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sexta-feira, 24 de maio de 2024

Previsões que não são profecias, para o pranto pós apocalíptico de catástrofes

Blog

"Com base em fatos historicos de crises humanitarias, seja por catastrofes, guerras, epidemias, ou governos cruéis, elabore, em 20 tópicos que  antevejam os atos pós catastróficos em um país, estado, ou região, levando em consideração que 85% da população tenha sido atingido por uma enchente, e cidades inteiras desapareceram totalmente destruídas. Cite possiveis efeitos em curto, médio e longo prazo deste fenômento de crise humanitária."


Chat GPT4

### Análise Pós-Catástrofe: Enchente Destrutiva Impactando 85% da População


#### Curto Prazo (0-6 meses)


1. **Resposta de Emergência e Resgate**

   - **Atividade**: Mobilização imediata de equipes de resgate para salvar vidas e fornecer assistência básica.

   - **Exemplo Histórico**: Operações de resgate após o tsunami no Sudeste Asiático em 2004.

   - **Impacto**: Redução imediata de mortes adicionais e início da estabilização das áreas afetadas.


2. **Estabelecimento de Abrigos Temporários**

   - **Atividade**: Criação de acampamentos e abrigos para deslocados.

   - **Exemplo Histórico**: Campos de deslocados no Haiti após o terremoto de 2010.

   - **Impacto**: Fornecimento de segurança e proteção básica para a população deslocada.


3. **Distribuição de Alimentos e Água**

   - **Atividade**: Distribuição de alimentos, água potável e kits de higiene.

   - **Exemplo Histórico**: Ações da ONU e ONGs após desastres naturais.

   - **Impacto**: Prevenção de doenças e mortalidade devido à fome e desidratação.


4. **Controle de Doenças**

   - **Atividade**: Implementação de programas de vacinação e controle de vetores.

   - **Exemplo Histórico**: Campanhas de vacinação após a guerra civil na Síria.

   - **Impacto**: Redução da propagação de doenças infecciosas.


5. **Reestabelecimento de Serviços Médicos**

   - **Atividade**: Montagem de hospitais de campanha e clínicas móveis.

   - **Exemplo Histórico**: Hospitais de campo após o terremoto no Nepal em 2015.

   - **Impacto**: Atendimento imediato de feridos e doentes, diminuindo a mortalidade.


#### Médio Prazo (6 meses - 2 anos)


6. **Reconstrução de Infraestruturas Básicas**

   - **Atividade**: Reparação de estradas, pontes e sistemas de comunicação.

   - **Exemplo Histórico**: Reconstrução do Japão após o terremoto e tsunami de 2011.

   - **Impacto**: Melhoria da mobilidade e acesso a serviços essenciais.


7. **Recuperação do Sistema de Saúde**

   - **Atividade**: Reconstrução de hospitais e clínicas.

   - **Exemplo Histórico**: Reconstrução de hospitais em Porto Rico após o furacão Maria.

   - **Impacto**: Restauração da capacidade de atendimento médico adequado.


8. **Restabelecimento de Serviços de Educação**

   - **Atividade**: Construção de escolas temporárias e permanentes.

   - **Exemplo Histórico**: Reabilitação de escolas no Haiti após o terremoto de 2010.

   - **Impacto**: Continuidade da educação e normalização da vida infantil.


9. **Recuperação Econômica Inicial**

   - **Atividade**: Injeção de fundos de ajuda internacional e programas de trabalho.

   - **Exemplo Histórico**: Programas de trabalho público após a Grande Depressão nos EUA.

   - **Impacto**: Estímulo à economia local e criação de empregos.


10. **Reintegração Social e Psicossocial**

    - **Atividade**: Programas de apoio psicológico e comunitário.

    - **Exemplo Histórico**: Apoio psicológico após o ataque de 11 de setembro nos EUA.

    - **Impacto**: Redução do trauma psicológico e fortalecimento da coesão social.


