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sábado, 12 de dezembro de 2020

Jardim da Esperança - Ode à Gramado

Este poema foi desenhado, por amável convite,  feito pelos diletos colegas, escritores e poetas, membros da AGLA - Academia Gramadense de Letras e Artes.


JARDIM DA ESPERANÇA
Ode a Gramado
Pacard


Sentei-me, sozinho, à noite
Para abraçar as lembranças
Que meu tempo carregou.
Relatos de outros tempos
Cujas vozes já vazias
minha memória apagou.
Veio à mim, uma criança,
vestida, tão de esperança,
que a recebi com abraços,
tornou-se meu corpo, em braços
trajados de coração.
Pediu-me, histórias,
que as contasse.
Retratasse minha  vida,
que falasse das feridas,
das flores e mananciais
mostradas pelas lembranças
do tempo de meu sonhar,
daquelas tardes airosas,
das invernias manhosas
que tempos não trazem mais.
Sou menino desta terra
que entre as serras se aninha
como faz um passarinho,
cuja mãe constrói seu ninho
no galho em que confiou.
O meu ninho, fez minha mãe
e o dela, os meus avós
cada folha desta árvore
abrigou a todos nós.
Abrigamos os nossos filhos
nos abrigam nossos pais
entre os ramos mais frondosos
dois ou dez, nunca é demais.
Uma terra é um regaço
onde jorram mananciais
onde nos plantam com sonhos
e colhemos sempre mais.
Mais que sempre, nunca é nada
o afeto que nos abraça
onde todos são pessoas
onde não se vê a raça
onde pernas são esteios
mãos e braços, ruas, praças
onde flores, mais que luzes
iluminam, fazem graça.
Passarinho, esse sou eu
neste chão que é sempre meu
embora terras, não tenha
minha herança é uma fonte
onde a fortuna jorra
da vertente sobre a mina
desta água cristalina
do chão que me recebe
e mata a sede que ainda tenha
quando minha vida termina .
A vida que um dia, encerra
carrega o cheiro da terra
o frescor do ribeirinho,
esparge doces, perfumes
dela sentirei ciúmes
se a um outro se entregar.
Mas restam outras delícias
no manancial das carícias
de um coração que ainda bate
com o doce do chocolate,
com os coloniais cafés,
com as Hortênsias e rosas,
com a devoção e a fé,
é Gramado, do meu agrado,
são as ruas, testemunhas
de todo meu caminhar,
são as gentes que ficaram,
mães das gentes que virão,
a terra do mate amargo,
de um horizonte tão largo
onde a esperança ainda grita
quando meu peito se agita
na saudade deste chão.
Embora a beleza peça,
não carrego vaidade,
só levo junto a vontade
de contar à toda gente,
que é o meu peito  que sente
na compleição da verdade,
colher as mais belas flores
no meu jardim da saudade!
Que bate meu coração
como coração de criança
que possa voltar um dia,
ao meu Jardim da esperança.

12/11/2010


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