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sexta-feira, 26 de abril de 2024

AHAVÁ - Ser amado é ordem Bíblica? Não!

Acredito, por ouvir falar, pois não sou psicanalista ou assemelhado, que a frase mais ouvida nestes consultórios seja essa: "Eu não sou amado. Eu gostaria de ser amado, eu seria feliz se alguém me amasse de verdade!" E naturalmente, por ser um reles estudioso das Escrituras sagradas, fui buscar no Livro Santo, uma resposta para essa questão, e pasmem, assim como pasmei eu: Nos sessenta e seis livros da Bíblia Evangélica, e setenta e um, da versão Católica da Septuaginta e Evangelhos associados, só encontrei uma única menção à ordem de ser amado, enquanto o conceito universal de que todas as Escrituras remetam à amar o outro, e ainda assim, essa menção, é uma ordem associada, não vem sozinha, e diz: "Ama o teu Próximo como a ti mesmo (grifo meu)", isto é, amar à mim mesmo é nesse caso apenas um parâmetro de intensidade, uma régua de dimensionamento do amor às demais pessoas. Nunca me canso de dizer que a Torá (Pentateuco, ou os Cinco primeiros livros escritos por Moisés) não há uma única palavra, senão esta citação, que fale em algo além do amor aos demais, e cuidado com os animais (o que não deixa de ser amor), mas em nenhum outro lugar da Bíblia tem promessa ou ordem para ser amado. Apenas amar!

Amar, no hebraico é traduzido por "Ahavá", que significa "Doar-se", e doar-se nada é senão o ato de transferir auxílio, ajuda, suporte, e nada tem a ver com sentimento de afeto. Ahavá é a completa expressão da intensidade do relacionamento com o outro, e ao contrário do que se pensa e escreve de forma poética, não é uma recíproca por excelência, e amar o inimigo, a contundente e polêmica ordem que Jesus bem traduziu e explicou, não faz referência a esperar algo em troca, muito pelo contrário disso, amar para receber amor ou recompensa, deixa de ser amor e torna-se interesse pessoal, busca de prazer imediato, porque nem sempre ser amado se traduz em felicidade, como o caso de quem recebe um gesto de amor espontâneo, e fica constrangido, por saber ter sido não merecedor daquele gesto. Também isso Jesus explicou em detalhes, quando menciona a terrívelmente divina ideia de oferecer a outra face ou carregar o dobro do caminho o fardo exigido pelo nimigo. Então, tão dificil quanto amar, é tabém ser amado. Jesus chama isso de "amontoar brasas vivas sobre a cabeça do desafeto". Paulo de Tarso define o amor ahavá como "suportar o outro", e suportar, ainda que por vezes com contida ira, é perceber a hora de calar-se para não ferir ou ser ferido ainda mais. Calar-se nas ofensas não é fraqueza, mas sabedoria, e a vívida manifestação de ahavá.

Então, não gaste seu tempo em procurar respostas "ótimas para o outro" no Livro sagrado, quando há mais perguntas do que respostas a serem feitas. Amar pode ser então esse questionar-se mais do que questionar o outro. Pode ser o delicado gesto de retirar-se da frente do outro para não fazer-lhe sombra. D-us diz que é a minha sombra à minha direita, isto é, porque Sua Luz se encontra no lado esquerdo, o lado do coração, e a sombra ao meu lado, sou eu mesmo, fazendo barreira à Luz Divina. A minha sombra à minha direita é quem me acompanha nessa caminhada chamada vida. Em nenhum lugar diz O Altíssimo, que ao meu lado estaria alguém que tenha obrigação de me amar. Aenas diz que a minha companhia sou eu mesmo, e para que não me ufane disso, segue a primeira parte da ordem: O meu Próximo deve ser amado com a mesma intensidade do amor que dedico á mim. O resto é perfumaria.