#### Longo Prazo (2 - 10 anos)


11. **Desenvolvimento de Infraestrutura Resiliente**

    - **Atividade**: Construção de infraestrutura resiliente a futuras catástrofes.

    - **Exemplo Histórico**: Novos códigos de construção em áreas propensas a terremotos, como a Califórnia.

    - **Impacto**: Redução da vulnerabilidade a futuros desastres.


12. **Planejamento Urbano e Realocação**

    - **Atividade**: Planejamento e desenvolvimento de novas áreas habitacionais.

    - **Exemplo Histórico**: Realocação de vilas após a erupção do Monte Santa Helena em 1980.

    - **Impacto**: Melhoria da segurança habitacional e ordenamento urbano.


13. **Fortalecimento da Economia Local**

    - **Atividade**: Desenvolvimento de iniciativas econômicas locais e programas de microcrédito.

    - **Exemplo Histórico**: Programas de microfinanças em Bangladesh.

    - **Impacto**: Estabilização e crescimento econômico sustentável.


14. **Reforma Agrária e Segurança Alimentar**

    - **Atividade**: Implementação de técnicas agrícolas sustentáveis e reforma agrária.

    - **Exemplo Histórico**: Programas de segurança alimentar em países africanos após secas.

    - **Impacto**: Aumento da segurança alimentar e resiliência rural.


15. **Reforço da Governança e Instituições**

    - **Atividade**: Melhoria da capacidade institucional e governança transparente.

    - **Exemplo Histórico**: Reformas institucionais na Indonésia pós-tsunami de 2004.

    - **Impacto**: Melhor governança e capacidade de resposta a crises futuras.


16. **Promoção de Educação e Capacitação**

    - **Atividade**: Expansão da educação e programas de capacitação profissional.

    - **Exemplo Histórico**: Programas de capacitação profissional na Etiópia após conflitos.

    - **Impacto**: Melhoria da educação e competências da população.


17. **Fortalecimento dos Sistemas de Saúde Pública**

    - **Atividade**: Desenvolvimento de sistemas de saúde robustos e resilientes.

    - **Exemplo Histórico**: Reforço do sistema de saúde na Libéria após a epidemia de Ebola.

    - **Impacto**: Maior capacidade de resposta a emergências de saúde pública.


18. **Promoção da Coesão e Integração Social**

    - **Atividade**: Projetos comunitários e eventos para fomentar a coesão social.

    - **Exemplo Histórico**: Programas de integração social na Bósnia após a guerra.

    - **Impacto**: Fortalecimento das relações sociais e integração comunitária.


19. **Proteção Ambiental e Sustentabilidade**

    - **Atividade**: Iniciativas de recuperação ambiental e sustentabilidade.

    - **Exemplo Histórico**: Projetos de reflorestamento após desmatamentos na Amazônia.

    - **Impacto**: Melhoria da resiliência ambiental e sustentabilidade a longo prazo.


20. **Memorialização e Comemoração**

    - **Atividade**: Criação de memoriais e comemorações para as vítimas.

    - **Exemplo Histórico**: Memorial do 11 de setembro em Nova York.

    - **Impacto**: Preservação da memória coletiva e apoio à recuperação emocional.


### Conclusão

A resposta a uma catástrofe que afeta 85% da população e destrói cidades inteiras requer ações coordenadas e sustentadas ao longo do tempo. As fases de curto, médio e longo prazo são cruciais para garantir a recuperação e a resiliência da região afetada. Desde as operações de resgate imediato até a reconstrução de longo prazo e a promoção da coesão social, cada etapa desempenha um papel vital na restauração da normalidade e na prevenção de futuras catástrofes.


### Fontes Citadas

- **Capra, Fritjof.** *The Web of Life*.

- **Darwin, Charles.** *On the Origin of Species*.

- **Gleick, James.** *The Information*.

- **Holland, John H.** *Hidden Order*.

- **Kauffman, Stuart.** *At Home in the Universe*.

- **Mayr, Ernst.** *The Growth of Biological Thought*.

