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quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Grandes personagens da política gramadense da atualidade 1 - Luia Barbacovi



Ele foi Chefe de Gabinete do Prefeito Waldemar Frederico Weber, aos dezessete anos de idade, no início da década de 1970. Logo depois, foi nomeado Secretário-Geral do Município. Formado em Jornalismo e em Gestão Pública, pela UCS, ocupou por dois mandatos o cargo de Vice-Prefeito, e atualmente é Vereador, tendo sido até o fim de 2017, o Presidente da Câmara de vereadores de Gramado, o gramadense Luia Barbacovi é, por consenso, um dos grandes personagens da política gramadense dos últimos tempos.

Na condição de Vice-Prefeito, com Nestor Tissot, o curso natural da política apontava ele na direção de ocupar o cargo majoritário na disputa à Prefeitura de Gramado, no último pleito, de 2016. Uma manobra interna de seu Partido, o PP, alterou esta condição, e tomado de surpresa, Luia vê sua natural carreira desmoronar-se, dando lugar ao Ex-Prefeito, Pedro Bertolucci, que também, colhido de surpresa, aquiesceu em aceitar mais uma candidatura, quando imaginava ter encerrado sua participação do executivo de Gramado. Luis, no entanto, soube engolir o choro, e surpreendentemente, candidatou-se a Vereador, e naturalmente, foi eleito.

Nesta sequência de entrevistas, Luia abre o espaço, e em breve, quero conversar com os outros personagens deste capítulo da historia de Gramado.


Pacard - Luia Barbacovi, Vereador, foi Vice Prefeito por dois mandatos, com Nestor Tissot, mas com longa carreira no Serviço Público, e um currículo de paixão por Gramado muito extenso. Pela lógica da política, deveria ser o candidato natural da UPG à sucessão de Nestor, e numa virada surpreendente, ressurge Pedro Bertolucci, e Jorge Drumm, como adicional de chapa, que desconcerta toda a lógica até então vigente. O que deu errado?

Luia - Naturalmente seria um candidato ao cargo majoritário, tanto por ser vice oito anos,como pela experiência que tenho em relação ao executivo municipal, bem como ser um apaixonado por Gramado e participar das mais diversas atividades da comunidade.
Algumas pessoas ligadas a cúpula partidária entenderam que o ex Prefeito Pedro Bertolucci teria mais condições de vencer e assim articularam está mudança. O que deu errado não posso dizer, pois continuo trabalhando e me dedicando a Gramado, mas, com certeza, os coordenadores da campanha teriam mais condições de responder.
Registro que o Pedro foi correto comigo e acho que perdemos a oportunidade de termos mais uma boa gestão, assim como acredito que o Luia também seria um bom prefeito.

Pacard - Podemos pensar que foi ingenuidade tua, em não imaginar uma rasteira, como dizes, dos coordenadores do Partido (ou dos Partidos), e que,esta eventual ingenuidade seria o aditivo que teria faltado para que se tornasse o grande líder do PP, e consequentemente da UPG, se este tirocínio estivesse presente? Faltou estratégia, de tua parte, ou excesso de confiança?

Luia - Não. Fiz a minha parte e meu trabalho, tanto que me tornei vereador tranquilamente e continuo contribuindo com o Partido e com GRAMADO. Cheguei até aqui acreditando na boa vontade das pessoas e assim, não posso ser acusado de omisso. Estava a disposição. Quem perdeu foi nosso município em não contar com ex prefeito experiente ou com um cidadão que ama sua terra e teria condições de fazer algo a mais.

Pacard - Quando assumistes a Presidência da Câmara, aparentemente houve um movimento para anular tua força no Legislativo, construindo, de ti, uma imagem de oposição frágil, mas eu mesmo ouvi que tu serias, em determinadas circunstâncias, uma muralha mais forte, ainda que silenciosamente, do que teus pares mais alvoroçados na tribuna. Como te descreves na figura de opositor?

