse momento, um sabiá que canta sem dizer o porquê, o vento que embala as árvores sem pedir licença, a porta que range, anunciando que alguém a abriu, as costas que doem, porque carregaram a vida nelas, as pernas frágeis, porque percorreram o mundo muitas vezes sempre nos mesmos caminhos, e a esperança firmada nas lembranças dos dias que sucederam noites de angústia, para que tivéssemos a certeza de noites que são temporárias, e que apenas a eternidade poderá ser contada pelo afiar do bico de um beija-flor na rocha de diamante, cujo tamanho é de mil vezes sua própria largura, mil vezes a sua altura, e mil vezes o seu comprimento, e que ao gastar todo o diamante de tanto afiar o bico, terá passado a primeira fração de segundo da eternidade. Eis o que temos. Sabendo usar, não irá faltar.



No princípio era O Verbo, até que a IA chegou ...


Pacard (Escritor, Designer, idoso, e metido a usar a IA sempre que lhe der na veneta*)
PS* Todas as imagens foram geradas, MENOS UMA! Descubra qual é!

No princípio era O Verbo, até que a IA chegou, e tornou essa máxima em materialidade diante da tão temida Inteligência Artificial. 

Tenho lido e ouvido de velhos profissionais, tipo eu assim, que a IA serve apenas, para macróbios feito nós, como meio de diversão. Sim, isto é parte da verdade, mas a outra parte está em que nos divertimos ainda mais observando o pavor de quem desconhece a essência da humanidade: A criatividade! E não, a IA não é, nunca foi, e nunca será criativa, e para quem já conhece um pouquinho do modo de funcionamento desta geringonça digital, vai entender que tanto no caso do desenho, das imagens, quanto dos textos "espertos", a IA nada mais é do que algo que lembra aquelas máquinas de contar dinheiro, que nós, designers precisamos usar para contar as fortunas que recebemos. Elas contam cédula por cédula, mas o fazem de um jeito tão veloz, que nos parece algo maravilhoso. Não é.É apenas veloz. Nada mais. E assim também é a IA, que substitui a antiga prática do ritual de sair de casa, ir até à livraria, ensebar volumes e volumes, ler a orelha de cada um, discutir sobre o conteúdo, e finalmente comprar, daí retornar à casa, deixá-lo sobre a mesa, cuidar dos afazeres, e em algum momento do dia, confortavelmente acomodado, com uma xícara de chá e talvez alguns generosos biscoitos para tungar no chá, começar a saborear cada palavra do livro, cerrar os olhos e olhar em direção ao teto ou à janela, refletir dobre as palavras lidas, e retornar ao livro.

Bem, este gesto repete-se centenas, milhares de vezes, e desta forma, as prateleiras e mesas vão se abarrotando de livros, páginas, letras e palavras, até quem em dado momento, vem à baila um assunto e, rapidamente percorrem-se páginas aqui e ali, livros aqui e ali, rascunha-se aqui e acolá, e formulam se as soluções, muitas vezes chamadas de novas ideias, o que não precisam ser necessariamente novas, e nem ideias, senão compilados de outros conhecimentos anteriores, para satisfazer a curiosidade pessoal, ou para compartilhar em aulas ou palestras com terceiros.


Bem, a IA faz exatamente a mesma coisa, em dois ou três segundos, vasculhando e varrendo centenas de bilhões de páginas pulverivadas em centenas de idiomas, pela imensurável rede neural de informações dispersas pelas nuvens digitais, e as entrega na espantosa velocidade da luz, sob a aparente forma de criação, o que não é.


Assim, sem que passe a errônea ideia de que o título desta reflexão possa parecer um trocadilho blasfemo, absolutamente não o é, posto que evoco Gênesis e o Evangelho de João, onde afirma que "No princípio Era A Palavra, O Verbo, O Pensamento, a Ação", e a partir disso, tudo o que pode ser visto, ouvido, saboreado, sentido, aspirado, pensado, nasceu desta combinação de sons e vocábulos, que obrigam então o usuário das IAs a voltarem ao estudo da línguagem, seja nativa ou anglo-saxônica, com a qual ainda se obtém melhores resultados na formação do que desejamos, nas plataformas de desenho e imagens por Inteligência Artificial.

O Influencer de si mesmo

Imagem: Bing

Vivemos em uma sociedade, segundo Baumann, "Líquida", e eu sigo além: Líquida, ansiosa,  insatisfeita, e adormecida. Vivemos a sociedade em que a aceitação do outro é mais importante que o resultado da ação e do pensamento que  possa ser útil para transformar a si próprio. 

Vivemos o tempo em que aquilo que o outro pensa de mim vale mais do que aquilo que eu penso e falo, ainda que eu não faça a menor ideia de quem seja o outro.

Mais que influenciar o outro, seja ele único, ou uma multidão, a mais importante influência é a de mim mesmo, aquela que tem valor, pois de que adianta conquistar o mundo inteiro, e me perder no vazio da insiginificância existencial?

Por esse motivo, tantos influenciadores famosos se tornam fumaça, assim que desligam a câmera.

Pacard (Escritor)*


terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Entre Sun Tzu e A Rainha Louca



Entre Sun Tzu e A Rainha Louca (Liderança e Poder)

Pacard (Escritor)*

Confesso que não me debrucei sobre a biografia da rainha louca (ops, isso não pode dizer. Corrijo então: a soberana com distúrbios de personalidade megalomaníaco-psicopata decapitadora contumaz) da fábula "Alice no país das Maravilhas", de Lewis Carrol, então o máximo que sei é o que todos sabem: por qualquer dá cá uma palha, a ordem do verdugo era meter o fio na jugular dos pobres condenados. E por que ela fazia isso? Ora, fazia porque era a rainha, e alem de rainha, era lou...aquilo que eu descrevi entre parênteses ali atrás, e para pessoas dessa condição, não é necessário motivo para bravatas: basta saber que são o poder, e fim de papo.

Falemos então de Sun Tzu, o lendário general chinês, que escreveu com gravetinho de bambu, sobre papel de arroz, o livrinho de bolso:"A arte da guerra", cujas lições em tópicos objetivos, deixa bastante claro qual é o papel do líder, que é sim, mandar, ordenar, corrigir, disciplinar,e até mesmo exercer a prazerosa arte de cortar ca...ah, algum menor pode ler isso, então, fica subentendido que o líder em tal posição, corta o que mais lhe dá prazer. Uns cortam na chegada, pra tocar terror no grupo, escolhendo um voluntário de sua escolha, e de cara mete o sarrafo na pessoa, sob o olhar petrificado dos demais, e logo a seguir, oferecer biscoitos e convida-os a tomarem assento (aqui ele aplica métodos de Maquiavel, tenho que dizer). Mas, é sobre Sun Tzu, e não sobre Maquiavel que quero falar, então prossigamos.

Resumindo o treinamento, Sun Tzu dizia que o líder em primeiro lugar, capacita os soldados. E, em seguida, testa o aprendizado, e corrige as falhas. Novamente ensina onde estejam falhos, e testa novamente, e por fim, dá uma ordem. E caso a ordem não seja cumprida adequadamente, ele primeiro, avalia se o método que empregou para o ensinamento foi correto, se foi eficiente, e caso verifique, com honestidade, que faltou ensinar o pulo do gato, considera como seu o erro,e volta ao treinamento. E caso o soldado cometa novo erro, verifica se o soldado entendeu corretamente o comando. E se não entendeu, de volta à fonoaudióloga para ajustar o verbo a fim de que sintonizasse com o interlocutor. Então, com os walkie-talkie funcionando corretamente, nova ordem é dada, e ainda assim, o soldado erra, então novamente avalia se aquele soldado foi a escolha adequada para aquela posição, pois nem todo arqueiro precisa ser um bom espadachim. E sucessivamente, ajuste por ajuste, compreende que tudo foi feito corretamente e no tempo necessário, e que o soldado não cumpre a ordem é por desleixo mesmo, bem, nesse caso, tirem as crianças da sala, porque a chinela de bambu vai comer o couro do displicente.