- **Mitchell, Melanie.** *Complexity: A Guided Tour*.

- **Maturana, Humberto & Varela, Francisco.** *Autopoiesis and Cognition*.

- **Odum, Eugene.** *Fundamentals of Ecology*.

- **Shannon, Claude.** *A Mathematical Theory of Communication*.

- **Watts, Duncan J.** *Six Degrees*.

- **Wiener, Norbert.** *Cybernetics*.

- **Arthur, W. Brian.** *The Nature of Technology*.

- **Barabási, Albert-László.** *Linked: The New Science of Networks*.





quinta-feira, 23 de maio de 2024

Check-List para gerar o Design do Mobiliário

Um check-list com auxilio de IA, que pode auxiliar no processo de elaboração de um projeto de Design para movelaria.

São 30 ítens objetivos, que tornam mais aceitáveis as condições finais do produto, levando em conta que estas ponderações representam apenas a parte lógica do produto, mas há que ser considerada a parte criativa. isso vai com o Designer.



1. **Identificação da Necessidade**

  - Objetivo do móvel

  - Público-alvo

2. **Pesquisa de Mercado**

  - Análise de tendências

  - Concorrência

3. **Estudo de Usabilidade**

  - Ergonomia

  - Funcionalidade

4. **Definição de Estilo**

  - Design contemporâneo, clássico, minimalista, etc.

  - Coerência com o ambiente

5. **Materiais**

  - Tipos de madeira, metal, vidro, etc.

  - Sustentabilidade e durabilidade

6. **Acabamentos**

  - Tipos de vernizes, tintas, laminados

  - Resistência a riscos e manchas

7. **Estrutura e Construção**

  - Técnicas de montagem

  - Resistência e estabilidade

8. **Dimensões**

  - Proporções adequadas

  - Compatibilidade com o espaço disponível

9. **Conexões e Fixações**

  - Tipos de parafusos, colas, encaixes

  - Facilidade de montagem e desmontagem

10. **Estudo de Cores**

  - Paleta de cores

  - Psicologia das cores

11. **Protótipos**

  - Modelagem 3D

  - Criação de protótipos físicos

12. **Feedback de Usuários**

  - Testes com usuários finais

  - Ajustes baseados no feedback

13. **Orçamento**

  - Estimativa de custos

  - Viabilidade econômica

14. **Prazo de Desenvolvimento**

  - Cronograma de etapas

  - Prazos para entrega

15. **Normas e Regulamentações**

  - Padrões de segurança

  - Certificações necessárias

16. **Sustentabilidade**

  - Impacto ambiental

  - Ciclo de vida do produto

17. **Logística**

  - Transporte e armazenamento

  - Facilidade de movimentação

18. **Manual de Instruções**

  - Montagem

  - Manutenção

19. **Garantia**

  - Termos e condições

  - Cobertura de defeitos

20. **Marketing**

  - Estratégias de lançamento

  - Material promocional

21. **Identidade Visual**

  - Logotipo e branding

  - Embalagem

22. **Experiência do Usuário**

  - Facilidade de uso

  - Conforto

23. **Tecnologia Incorporada**

  - Integração com dispositivos inteligentes

  - Funcionalidades adicionais

24. **Escalabilidade**

  - Produção em larga escala

  - Adaptação a diferentes mercados

25. **Customização**

  - Opções personalizáveis para o cliente

  - Flexibilidade de design

26. **Feedback Pós-lançamento**

  - Avaliações de clientes

  - Melhorias contínuas

27. **Análise de Riscos**

  - Identificação de potenciais problemas

  - Planos de contingência

28. **Documentação Técnica**

  - Desenhos técnicos detalhados

  - Especificações de materiais

29. **Colaboração Interdisciplinar**

  - Trabalho com engenheiros, designers e fornecedores

  - Integração de conhecimentos

30. **Inovação**

  - Aplicação de novas tecnologias e materiais

  - Diferenciação no mercado

Esta check-list cobre uma ampla gama de aspectos essenciais para garantir que o projeto de design de um móvel seja completo, funcional, esteticamente agradável e viável economicamente.



domingo, 5 de maio de 2024

O que faz a tua mão direita....

