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domingo, 9 de agosto de 2020

O último sopro da democracia - Sua excelência, o candidato

Peruca: acessório moda e poder real - Conexão Paris

Excelência é uma palavra que define magnitude, nível máximo de aprovação e o brilho dos primeiros raios da perfeição. Um ensaio da plenitude.

Excelência, é a forma que os políticos gostam de serem chamados, invocados, como se divindades o fossem. Gostam de bajulações, e não, não acho que sejam, por isso, desonestos. Constato apenas que o fazem com genuíno senso de coletividade e serviço voluntário às causas que, se não as tem, inventam, para que se tornem necessários, indispensáveis, e justifiquem com isso, sua presença na política.

Assim, aparecem os mais exóticos tipos, se apresentando como a solução dos problemas que nem eles sabem que existem. Faça uma experiência: Peça ao candidato que fale da co-relação entre sua vivência pública pre-existente, e como propõe o modelo do que viveu como motivação para causas maiores.

Há vários tipos de candidatos, e cada um tem razões pessoais e interpessoais para sua exposição pública. Um desses tipos, é o candidato "colonizador". Ele vem, geralmente, de periferias de grandes centros, grandes metrópoles, onde não tem espaço nem recursos para projetar-se social e politicamente. Escolhe então, uma pequenina cidade, aprazível, e passa a amá-la como a última das donzelas. Dedica odes de paixão, envia flores, e planta jardins pelos passeios. Faz amizade facilmente, porque não basta amar a cidade, antes, é preciso ser amado por ela, pelas pessoas. Torna-se fiel voluntário em causas sociais que deem vitrine, e faz questão de que todos saibam que aquela vitrine é dele. Como parceiro de pescaria é último. Mas e o conteúdo? Vazio, como balão de gás prateado, que sobe até às alturas em direção ao brilho do sol, que o faz refletir para que todos o vejam, mas seu conteúdo político é tão eficiente quanto o gás que o preenche. Só o faz subir, mas a ninguém mais serve.

Há o candidato que é o bom companheiro do trabalho, do bairro, o bonachão, o que paga churrascada e cervejada, se entusiasma em dia de decisão de campeonato, berra palavrões, enquanto diverte, e por sua expansividade, é considerado um "líder", bom de voto, e ótimo para engajar-se na política. Mas, e conteúdo? Pra quê conteúdo, se o cara tem voto?

Outro candidato bom de voto, é aquele que comanda uma corporação. Este tem já certo conteúdo, espírito de liderança, experiência em gestão motivacional, e também lança-se na política, e vai muito bem representar seus pares, porque já votaram uma vez, irão votar novamente, por compromisso de bandeira. E uma vez no legislativo, ele vai defender bravamente os interesses..dos seus pares de agremiação. Inclusive.

Há o candidato "estopa", "bucha", o que serve para arregimentar votos avulsos. Todos sabem que ele não tem como vencer um pleito. Não tem mais que vinte ou trinta votos. Menos, até, mas estes votos serão somados à outros buchas, estopas, e laranjas, e ao final poderão decidir a eleição majoritária.

Estou falando mal deles? De jeito nenhum. A democracia é desse jeito mesmo que funciona: Uns servindo aos outros, que dizem servir à todos. E este grupamento de cabeças vazias serão os burros de carga que carregarão os votos para seu candidato à prefeito. É bem assim que funciona. Então, em quem devemos votar?

Há muitos bons candidatos, que não tem estes "atributos" parlapatões e narcisistas, mas tem profundo conteúdo, para chegarem à frente de uma tribuna, e defenderem com galhardia, os projetos que beneficiarão o coletivo que representam, tendo votado neles, ou não.

Há empresários que fogem da política, por medo de macularem suas empresas e seus nomes, porque são tímidos, não tem vaidade suficiente, e temem deixarem suas empresas ao abandono, quando se dedicarem à política.

Há eruditos, que poderiam transformar positivamente a sociedade com suas ideias e suas experiências, mas temem o debate desigual com parvos energúmenos, em temas de relevância premente, e como todos sabem, debater com tolo é jogar pérolas aos porcos.

Há candidatos que preenchem os atributos de conteúdo, e que podem, não apenas compartilhar seus conhecimentos, como ainda dedicarem-se ao aprendizado humilde, mas firme, de novos ensinamentos. Estes candidatos formam aquilo que chamamos de renovação. É destes que quero discorrer um pouquinho mais.