Assim, entre a rainha do reino de Alice, que sai dando botinada de acordo com as fases da lua e seu mau humor, e um general, que gosta de se chamar de líder, a diferença está na percepção de que assim como o soldado precisa do general, o general precisa do soldado para ratificar sua glória, e este sabe que não pode cortar todas as cabeas o tempo inteiro, pois em algum momento, a vida e o mercado, farão o mesmo com ele, sem segunda chance de cometer um primeiro erro novamente.


quarta-feira, 13 de setembro de 2023

O Fedor de cada Prifume - Causos medonhos do Apolônio Lacerda


Pous Apolônio andou de namorico, lá pela vórta dos dizaceis, com uma prenda muy ventana, por nome Darvenice, que era enteada do Maroto Bola, o capatais da pedreira, enquanto foi ajuntado com Juventina Serena, fia do falcido Agenôri, aquele mêmo que pegaram campiando as nuvía do Isabelão.

A chinoca apreceiava dar umas vortiada pra longe, e depois vortava gavando bola, que conheceu esse e aquele, pessoas cunhicida das novela do rádio, mas dizendo ancim cumparaçã, ela queimava campo, pous nem na cidade tinha ido, porque andava de rodopio nas bailanta da costa do Água Doce, que devorteia o Bassorão.

Foi numa dessas, que, pous não é que ela comprou um biête de loteria, e acarditem, ela venceu a bolada, e venceu solita. Um mistério dum dinherão, barbaridade. E o que foi a premêra côza que engenhô a maleva? Viajá! Viajá pra capital? Não!  Pros estranjêro, bem longe, foi de navio. Agora, me cuestiône se ela convidou o cambicho do Apolônio, pra levá junto? Pois convidô foi nada! Foi solita!

Mâs, oiça o que les digo: Aqui se fáis, aqui se paga, e uns seis meis dispôs ela tava de vórta, co bucho empanzinado de goloseimas que comeu, e um rabo de prefume daqui inté lá adiante, de tão forte que tava.

Com ar superior e desdenhando, se esfrega em Apolônio, que fais beiço de muxôxo, e ela arremata:

- Sintiu, gostô do xêro?

Apolônio apenas faz um abano diante das fuça, como se espantasse fedor de chiqueiro.

- Que xêro é êsse?

- Sintiu? NotÔ? É prifume francêis (esticou o beiço e deu um assobiu pra dizê "francêis!") Comprei na Nóviórque! Paguei mir dólar ô tubô!

Quando foi dalí à pôco, sobe pôlo ar, um futum daqueles aliviado pôlo fígo, empesteando o lugar todinho. E ela arregalou ozóio e priguntô:

- Quê xêro é Ésse?

Apolônio arrepara no momento certinho de carcá mardade e responde, ancim na fuça dela:

- Sintíu? Notô? É Fejão "Tio João", da budéga do Porongo! Oito conto Ô quilo!

- Mas te arranca, que tão pegando, vou te carçá no chumbo, jaguara, bocaberta, peidorrêro das carça xuja! - Berrou Darvenice, dando de mão num relho que ficava dipindurado na soleira da janela. E deitou laço no lombo do debochado, que saiu riscando, e se perdeu coxilha afora, dando gaitada!




Apolônio Lacerda é um personagem fictício, criado por Pacard*


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domingo, 10 de setembro de 2023

A Revolução das Cebolas no quintal de Dona Izartina

Como sou desenhista vadio, a imagem é de IA*

Pois embora pareça uma fábula, um apólogo, quase não é, senão pelo fato de as protagonistas desse causo sejam cebolas, mas não cebolinhas vulgares, rafoagens, não mesmo. Trata-se da fina estirpe dos suculentos bulbos odoríferos e lacrimejadores que se avizinham à outros no quintal.

Se fôssemos levar à questão política, e substituírmos pessoas por vegetais, legumes, frutas, teríamos uma monarquia estabelecida, tal como: O rei da horta é o Rei Polho. Seus súditos seriam o Seu Bôla e o Seu nôra. Mas não pensem que a horta seja um lugar tacanho, monótono, medíocre, como uma aula de geografia na primeira série do ginásio, porque não é. Horta é lugar de  juventude, e sem discriminação, porque hortaliça boa é hortaliça fresca, e é na horta que acontece todo o agito, porque tem até uma banda de roque, do tipo que quando rala faz: roque, roque, roque. Esta banda é  "Os Bettle Rabas". 

Mas é claro que isso é uma brincadeira, haja vista que a tal hortinha pertence à Dona Izartina, que ouve a agitação na lavourinha, estica o pescoço por cima na cancela fora de esquadro, e pergunta: "Couve?" (Hoje estou insuportável, expulso da quinta série, francamente. Mas quem nunca?)

Pois Dona Izartina mesma é que cria estes neologismos para "interter" os netos, que basta-lhes ouvir os causos da vovó Izartina, que proseia e conta estórias enquanto mexe uma bacia de massa para bolinhos bem açucarados para acompanhar um buião de leite gordo direto do têto da vaca "Rufina", pro caneco dos piás.

Dona Izartina desconhece a existência de Games, Inteligência Artificial, Internet, ou dicotomia existencial ideológica que açoda os desânimos institucionalizados da ingovernância do mundo, cá e lá, seja onde for. Dona Izartina desconhece as certezas da teologia das probabilidades, as inconsistências hermenêuticas da escalotologia, e os subterfúgios peremptórios da dialética. Dona Izartina sabe mesmo é amassar um pão, cozer um tacho de marmelada, e preparar um refogado de couve com farinha de "míu" pra móde acompanhar um caneco de café com a tal mistura.

Dona Izartina não tem tempo para pensar em revolução, haja vista que a única revolução que conhece, e não apreceia nadica, é quando come argum mexido, que causa uma revolução no bucho, acometendo a anciã de uma dôri no istrômo, que bate na pleura, devorteia os bofe e sobre queimando pras venta. Fora isso, o entardecer avermelhado avisa Dona Izartina que chegou a hora da reza, e de apagar o candiêro de corozena, porque o sono vem chegando.

Mas e as cebolas revolucionárias, o que tem a ver com isso tudo?

Nada! Eu só precisava de um título pra tocar terror e chamar atenção do leitor, que não tem obrigação nenhuma de ler o que eu escrevo, e se leu e não gostou, pois então desleia e vá plantar favas. Mas antes, precisa carpir um lote.

Pacard - Escritor, Designer, Debochado e Abestado*


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quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Quando o problema é mais píxel do que físico, nas couves de Dona Izartina.


Imagem: Dall-e2

Quando o problema é mais píxel do que físico, nas couves de Dona Izartina.


O grande tormento de todas as gerações que alcançam a idade do embranquecimento, a idade das "cãs", sempre foi a mudança dos costumes.

Sempre que alguém, geralmente muito mais jovem, surgia com uma novidade, apareciam as contradições, e se esta novidade estivesse aliada à quebra de paradigmas, nos soturnos tempos das trevas, chamados de "Idade Média", eram imediatamente associados ao demônio.

Os anos passaram, o mundo continuou se renovando, e os demônios continuaram os mesmos, mas, o que não foi percebido é que os demônios não habitavam nas inovações, mas na cabeça tacanha dos que as condenavam, pelo simples fato de não serem capazes de aceitar um novo caminho para velhas jornadas.

Sempre, desde que foi criado, o Ser Humano, tendo sido criado para ser criativo, assim como Seu Criador, criou, inovou, alterou o curso das possibilidades e inventou as probabilidades por intuição, o que foi institucionalizado assim que nasceu a filosofia. 