Evitem fazer alarde quando ajudarem alguém, não fiquem contando vantagem diante das pessoas, para  que sejam admirados e elogiados; aliás, se fizerem isso, não receberam nenhuma recompensa vinda da parte de D-us. Quando, pois, ajudarem alguém, não fique compartilhando nas redes sociais, como fazem os hipócritas nas igrejas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Com toda certeza eu digo à vocês, que já receberam a sua recompensa, pois se puderam doar, é porque antes receberam a doação da parte de D-us. Não seja vaidoso e não se elogie a si mesmo, e aquilo que fizer a tua mão direita, não precisa prestar contas à outra mão. (Mateus 6:1-6, versão adaptada).

Tenho um bloqueio muito grande ao costume de utilizar a miséria humana como estribo para galgar a simpatia dos outros. Isso acontece muito em quem foi picado pela vespa da política, onde aqueles que desejam galgar os degraus da glória na tribuna, tendem a estocar pequenos atos de generosidade, como se pudessem comover os eleitores com esta hipocrisia bajular, acreditando que os eleitores são burros, são tão coitadinhos, que irão votar em alguém que dá biscoitos à criancinhas pobres, e tiram selfies para mostrar o quanto são generosas.

As tragédias fazem aflorar o bem e o mal das pessoas, como se espremidas, fazem saltar aquilo que realmente são. Há uma falsa teologia exaustivamente propagada por ateus debochados, acerca das passagens onde D-us diz que "Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas." Isaías, 45:7 Ou ainda quando diz: "Eu vou endurecer o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército. E os egípcios saberão que eu sou o SENHOR. Eles assim o fizeram." Êxodo, 45: 4,8, então, a partir destes dois textos, criaram uma teologia de confusão, atribuindo as maldades à D-us, e se D-us é mau, então não se quer saber de D-us algum, ou ainda, sugerem uma troca do D-us "malvado" do Antigo testamento, com o "novo" D-us personificado em Jesus, do Novo Testamento. Ora, não existe confusão alguma, senão um conjunto de metáforas, onde D-us deixa claro que, em havendo crise, catástrofe, Ele deixa o ser Humano chegar ao seu limite, e a partir daí, aflorar sua essência verdadeira, como citado no Apocalipse 22:11-21: "Quem é mau, que continue a fazer o mal, e quem é imundo, que continue a ser imundo. Quem é bom, que continue a fazer o bem, e quem é dedicado a Deus, que continue a ser dedicado a Deus" .

Ou seja,isso sugere a veracidade do ditado que diz: "É o mar bravio que revela o bom marinheiro!" A tragédia faz aflorar o espírito de porco dos escroques, dos que sobrecarregam nos preços dos víveres necessários, dos que cobram, em um dia, R$ 4,99 por um quilo de batatas, e no dia seguinte, por conta das enchentes, R$ 14,00 pela mesma quantidade. Os mesmos que sobem demasiado o preço da água mineral, do pão, do sabonete, dos víveres em geral. Por outro lado, a bondade adormecida nas pessoas, é manifesta, diante das mesmas tragédias. 

Pessoas na sua tranquilidade, ao serem convocadas, não pensam duas vezes, mas se levantam e põem-se em marcha para atender os necessitados, e bem verdade é que em meio á milhares de flagelados, parece pouco atender e salvar uma única família, uma única pessoa, mas acredite, isso faz uma diferença gigantesca para aquela familia, para aquela pessoa, pois assim diz o Talmude: "Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro." Essa é uma interpretação do versículo 5:32 do Talmude Babilônico, tratado Sanhedrin 37a."
Nestes tão poucos e ao mesmo tempo tão longos dias desta tragédia, no meu querido Rio Grande do Sul, tenho visto as duas categorias de pessoas, porém, como dizia Quintana: 

"Ah, meus fantasmas, todos

— uns lindos, outros feios...