A pandemia modificou radicalmente o comportamento social das pessoas, e ainda teremos uma eleição significativa à frente, que reunirá os efeitos das mudanças políticas desencadeadas no fenômeno das últimas eleições nacionais e estaduais, somando-se ao impacto do isolamento pela pandemia do Corona Vírus, onde país e filhos não podem mais se abraçar, nem aos amigos, nem aos companheiros. isso acabou, e nasce aqui uma nova política de conteúdo, onde a disputa pelo voto se dará pelas tecnologias dos "efeitinhos" gráficos, que mascaram o bom conteúdo que deveria ser oferecido nos debates.

Aflora cada dia mais o fenômeno "Tik Tok" do vazio mental e das respostas rápidas em busca do voto. Esse tipo de candidato, pode ser muito engraçado, risonho, bem maquiado, na telinha do celular, através das redes, mas será um completo desastre quando tiver que tomar decisões que afetem vidas, saúde, segurança, educação, e a paz social. Esse tipo de candidato bufão representa a purpurina e a fantasia burlesca da moda iluminista e absolutistas dos Luises, ou das máscaras caricatas dos carnavais de Veneza. 

A política de efeitos gráficos e poeminhas de almanaques, tirados do gerador de lero-lero, oferecem sério risco à democracia. E eles não serão os culpados. Culpado é quem se deixa encantar pela cantilena de sereias, e não entope os ouvidos para não ouvirem os falsetes em forma de canções, ou promessas vazias.

Eu vou escolher meu candidato pelo conteúdo que ele oferece, e não pela purpurina que espalha ao passar. Vou contatar com os candidatos que despertam meu interesse, e aqueles que não derem retorno satisfatório, vou ignorá-los no dia do voto.




sábado, 25 de julho de 2020

A morte das mãos na era digital



Parece um contra-senso dizer que as mãos perderam suas vidas, ainda que úteis, em um ambiente cujo nome já diz que são ferramentas para serem trabalhadas com os dedos. Digital é isso, caso alguém ainda não sabe: as pontas dos dedos  comandando os novos passos da civilização. E logo mais, nem os dedos mais terão serventia, haja vista que já existem sistemas comandados pelos olhos, movi,ento de cabeça, e até pelo pensamento. Então, as mãos precisarão serem repensadas. Alguém, talvez algum erudito saudosista acredite que possa fazer renascer, em uma visão vintage, o uso das mãos. Não sei, acho um desperdício de recursos tentar revigorar o uso prático dos artelhos, para funções mecânicas, mas, tem doido pra tudo, e tentar usar as mãos como instrumentos analógicos, possa ser uma alternativa para combater o tédio dos dias que virão. Vamos pensar juntos em algumas utilidades para as mãos, na agonia da era digital.

Sinalizadores para o abraço
Sim, as mãos podem servir de forma analógica para direcionarem os braços em ângulos inversos nos sentidos horário e anti-horário, ou como prefere a geração XYZ, AM, e PM. De fato, quando os braços se abrem num ângulo aproximado de 60 graus, com as palmas das mãos abertas, em direção a uma criança, isso pode significar: "Venha! Quero um abraço!" Isso, se já tiver acabado o isolamento do Corona Vírus, e suas consequentes comorbidades, especialmente mentais, geradas pelo prolongado isolamento social, pois pela falta de uso dos braços nesse tipo de atitude social, possivelmente serão atrofiados, deixando as pessoas levemente parecidas com os dinossauros, os Tiranossauros Rex, aqueles grandalhões cheios de dentes, mas braços muito curtinhos, perdendo em tamanho apenas para os cérebros, do padrão amendoim.


Véio de Alguel

Funny old man - Finished Projects - Blender Artists Community

Porfírio andava cismado com o isolamento. Não podia sair de casa, não podia matear com a cumpanherada, nem dar um tapa num talagaço com os amigos da bocha, nada. E ademais, os pila se iam como mijo perna abaixo quando se passa da medida na cerveja. Tinha que pensar em alguma coisa, pois nem tinha pensão do istituti pra receber, nem guardara uma reserva pros dias de penúria.  Paciência haja, mas fazer o quê?

Foi num desses dias, ouvindo as nutícia, onde o repórti contava que pela tal de infernéte, dava de vender e alugar de tudo um pouco.  A côsa parecia promissora, e foi aí que Porfírio engenhou a ideia de alugar véios.

- Mas e quem é que alugaria um véio, Porfírio? -  Perguntou Carsulina, enquanto passava um café cheiroso.