Ao longo dos milênios, depois reduzido a séculos, décadas, anos, e no mundo atual, horas e dias, o avanço do conhecimento encontra atabalhoadas barreiras dos velhos conceitos e preconceitos de que toda inovação será maléfica, e que a solução é correr para morar nos matos, vivendo de forma primitiva, construindo casas de barro e cáscas de árvores, e abatendo seu alimento com armadilhas primitivas. E como tudo o que cria adeptos, em pouco tempo, torna-se uma ideologia, e de ideologia para seita religiosa, é um passo curto e inesperado.

O Píxel veio para se perpetuar, isto é, durar até a chagada, em breve, do computador quântico (este é quântico mesmo, e não tem nenhuma relação com "coach quântico", ou "Física quântica", que é na verdade Mecânica quântica), posto que, até onde sei, não usará mais o conceito dualista de "sim e não", ou "ligado e desligado", ou ainda "nós e eles", "o amor e o ódio", e coisas dessa natureza, o que torna incrível saber que quem põe esses nomes absurdos nas coisas corriqueiras, não entenda patavina do que está falando. Apenas achou sonora a palavra, e assim como dá nome pra filho, pela sonoridade da coisa, também atribui títulos e codinomes à efeitos ocasionais e sem sentido algum.

Então, como dizia o poeta grego, cujo nome eu nunca soube: "Que bosta!" Não falo do tipo de estrume que se põe nos canteiros para engordar as couves de Dona Izartina, mas daquela menção injuriosa atribuída à desvios de curso nas tábula do conhecimento. Mas, enquanto não vem o quântico de verdade, permaneçamos nos Píxeis, o amontoado de Píxel atrás de Píxel, que permita a redação desse ensaio sem o nostálgico tatalar das teclas da velha e boa Lexicon que usei por saudosos tempos. O Píxel aqui é o pavor dos incautos, e a tábua de salvação dos que romperam o cordão umbilical do passado, e se lançam de mente e imaginação no metaverso dos vazios piscantes.

A eficácia do Píxel está na preservação mecânica dos usuários, que investem mais em cadeiras giratórias do que em sementes confiáveis, porque a seara sempre presente dos "fast foods" não exige esforço braçal para a recompensa acompanhada de bebidas pretas, amarelas, verdes, ou incolores, açucaradas e gaseificadas, sem as quais, seria indigesto manipular os píxeis, para que estem manipulem os instrumentos físicos, criados para nos servir. Como por exemplo, entregar os lipidios e glicídeos ainda quentinhos,encomendados pelo cantarolar das teclas físicas ou virtuais na telinha pixelada que domina as novas gerações.


Pacard - Escritor, Artista Plástico - Fã da Dona Izartina

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quarta-feira, 6 de setembro de 2023

A escalada da guerra, e as couves da Dona Izartina

Imagem: Canal Futura - Internet

Pois Dona Izartina mora lá pelos cafundós do mundo, o lugar mais próximo do antigo paraíso perdido, que se possa imaginar, e nem adianta procurar no Google, porque não tem como encontrar. O ranchinho abençoado de Dona Izartina fica pra riba da Pinguela do Graúna, a duas léguas dispois do Umbuzeiro que descadeirou o  Ariovaldo. Bem depois, é adonde fica, segundo ela. Mas, pra que saber adonde fica o ranchinho de barro e taquarinha, coberto de Sapé, se não pensa em dezenvorvê dous dedinho de prosa enquanto beberica um café com mistura, tudo coído na lavourinha da anciã? De todo modo, falarei sobre a guerra, e só bem dispois encaixo Dona Izartina nesta prosa, pois não?

Leio que os Estados Unidos estão investindo uma cifra que nem cabe numa linha, tantos são os zeros consumidos, em Inteligência Artificial - IA, ou AI, como tanto gostam de pronunciar, e fico matutando, se não serão estes os tais AIS do relato de Apocalipse? Talvez não pelo trocadilho, mas sim pelo conteúdo, sim, penso que estão no pacote das dores. Leio que também a Coréia do Sul, está investindo 900 milhões de dólares também, no mesmo tema. IA, Ai, aiaiai... Tudo isso pra ser usado como? Recursos militares, arma de guerra, coisa pra comandar Drones, Mísseis, Pulgas adestradas que enlouqueceriam a bicharada, os soldados, e até o governo chinês.

E não há segredo nenhum disso não, pois se eu, que sou pouco mais letrado do que Dona Izartina, sei, quanto mais os muito bem informados espiões inimigos a quem querem os gringos tocarem terror. Então, se a coisa tá feia lá, imagina só aqui, onde somos uma comunidade superlotada de Donas Izartinas, no quesito tecnologia, potencial militar, e outras barbaridades que fazem barulho, roncam motores, e pisoteiam nas lavourinha de couves de Dona Izartina.

O quanto sei é que me sinto meio, meio não, muito Seu Izartino, quando tento equacionar as pendengas de cada dia, os leõezinhos baios que tenho que tocar à vassourada das minhas pernas diariamente, e sou bombardeado com informações que só fazem por aumentar minha eventual, mas ascendente gastrite, e ansiedade adventícia, que as notícias diárias, que eu faço questão de não ver, mas sempre escapam aqui e ali e nos esbofeteiam com gana por estragar nosso dia e minar nossas esperanças.

Pois bem, ainda assim, sou grato pela parescença que tenho com Dona Izartina, que sentindo-se abençoada, planta suas couves, seu pezinho de Bergamota, as cebolinhas e a Sálvia pra temperar o franguinho (ah, esqueci de dizer, que Dona Izartina não é vegana, e nem nunca ouviu falar disso, e talvez nem tenha tempo de ouvir, porque os AIs são inteligentes apenas para seus operadores, mas são cegos e burros, sem saber onde pisoteiam, e para um robô comandado por AI não sabe diferenciar um pé de couve do capim que pisoteia em busca de alvos por seu Infravermelho.

Dona Izartina, assim me parece direito pensar, estará entre as últimas a saber que nem tudo o que voa e faz barulho é pomba nem urubu. E que a cagada de um desses barulhentinhos voadores, faz um estrago bem maior, nas couves de Dona Izartina, quando chegar a hora, que a meu ver,a última badalada pro gongo do carrilhão na parede de Dona Izartina já está chegando ao fim.


PS:Por não encontrar um retrato de Dona Izartina, que é uma personagem fictícia da minha cachola tosca, encontrei este pequeno vídeo, maravilhoso, da Dona Mariquinha, que é Real. Espero que não deem strike no video.



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quarta-feira, 24 de maio de 2023

O Homem que Vendia Solidão













O homem que vendia solidão

Solidão? - Perguntou, ensimesmado o caixeiro da loja de roupas, que recebeu uma filipeta, um panfletinho em preto e branco, anunciando a venda de nada mais, nada menos que "solidão". Isso mesmo, essa mesmo que o leitor está pensando aí.

- Mas e alguém compra isso?

- Evidentemente que sim" - Respondeu o filólogo, que oferecia solidão em promoção. Infelizmente, apenas uma por freguês, pois como se trata de solidão, não há um coletivo. Por acaso você sabe qual é o coletivo de solidão?

- Creio que seja "multidão"! - Respondeu o caixeiro, meio desconfiado de que talvez fosse uma pegadinha.

- Pois aí que está" Isso mesmo. Multidão. Ocorre que multidão é algo que descaracteriza a pessoa, compreende? Qualquer um na multidão, desaparece completamente, e assim, fica pior que antes.

- Nunca havia pensado a respeito disso! Respondeu, pensativo o caixeiro. E como funciona isso?

- Ah, não é tão simples, mas é um recurso para que o indivíduo se torne novamente um indivíduo, e não uma estatística, um número, uma sombra. A coisa funciona assim: Nesse tempo em que vivemos, onde cada louco contamina outro doido com sua loucura, fazendo com que dois loucos multipliquem seus disparates e desta forma, teremos uma multidão de loucos. Assim como acontece em uma pandemia, por exemplo. Um louco avisa o outro, e ambos se enroscam na loucura coletiva, e tornam-se alvos, presas fácies dos dominadores, que capturam doidos com redes, sabe. Redes de mentiras, rede de intrigas, rede de fofocas, redes e mais redes, até que estejam todos dominados, e por estarem em bandos, perdem sua individualidade, não são mais ninguém, ainda que amontoados com outros milhares de ninguéns. Compreende?