Mas os que têm a carne

São bem menos fantasmas!

Fantasmas de verdade,

Fantasmas do bem, do mal,

Fantasmas de carne e osso,

Que nos atiram a vida

Em plena cara!

Ah, se todos os que atravancam

O meu caminho passassem,

Eu, passarinho..."

"A Rua dos cataventos", Mário Quintana





sábado, 4 de maio de 2024

Como posso confortar alguém que perdeu tudo numa catástrofe da Natureza?

É muito fácil confortar alguém, principalmente estando nós mesmos já confortados, seguros, e ilesos, então, sim, fica muito fácil orar, enviar um pequeno donativo para os grupos organizados que distribuem socorro aos desabrigados, que acolhem e amontoam os sobreviventes em pavilhões, escolas e igrejas nos locais não afetados, enfim, a dor do outro é sempre grande, mas nossa condição de segurança nos permite estender um abraço, ainda que virtual aos flagelados. Isso, porém, não minimiza os efeitos posteriores à tragédia, porque as águas irão baixar, o caos se aquieta, e a vida se volta para a rotina de esperar, pelos noticiários, pela próxima pauta que tomará o lugar desta, seja um escândadlo político, uma guerra no outro lado do mundo, ou um inocente agredido, atropelado, ou abatido numa troca de tiros entre bons e maus, pelos recônditos malditos da existência.

Porém, depois que os helicópteros de forem, depois que não houver mais a grande comoção, ainda resta, para quem foi atingido, o comprometimento com a "vida que deve seguir". Mas como? A casa ruiu, não há mais rua, seus pertences se desmancharam, foram levados, seu emprego se foi, porque também a empresa ficou debaixo d'água, virou escombro, lembrança, destruição. Bem, aos menos desafortunados, resta respirar "aliviado", porque "estão vivos", porém nem todos. Mas a vida precisa continuar, sem casa, sem chão, sem roupas limpas, sem uma panelinha e um bico de gás, para cozinhar, sem ter para onde ir buscar um chá para mitigar a dor indigesta pela água contaminada que bebeu, sem saber a quem recorrer, porque todos estão na mesma condição.