O amor é um valor central para a ética e a teologia judaica. O judaísmo apresenta uma variedade de pontos de vista sobre o amor a Deus, entre os seres humanos e para com os animais.

Fundamentos

O amor tem sua obrigatoriedade definida no Levítico, 19:18 - "Tu não deves tomar vingança, nem conservar ira aos filhos de teu povo - mas deves amar ao seu vizinho (como alguém) a si próprio. Eu sou YHWH!" - Maimônides diz ser este um mitzvá[nota 1] pois, como está escrito, "amar seu próximo (como alguém) a si mesmo" impõe a necessidade de cantar seus louvores, e mostrar preocupação com seu bem-estar financeiro, como faria para o seu próprio bem-estar e como faria para sua própria honra - e qualquer um que se aproveita do seu próximo para se elevar não tem participação na vida futura; em contraposição, Nachmânides pondera que, embora seja um mitzvá, a condição de amar ao próximo como a si mesmo é demais para qualquer ser humano, e já o rabino Aquiba ensinava que "sua vida vem antes da vida de seu amigo"; ele remete ao preceito de amar ao estrangeiro como a si mesmo, também previsto no Levítico (19:33-34), relativizando o ensinamento, para desejar ao próximo todo o bem, sucesso e sabedoria.[1]

No Shabat 31-A do Talmude Babilônico é narrada uma história onde um gentio procura Hilel, e lança-lhe o seguinte desafio: resumir toda a Torá durante o tempo em que conseguisse ficar em pé sobre um só pé; o sábio o repeliu, mas em seguida respondeu-lhe: "O que for odioso para ti, não faça ao teu próximo, esta é toda a Torá; o resto é comentário. Vá e estude-a!"[1][2]

Para a guemátria o amor é essencial; a palavra ahavá (amor em hebraico) tem valor numérico 13, que equivale à metade do valor atribuído ao nome divino (26), de onde o rabino Haim Vital concluiu que a combinação do amor de duas pessoas (13 + 13) aumenta a presença divina entre elas - sejam elas cônjuges, amigos, pais, etc.[3]

Palavras hebraicas para o amor

Havendo tantas formas diferentes de manifestação do amor, existem na língua hebraica diferentes palavras que definem o amor. Os tipos tradicionais consagrados na tradição judaica incluem o amor familiar, de aliança, de compaixão, amizade, romântico e entre vizinhos. Vários estudiosos judeus têm abordado o amor nas diversas facetas da vida, tais como atos de doação, na guerra e na paz, ao meio ambiente, na prática do Kosher, o perdão, etc. Em todas essas abordagens, a justiça é um termo que frequentemente vem relacionado ao amor.

A palavra hebraica básica para o "amor", ahavah (אהבה), assim como no português, é usado para descrever sentimentos entre pessoas ou relacionamentos íntimos ou românticos, como o amor entre pais e filhos em Gênesis 22: 2; 25: 28; 37: 3; o amor entre amigos íntimos em I Samuel 18: 2, 20:17; ou o amor entre um jovem e jovem no Cântico dos Cânticos.

Outra palavra usada frequentemente para o amor, chesed (חסד), é freqüentemente traduzido como "benevolência" ou "amor inabalável". Inclui aspectos de carinho e compaixão. O professor Daniel Judah Elazar sugeriu que chesed não pode ser facilmente traduzido, pois significa algo como "amar pela obrigação da aliança", um tipo de amor que vai além da preocupação com as convenções, as leis.[4]

Outras palavras em hebraico às vezes traduzido como "amor" incluem Re'ut (o amor por um amigo ou companheiro).