- Não!

Veja bem, vou dar um exemplo: Se você caminha entre muitas pessoas, e se todas elas falarem ao mesmo tempo, você conseguirá entender o que falam?

- Pois então! Aqui está a chave da questão. As pessoas precisam ouvirem suas próprias vozes, ouvirem seus nomes, conversarem com quem as ouça, e ninguém melhor que nós mesmos para ouvirmos o que dizemos. Assim, se você for capaz de caminhar sozinho, ainda que na multidão, você voltará a ser você e mais ninguém.

- Mas e por que as pessoas não fazem isso?

- Porque perdem suas vontades, pelo medo, pela falta de esperança, pelo exagero de informações que receberam, e saturaram a credibilidade em tudo. Pois é aqui que eu entro, e vendo para elas o meu projeto de "Solidão Responsável!"

- E como funciona:

- Vendo à você a pergunta "coringa", para todas as respostas, que é uma pergunta padrão, capaz de afastar as pessoas negativas de sua presença, e assim, você tem possibilidade de caminhar livre por entre elas, sorrindo, enquanto choram, sereno, enquanto gritam, altivas, enquanto se dobram ao desânimo.

- E tem garantia isso?

- satisfação garantida, ou recebo em dobro o que você pagou, em espécie.

- Não estou precisando ainda, mas por favor, embrulha pra viagem, pois vou ligar a tevê, e posso precisar disso logo, logo.

- Pois não! Débito ou crédito?

- Faz no carnê?

- Infelizmente não. Carnê pressupõe um monte de parcelas, e isso descaracteriza o negócio. Solidão é tudo, é o nosso lema. Vai querer uma sacolinha?

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Matutações sobre o Mate Amargo


Pois não sou de me gabar, porém, certos feitos devem ser enunciados para recuerdos da posteridade, e aqui testemunho da qualidade material de um bem cuáje espiritual, sem pender pro fanatismo, que é o meu apetrecho de matear, a minha cuia feita de porongo de Canela Sassafrás, feita de um toco retirado da figueira milenar de adonde foi enforcado o glorioso jeneral Bento Gonçalves, em Ouro Preto do Passa Quatro, perto de Taquari.

Matear é um ato solitário que deve ser feito em pixurú, pra não perder a mão, e sempre seguindo o protocolo de jamais mexer na bomba, nem entregar a cuia pro cevador sem roncar tres vezes.

Entregar a cuia com a mão errada também é um sacrilégio, punível com chá de umbú. Você pode, ao tomar o mate, usar a mão direita, a esquerda ou qualquer outra, mas só não pode pegar e nem devolver com a mão errada, pois a certa é a direita mesmo.

Toma-se o mate apenas em duas ocasiões nessa vida: Quando chove e quando não chove! O resto do tempo a gente pode ir se intertendo com uma matezito aqui e outro ali, solito ou num circunlóquio festivo. Sem mistura, ou acompanhado de um naco de charque, uma costela gorda passada no pirão, ou uma bolacha, que pode ser pintada ou não.

Todo vivente, toda viventa, e todo vivento precisa ter na partelêra, polo menas dois pacotes de erva da boa, para oferecer às visitas que chegam, ou matear em homenagem às visitas que não aparecem. É um jesto de munto respeito, além de ser lôco de especial matear, seja solito ou acompanhadito.

O mate amargo deve ser tratado cuáje como uma pessoa, pois quando ninguém mais quer prosear com o vivente (vivento ou viventa), o mate tá ali, solidário, quentinho, amarguito, pronto pra ser sorvido, e pra matear, não se requer muita prática (preparar o mate já são outros quinhentos mirréis) nem habilidade espacial, senão apenas esticar o beiço, fazer bico, como os franceses, e beijar a bomba. Só não pode grunhir de sastefassão, pois aí fica parecendo côsa deferente.
Mas AHHH LA FRESCAAA!

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Velhos guardam coisas...


Velhos guardam coisas...
Pacard (Escritor, e velho)

Num dia desses, assisti um filme, do qual gostei imensamente, onde dois gigantes da dramaturgia, Olivia Colman (A Favorita, Filha Perdida, e outros), e Anthony Hopkins (O Silêncio dos Inocentes, Um crime de mestre, etc), vencedores de Oscars, emprestam seus talentos em um quase monólogo, de ambos, em que a atenção do espectador não perde um único movimento ou frase dos protagonistas, ainda que todos os cenários sejam sutilmente trocados ao longo do enredo, onde o roteirista consegue, com maestria, mostrar os últimos momentos da evolução da senilidade de um personagem tão conhecido de quase todas as famílias deste mundo: o idoso!

Talvez porque eu também esteja caminhando nessa senda da idade que me abraça com ansiedade insaciável, e que começo a perceber em mim mesmo manias e ranzices (existe esta palavra?), que passo a aceitá-las com certa naturalidade, e até me divirto com estes lapsos de confronto entre a idade madura e aquela idade em que apesar de ouvir ainda muito bem, bem até demais, ouvimos coisas que gostaríamos de não tê-las ouvido, seria melhor, mas a vida é a visa e é assim que é. Por exemplo: "Não vai faltar muito para que o caminhão que recolhe entulhos passe aqui para levar essas tralhas, e se descuidar, te leva junto!" É claro que estou usando uma metáfora e generalizando, pois eu não tenho nenhuma preocupação com o caminhão do entulho, porque conheço o rapaz e posso entrar em acordo com ele se isso acontecer. Mas também é certo que tenho minha caixinha com parafusos de todos os tamanhos, roscas, e bitolas, e acreditem: Com frequência tenho que dar um pulinho na loja para comprar outro tamanho que é indispensável para consertar aquele objeto que seria descartado como inútil, quando apenas o que faltava era aquele parafusinho e uma ajeitadinha aqui e outra ali para economizar boa parte do meu parco salário de aposentado.

Os velhos guardam coisas, porque ao longo da vida, muitas coisas faltaram nos momentos mais inoportunos, e assim, adquiriam o hábito de não jogar fora aquilo que não esteja totalmente inutilizado para consertar outra coisinha aqui e ali. Os velhos guardam memórias que se acumulam, porque não há mais quem as queira consumir, porque velhos repetem as mesmas histórias, não porque acham que as pessoas sejam esquecidas, mas porque se eles próprios (nós) não as repetirem, serão finalmente esquecidas. 

Os velhos guardam coisas como valores (se os tiveram cultivado, pois só guardamos aquilo que já tivemos um dia, ao longo de muitos dias), porque são estes valores que o sustentam nos longos dias emendados nas noites insones, a contar nos dedos enrijecidos os dias que faltam para que o silêncio não os perturbe mais.

Os velhos guardam coisas e loisas. Guardam lembranças e guardam distâncias dos tempos em que os passos eram ágeis e as horas eram mais lentas, onde a vida era ligeira, e não havia tempo para abraçar o tempo que tinham para abraçarem seus amores. Os velhos abraçam dores, que as tornam companheiras, posto que sejam as únicas companhias dos dias que perambulam solitários de um lado a outro buscando com o olhar esperançoso pela companhia de quem os procurem para ouvir deles as lembranças, e as lembranças dos sonhos que nunca se cumpriram.
Os velhos guardam coisas, pois as coisas, ainda que apenas coisas, mostram pela poeira e ferrugem, que são tão velhas quanto eles, e velho com velho se entende bem.
Velhos guardam coisas, e coisas protegem os velhos da solidão.





quarta-feira, 26 de abril de 2023

A Ditadura, Os Estudantes, Gramado, e Eu

Foto: Silvano Haas (Entrega do Troféu Ilha de Laytano, e o dia do meu primeiro discurso à todos os alunos, no Cine Embaixador, Dezembro de 1976) Sou o primeiro, assentado, à esquerda. Ao meu lado, Nailor Balzaretti, Professor Francisco, ao seu lado, não sei quemm é, Dante de Laytano, Irma Peccin, Marilia Daros Franzen, Esdras Rubim, de pé, o Diretor José Staudt, e dormindo, lá no canto oposto, Romeu Dutra.