Pergunta-se, tavez, o contrito leitor (leia-se no sentido gramatical e não genérico, portanto incluso a elegante leitora também): O que um escritor senil, acomodado ao conforto de sua sala, em um lugar onde apenas poucas gotas da chuva da noite (sim, aqui na ilha, chove mais à noite), pode entender dessa tragédia que assola o seu amado Estado natal, e aos poucos começa a chegar ao Estado que o acolhe?
A pergunta é justa, e a resposta é precisa: Porque quando ainda não era tão senil, senão apenas abraçado na coragem quase irresponsável da juventude, esse escriba que vos tecla, também passou por uma calamidade da mesma magnitude (a tragédia em sua imensidão dolorosa não se mede pela superfície do mapa, mas pela dor que pode causar, ainda que a uma única pessoa, pois, mesmo que somados todos os afligidos, há a dor de cada um a ser considerada). Isso aconteceu mais de uma vez no seu (meu) histórico familiar: tragédias amontoadas, começando pelos ancestrais, judeus, depois chamados de "cristãos novos", fugindo aos borbotões das fogueiras e forcas promovidas pela Inquisição espanhola e portuguesa. Depois, no âmbito familiar, tendo o bisavô materno sido assassinado com um tiro na cabeça, tendo ao seu colo, um bebê de oito meses, minha avó. Esta, depois de adulta, com poucos anos de casada, teve seu esposo, com cerca de trinta e poucos anos de idade, também assassinado pelo genro (sinto dizer, que o tal era meu pai), e sendo proprietária de abundantes terras situadas às margens do Rio das Antas, o mesmo que também ceifou vidas nessa tragédia presente, precisou vendâ-las, a um sujeito escroque, que de seis parcelas, pagou duas e de arma em punho ameaçou quem tivesse ido cobrar as demais promissõrias. Minha avó, então, com três filhos adolescentes (miha mãe tinha 17 anos nesse tempo, e um neto de um ano de idade (eu, eu, eu!), amontoa os poucos "mijados" em cima de uma carreta de mulas, e volta, nesse estado de espírito para Gramado, sua terra natal. São oitenta quilômetros por stradas íngremes, perigosas, e barrentas, até o lugar onde os parentes se juntam para construírem, em um terreno emprestado, um ranchinho de tábuas. Poucos anos depois, minha avó, que nem teve tempo de chorar o tanto que precisava, perdeu um filho, Esaú, em um acidente de trabalho, longe de casa, e por lonos anos de minha infância, flagrei minha avó chorando escondida, se apressando em disfarçar à minha chegada, pois ela não passava recibo de fraqueza.
Foi nesse ambiente que eu cresci. Vou acelerar o arquivo (antigamente se dizia "filme, fita", e chgar na parte onde, por ocasião do nascimento de meu segundo filho, consegui um emprego como gerente de vendas em uma fábrica de calçados, em Igrejinha (olha ela aí outra vez), e depois de muito trabalho, amealhei amigos e uns caraminguás, e tomei a iniciativa de alugar uma fábrica muito antiga de esquedrias, e nela montei a minha própria fábrica de móveis, trabalhando sozinho, porém, com muitos pedidos de móveis, cheques na mão, com os quais subi á Gramado, e comprei uma carga de compensados, com os quais eu cumpriria os pedidos, e com os restantes, poderia aceitar mais encomendas. Mal entreguei a primeira encomenda, feliz, realizado, esperançoso, e veio a enchente. A barragem do Blangue foi aberta, porque estava transbordando, e em menos de duas horas depois, as cidades de Igrejinhas e Três Coroas, ficaram submersas. Escapamos por divina providência, pelo lapso de 15 dias, que mudamos para um edificio novo, pois a casa de vila, onde morávamos, ficou submersa até o bico da cumeeira, com mortos encontrados em seu terreno depois que as águas baixaram.
Passei este dia com água até a cintura, tirando pessoas de dentro das casas. Uma grávida, emprestou a barriga, como ilha, para as formigas, e quando a retiramos, estava em estado lastimável. Levei-a com um filho pequeno, para meu apartamento, onde minha esposa, com dois bebês também, cuidou dela por aquela noite. Ao final do dia, a água havia desaparecido. Olhei para o ceú estrelado, para o rio, que poucas horas antes arrastava casas e pessoas mortas à nossa frente, e agora, calmo, límpido, nem parecia aquele monstro desolador de poucas horas antes.

Na manhã seguinte, fui até a fábrica, e vi uma pilha imensa de compensados, boiando na água acumulada no galpão. Tudo foi destruído. Virei as costas e fui embora. Poucos dias depois, o efeito das águas, foi uma pneumonia, que me deixou por quinze dias hospitalizado. Tudo particular. Minhas reservas para os trabalhos da fábrica, se foram. As dívidas chegaram. passei a dever até conta telefônica até clientes que haviam adiantado dinheiro para seus móveis. Procurei então fabricantes de Gramado, pessoas a quem imaginei como amigos, e não apenas negaram, como destilaram todo o veneno que guardavam, a falar mal de mim, incitando meus clientes a me denunciarem como "estelionatário". O rescaldo da enchente estava começando a chegar. Arrumei trabalho como vendedor de  materiais de construção e toldos, para uma empresa de Porto Alegre. Bati perna em varios municipios do Vale até a serra, vendendo. Vendi muito, mas não recebi comissão. Tomei calote. Urubus cheiram carniça e fazem aquele bailado de morte pelos ares. Vi muitos acima de mim. Até que fui oferecer meus produtos à uma fábrica de chocolates começando a ser famosa, a Prawer. Fui recebido pelo diretor, o Caio, que me deixou falar por mais de meia hora, e quando parei para respirar, ele disse: Não quero comprar nada, pois a construção está quase pronta e já temos tudo, mas quero que voce seja nosso gerente de vendas. Negócio fechado. Voltamos para Gramado, fomos morar num casebre que eu mesmo havia construído, no terreno de minha avó. 

