O caminho natural deste espaço, seria uma leitura sobre a campanha, motivos, causas e consequências da vitória de um, e derrota de outro, candidatos. Porém, não creio que isso vá acrescentar algo dentro da minha linha de raciocínio e construção dos caminhos que Gramado, dentro do campo político.
A verdade é que foi uma enorme surpresa, para todos os envolvidos, a dimensão da vitória de Nestor sobre Evandro, e eu mesmo me posicionei a favor de Evandro (e não contra Nestor ou Beto Tomasini), porque entendo, ainda, que é necessário fôlego jovem para arejar a política Gramadense.
Continuo achando isso, e fui levado a crer que essa mudança aconteceu ainda durante a campanha, quando houve uma repentina troca de pessoas, e pensamento, no final, quando um grupo de jovens, liderado pelo Arquiteto, e ex-secretário Márcio Coracini, redimensionou, e modificou a linha de ação da forma de manifestação dos candidatos, trocando, inclusive as cores das bandeiras, e dizendo, que este seria o caminho para a vitória. E foi.
O resultado é incontestável, e colocou o MDB na mesma posição que foi colocado, o PP, a redesenhar seu destino, ajustar os erros estratégicos, e preparar-se para a revanche na próxima campanha. Até lá, Nestor retoma de onde largou, porém, não encontrará o que deixou, pois, mesmo que tivesse sido uma gestão louvável, o que não foi, segundo os críticos do prefeito que sai, em razão da pandemia do Corona Virus, e pelo quadro triste e desolador das vidas ceifadas, e outras tantas em processo de recuperação e convalescença, Nestor encontrará em seu caminho a marca do "novo Normal" do mundo em pandarecos.
Como só uma andorinha não faz, verão, levar uma grande Gramado daqui para a prosperidade administrativa, Nestor precisa redesenhar também sua nova equipe, que não será inteiramente a mesma que deixou em 2016.
Novos nomes se posicionaram no novo quadro político, e aqui, faço destaque ao vereador eleito, com a expressiva quarta votação e única renovação da Câmara, Ike Koetz, que, embora aconselhado a permanecer na Câmara, tem recebido forte apelo a que empreste seus talentos para acelerar a retomada do projeto político da UPG, talvez em uma secretaria expressiva (e sim, há secretarias mais expressivas e que oferecem destaques a uma gestão pública), onde tem muito a descobrir e redimensionar dentro da equipe.
Um dos ambientes bastante turbulentos em seus governos anteriores, foi a Cultura, onde em seu governo, ganhou o status de secretaria, mas rodopiou nos titulares e estrutura incipiente, e que mesmo depois de alguns ajustes técnicos no governo de Fedoca, ainda está muito longe de receber a atenção que necessita (e merece), considerando que a Cultura é o que vai mostrar Gramado no próximo século, é assim que funcionam as coisas, uma visão de longo prazo, mas nem por isso silenciosa.
A saúde é a delicada flor e o sensível véu da administração, porque tem um hospital indefinido, e que depende da vara disciplinar do poder público, de tempos em tempos. O que existe é uma pincelada de afago temporário, que depende da boa vontade dos gestores públicos, para que funcione a toque de caixa, mas que necessita ter identidade própria o quanto antes, para que Gramado prossiga nas outras áreas. Nestor, prometeu comprar o hospital. É uma solução.
Outro gargalo que fez eco à sua vitória, foi a economia, e o histórico de Nestor é de arrecadador de fundos em Brasília, no que preciso fazer justiça, por já tê-lo encontrado nessa função na capital do Brasil. O empresariado, e o eleitor, de modo geral, estão em estado de terror, diante da gritante possibilidade de ruir a economia, e Gramado é um grande aglomerado de pessoas, que gritaram da base econômica, e a partir dela, construíram seu patrimônio, e projetaram seu legado. É classe média que "paleteou" tábuas e carregou baldes, para conquistar seu pequeno lugar ao mundo. É um eleitor que provou a dureza da vida, mas também sorveu a recompensa pelo trabalho, e o marketing do MDB não soube mostrar que seu cliente seria capaz de promover essa virada, com o mesmo impacto que propôs Nestor.
Eu mesmo, achei piegas o slogan da campanha da UPG: "Chama o Nestor!". Talvez eu estivesse certo, no conceito do paternalismo caudilhista, mas o eleitor entendeu que sim, ele, Nestor, seria a resposta ao som de suas caixas registradoras, a tilintarem novamente, com a retomada do crescimento e da economia de Gramado.
Nestor tem um desafio difícil de dimensionar em seu retorno, e será necessário mais que motivação, para promover a reconstrução do ânimo do cidadão, que paga contas, e depende do turismo fluindo pelas veias do município.
E seu primeiro desafio agora, é montar sua equipe. Claro que haverão berros contra salários dos CCs, tamanho da máquina, volume de investimentos, mas uma coisa é certa: A gestão de uma empresa de 40 mil pessoas, não é tarefa pra empregado barato, e competência tem um valor. Incompetência tem um custo. Vale pesar um e outro e decantar o resultado. Nisso, a conta é do Nestor, que atendeu o chamado.