Pois confesso o que já é amplamente despercebido: esta é a primeira vez que eu escrevo sobre os tempos de Movimento Estudantil em Gramado, e meu estado de coisas neste ambiente sinistro e maravilhoso.

Meu intróito neste ambiente da política estudantil começou lá por 1976, quando cursava alguma coisa entre o Ginásio e o Científico, não lembro direito, e isso nem importa também, mas o que interessa é que minha turma na escola noturna era bem pequena, uns dezoito ou vinte alunos no máximo, gente boa demais, amigos até hoje (os que ainda perambulam pela vida), onde não éramos amigos apenas, mas quase irmãos mesmo, tamanha a amizade do grupo.

Foi nesse tempo, que o Grêmio Estudantil Machado de Assis estava em processo de organizar a eleição para o comando da entidade, e nesse tempo, os Grêmios Estudantis eram o último redutos da juventude para extravasarem sua ânsia pela política nacional, posto que era proibido aos estudantes a manifestação na política partidária, e nesse tempo, os Diretórios Acadêmicos Universitários estavam fechados pelo governo militar, e a UNE estava lacrada e cercada por soldados armados até os dentes, à espera de algum "fura-fila" que ousasse romper o lacre e entrar na sede da entidade, e enfiá-lo num camburão para levá-lo a um passeio pelos porões do DOPS (Delegacia da Ordem Política e Social, o departamento de repressão e em muitos casos, senão a maioria, tortura e pau-de-arara mesmo), para uma nada gentil conversa com algum delegado cercado com umbando de sádicos, que não tinham a menor ideia a respeito dos debates políticos que perseguiam, mas tinham a força e o prazer de divertir-se com os gritos dos torturados. Assim, os estudantes universitários trancavam suas matrículas nos cursos, e se matriculavam no Ensino Secundário, para arregimentarem prosélitos, e disfarçadamente manterem o movimento estudantil vivo.

Foi nesse ambiente que eu comecei. Eu não era e nunca fui ativista político. Não sabia nada da política nacional, além do que ouvia pelos amigos, geralmente em rodas de piadas, onde o estúpido era o general de plantão no poder, e a piada girava em torno de ideologia política, as mesmas de anos anteriores, onde só se trocavam os personagens. Este era meu conhecimento da política, nada mais. Não fazia a menor ideia do que fosse o movimento estudantil, e muito menos tinha pretensão de envolver-me com isso. Porém, como sempre fui comunicativo (alguns antagonistas davam o nome de "inxerido e petulante". Vá lá que seja, assim eu era, e por ser inxerido e ansioso por pertencer ao grupo, já que eu era péssimo no futebol, fator que favorecia o fortalecimento de amizades, e por ser um perna de pau, eu não era convidado para formar time com ninguém, e por isso e outras coisas mais, tornei-me um excluído social. Então, a única forma de entrar em uma porta quando não abrem pra você, é meter o pé e entrar assim mesmo. Isso te torna inxerido e petulante. Que seja.

Como dizia, o Grêmio Estudantil nesse tempo, estava sendo movimentado para a eleição, e era sempre a chapa da situação quem vencia, porque seus integrantes faziam parte, tanto dos movimentos esportivos da cidade, quanto da elite política, que os motivava a que se mantivessem no comando da juventude de cabresto. E fui então procurar o então presidente da entidade, um sujeito maluco de atar em poste, cujo prazer era vestir-se de Papai Noel, próximo ao Natal, e sair com uma vara de vime de dois metros de comprimento dando varadas nas pernas da piazada, por onde passava. Esta era a liderança da juventude política deste tempo e lugar.

Num desses ímpetos arroubos de humildade invasiva, fui procurar o maluco e disse a ele que eu gostaria de ser incluído na próxima chapa, num cargo, tipo qualquer mesmo, para pertencer ao grupo, participar, correr de um lado a outro nos eventos da entidade, enfim, queria estar junto deles, e ele me respondeu, com ar de superioridade:
- "Fica tranquilo, vamos te arrumar um carguinho na chapa (que tinha cerca de 30 pessoas)!!
Ah, como eu fiquei feliz, e fiquei à espera de ser chamado, o que nunca aconteceu.

Entre muitos amigos, eu era (e ainda sou) grande amigo de um sujeito de baixa estatura, de fala mansa, observador, meio debochado, mas um excelente estrategista político, que durante os intervalos das aulas, quando todos ficavam tagarelando e andando de um lado a outro, ele sentava-se, de pernas cruzadas, e lia o jornal atentamente: o Eduardo Barros! Então, cheguei pro Edu e disse que deveríamos montar uma chapa para concorrer, e que ele, Eduardo, deveria ser o Presidente, e que eu o apoiaria, buscando votos dos alunos. Minha esperança era pelo menos ter um lugar no grupo para colaborar, nada mais. Eduardo olhou pra mim com a cara seria e disse:
- "Sim, vamos formar uma chapa, mas o presidente vai ser tu!"
- "Eu?" Fiquei estupefato, aquilo era irreal, eu não tinha a menor condição de vencer uma eleição com mais de mil alunos, um desconhecido, insignificante, pobre, filho de mãe solteira. Nem pensar!
Eduardo insistiu e disse: 

-"Monte a chapa! Escolha alguns membros, poucos, e vaou te inscrever como candidato!"

E assim foi. Mas um dos segredos de vencer uma eleição, é ter aliados, e como a chapa da situação já estava formada, contando com mais de 40 pessoas, naturalmente já haviam escolhido todos os formadores de opinião, líderes, e alunos mais populares, para composição desta chapa, e desse modo, ninguém queria entrar na competição contra eles, e eu ia de pessoa em pessoa, até que finalmente consegui formar um grupo mínimo, com os componentes exigidos pelos estatutos, elegíveis, isto é: Presidente, Tesoureiro, Vice Presidente, e Secretário. E lá fomos nós: Presidente, eu, Paulo Cardoso; Vice, Marlene de Oliveira; Secretária, Edelgarth Ramm, e Tesoureiro, Sergio Teixeira, que era o mais maduro do grupo, e trabalhava em um banco, então ninguém melhor para cuidar das finanças do grupo.

Começamos o périplo pelas salas, pelos corredores, pela calçada da frente, apresentando nossas propostas, mas sem nenhuma esperança de vencermos, apenas pela adrenalina da campanha já estaria bom. Minha avó, muito religiosa, dizia: 

- "Não posso orar para que venças. Mas oro para que tenhas sabedoria!"

Chegou a eleição, e minha pequena turma foi proibida de abandonar a sala para votação, pois estavam em prova. O professor era a favor dos oponentes. Acontece. Perdi 17 votos então. Em outra sala, ao lado, também não recebi nenhum voto, porque a líder de turma era uma freira que me odiava, porque descobriu que eu não era católico, depois que eu havia feito diversas vezes a leitura dos Evangelhos na missa, a convite dela, porque gostava da minha dicção, e aí disse que iria me incluir na liturgia, que eu achei interessante, pois a grande maioria dos meus amigos era católica, eu era amigo dos padres, e não via nenhum problema de estar entre amigos, contanto que não tivesse que fazer coisas contra os meus princípios, as ler um trechinho da Bíblia, por que não? Mas quando contei isso, a freira botou os óculos de ver a verdade e me viu como o anticristo, o que alimento nela ódio infernal e perpétuo. Assim, nesta sala também, não recebi nenhum voto. Tristeza, pois voto é voto. E a terceira sala onde não recebi nenhum voto, foi a sala do meu oponente. Lá também eram unidos, e me deixaram no esquecimento. Então, já perdi cerca de 60 votos nestas três salas. E foi só, pois venci por larga margem em todas as demais salas, fazendo 832 votos contra cerca de 300 do meu adversário. Foi uma lavada! Porém, ainda faltava uma coisa: Compor a equipe de gestão, eu precisava de uns vinte integrantes mais ou menos, e naturalmente, o primeiro convidado foi o Eduardo Barros, que não aceitou, apenas se dispôs a companhar-me como conselheiro. E foi. E como fiz para juntar esse grupo todo? Simples: Matar dois co...(ops, não pode né)brócolis com uma tesourada só! Convidei todos os integrantes da chapa derrotada para trabalheram comigo, e apenas dois não aceitaram, incluindo o candidato a presidente e outro amigo meu, que não sentiu-se confortável em aceitar. Assim, acabei com a eventual oposição, e ao mesmo tempo formei uma equipe experiente para a tarefa.