Amor entre os seres humanos

Um dos mandamentos fundamentais do judaísmo é "ame o seu próximo como a ti mesmo" (Levítico 19:18), às vezes chamado O Grande Mandamento. Este mandamento está no centro do livro central na Torá.[5]

Os sábios talmúdicos Hilel e rabino Aquiba indicaram que este é o mandamento central da Torá. O mandamento encoraja as pessoas a tratarem uns aos outros como iguais, o que requer primeiro valorizem a si mesmos, a fim de serem capazes de espelhar esse amor para os outros. Da mesma forma, um outro mandamento significativo é o de "não cruzar os braços ao teu próximo" (Levítico 19:16), que pode ser exibido em muitas formas. Algumas fontes judaicas têm enfatizado a importância do auto-sacrifício no que diz respeito a colocar as nossas necessidades em segundo plano, embora a lição de Aquiba diga que "Sua própria vida tem precedência sobre a do outro", o que contradiz seu próprio enunciado de amar o teu próximo como a si mesmo.[6]

Amor aos animais no judaísmo

Algumas fontes do judaísmo também destacam a importância do amor e da compaixão para com os animais não-humanos. Nesta linha, por exemplo, o filósofo judeu Lenn Goodman fala de como as leis relativas ao sofrimento dos animais idealmente "criam uma sensibilidade de amor e bondade".[7]

Hava Tirosh-Samuelson, historiador judeu, acreditava que o cerne do judaísmo era a um modelo de aliança entre o povo judeu, Deus e a terra de Israel, o que explica a "obrigação de reponder pelas necessidades do outro"; ele pensou sobre os possíveis significados deste modelo, expandindo-o para incluir a Terra como um todo, ressaltando a importância de tratar todos os seres vivos com respeito.[8]

Amor a Deus

O amor a Deus significa pautar a vida segundo os Seus mandamentos e está condicionado pelo amor à Torá. De fato, o amor a Deus é a entrega voluntária da vida e de tudo que se tem em Sua honra; é o serviço altruístico a Deus - segundo várias passagens do livro sagrado; é um amor inigualável, que enfrenta sofrimento e martírio, estabelecendo a relação única entre Deus e Israel, de modo que "nenhuma das nações pode extinguir esse amor" - de tal forma que se reflete também na liturgia. Para ser um verdadeiro "amante a Deus", contudo, a pessoa precisa "receber a ofensa e não se ressentir; ouvir palavras de injúria e não revidar, de agir apenas movido pelo amor e se regozijar como prova de puro amor".[9]

Bahya Ibn Pakuda diz que o amor a Deus é muito mais acentuado quando praticado através da ação.[9]

↑ Um dos 613 mandamentos da lei judaica.


Referências

↑ Ir para:a b Rabbi Avi Weinstein. «Be Loving to Your Neighbor as You Would Yourself». Jewish Virtual Library. Consultado em 29 de dezembro de 2013 - (em inglês)

↑ Tradução de RABBI DR. H. FREEDMAN. «Shabbat 31». Babylonian Talmud. Consultado em 29 de dezembro de 2013 - (em inglês)

↑ Jane Bichmacher de Glasman. «Que mês!!». Visão Judaica. Consultado em 9 de maio de 2012. Arquivado do original em 27 de junho de 2009


↑ Daniel Elazar. «HaBrit V'HaHesed: Foundations of the Jewish System». Jerusalem Center for Public Affairs. Consultado em 3 de novembro de 2015

↑ Bernard J. Bamberger (1981). The Torah, a Modern Commentary: Leviticus. [S.l.]: Urj Pr. p. 737, 889. ISBN-10: 0807400114

↑ Goodman, Lenn Evan (2008). Love Thy Neighbor as Thyself. [S.l.]: Oxford University Press. p. 13


↑ Lenn Evan Goodman (2002). Respect for Nature in the Jewish Tradition (in: Judaism and Ecology: Created World and Revealed Word). [S.l.]: Harvard University Press

↑ Benstein, Jeremy (2006). The Way into Judaism and the Environment. [S.l.]: Jewish Lights. p. 92

↑ Ir para:a b s/a. «Love». JewishEncyclopedia.com. Consultado em 9 de maio de 2014

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