Luia - Tive excelente trabalho a frente do Legislativo. Reformamos aLei Orgânica, Regimento Interno, criamos as emendas Impositivas, diminuímos mandato de dois para um ano. Criamos a Sala da Democracia,projeto Arte na Casa do Povo , programa semanal de rádio e aí por diante. Além disso reduzimos de 1,9 para 1,36 por cento a despesa do Legislativo em relação ao orçamento do município. Fui forte e conciliador, tanto que mantive um clima cordial e positivo na Casa.
Ser a favor de Gramado e contra os interesses pessoais fazem a diferença.


Pacard – A lógica da política é que o Prefeito em fim de mandato, empenhe esforços para que seu vice ocupe a cadeira na vacância, pelo segundo mandato de Nestor, mas os fatos demonstram que não houve nenhum empenho dele manifesto, que te posicionasse para substituí-lo, o que significa duas coisas: Ou ele não teve liderança suficiente, ou não teve interesse em execrcê-la, para reduzir a possibilidade que tu vencesse, fizesse uma boa gestão, fosse reeleito, e nesse caso, ele estaria fora da corrida por mais quatro anos. Por esta leitura, como foi teu relacionamento com ele (tomando como comparativo o atual relacionamento entre Evandro e Fedoca, e a respeitosa divergência de motivação de um em relação ao outro)?

Luia - Meu relacionamento com o Nestor foi excelente. Assumi mais de 60 vezes a cadeira ,ou seja, fiquei "prefeito"por mais de um ano. Sempre respeitei e fui respeitado. A postura do Nestor na campanha me parece que não mudou , porém ele também sofreu reves com a derrota do Pedro, a exemplo de todo o pp

Pacard – Que tipo de revés?

Luia - Quando se tem boas gestões,como as nossas duas últimas, se espera vencer a próxima e a derrota foi um revés, exatamente por que acreditávamos que após o excelente trabalho,teríamos continuidade.


Pacard – Gramado vem atravessando uma sequência de problemas estruturais de graves consequências, e a atual gestão de Fedoca tem que dividir-se entre “apagar incêndios pontuais” e por em ação suas próprias promessas de campanha. Sendo assim, e com críticas tuas mesmo à questões como o recente episódio da CORSAN, o Saneamento e despoluição de arroios e cascatas, o próprio Lago dos Pinheiros, que já foi a “Menina dos Olhos” da UPG, o que vê que tenha sido rescaldo de gestões da UPG, e onde apontaria como falhas da atual gestão?


Luia - A questão não são falhas e sim a comunidade sente falta de iniciativas e obras. O Gramadense acostumou-se com a vanguarda e está vendo o município vizinho constantemente na mídia,com notícias positivas e boas iniciativas.
Foi criada um expectativa com o novo e,pelo que parece, a população está esperando.
A UPG deixou muitas obras iniciadas e outras com recursos para concluir. Passados dois anos, nossa gente ainda aguarda que sejam concluídas.


Pacard – Gramado sempre respirou uma dualidade muito forte, entre Direita e Esquerda, ainda que veladamente, pois houve um tempo em que fracionar estas linhas era politicamente incorreto, mas, mesmo assim, o poder político sempre se fragmentou desta forma. Durante o período da eleição, ainda era forte o sentimento de revolta com a linha à esquerda, e foi esta mesma linha quem determinou a vitória de Fedoca, que sempre se manifestou com muito apreço à herança socialista de Brizola e outros líderes deste viés. Isso ficou bastante visível quando formou sua equipe de trabalho com personagens egressos do mesmo viés, de outros municípios, o que proporcionou críticas e desconfiança dos eleitores pró UPG, em relação aos aditivos de natureza socialistas impregnadas no formato de gestão.
Com a virada nacional e desejo visível de extirpação da era petista e pró-socialista, acredita que a próxima eleição municipal também seguirá este viés, e se for este o caminho, como ficará o PP, tão enredado nos escândalos com o PT, e assim, permanecerá neste Partido, ou buscará outro caminho, o que parece ser um ajuste natural, para manter-se alinhado à política nacional?


Luia - A eleição presidencial mostrou que a população está atenta. Não aceita mais abusos, prepotência e velhas práticas políticas. A eleição municipal pode refletir isso, porém não acredito que mudará muito neste dualidade aqui existente.
De minha parte, participo das ações partidárias e estou com meus companheiros. O futuro,acho que haverão mudanças e fusões partidárias a nível federal que poderão ter reflexos aqui.

