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quinta-feira, 8 de abril de 2021

A difícil arte de ser humilde - Cair e recomeçar



Quando as empresas contratam consultores, palestrantes, mentores, ou profissionais de liderança, levam em conta sempre, o saldo positivo de suas carreiras, especialmente no momento da contratação. Nesta leitura, é pitoresco encaixar situações de fragilidade e erros cometidos, mas é fundamental que tais erros permaneçam apenas no passado, e que nada recente seja acrescentado ao portfólio de tais  candidatos. O mesmo acontece na política, e até nas escolha de um parceiro ou parceira para a caminhada conjugal. As recentes vitórias apagam as derrotas passadas, e ainda que numa maratona, o atleta tenha passado o caminho todos em desvantagem, será a arrancada final que decidirá seu lugar no pódio. É assim que é a vida, como ela é, sem tirar nem por.

Na minha experiência profissional, não tive oportunidade de conhecer os que estavam na dianteira, pois sempre que meus serviços são convocados, em geral, para polos industriais, ou mesmo empresas isoladas, é porque estão em acelerado declínio, e postulam outorgarem ao meu trabalho, nesse caso, ligado à criatividade do Design, a resposta milagrosa, mágica, ou libertadora, que, em sua leitura desesperada, será o antídoto para todos os demais deslizes administrativos, fiscais, ou tecnológicos, que de modo contumaz, acumularam ao longo de décadas de continuísmo vazio, e legaram ao setor criativo, o desdém de " "Malucos, inventores, e  Professores Pardais", aqueles que estavam ali para maquiarem continuadamente os ranços travados e obsoletos do tempo de abastança das empresas.

O setor criativo nunca, nunca foi valorizado. Mas as coisas mudaram. Eu disse, "as coisas", porque as pessoas continuam se arrastando nos esteios flácidos de suas lembranças de tempos de fartura, porque o mundo mudou, e vai mudar ainda mais, e quem construiu e planejou seu sucesso em esteios flácidos de lembranças, deve esperar pela frente, as piores variáveis que jamais puderam imaginar, até porque, imaginar é coisa de criativo, porque quem é executivo, não imagina: Vai lá e faz!
Esse é meu slogan: A gente vai lá e faz! Mas, para fazer, é preciso antes pensar, avaliar, criticar, deduzir, sonhar, desejar, e investir, tempo, dedicação e dinheiro.

Certa ocasião, prestei consultoria a um grupo de vinte e três indústrias, em um projeto único de uma instituição de fomento, porque naquele momento, o polo inteiro e o setor, de modo geral, estava afundando, fábricas fechando, e milhares de empregados, sendo demitidos, e migrando do lugar. Haviam ali fábricas com mais de 600 empregados, algumas com mais de 1000, e em alguns tristes casos, os empresários demitiram e indenizaram os empregados, fecharam as fábricas, e cometeram suicídio. Houve um caso, em que o empresário após tentativas frustradas, de redesenhar seu mercado, indenizou os mais de 150 funcionários (antes eram 500, 600), fechou a fábrica, e foi trabalhar como empregado dos filhos, em uma fábrica próxima, que estava indo bem naquele momento. Os filhos, ofereceram-lhe uma bela sala, e o posto de conselheiro da empresa, uma posição digna e honrada, em reconhecimento à experiência do pai, que não aceitou, mas pediu que fosse instalado para ele, uma bancadinha lá no fundo da fábrica, onde passava os dias nas tarefas mais humildes, resignado em seu fracasso.

Eu posso compreender a postura dele. Não era apenas humildade, mas o sentimento de fracasso diante dos filhos, que o chamaram como seu conselheiro, mas na leitura dele, "como poderia aconselhar quem estava bem sucedido, aquele que fracassara, na mesma função e ramo de negócios?" Este senhor, sentia-se envergonhado diante dos filhos e da sociedade, por não ter conseguido encerrar sua carreira empresarial de modo a orgulhá-los pelos seus feitos.

Quantas vezes na minha vida eu errei, e quantas ainda terei de errar, e também eu, em meus piores momentos, não via a mim, como alvo do sucesso, mas meu legado, aos que buscam em mim, inspiração para vencer seus próprios fracassos.

Eu não posso julgar aquele homem, mas posso avaliar que os seus jovens e bem sucedidos filhos, não esperavam dele conselhos sobre sucesso, porque isso já tinham, mas a proximidade de sua experiência diante do fracasso, para o momento em que os dias maus se aproximassem. Esta é a lição que tiro: não se aprende só com os que andam de carro importado e dentes de porcelana, mas também com os que não alcançaram o topo do morro, mas souberam manter-se vivos, no momento das quedas.

Os outros! São sempre os outros o alvo do olhar de quem vence ou de quem fracassa. Raras são as pessoas que vencem por si mesmas, ou que olham para si mesmas ao fracassarem. Só que às vezes, é bom dar uma olhadinha no que restou de bom e a partir daí, respirar fundo, engolir o choro, e seguir adiante.

Temos o hábito humano de dar prestígio a quem o gerente dos bancos espera sua vez de ser atendido, quando o visita na empresa, mas também com aqueles que davam chá de banco nos gerentes, e em algum momento, também esperam sua vez de atendimento na fila de remédios do SUS.

A arte está nisso: Sorrir com ou sem dentes. Dormir em paz, ainda que na manhã seguinte precise caminhar algumas quadras a mais para juntar mais latinhas. Voltar pra casa com todos os remédios que foi buscar na Farmácia Popular. Comer pão de ontem, com esperança no amanhã.

Se você fracassou, conte aos seus filhos, para que se motivem a estudar, a virarem noite trabalhando, a escolherem a insônia da leitura em lugar da vida fácil do resultado imediato. Se você fracassou, mas fez disso lição, não há mais fracasso. Apenas oportunidade de subir um degrau por vez, a cada dia. Eu faço desse jeito. Se vai funcionar, isso eu não sei. Mas com certeza, quando eu for transformado em lembrança, que seja pelas vezes que levantei, e só levanta, quem um dia caiu.

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