Há muito tempo que não pego na pena para rabiscar umas poucas e mal traçadas linhas, à exceção dos desenhos da casas velhas que me aprazem retratar. Mas não é dessa pena que falo, e sim da pena eletrônica, onde dedilho e versejo as mazelas que percebo nos desarranjos politiqueiros que eclodem como cravos e espinhas no lombo da história, cujas pústulas pululam aqui e ali no espremer dos dedos dos ajustes de cargos combinados no lusco-fusco do anoitecer, ou ainda entretecidos nos conchavos pré eleitorais, onde o loteamento de cargos e cadeiras fica pré ajustado, o que caracteriza o preço da vitória. Viva a política! É assim mesmo, não há o que reclamar. Todos o sabem, e poucos o confessam, quase ninguém.
O fato é que cargos são de fato necessários, pois fossem todos estes preenchidos apenas por servidores concursados, teríamos uma ditadura da estabilidade, e gerando a forte possibilidade de ostracismo público, então, os Cargos de Confiança (CCs) deixam a caixinha de pulgas aberta para que habitem nos fundos das orelhas de quem não se prestar à eficiência, e dessa forma motivacional, trabalham. Uns por prazer cidadão, outros pelo salário que faz tanto bem. Isso pouco importa.
Cheguemos ao fato de que todas as ocupações mais significativas no âmbito político estejam já completadas logo nos primeiros dias, e passa a faltar cadeira para tanto cargo para partidos colaborativos, e chega o momento em que o restolho é destinado à...Cultura! Mas francamente, viu, logo para a cultura, cujo valor e importância atravessa milênios, e tem a função de estabelecer o mudo de viver e pensar das civilizações, enfiam goela abaixo da pasta o que há de mais medíocre sobrando nos arranjos eleitoreiros?
Claro que isso não é regra de todos, e posso nominar um a um dos que realmente merecem estar onde estão, pela capacidade e engajamento, pela história de vida, pelo conhecimento e pela "cultura" (desculpem o trocadilho) que possuem, e que estribam o ambiente, para que quem lá é enfiado por promessa e não por escolha, mas na minha bela e valorosa Gramado, onde o jogo da Mora, combinado com a bocha, a polenta, o spritzbier, os ternos de reis (não confundir com as trincas de réus, tão na moda), as festas típicas e as quermesses locais, sejam a brisa dos ventos que impulsionaram o passado para que a pujança do presente seja sólida, com base da raiz que adorna o sotaque gringo, alemão, ou açoriano, dos que legaram os costumes, e que sejam tais valores recebidos na firmeza dos passos de quem comanda tal secretaria, pois causa verdadeiro pavor entregar tal responsabilidade à aventureiros que intentam impor culturas adventícias (corram pro dicionário antes de pensarem asneira sobre esta palavra), de acordo com suas manipladas determinações, colocando em risco tudo o que foi talhado em mármore, por uma martelada estúpida, na ânsia de aprimorar a arte dos mestres de saberes e fazeres.
Espanta-me pensar que em tantos anos que Gramado mantém uma secretaria destinada à cultura, ainda esteja tão amaldiçoada por ineptos paraquedistas, que avançam com tal sede no pote de melado, que se lambusam logo na chegada. Causa-me espécie em ouvir relatos de atitudes despóticas e brutalmente incultas com que esteja sendo encravada a malho pessoas com tão baixa qualificação para este cargo e função.
Rogo ao querido e plurivitorioso Prefeito, que ouça seus melhores, os melhores que tornaram Gramado a Gramado do mundo, e que selecione quem por justiça possa ornamentar a cultura com o mérito que à ela cabe brilhar.
Não sou nada e ninguém para dizer o que deve ser feito, mas penso que tenho bagagem suficiente para fazer uma leitura neutra daquilo que chega ao meu conhecimento, e o que chega ao meu conhecimento é que Nestor nomeou um secretário de cultura "profundamente conhecedor da realidade cultural de Gramado. Pessoa com grandeza e humildade, que trata sua equipe com dignidade, e que domina todos os aspectos pertinentes à solidez dos eventos e projetos culturais do município, e com um currículo cultural brilhante, invejável", que eu nada poderia pontuar como negativo, mas que que ainda não tive oportunidade de conhecer, (o curriculo) mas gostaria muito. Eu e a população de Gramado!
Pacard - Designer, Escritor, Gramadense de coração
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