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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Minha "quase esposa" do Tadjiquistão

Pois parece um pesadelo doido, mas o fato deu-se como verdadeiro. Eis o causo:
No cotidiano da faina, lá pelos idos de 2012, recebo pelo messenger, não lembro se Facebook, ou Skype, mas acho que Whatsapp aínda não. O fato é que comecei a receber fotos de uma senhora, inicialmente apenas fotos de uma garotinha de uns dez anos de idade, por volta disso. E em sequência, uma carraspana de moralidade, onde a pessoa que enviava as fotos, me questionou, com aspereza:
- Está satisfeito agora? olha como está a sua filha!"

Filha? Barbaridade! minha única "fia moça" que eu tinha conhecimento, estava com cerca de 32 anos nesse tempo, e ao que me constava, nenhum "fio macho" teve ideia de efetuar a carga da bateria, então, era minha única filha moça, e ademais, nem parecida comigo ou com meus rebentos, era a tal garotinha. Pensei" Que doida! Vou descatrar a criatura. Porém, ela continuou:
- Por que tu nunca mais apareceu para nos ver?

Ai, misericórdia! agora eu estava encrencado, pois de fato, eu nunca apareci pra ver ninguém, muito menos quem se dizia ser minha filha. Mas, ainda tremendo de susto, perguntei quem eram elas, e sob ofensas do tipo: "Que eu deveria morrer, filho do satã, covarde, bla bla bá.."
Gente! Mas o que é isso? Continuei perguntando sobre os remedios que ela deixara de tomar, sobre como havia escapado da camisa de força, perguntas de rotina que se faz a doidos.
Aí, aparentemente se acalmando, após o desabafo, ele me perguntou se eu havia estado recentemente no Oriente Médio...Agora eu tremi, pois eu recém havia voltado de Israel, e de coração, nem passou pela minha cabeça constituir família com alguém daqueles lados, não sem pedir licença por escrito da primeira esposa, porque é ela quem tem a nota fiscal de aquisição de minha respeitosa pessoa. Então, perguntei de onde elas eram:
- Do Tadjiquistão! Foi a resposta.
Tadjiquistão? Corri ao Google Maps pra saber onde ficam e descobri que fica lá pros lados da Rússia, perto do Afeganistão, Uzbequistão, Turcomenistão, e outros "tão" encravados nos montes Urais. Pesquisei a página, e vi que ao que mostram, é um povo bonito, com umas senhôras bem apessoadas até, mas nem em pesadelo eu passei perto daquele lugar.
Ainda em estado de choque, dei conversa, e ela foi se acalmando, e disse que a menina sofre muito com vontade de conhecer o pai, que saiu em viagem ao Oriente Medio, ao Afeganistão, que fazia parte de algum departamento secreto de algum fim de mundo, e que nunca mais voltara, abandonando ela e a filha pequena.
Nessa altura, eu já comecei a fazer cálculos e tentar entender a biologia do lugar, considerando que eu havia estado naquela região havia menos de dois meses, e como eu poderia ter deixado uma pimpolha com dez anos. Mas aí lembrei que era lá que vivia Matusalém, que morreu aos 969 anos; Adão, aos 967 anos, e gente dessa idade, então, não haveria problema em que o crescimento também fosse bem rápido, e que o espaço-tempo naquela região pudesse ter outra dinâmica. Mas não, eu não estava envolvido nessa pulada de taipa. Esse negócio de ter duas ou mais esposas, não seria muito bem recebido pela primeira e única aqui do coração véio e sofrido.

A conversa mudou para eu mostrando dezenas de sites e fotos minhas pela internet, inclusive de minha infância, comprovando que eu passei minha vida inteira aqui na terra de Pindorama, que eu era meio judeu, e que não tinha nada a ver com islamismo. Contou-me ela, que mudara para os Estados Unidos com a filha ainda pequena, e que soubera que o marido, que a criança jurava que seria eu, havia sumido em uma missão. Mas é óbvio que sim, o cara era espião, e foi se meter a olhar pelo buraco da fechadura da tenda de algum sultão cercado de Kalashnikovs engatilhados, é óbvio que a criancinha fantasiou em outro sujeito qualquer como se seu pai o fosse. Pedi então que ela me mostrasse uma foto "minha", e aí o pavor veio de vez: O sujeito era a minha cara!!!

Depois de muitas lamurias, ela disse que queria me visitar aqui em casa para ter certeza de que eu não era o falecido! Aí a perna tremeu, serio! Falei e repeti trocentas vezes que eu era casado, pai de familia, e qualquer proximidade não seria benéfica a ninguem, mas ela insistiu e disse que não se importava de ser a minha sgunda esposa...Nãnaninanão! Nem pensar!
Aí ela sumiu. Fiquei aliviado, até que cinco anos depois, ela descobriu meu whatsapp e despejou desenas de fotos da tadjiquinha celebrando seus quinze anos, e perguntou se eu não tinha vontade de conhecer afilha...mas claro que não! Eu já conheço muitob bem a minha princesinha local, a que carreguei no colo e ensinei a caminhar. Lamento pela pobre mocinha que vai passar o resto da vida achando que foi recusada por um pai que se tornou brasileiro pra fugir da mãe dela.

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