Vou pular a parte da gestão, e voltar à política nacional. Pois logo no inicio do ano seguinte, veio o convite da UGES (União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas) para que eu fosse com eles, participar de um congresso nacional de estudantes, em Curitiba, e não é preciso dizer que me senti o verme do cocô do cavalo do bandido lá entre aquela militância profissional universitária fantasiada de secundarista, mas mesmo assim, fiz meu discurso, no último dia. Confesso que não lembro de uma palavra que disse, de tanto que eu tremia, porque havia um sujeito rechonchudo, crespo, com óculos tipo fundo de garrava, empunhando um gravador, com microfone apontado pra mim. Não era um estudante nerd que queria repassar as conversar para tirar lições, nem um jornalista, cobrindo o evento. Era um agente da DOPS, com o pé que era um leque para pegar no pulo um incauto que deixasse escorregar uma palavra solta de interesse dos generais.

Conheci, neste encontro, os ex-presidentes da UGES, entre eles um que me tornei amigo e era grande admirador, Alfeu Bisaque Pereira, que tornou-se Juiz de Direito e hoje advoga, lá no interior do Rio Grande do Sul. Outro, de quem me tornei rival, Gilberto Barbosa de Oliveira, o Gica, baixinho e bem falante, um orador aguerrido. E outros de vários estados do país. E para cada grupo de cada estado, um agente da DOPS de tocaia.

Voltando à Gramado, a principal atribuição do Grêmio Estudantil não estava ligada á política nacional ou partidária, embora, endo eu militante da oposição aos militares, sem estar filiado ao MDB, tornei-me o queridinho dos palanques e poucos dias depois houve eleição, onde o candidato deste partido venceu, coincidentemente com o mesmo número (ou muito próximo disso) de votos de diferença do candidato da ARENA, e claro, o guincho das raposas velhas me emboscou, pegou pela vaidade de um menino de 18 anos, ainda deslumbrado pelo fulgor da vitória esmagadora. Tornei-me um ícone da juventude opositora, sendo que, mesmo estando no que chamavam de "esquerda nacional", até hoje eu nem sei o que quer dizer "esquerda ou direita", e nem faço questão de aprender. mas fui rotulado de "esquerdinha, comunista, socialista, gremista (sim, isso eu sempre fui, gremista, etc). E neste rufar de tambores, fui levado para a Secretaria de Turismo, na condição de aspone do secretário (isso eu já contei antes).

Porém, o título de líder dos estudantes não foi benéfico pro meu mandato. Por exemplo: como fazíamos muitos eventos esportivos e sociais entre os estudantes, escolha de rainha, princesas, campeonatos, teatro, etc, cada vez que havia um evento, eu era obrigado a apresentar-me ao delegado de polícia local, mostrar à ele os cartazes, os quais ele olhava contra a luz, dobrava ao meio, examinava com lupa, pra ver se não havia nenhum manifesto comunista criptografado no desenho. Penso que nunca encontrou nada, pois me mantive fora do camburão, cuja sorte de conhecidos meus, fora de Gramado, não era a mesma. Nesse tempo, eu não tinha carteira de identidade. Não era comum tê-la, e meu único documento era a carteira de Presidente dos Grêmio Estudantil, e é com ela que eu ía à Porto Alegre, e uma vez, atravessei um piquete de estudantes que confrontava a polícia de choque em frente  à Assembléia Legislativa, e no bolso, a carteirinha azul... adrenalina pouca é pra fraco, minha gente.

Mas querem saber se eu senti os efeitos da ditadura na minha vida? Ah, como senti! Por não pertencer à elite do comando econômico local, ao ser eleito, fui cooptado por empresários ligados aos militares, que me ofereceram empregos dos sonhos, com salarios dos sonhos, mas havia uma condição: eu deveria "mudar a camiseta", aderir ao partido deles! Ora, diga isso a um jovem aclamado pelos seus, no auge da glória de vento, para que el se torne um traidor de suas ideologias e de seus amigos, e espera a resposta que terá. Não aceitei! Certo, então. Nunca fui preso, mas nunca mais tive oportunidade de um bom emprego,de bom estudo, de uma carreira. Claro que tive bons empregos, fiz carreira em outra direção, mas sem dever favor nenhum aos que me perseguiam. Tomei conhecimento, muitos anos depois da exist~encia de um "Caderno Preto", onde constava a lista de pessoas com quem não se podia fazer negócios, e a pessoa abriu o caderno, mostrou o meu nome, riscou ele, porque naquele momento eu havia entrado nos interesses do grupo, aind que fosse por capacidade profissional e não ideologica e não tive que me ajoelhar, mesmo proque as pessoas eram outras nesse tempo e o passado foi guardado no passado, mas ninguém me contou sobre o livro. Eu vi!

Um dia, alguém me perguntou: 

- "Paulo, por que tu nunca "deslanchou" em Gramado? (Deslanchar, era circular nas rodas altas , enriquecer, coisas assim). Respondi: Porque tenho caráter e não negocio com meus princípios!

sábado, 8 de abril de 2023

Os vazios de nosso envelhecer - Os desafios do Século XXI


Amadurecer é como fogo em madeira verde: Muita fumaça e pouco calor. Os anos passam, e assim, como a lenha verde, que evapora toda a água e transforma-se em brasa, também a maturidade acontece, e nossas ações são desejadas, porque podemos servir com toda força que mescla juventude e experiência. Os anos passam, e assim como a lenha que é brasa viva, nossa utilidade é necessária para o desenvolvimento da sociedade. E por fim, poucas brasas, aconchegando-se na cinza, para perdurar seu calor, é o que resta do calor que um dia derreteu o aço. Então, as primeiras gotas de chuva açoitam as cinzas e acertam as brasas, que sublimam em um vapor branco e suave, que em nada lembra a densa nuvem das primeiras chamas, lá no princípio da vida adulta.

É no envelhecer que se percebe que ser ignorado já não importa mais. Já não se luta mais por espaço no mundo. Já não se desejam mais conquistas, fama ou poder. Basta a quietude das manhãs, quebrada pelo vento e pelo trinar do passaredo. Basta o ruidoso canto do crepúsculo retinindo nos ouvidos, ora surdos, ora sensíveis a qualquer estampido repentino.

É no envelhecer que se percebe que aquilo que pensamos ser sabedoria, torna-se impertinência para quem, em nosso entender, necessita de conselhos, e que no calor de suas próprias chamas, foge da pretensa sabedoria de quem não foi capaz de driblar a juventude, e como castigo, envelheceu.

É no envelhecer que a solidão torna-se a melhor companhia dos dias, e a dor, a parceira fiel das noites. É no envelhecer que ouvimos o silêncio como se fossem gritos de desespero, ou paradoxalmente, como uma sinfonia lenitiva. É no envelhecer que cada silêncio é organizado e saboreado. 

É no envelhecer que nos tornamos transparentes, translúcidos, irritantemente insignificantes. É no envelhecer que descobrimos que o tempo acelera morro abaixo. O Século XXI é o século dos silêncios encapsulados entre  nuvens quânticas, onde cada ponto que brilha, encerra um ponto que se apaga. O silêncio neste andar dos primeiros passos do século em curso é o combustível para o reflexivo caminhar da solitude anciã.