- As pessôa, cumadre! As pessôa! A cumadre indéie cá comigo ancim: Os guverno vão caborteá os véio, que vão acabá morrendo cuáje tudo, ancim, em lote. E o mundo vai entrá numa carestia de véio, porque véio é de percizão das pessôa, só que só vão se interá disso dispôis que adubarem o campo santo com tanto de véio que ainda vaí pra lá. Então, os moço vão se dá conta de que vai fartá concêio, vai fartá contadô de causo, e o mundo vai sisquecê de tudo o que aconticeu em priscas eras, e lhe digo mais: isso não vai pará, inté que os moços não vão sê mais moço, e não vão tê causo pra contá pros outros moço que nasceram. E o mundo vai repetir todas as bandaiêra que já tinha feito antes, porque não vai tê véio pra ralhá com eles, nem dá os concêio de que percizam. É aí que eu entro, como meu emprendimento de aluguel de véio.

- Mãns, e como o amigo vai qualificá os véio pra podê botá preço nas mercaduria?

- Pous é aí que entra a serventia de sê véio, cumadre. Elabore comigo ( ele ouviu isso de uma entrevista com uma psicóloga, e gostou da expressão: "elabore comigo!") ancim: véio pode ralhar com os jovens, peidar quando tiver vontade, levantar o volume da tv, pra que saiam da sala, experimentar a comida com a colher que mexe na panela, contar trinta vezes a mesma história..no mesmo dia, discutir até amanhecer sem perder o sono, nem a vontade de parar, e se a pessoa concorda, aí ele contra-argumenta tudo ao contrário, só pra continuar discutindo, e ainda ter o amparo de lei, se tiver necessidade de fincar uma bengalada na canela dum desaforado. 

- Mãns ainda não vi a serventia da côsa, filho, retorquiu Carsulina.

- Pous acôsa tá em carregá um véio consigo, quando percisá fazer uns mandados em alguma repartição, onde os atendente são meio levados da casquêra, relapsos, e se botá a boca neles, é desacato ao servidô público, o que dá cadeia. Pôus nesse causo, o véio fáis as honra, e despeja o verbo nos maleva, e por ser véio, não chamam os puliça, e pra que o véio não vorte de novo, eles resolvem os pobrema ligerinho.
É só pagá os onorário do véio, e tocá pro buteco ganhar o resto do dia numa mesa de isnuque ca cumpanherada.

Carsulina deu uma baforada no cachimbo de taquara, e ria, ria, ria.


Se ocê gosta de recebê paiassáda, e também côsa céria, me persiga no facebuque ou no zápelape.

https://www.facebook.com/dpacard

(48) 999 61 1546


quarta-feira, 8 de julho de 2020

E se der tudo certo? - A teoria do seixo no sapato


O que significa dizer que algo é uma Pedra no sapato? - Dicionário ...


Imagem: internet
"Esteja preparado para os dias difíceis", diziam os antigos. Durante toda a vida, somos alertados para as consequências das falhas. Tornamo-nos especialistas em expectativa de fracasso. Somos mestres em espremer o tubo de pasta até ver o fundo saindo pelo bico. Temos plano para todas as falhas, e até nome ele tem: Plano "B". Mal nos preparamos para o plano "A", já sabemos que se der tudo errado, o plano "B" é a saída. Pois é. Mas, que plano vamos seguir se, por uma fatalidade, o plano"A" funcionar, se o tempo todo trabalhamos pelo sucesso, esperando pelo fracasso?

Acho que este é o caco de vidro entre o sapato e o piso vitrificado, que range tão alto, mas não passa de um grão de areia que se apegou à nós, ao ter sido pisado. Temos grãos de areia por tudo onde passamos, que incomodam mais os ouvidos, do que o chão que é pisado.

Outro incômodo grande é um pequenino, quase milimétrico seixo, dentro do nosso sapato. Não é uma grande pedra na nossa cabeça, nem uma montanha que temos que subir. É apenas um seixo, entre o pé e o sapato. Pequeno, mas que governa nosso caminhar. Determina o modo que devemos pisar, e se não for removido dali, nossa caminhada terminará em breve tempo.

Não são as grandes coisas que nos assustam, mas as pequenas que se colocam em lugares estratégicos de nossa vida. Os Homens aterram lagos, constroem represas, dominam rios e até o mar, em alguns trechos. Enganam as profundezes, com pequenas embarcações que flutuam, planam sobre as ondas, e usam o mar como caminho. No ar, constroem gigantescas aeronaves, capazes de transportar de um lado a outro do mundo, a terra removida das montanhas. Tudo isso o Homem é capaz de fazer. Tudo é calculado, medido,  preparado para grandes vitórias. Exceto o grão de areia entre o sapato e a porcelana, ou o milimétrico seixo entre o pé e o sapato. Estes não foram e nunca serão dominados.

