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sexta-feira, 15 de maio de 2020

A Humanização dos bichos, e a desumanização das pessoas

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Imagem: Internet

Não sei se inventei um verbete, desumanizar, acho que não. De todo modo, penso que quando alguém perde os valores próprios da humanidade, diminui sua centelha divina, e torna-se irracional, mais até que os irracionais em si, os animais, pois estes, podem ser classificados apenas como dóceis, ou agressivos, de acordo com seu comportamento diante daquilo que percebem como ameaça, nada mais além disso.

Foram Ésquilo, e Esopo, quem, na antiguidade, criaram fábulas, onde nas quais inseriam comportamentos e falas, como se humanos fossem, não no sentido de enganar os incautos, mas de aproximar o comportamento destes, diante de fatos humanos, para que se pudesse comparar um e outro, por conta deste comportamento. Desta forma, várias culturas, associam o comportamento de seres humanos à forças da natureza, tais como: Feroz com um leão; rápido como o raio, ou manso como o regato que murmura. Não é incomum que pessoas sejam comparadas à animais, seja do modo pejorativo, ou de forma a exaltar virtudes, de um e de outro.

No Livro Santo, encontramos elogios, como: Leão de Judá, Judá é Leãozinho, ou adoçar uma poesia chamando a amada de "Gazela", e por este caminho seguem os modelos de sabedoria, forma, e demonstração de caráter. De outro modo também, pessoas traiçoeiras, más, são identificadas com serpentes, víboras, cães, chacais, e insetos, são mencionados como atributos de caráter de pessoas, boas ou ruins. Um cordeiro, um boi, um pombo, simbolizam O Messias.

Assim, os animais, desde o princípio da história contada do Ser Humano, pertencem ao imaginário do comportamento social, e não é de admirar que bem mais tarde, o iluminismo trouxe novamente as fábulas de Esopo, recontadas por La Fontaine, Irmãos Grimm, e Hans Christian Andersen, onde humanizam lobos, cisnes, patos e marrecos, mesclando-os com duendes e fada, bruxas, gigantes, gnomos, trolls, e outros seres fantásticos, humanizados em todo o seu potencial para comover ou aterrorizar crianças e adultos, muitas vezes. Mas seja duende, troll, fada boa ou má, fada madrinha ou fada do dente, sempre há a mescla com ratos que se tornam pajens, ou abóboras que viram carruagens, para uma princesa maltratada pela opressão de uma madrasta, isto é, uma interação humanizada entre pessoas, humanos, animais, e o sobrenatural, em um crescente ao longo das fábulas passadas de avó para netos, ora agregando costumes locais, ou fatos sociais, mas sempre os atributos e defeitos eram lançados sobre os bichos, para que não se caracterizasse ilação, denúncia social ou difamação contra autoridades. Isso foi assim por todos os tempos.

No século 20, com o advento e popularidade das películas de cinema, juntando com o negócio da arte integrada à política e comércio, os bichos tornam-se mais engraçadinhos, se movem nas telas, e em dado momento, começam a falar. Walt Disney percebeu que um camundongo que o importunava no estúdio, poderia ganhar inteligência humana, desenvolver ideias próprias e sedimentar o raciocínio, e nasce assim, o Mickey Mouse, um ratinho perspicaz, íntegro (para demonstrar o desejado padrão americano de justiça), e atrás dele todos os demais personagens, cada um com suas particularidades, características notáveis, ou simplórias, estúpidas, egoístas, falsas, ou generosas, e o mundo se curva à possibilidade de interagir com projeções ou estampas, que as façam rir, pensar, distrair-se, e administrar a vida sem a preocupação de que seja ou não natural que um pato more numa casa, seja estúpido, milionário, sortudo, ou apaixonado.

Paralelo ao Mickey, outro Walter, o Lantz, cria o debochado Pica-pau, esperto, ágil, encrenqueiro, e sempre sorridente. E assim, um a um dos animais americanos vão criando identidade, e definitivamente, os bichos vão sendo humanizados, até que da tela a vida salta para o cotidiano, onde cães e gatos, outrora denominados "bichinhos de estimação", ou "animais domésticos", tais como galinhas, vacas, e ovelhas, são agora adotados por pessoas solitárias, mal resolvidas no afeto humano, e que se antes eram chamadas de "donos", transformam-se em "tutores', isto é alguém, com maturidade para administrar a vida familiar de outro semelhante. Não é de surpreender este crescente da fábula e dos efeitos sobre o Ser Humano, onde o que era criatura torna-se também "à semelhança do Criador", de acordo com esta premissa, onde os "tutores" nada mais fazem do que trocar alguém de duas pernas lisas, por outro de quatro patas peludas, posto que sejam "mais confiáveis do que qualquer "outro humano".

A substituição do afeto por pessoas, leva também à troca da permissividade pela bestialidade, e já se veem lugares onde as leis contribuem para tal, como o "casamento" entre humanos e animais, legitimando a bestialidade, e banalizando a irracionalidade, onde tentam atribuir a monstruosidade da pedofilia, como, inicialmente, comportamento passível de tratamento médico, e não jurídico, designando como uma disfunção mental, e não uma aberração. E tudo isso, porque a lebre é mais veloz, mas a tartaruga é mais perspicaz e resiliente. Afinal, tudo é criado pelo mesmo D-s, então somos "todos irmãos", dizia o eremita Francisco de Assis. Assim, - afirmam alguns ideólogos do naturalismo sem fronteiras: comer um bife de boi é o mesmo que mastigar a orelha de um amigo", ou pior, da própria mãe, embora também diga-se que só há uma única mãe: a "Pachamama, ou Mãe-terra", e D-s? Que D-s, se todos somos deuses e que de nós depende a salvação do planeta?


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