É no envelhecer que somos capazes de discernir as diferenças entre o que é aventura, e as consequências de aventuras inconsequentes. É nas consequências das grandes descobertas e invenções dos séculos recentes, que chegamos ao Século XXI com a mais completa das incertezas: Quando  nos tornaremos sombras liquefeitas pela sociedade que ajudamos a moldar à nossa imagem e semelhança?

Quando nós, enquanto já sombras inertes projetadas pelas luzes que nós mesmos acendemos e as utilizamos como se fossem nossos próprios brilhos, e por fim, descobrimos que não havia em nós brilho algum, assim como não há corpo em uma sombra, que depende de outro corpo e de outra luz que se projete sobre uma superfície, e nem mesmo esta superfície podemos ser, senão a falta de brilho que desliza se contorcendo entre a planura e depressão do chão que não sente mais nosso peso ao andarmos?

O Século XXI multiplicou os desafios de adaptação aos tempos em quantidade infinitamente superior aos séculos precedentes. A tecnologia tornou-se parte de nosso DNA, o que não traz nenhuma novidade à quem conhece os escritos sagrados do profeta Daniel, que dizia: "Tu, porém, Daniel, cerra as palavras e sela o livro, até o fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará."Daniel 12:4. Assim, o que não é novidade, não deixa de ser espantoso, de causar estupefação, por ver profecias se cumprindo diante de nossos olhos, em nossas casas, em nós mesmos. Somos a geração que sabe, ao mesmo tempo, que dias maus sempre chegam no entardecer da vida, também sabe conviver com a vida digital, aquela vida paralela que se oculta e se mostra atás de pontos luminosos em nossa tela de computador, e as chamamos de "Redes sociais", de portal virtual de acesso às vidas de pessoas que não podemos tocar, abraçar, sentar para tomar um mate (ou café, ou suco, ou água, ou dividir uma fatia de bolo, um biscoito, um pão), mas podemos conhecer-lhes a alma, os sentimentos, podemos compartilhar orações, desejos, disseminar a raiva, odiar o ódio, ou fazer valer a nossa vontade. Ainda que sejamos velhos, somos vivos e podemos viver cada centelha de vida que carregamos em forma de corpo, de alma, de sentimentos.

O Século XXI em sua essência é exatamente igual ao Século X antes do cristianismo, ou ainda antes, alguns séculos ou milênios, porque também por este mesmo mundo, perambulavam pessoas que tinham fome, sede, amor, compaixão, ódio, ganância, medo, ou coragem. Casavam e tinham filhos. Lutavam suas lutas e morriam suas mortes, e no seu entardecer eram reverenciados como sábios, e isso sim, perdemos, porque o multiplicar das ciências popularizou e capilarizou a sabedoria falsa, chamada de conhecimento, de ciências, de entendimento. Essa é a única diferença de nós com aqueles que viveram muito tempo antes: O tempo que tinham livre tornava-se o sol que amadurecia o conhecimento, e assim, digerido lentamente, era transformado em sabedoria.

Sabedoria não é dominar o átomo ou a pólvora, mas saber empregar um e outro conhecimento para o bem maior, o bem estar de cada ser vivo, de cada ser pensante, rastejante, ou emissor de oxigênio, metano, ou carbono, a saber, dos Homens, dos animais, dos vegetais, e até mesmo dos minerais, que juntos sustentam o ciclo da vida.

O Século XXI está passando tão rápido, e ainda nem esfriou o perfume do século XX. Os ventos ainda nem dissiparam os olores da morte, das guerras, da fome, das pestes, antes, fizeram de tais odores, sementes que brotam e rebrotam a cada dia, hoje, com o domínio do saber que fertiliza tudo, para o bem e para o mal.

O Século XXI voa para trás, mas para nossa esperança, forma o vácuo que puxa o futuro com mais celeridade, e neste futuro antagônico, que traz ao mesmo tempo, e pelo Mesmo Personagem, a esperança e o desespero, é o lugar onde, no tempo presente, podemos ainda refletir sobre O que Foi, O que É, e O Que Será. Ainda se pode refletir sobre Quem queremos ser nesse abraçar de tempo e de esperança.


segunda-feira, 3 de abril de 2023

Pétalas - Pacard

1 – Os Ventos
Sempre ouvi dizer que a sabedoria morava junto ao silêncio, e resolvi então buscá-la.
Levantei bem cedo, pois o primeiro silêncio anda junto da aurora. Andei no rumo do sol e perguntei à brisa que me acompanhava:
- Conheces a sabedoria?
- Dela ouvi falar!- Respondeu-me. 
- Por que a buscas nesta hora do dia, em que melhor é vagar sem saber onde chegar?
- Porque sei que a posso encontrar e desejo dela sorver graça para minha vida – argumentei esperançoso de pudesse forçar o vento a me conduzir a um ponto de partida.
- Ventos não andam em busca de abstrações! – Disse-me, com ar de melancolia. Somos a abstração que se pode sentir sem tocar. Somos a metáfora de D-us, porque não nascemos onde nos possam dar nome. Não andamos por caminhos pré-estabelecidos, e desaparecemos sem que nunca tenhamos sido tocados. Somos como o espírito vivo, embora caminhemos como a morte.
Ninguém nos pode guardar. Sabem quem somos só depois que passamos. Somos o passado como vozes do presente. Nos podem ouvir, até mesmo há quem procure traduzir nossas canções, mas frear nosso curso não há quem consiga.
Somos o acalanto dos órfãos. Somos o bálsamo dos que queimam. Somos sopro de  D-us dando vida. Somos a própria vida.
Enquanto o sol mais alto surgia, devagar como o tempo, a brisa desapareceu. Aborrecido por não ter minha pergunta respondida, retirei-me dali, arrazoando com meus pensamentos, trôpego pela embriagante musicalidade da manhã, foi quando percebi que tivera minha primeira lição: "A sabedoria é como a brisa mansa. Vem, anda junto e se vai. Dela ficam em poucos, as marcas. Dos que se deixam acarriciar por sua suavidade, como que pelos dedos da brisa nas folhas das árvores".

2 – As árvores
Continuei a caminhar e encontrei uma grande árvore. Já alto o dia, queimavam-me os raios do sol altivo e imponente, como um velho mestre a impor disciplina ao aluno displiscente. Sentei-me à sombra e com jovial ociosidade fitei o cintilar entre as folhas, como se o olhar do velho professor buscasse me encontrar entre as frestas de meu esconderijo.
Era uma castanheira, frondosa, forte, abraçando em círculo com seus braços longos tudo o quando pudese abraçar, como uma mamãe pássaro a envolver seus pintos sob pequeninas asas, mas que se multiplicam de tal modo que nenhum deles perde seu aprisco acolhedor sob a mais intensa chuva ou causticante sol.
Ao lado da castanheira, uma araucária alta, coroada de belas copas ostentando pinhas e balançando uma a uma como troféus por sua imponente forma.
Pousou entre as folhas da castanheira um pequenino pássaro. Quase ao meu lado. Arredio, ligeiro, atarefado em observar tudo ao seu redor como um guradião atenta para o perigo que ronda seu tesouro.
- Conheces a sabedoria? – Perguntei ao pardal.
- Como ela é? Tem forma? Sabor? Cor? Pousa em que árvore? Constrói ninhos? Encontra sementes para seus filhotinhos? Banha-se nas fontes e bebe nas folhas? Quão alto voa? Brinca nos ares e voa em bandos? Procura o sul sem repouso em vôos sem descanso? Canta ao amanhecer e repousa com o crepúsculo? Foge dos predadores com astúcia? Etc, etc, etc?
Disse isso e voou dali pousando nos galhos, longe das folhas espinhentas da araucária.
Fiquei estarrecido com tantas perguntas, e enquanto ainda tentava assimilar a primeira delas, acompanhei instintivamente o ir e vir daquele passarinho, até que ele voasse para tão alto e eu não o visse mais.
Assim como chegou, se foi, sem me responder. Apenas fiquei observando o balançar das folhas de ambas as árvores pela brisa que passava, e acompanhar pássaros que iam e vinham, pousando numa e outra árvore. Na castanheira, entre as folhas. Na araucária, sobre os galhos.
Saí dali e contineu a andar. Foi quando percebi que a sabedoria estivera comigo outra vez e eu não havia percebido.
Concluí que como as árvores também podem ser as pessoas: assim as pequenas como as imponentes. Naquelas, cujas folhas pendem para o chão e se deixam soprar pela brisa, outras se podem achegar e construir seus ninhos. Embora imponentes e altivas, suas folhas sempre estão voltadas para baixo, humildes. As demais, cujas folhas também são voltadas para cima, são espinheiros, que não permitem a ninguém se aproximar. Tornam-se intocáveis e inatingíveis.
Olhei para trás, e pareceu-me por um instante ter visto olhos cintilarem entre as folhas que arrazoavam com o vento e os pássaros a respeito da sabedoria.

