Imagem: AI Bing
Eu só posso falar do Brasil e seu mercado, uma vez que minhas fronteiras profissionais não avançaram fora delas, ainda que, ao longo de cinquenta anos dedicados quase integralmente à criação de móveis e interiores (alguns jardins também se enfiaram nas minhas pranchetas de vez em quando), eu tenha dado umas voltinhas, com este bjetivo, pelo mundão velho, mas só de metido mesmo, curioso.
Sempre fui íntegro em minha carreira criativa, e sempre compreendi a incerteza do estado criativo das coisas, que nem sempre correspondiam às expectativas dos fabricantes, apesar de que muitos destes não sabiam o que queriam, ao contratar, mas depois de apresentado, sabiam que não era aquilo que fora mostrado, e então, pacientemente, lá ia eu de volta à prancheta, até que os fluidos se equilibrassem, e a coleção era materializada.
Bem verdade é também que houve um tempo em que acreditei que bastava ser criativo para agradar ao mercado, até que, à duras penas, também aprendi que criatividade é apenas uma parte do trabalho, e que esta apenas cumpre sua finalidade, quando somada à experiência e sobretudo, a limpidez de comunicação entre o fabricante, o mercado, e entre estes, o Designer, que, antes de ser bom no traço, deveria (e continua devendo) ter tirocínio objetivo para compreender as duas linguagens, e obter o quiasmo, o meio do "X", aquele ponto de equilíbrio entre um e outro. Deveria entender com facilidade a inguagem do mercado, e deveria compreender o idioma do "Chão de Fábrica", pois no bom relacionamento entre o criador do projeto, e o executor da produção, deveria haver plena sintonia. E era assim que eu trabalhava, e trabalho até hoje.
Mas, como em tudo, existem os poréns, e um dos poréns é a insegurança do fabricante (justificada) de lançar uma produto inovador demais, e empatar as vendas, tendo que retornar à produção de "Commodities", aqueles produtos de uso comum à todos os concorrentes, onde se disputa preço e não modelo, perdendo tempo, ânimo, e dinheiro, e até mesmo credibilidade, por falta de visão de mercado, em lançar produto que não giram nas lojas.
A grande questão é o mercado, e aqui falamos do mercado brasileiro, o que nos interessa. A primeira leitura é a falácia de que "o brasileiro não entende e não sabe valorizar o design", o que limita a possibilidade de inovação, e remete os fabricantes à velha e desagradável prática de recorrerem às cópias, com a possibilidade de baixarem custo para se tornarem mais competitivas. E se tornam mesmo, por prazo limitado, mas o suficiente para tomarem fôlego em pensar no passo seguinte. O problema é que o passo seguinte, aquele em que poderão, com mais recursos, desenvolver seus próprios produtos, com design autoral, criando "griffes", e aqui começa a bifurcação, pois isso nunca vai acontecer, uma vez que a comodidade da venda de cópias de baixo valor, já dominou inteiramente a ambição criativa, e dificilmente irá, este empresário, ambientar-se com a presença de profissionais de criação, que sempre foram vistos como inacessíveis, excêntricos, arrogantes, e vaidosos com suas criações. E a porta definitivamente se fecha, por essa condição.
Há, porém, uma janela de possibilidades, onde fabricante, lojista, e Designer, encontrarão o referido "quiasmo": A criação de um novo nicho com marca própria, diferente da convencional da empresa, desvinculando a nova marca criativa, da linha do "feijão com arroz" tradicional. Uma nova linha, uma nova marca, uma nova equipe comercial, e um novo nicho de mercado, em outras lojas, outros centros, e uma estrutura independente de gestão produtiva, de marketing, e comercial. Só assim, as chances de sucesso, mais lento, com timming diferente de resultados, poderão ser alcançadas. Está na Bíblia: Não se coloca vinho novo em odres velhos. Não irão resistir, e perder-se ão vinho e odres, além do mais importante: A credibilidade do fabricante, que deixa de ser empreendedor e torna-se aventureiro. E nem mesmo os profissionais do esporte podem ser chamados de aventureiros, pois para cada pódio, há muitos anos e horas, suor, e treinamento e estratégia, para cada vitória alcançada.
E com o agravatenda seguinte pergunta: É meu o modelo, porque eu desenvolvi, ou encomendei e paguei a um profissional serio, ou ganhei, ou me foi concedida autoriazão para reprodução? Não? Então eu fui na internet e copiei, simplesmente porque estava lá e "qualquer um pode copiar, sem responder, no mínimo moralmente pela falta de ética?" Nada disso? Então, o nome é outro. Se eu acho um palito de fósforo queimado dentro do terreno de alguém, e levá-lo embora sem pedir permissão do dono da casa, qual é o nome disso? E se em lugar de um palito queimado, seja um anel valioso, achado no mesmo lugar, passa a ser furto? Claro que sim, ambos o são. Não importa o valor, mas saber que aquilo que não me pertence, não tenho direito de me apropriar. Simples assim. Ladrão é ladrão!
Acreditem em mim, sou velho. Já vi côzaa...!
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