Mal haviam passado duas semanas, e os credores me encontraram. Uma comissão de credores, foram até a fábrica onde eu trabalhava, pedindo para me chamarem. Caio, meu chefe, me chamou á sala dele e disse: "me conte tudo". E eu contei. Ele disse então: Vamos juntos receber estas senhoras. Quando entraram na sala, estava eu, encolhidinho, tremendo, num cantinho, e elas destilaram todo o ódio que sentiam. Caiu as interrompeu,e perguntou: "Quanto ele deve?"
 "Ele deve tanto! - Responderam".  Caio olhou pra mim e perguntou: "Quanto tu podes pagar por semana (era como eu recebia) até quitar a divida?" Acertamos uma quantia por semana, na verdade, eu devia, nessa altura para apenas uma pessoa, mas o comitê do: "mata, esfola", foi junto. Foram cerca de seis parcelas em seis semanas. era uma ninharia, e ficou acertado que semanalmente eu desceria à Igrejinha e pagaria pessoalmente, na casa dela, as parcelas. E assim foi. cada centavo foi pago!

Perguntaria você: Mas porque tinha que contar essa historia triste e até vergonhososa da minha vida, pra falar de conforto aos flagelados da enchente de agora?
Contei isso pra dizer que o pior vem agora, e isso não é conforto, mas um alerta, não aos que sofrem, mas aos que tem a capacidade de fazer por estes, o que o caio Tomazelli fez por mim quando eu não era ninguém, um boneco de Judas pra ser espancado, mas que consegui obter um olhar de quem viu em mim um potencial de retorno e competência, e não alguem que foi açoitado pelo infortúnio. Escrevo isso para dizer que os dias difíceis são apenas oportunidades de entender que D-us O criador, não nos castigou com a fúria da Natureza, como tentam nos impor alguns ignorantes, mas que embora estejamos em meio á tempestade, e se chegamos em terra firme e seca, pela mãe de alguém, houve Alguém ainda maior acima deste, e que a dor forma calos, e os calos nos protegem de caminhos ainda ásperos que teremos que andar até pisarmos no chão macio da Canaã Eterna.
Falta pouco, muito pouco.
Como posso confortar alguém que perdeu tudo numa catástrofe da Natureza?
Dizendo: Eu passei pelo que você também passou, mas fui amparado e estou aqui.
D-us seja louvado!




sexta-feira, 3 de maio de 2024

O inexorável caminho da perplexidade - Como ficamos diante das tragédias?