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José Lewgoy, Caçador de Nazistas em Gramado - Sequência do caso do Encouraçado Graff Spee*


José Lewgoy - Ator brasileiro, gaúcho, Judeu, e apaixonado por Gramado

Publiquei, há algum tempo atrás, a história sobre os inomináveis energúmenos que intentaram prestar uma homenagem ao nazismo, criando um monumento com uma parte do casco de um encouraçado alemão que afundou na costa brasileira, mas que pela obviedade do absurdo, teve a ideia abortada, e nunca mais falou-se no assunto.

A grande questão é: Por que Gramado seria um suposto reduto de simpatizantes desta monstruosa ideologia nesse tempo, e ninguém ter tomado conhecimento disso então?

Ora, porque assim como a Alemanha inteira acolheu a barbárie do Shoah (Martírio, Holocausto), com os sentidos amortecidos pelos duiscursos patrióticos de um monstro, alimentado e sustentado por outros monstros, percebe-se que sua especialidade é esconder um elefante dentro de um carrinho de mão, e ninguém perceber que o peso do carrinho excede à normalidade do volume. Assim também, as coisas que se faziam, eram geralmente às sombras, como foi o caso do casco do encouraçado (leia aqui) que ause virou munumento à estupidez.

Mas a história continua, e também esta chegou à mim por um velho amigo, que optou pelo anonimato, que relata a presença de agentes da Mossad, o serviço de inteligência de Israel, e do Instituto Wiesenthal, que caçava criminosos de guerra pelo mundo inteiro, tendo, inclusive, uma célula em Porto Alegre, que por sua vez, tinha ampla intimidade com Gramado, permitindo auxiliar com discrição na busca destes criminosos. 

Relata uma fonte que um destes agentes, ou colaboradores do Instituto Wiesenthal (ou da própria Mossad), teria sido o ator José Lewgoy, fato que não foge do contexto, uma vez que Lewgoy era apaixonado por Gramado, conhecia bem as pessoas e os lugares, e não seria de estranhar que tenha mesmo participado desta atividade, no período em que era assíduo local. Não há relatos de sucesso ou não em sua atividade, até porque estas prisões, geralmente, não aconteciam à luz do dia, para evitar batalhas jurídicas e para que não fossem alertados outros que poderiam estar próximos.  Para conhecer um pouco mais sobre os métodos empregados nestas caças aos criminosos nazistas, vale a pena assistir o filme: "Operação Final", na Netflix, onde a Mossad descobre que o carrasco Adolf Eichmann está foragido na Argentina, com outro nome, e vivendo como um pacato cidadão do interior.

Conheci, certa ocasião, uma família, proveniente de uma cidade na fronteira do Brasil com o Paraguai, e numa conversa descontraída, a moça, de aparência indígena, filha adotiva de um casal de alemães, contou-me que era filha adotiva do médico de Hitler. Não sei dizer se era do médico que atendia pessoalmente o monstro (o tal que injetava uma mistura de bosta humana com esperma de cavalo no satânico führer), ou de Mengele, que anos mais tarde apareceu morto em Praia Grande, interior de São Paulo. Esse fato apenas acrescenta a forte presença de fugitivos nazistas na América do Sul, o que é de conhecimento geral. Apenas demonstro aqui, que uma pequenina cidade com aparência alpina, invadida por turistas, não ficaria imune, tanto aos próprios, quanto aos simpatizantes locais, que de uma forma ou outra, se infiltraram nas tomadas de deciões políticas e sociais da comunidade. Claro, que isso é elucubração minha, pois, com exceção da história do casco do encouraçao, das corujinhas iluminadas, e do que percebi nas conversas com Hunsche, o resto é vaga imaginação de quem conta histórias, e preenche os vazios com possibilidades. Eu não creio em bruxas, mas que elas acham que existem, ah, acham sim!

segunda-feira, 27 de março de 2023

Recordando o dia em que transportei muamba

No retratinho acima, a mana, que era gerente da boca no cafofo, contendo indivíduo

Sou favorável à verdade, ainda que nua, e éxatamente este o cenário que irei descrever. Isso foi no dia em que fui fazer uma visita à maternidade, e de pronto fui incumbido de presenciar o lance. Vi tudo! Tudinho mesmo. O bagulho apareceu, assim do nada, e despudoradamente peladaço, meio azulado, e silencioso. Foi sinistro. A médica olhou pras enfermeiras e as enfermeiras olharam de volta. Arregalaram os zóio, deram um assobio de espanto, e decidiram: Vamos tem que dar o bagulho! E deram, oxigenaram o lance e mudou de cor. Ô! isso sim foi sinistro, até porque eu já tava me acostumando com a ideia de ser papai de um Smurf. Não era. Era apenas um bagulhinho com preguiça de respirar. Respirou. A médica deu outro assobio de alívio. As parça assobiaram também. Foi lindo. Se empolgaram e assobiaram "ticotico no fubá". Eu não sabia a letra, daí não assobiei junto. Até porque fiquei lá dando bitócas na chefona da boca, a dona do bagulhinho. Mas alegria de pobre dura pouco, pois assim que fizeram os experimentos com o rosadinho, ex azulzinho, tipo: beliscar as bochechas, dar petelecos na bundinha, examinar o enorme saco, o tililico, juntarem pelos pezinhos e rodopiarem pra ver o assobio do vento, acomodaram o trem num paninho verdeinho, e me deram a ordem: "leve ao berçário! A gerente da boca vai recebê-los e tomar conta da muambinha!" Fui, isto é, se fumo, e lá chegando, uma religiosa de diminuto tamanho, com ar muito profissional, esticou os bracinhos, e pegou o sujeitinho rosado. E o levou para uma prédica sobre a importância de não se envolver em drogas, tipo leite em pó barato, uso consciente da chupeta, e o mais importante: O tetê da mamãe, em primeiro lugar! E assim foi. Por segurança, grudei no vidro, do lado de fora, pra fazer leitura labial do que conversavam lá dentro,a  religiosa, o meu rosadinho, e os demais manos da quebradinha. Algumas horas depois, ela desistiu de tentar convencê-lo, eu não sei do quê, e o levou pra mamãe, no quarto, e deu instruções bem claras, que eu lembro bem. Dizia ela: "Txutcha, nêni, txuhtcha!". E o bandidinho não txutchava. Foi necessário encostar uma dedêla de 9mm com NAM-1 pro elemento se aprumar no bagulho leitoso.
O resto é história, e desde aquele dia, eu procuro instruí-lo no bom caminho das quebrada, ensinando os mandamentos, todos os dois: "Não cobiçar o tetê do próximo, e não fazer pipi às traição na cara da mamãe!".
Foi isso.

Laodicéia é aqui - A hipocrisia que rasteja pelas igrejas

  "A igreja de Laodicéia é mencionada no livro bíblico do Apocalipse como uma das sete igrejas da Ásia Menor. Ela recebe críticas sever...