Assim, se tudo der certo, se as montanhas forem aplanadas, os outeiros nivelados, ainda assim, restará o que não vemos, mas sentimos, mas só sentimos quando não há mais montanhas a galgar, nem mais mares por dominar, porque teremos novamente o domínio sobre o que é menor, e seremos nós, os gigantes incomodados pelo que é menor, infinitamente menor que nós. Como um vírus, por exemplo. A pedra do nosso sapato, a areia sob nossos pés, mas que nos fazem lembrar do quanto pensávamos que éramos fortes, e descobrimos quão estúpidos nos tornamos.

E se der tudo certo, ao final de tudo? Aí passaremos a procurar grãos de areia e seixos, e novamente vamos nos esquecer quem somos: Os que desmancham montanhas, atravessam o Universo, mergulham nos mares, que matam crianças, que roubam dos pobres, e perguntam, por fim: Onde foi que os outros erraram?


segunda-feira, 6 de julho de 2020

O casulo e o novo mundo

Borboleta - ANDA - Agência de Notícias de Direitos Animais
Sempre fico impressionado com a natureza. Descubro que o nada que eu me achava ser, desaparece na ignorância das coisas simples que D-s criou, e eu não consigo compreendê-las como lógicas e naturais. 

Minha avó, Maria Elisa, dizia, em casos assim: "Eu não tenho alcance, meu filho!". Nem eu. Meu alcance é curto e meu entendimento beira entre o pasmo e o embasbacado. A borboleta, por exemplo. A borboleta.

Veja o caso da borboleta Monarca, que chega a viajar quase 4 mil quilômetros distante do lugar onde nasceu, para arrumar um namorado, e mais curioso ainda, é que o namorado viajou a mesma distância, no mesmo grupo, para encontrarem juntos "aquela árvore", e nela, encontrarem um juiz de paz que oficialize o enlace. E depois? Depois, arrumar as malas, esperar que mude a estação, pra fazer o caminho de volta, pois poucos dias depois, nasce a ninhada de taturanas. Falemos das taturanas. 

Taturanas são pequenos vermes, peludos, coloridos, venenosos,e que causam pavor e dor, se tocados. Rastejam pelo chão e devoram folhas, e sobem nas árvores. Estas são as taturanas. Um dia, cansam desta vida rastejante, e se empacotam em um casulo de seda, e lá permanecem um tanto de tempo.  Então, passado o tempo, o casulo se rompe, e um ser amorfo começa a sair, apertado, retorcido, sem beleza alguma, mas que também em nada lembra da taturana que ali entrou. O que teria acontecido com a taturana? Foi devorada pelo ser amorfo? Não se percebeu movimentos de luta no casulo. Não, não houve luta. Apenas silêncio. Nenhum movimento, senão para romper o tecido, e sair dali o quanto antes. Até que um dia...

Do ser amorfo e retorcido, ao raiar das primeiras luzes do amanhecer, levanta-se uma belíssima borboleta, de cores metálicas, e tatalar imponente, e em um bailado gentil bate as asas, e eleva seu bailado pelo horizonte.
Jardineiro é internado após contato com taturana - Portal Tri
Estou falando aqui apenas pelo aspecto secular, e não espiritual, embora eu ache certa dificuldade em separar um do outro, posto que se não fora o espírito, de nada valeria o corpo e a matéria. Se não houvesse um bailado de elétrons, não teríamos a sensação da luz. Isso dito, prossigo em minha digressão elucubrante, para exercitar a mente no comparativo ilustrativo entre o mundo, a pandemia, e nós, dentro dela, como taturanas famintas comendo o mundo, o tempo e a vida, até que chegou o entardecer e o casulo nos chamou para o sono das trevas. Passa a noite e vem o dia, e eis que nos reerguemos amorfos e retorcidos pela dor da reclusão, esticamos as asas, uma depois da outra, e partimos para o tatalar da esperança, o resplandecer da vida, o renascimento. Ainda não é o renascimento para a eternidade, mas há um certo espelho da eternidade, ilustrado pela distância dos amados, onde cada dia é uma centena de dias, onde cada anoitecer retrata a nova esperança do raiar próximo para uma nova vida.
Estamos dentro do casulo, e ainda não percebemos que há uma distância de milhares de quilômetros nos separando do próximo casulo, não nosso, mas daqueles que nos abrem caminho para o amanhecer. Falta pouco, muito pouco, podemos dormir um pouquinho mais.
FILHOS TRANSFORMANDO- SE EM BORBOLETAS E VOANDO…


Ademar Leonel Bittencourt Ribeiro - Meu querido amigo "Marzinho"

  Meu querido amigo e colega de ginásio, Marzinho, que lástima peder um amigo dessa forma. Lmbro que éramos colegas de ginásio, na primeira ...