Os dias de ontem e hoje (1º e 2 de maio de 2024), serão lembrados pela truculência da Natureza cobrando a conta deixada pela imprudência humana. Sim, barragens que se rompem, quando deveriam cumprir sua tarefa de frearem as águas, por terem sido mal calculadas (ou será que não poderiam imaginar a possibilidade, hoje certeza, de que as águas represadas estariam acima da capacidade de contenção do concreto que as retém? E as pontes, não deveriam estar estruturadas de tal forma que, ainda que o chão se rompesse, sua estrutura não se desmancharia como uma barra de chocolate em uma xícara de leite fervente? E as estradas, cuja engenharia dos romanos, capazes de perdurar por vinte séculos lá no velho mundo, aqui seriam construídas como um glacê de bolo, que seriam esmigalhadas como um pudim que cai ao chão? 
Ainda com toda a nossa indignação e ânsia por encontrar culpados pelas deficiências da engenharia, sou consciente de que a irresponsabilidade humana não é localizada, pontual, direcionada, mas está no ambiente globalizado e globalizante da ânsia pela grandiosidade das nações, pelo delírio do enriquecimento civilizatório, que atropela os pequenos prazeres, as pequenas necessidades da vida, as pequenas virtudes, os pequenos passos de uma caminhada sem fim, e anseiam por acelerar mais, acelerar sempre, acelerar ao máximo, ainda que nem fazem ideia do que desejam encontrar no fim do caminho, ou será que as grandes corporações tem, em seus mentores, algum propósito singelo, como ver crianças brincando, familias reunidas, meninos jogando bola num terreno baldio, meninas brincando de roda nas frentes de suas casas, de pais de família que chegam satisfeitos em seus lares, ao final de uma jornada de trabalho bem sucedido, de mães que examinam com severa doçura os boletins dos filhos, de filhos e filhas que já adultos anseiam pelos feriados e fins de semana para visitarem os pais e apreciarem a comida da avó, a doce companhia do avô, com uma varinha de pescar e uma lata de minhocas, a caminho do pequeno riacho borbulhante, onde pululam peixes e bailam aves e borboletas, onde o sopro da brisa esparge perfume das flores e das matas e fazem ondular esvoaçantes melenas de quem tem apenas a preocupação de ser, viver e fazer feliz a outrem? Sabem eles disso? Vivem eles isso?

A aritmética deixava de ser nossa aliada, quando ainda contávamos bênçãos, e nos esquivávamos dos perigos. Hoje não mais, porque a contagem nos dedos tornou-se estatística, dos números absurdos e aterradores das catástrofes que nos abraçam dia após dia. Guerras, fome, epidemias e pandemias, politicagem, intolerância, ira crescente, vendavais, tempestades, desabamentos, deslizamentos, montanhas bailando uma dança satânica aos acordes dos trovões e dos ventos, lambendo cidades, engolindo pessoas, vomitando morte. A aritmética torna-se estatística, quando não se fala mais o nome das pessoas que morrem, mas o número dos que não voltarão às casas na manhã seguinte. A aritmética passa a ser contada por multidões, e os estragos passam a ser vistos muito do alto, para constar nos mapas. E o que se pode fazer, digo, individualmente, para frear tamanha brutalidade? Nada! Absolutamente nada, senão orar e chorar. 
Uma catástrofe de tamanha magnitude nos faz questionar o tamanho da nossa relação com O Criador, nos faz imaginar se nossa voz enfraquecida pela perplexidade teria assento diante dos santos que nos antecederam, a comover Aquele que É capaz de dizer à tempestade: "Até aqui virás, e não mais!". Aquele que ousa dizer ao vento: "Aquieta-te!". Ou ao mar: "Sossega!" Ao que diz a faraó: "deixa meu povo ir!". Assim então pensamos: Poderemos nós com nossa diminuta fé, mover montanhas, para que contenham as águas? Ou criar raízes para que contenham as encostas? Ou desaçorear os rios, para que fluam ao mar? Ou apagar as chaminés, para que resfriem o céu? Podemos nós, meros mortais egoístas e frágeis, plantar apenas para que nossas famílias comam, colher apenas aquilo que cabe em nossas despensas, por em nosso prato aquilo que não vá ser descartado, e guardar o suficiente apenas para repartir com o que plantou e não colheu? O que semeou, e não viu brotar? O que colheu e os vermes comeram? Saberemos nós olhar para o que sobrou daquilo que já foi um dia, e nos prepararmos para não sermos apanhados desprevenidos quando outra noite chegar?
Este é o inexorável caminho da perplexidade das nações. Esta é a profecia que passa a limpo a estupidez da humanidade. Estes somos nós, estupefatos diantes das tragédias. O que fazer? O que dizer? Talvez, orar, embora nossa oração não possa mais ser individual, e nada irá acontecer para mudar, se não orarmos como nações, se o clamor não for isolado, se o jejum e o pranto não for de todos. Nenhuma tragédia da humanidade cessou por um único herói. Não até aqui.



Pacard - Escritor, Designer








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