Pacard – Gramado tem duas crises que andam em picos e hiatos, como um eletrocardiograma, e por coincidência, ambos estão ligados à Saúde. O primeiro, é o fato de Gramado ser uma referência internacional, e depender de penduricalhos jurídicos e administrativos para manter em funcionamento do único hospital do Município, sendo que vive aos sobressaltos pela possibilidade de que o patrimônio seja vendido, e sempre por força de “canetaços”, o Executivo impede que tal aconteça, mas o problema continua no fim da fila para se agravar. Muitos tem opinado sobre a construção de um hospital municipal, e tombamento da área do atual hospital, para evitar que o local seja transformado em um resort ou algo do tipo. Qual sua posição sobre isso, e que solução apontaria, caso fosse Prefeito?
A segunda é a crise da água, que também urge por uma solução que pense as próximas gerações, e que não deixe de herança a estas, o legado de torneiras secas, um drama contínuo desde muitos anos. Como vê a municipalização da água, e caso seja Prefeito, como atuaria neste desafio?

Luia - Em relação ao Hospital, acredito que a Prefeitura deva adquirir e transferir para uma Comissão Comunitária ( criar entidade)que fará a gestão. No futuro acho que poderá ser transferido de local em função de logística. Mas isso é coisa para um futuro .
Em relação a água, acho que devem se
r duplicados os dutos que trazem água tratada de Canela.
Posteriormente fazer o saneamento do lago do Parque dos Pinheiros e levar a água dali até uma futura estação de tratamento que devemos construir em Gramado.
O contrato com a Corsan deve ser revisto e FISCALIZADO.


Pacard – Gramado tem se desenhado quase instintivamente, intuitivamente, à medida que os desafios surgem. Assim, criam-se mecanismos de ajustes, seja no campo legislativo, executivo, urbanístico, ou onde quer que sejam necessárias ações de ajustes. Como vê a elaboração de um grande plano de futuro para Gramado, com visão de uma, ou duas gerações, onde sejam necessários esforços e até ajustes administrativos, para que Gramado deixe de ser uma cidade de remendos, para tornar-se, ao modelo de cidades europeias, referência de qualidade de vida, ambiente, e sobretudo administrativa? Se candidato, e se eleito, como faria um projeto assim, caso concorde com a necessidade?

Luia - No passado foi feito o projeto Gramado mais 50. A sociedade participou e fez um planejamento muito bom e que foi seguido pelo Pedro e Nestor.
Atualmente foi elaborado um grande trabalho que é a Agenda Estratégica e de Mobilidade,pensando nos próximos 20 anos.
VaI ser analisado pela Câmara no início do ano.
Acho importante e serve de norte aos gestores. Com um bom acompanhamento da sociedade civil e organizada, teremos um bom documento.


Pacard – Tu sempre esteve, e continua, ligado à Cultura. Várias críticas ao desempenho desta Secretaria, no início da gestão de Fedoca, mesmo tuas, mas percebe-se que houve avanços e a situação se estabilizou. Agora, com o novo Governo Central, e com a proposta de extinção do Ministério da Cultura, que era segundo muitos (opinião que eu compartilho também), um “Xuxu no meio da pizza”, não acrescentava nenhum sabor, e era um cabide de empregos de doutrinação ideológica. Assim, como vê que a Cultura em Gramado possa respirar sem sobressaltos, diante de tantos desafios mais urgentes, sob uma eventual administração tua?

Luia - Em relação a Cultura, vejo que o Ministério da Cultura se mantinha com a Lei Rouanet, boa iniciativa,mas muito mal utilizada. Uma estrutura enorme, porém contribuindo pouco com o segmento.
Em relação a Gramado,vejo a Cultura num bom patamar,mantendo muitos eventos que já existiam e iniciando outros projetos. Dentro do contexto, acho que está num bom caminho.
Já em relação a política, creio que o passado só serve como aprendizado.
Sou Progressista e pretendo ser protagonista em 2020.




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