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sábado, 10 de novembro de 2018

CORSAN e a Água que Gramado não tem

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Sabe aquelas pessoas que nunca fizeram nada que os distanciassem da mediocridade na vida,e um dia se infiltram numa pequena cidade do interior, tentando domesticarem os nativos? Gramado está cheio desse tipo de gente. É só procurar. Pois não é meu caso, porque até de "fake" já fui chamado. Até hoje há quem acredite que eu nem exista, que seja um personagem oculto de um político local, manipulado e manipulando os políticos, para mobilizar ou influenciar a opinião pública com opiniões que levem as pessoas a pensarem nesta ou naquela direção. Nada mais estúpido que isso, pois, em primeiro lugar, sim, eu existo, sou gramadense de alma, história e coração, e mantenho vínculos fortíssimos com pessoas notáveis desta cidade, e quando digo notáveis,não estou falando da importância social ou poder político ou econômico,mas de caráter, de discernimento,e sobretudo de lealdade aos amigos. Não moro mais em Gramado, por contingência da vida, que nos conduz a lugares que a geografia teima em distanciar de um lugar a a outro,mas nem por isso sou menos gramadense que minha avó, que nasceu, viveu 85 anos na cidade, para repousar os dez anos seguintes em outro lugar, até seu repouso temporário  da vida, na espera da ressurreição. Da mesma forma, que pessoas que chegaram há certo tempo, e estabeleceram ali suas raízes e sentimentos, e são tão gramadenses quanto qualquer outro que viva dentro ou fora dos limites do município. Dito isso, falemos da água que não tem.

Água será, segundo futurólogos (que nada tem a ver com profetas), cientistas que analisam as condições do mundo, suas movimentações, e de acordo com o soprar dos ventos da história, projetam possibilidades de mudanças no comportamento humano e ambiental, e com base então nestas possibilidades, dizem eles, que o motivo da esperada, mas indesejada terceira guerra mundial, será pela posse da água. Isso mesmo. A água, somada à energia e alimentos, serão os três pilares que darão grande poder à quem os dominem, e uma mostra disso é o assim chamado, "Aquífero Guarani", uma gigantesca reserva de água potável submersa,portanto de intensa pureza, que abrange uma área de 1.2 milhões de Km2, e está situada em quatro países, sendo a maior parte submersa em território brasileiro. Mas, não, Gramado não está sobre o Aquífero Guarani. No entanto, possui reserva ainda inexplorada de água potável suficiente para abastecer a si mesma, e ainda que parte dela esteja a céu aberto, como no caso do Lago dos Pinheiros, um esgoto mal calculado desde o seu projeto original, Gramado tem condições e mais que isso, tem necessidade de pensar com urgência na água que o povo e os filhos e netos do povo irão beber. Gramado pensa no brilho dos espetáculos do Natal Luz, pensa na pavimentação das ruas que levam às colônias, pensa na mobilidade urbana, investe milhões (que somam-se ao longo dos anos, em bilhões de Reais, porque tem a Prefeitura, uma receita de causar inveja a muita cidade de médio porte, em eventos, arquitetura, paisagismo, urbanismo, meio ambiente, tudo o que possa ser calculado por um Corretor de Imóveis, mas deixa a sua verdadeira fortuna nas mãos de uma autarquia comandada por políticos de ocasião (aqueles que não conseguem se elegerem mas mesmo assim ganham de presente por quatro anos, seus cargos bem pagos), e à técnicos que tem todo o Estado para tomarem conta, e Gramado não passa de um alfinetinho nos mapas surrados pendurados em paredes antigas, onde de novo só tem as cadeiras giratórias,e a plaquinha com o  nome em cima da mesa.

Gramado deixa construir prédios gigantescos, hotéis, restaurantes, bares, parques temáticos, tudo que gera receita, empregos, riqueza social, e bem administra isso  tudo, mas deixa que uma autarquia pobre de um Estado falido, determine quem vai ter e que não vai ter água, quando e em que quantidade, e se a lei não mudou, se você optar  por não usar a água oferecida pela estatal, mas abrir uma cacimba, ainda assim terá que pagar a taxa, e terá que obter licença desta estatal para perfurar seu poço artesiano ou não, ou seja, paga por ter cachorro e paga por não ter cachorro, paga por usar a água e paga por não usar a água que eles oferecem.

O que mais me preocupa nesta questão é que, desde que eu participo da vida política de Gramado (ainda que indiretamente), eu tenho visto brigas homéricas entre a estatal, utilizada como mecanismo punitivo para desafetos políticos, e que os personagens, ainda que temporariamente beneficiados, se deixam encantar pelas cantilenas de sereia que o poder oferece, e usam (ou são usados) pelos dirigentes da autarquia como peças de um tabuleiro, onde uma benesse de uma adutora, meia dúzia de metros de canos em uma viela carente, ou qualquer outro tipo de afago desse tipo, faz mudar o  cenário de uma eleição.isso vem acontecendo ano após ano, e entra governo, sai governo, parece que tem um livro de estratégias que ensina a dominar este ou aquele lugar por meio do pinga-pinga de uma torneira. Será que Gramado,por ser Gramado merece mais atenção que outros municípios? Não! E nem menos também. Mas água na torneira não se trata de merecimento, aquele biscoito que se dá a um animalzinho por sua obediência. Será então que a CORSAN não tem como ampliar seu atendimento e está no gargalo, igual ao restante do Estado? Não sei. Não tenho acesso à sua contabilidade nem seu planejamento estratégico, e desconheço seus dirigentes (embora sejam mudados, mas a estrutura permanecerá, assim como suas deficiências também), mas conheço as notícias contínuas e continuadas de que Gramado sofre pelas torneiras secas. E vai sofrer muito mais se não forem tomadas urgentes medidas para mudar esta amarga e árida perspectiva.

Devem urgentemente serem convocadas as forças ativas e proativas de Gramado, a começar pelo Prefeito, pelos Vereadores, pelo Sindicato dos Hotéis e Restaurantes, pelos demais órgãos que são atingidos pelo problema, para repensarem estrategicamente o abastecimento de água de Gramado para os próximos 50 anos. E quando falo de abastecimento, falo de tratamento sanitário também. Tarefa que a CORSAN empurra com a barriga desde que o problema começou, lá nos anos 70. Claro,poderiam alegar que o crescimento sem planejamento da cidade os encurralou no mau cheiro dos arroios, só que esquecem de dizer que teriam prerrogativas de negar licenças para que tais obras fossem feitas. Então, sim, Gramado não pode depender mais da CORSAN para sacia a sede e lavar a roupa de seu povo.  Não podem as autoridades e o empresariado lavarem as mãos para o problema, antes que se torne irreparável. A hora é essa. Gramado tem que contratar urgentemente um ou mais especialistas em planejamento estratégico, não apenas para urbanismo e mobilidade, mas para manutenção da própria existência, para sua autossuficiência em água potável, acessível à todos.

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