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domingo, 10 de fevereiro de 2019

As Formigas-Correição e a Nova Ordem



Nova Ordem,  pressupõe que eu vá falar de alguma teoria de conspiração, apoiar ou negar, ou ainda apresentar respostas que confortem e deem certezas para dúvidas que crepitam nas labaredas da angústia da realidade, ou então desmontar  tais ideias, alegando-as estapafúrdias e sem sentido. Não! Não farei uma coisa, nem outra, antes, desfiarei um novelo de acontecimentos que borbulham no coletivo da sociedade e das nações, e que diretamente atingem nossa felicidade e nosso modo de viver.

Falemos dos conceitos de Direita e Esquerda políticos, que não dividem o país e o mundo, apenas intensificam e decantam os sentimentos de um e outro lado, aflorando entre seus simpatizantes a oportunidade de extravasarem suas opiniões, e borbulharem no caldeirão das angústias que nos desperta todas as manhãs, e tornam-se o elixir energético que nos impulsiona a sobreviver, no mínimo que seja, os sentimentos adormecidos de um um e de outro lado, na mesma pessoa, o que leva-me a imaginar que não somos de Direita ou de Esquerda, mas tornamo-nos ora de um lado, ora de outro, não por nossas convicções, senão por nossas necessidades prementes. Somos volúveis e voláteis, e manifestamos essa inconstância de acordo com nosso bem estar intestinal, propondo, apoiando, ou promovendo uma revolução, sempre que tivermos dor de barriga. Aliás, estudos dizem que várias tragédias políticas, determinadas por reis sanguinários, foram dadas em momentos de extremo sofrimento do monarca. A "Noite de São Bartolomeu",por exemplo, por uma infecção dental do Rei (tardado) Carlos IX de França,um pau mandado de sua mãe Catarina de Médicis, que também não estava com a saúde intestinal bem regulada na ocasião. Assim, a classe média, sempre temerosa pela volta da pobreza, ou pela ânsia sem medida de alcançar a riqueza de modo acelerado, ao ver-se ameaçada em qualquer de suas fragilidades, revolta-se contra o governo, contra qualquer sistema de autoridade, e valendo-se dos recursos que tem, promove a tal revolução.

Nós estamos atravessando esta revolução, caso ainda não tenham percebido. Eu explico então. Vínhamos de um período onde era dedilhada a tecla da liberdade, da democracia, do autoritarismo dos militares, da inflação, da necessidade pelo crescimento econômico, e por muitos outros problemas e desafios que foram sendo apresentados, à medida que um e outro problema eram resolvidos. Vejamos assim: Os militares saíram do poder, mas havia inflação. A inflação acabou, aí veio a competição por posições internacionais. Subimos as posições, mas apareceu a violência urbana, primeiro, e depois ramificou-se para o interior. A violência se estabeleceu,mas apareceu a corrupção (irrompeu nos noticiários), e cresceu o ódio pelos corruptos, e então, agora sim, tínhamos razões para uma revolução, pois não se começa uma guerra sem inimigos visíveis. Não se atira, sem ver o branco do olho do inimigo, dizia uma orientação militar de combate, ou seja, não desperdice energia,munição e recursos, contra um inimigo que não possa ver para combater a céu aberto. Então, sim, então, o inimigo apareceu. Foram dados nomes e seus crimes, e foram julgados, e condenados, e assim, na defesa de um e de outro lado, porque nenhum corrupto é corrupto na solidão. Corrupção pressupõe no mínimo três personagens, onde um propõe roubar do outro, e o terceiro, se propõe a comprar o produto do roubo, e assim neste tripé do suborno, forma-se um cartel, uma quadrilha, um bando, uma gangue, e um  conjunto de gangues, forma um território e este território está infecto de coadjutores que tornam-se o braço ideológico da patifaria, até aqui então já institucionalizada, e quem ousar combatê-la, está se posicionando como anti-patriota, porque ai daquele que ousar apontar o dedo a uma destes membros  da realeza corrupta, assinará a si e aos seus, sentença de morte e expulsão do mundo dos favorecidos, e a má sorte servirá de cobertor para as frias noites nas escarpas do esquecimento.

Já de outro lado, ergue-se uma muralha humana de enfurecida turba, armada de paus, pedras e celulares, que se entregam ao combate da imoralidade, da corrupção, da violência, da pureza espiritual, da pureza ética, enfim, com a gana de fazer uma assepsia política e moral, promovendo o desentocamento e expurgo dos dominadores de antanho, trazendo à nação a Nova Ordem, onde tudo será perfeito, belo, moral, ético, e moralmente aceitável. Uma revolução necessária, que faz-me lembrar das formigas guerreiras vermelhas, ou "Formigas-Correição"*, aquelas formiguinhas que andam em colônias de dezenas de metros, limpando e desentocando tudo quanto é bicho até o tamanho de um rato, por onde passarem. Limpam tudo, fazem o mesmo que faz uma "Lava-jato" (desculpem o trocadilho, mas também serve), e sanitiza completamente os cantos escuros do jardim, por longo tempo. Assim, esta revolução, após estabelecida, instaura a sua "Nova Ordem", e esta "Nova Ordem" irá reger as normas de comportamento político, ético, social, administrativo, empreendedor, e perigosamente também, o religioso. Aqui minha mão começa a tremer, e podem surgir mais erros de digitação, pelo nervoso dos pensamentos que fervilham nas minhas lembranças, haja vista que sou um estudioso e observador dos acontecimentos, dando a um e outro polos de pensamento, oportunidade de que apresente razões para minha convicção a favor de um ou de outro lado.

Lembro que quando Collor foi eleito, e rapou a conta de todos, foi uma euforia inicial da turma do "quanto pior, melhor", que comparava-se aos milionários, pelo menos por alguns instantes. Ferrou com todos. Depois, quando Sarney decretou seu famigerado Plano, com a "Tablita" das URVs para deflação dos cheques pré-datados, foi uma euforia, e todos compravam de tudo, porque era proibido subir os preços. Ferrou todo mundo em 1987. Seguiram-se Plano Real, mas ainda com alguns resquícios de autoritarismo, e vieram as "Correições" vermelhas, arrasando tudo, limpando tudo, comendo tudo e todos, tocando terror em tudo, e nova mente outra revolução, onde a massa, que imaginava-se, havia pouco tempo antes, que fosse acéfala, como no episódio da greve dos caminhoneiros, que aparentemente não haviam lido "A Arte da Guerra", de Sun Tzu, e "O Príncipe", de Maquiavel, onde o segundo diz que primeiro o conquistador deve tomar um reino, e depois deve ocupá-lo, e Sun Tzu diz como fazer isso da melhor maneira, com menor número de baixas, e maior eficiência. Então,  não havia, nem no movimento dos caminhoneiros, nem no "Fora Dilma", uma liderança, um monarca, um herói, um nome a ser apresentado como o continuador da Nova Ordem. Então, foi nesse vazio, que surge alguém que fala a linguagem que a massa quer ouvir, ainda que seja eco de suas próprias palavras, e esta mesma massa fez toda a tarefa de fazer brotar o herói e o vilão, muito distintos entre si, e naturalmente, as viúvas do vilão, tratarão de desmerecer o herói, mas não tem coragem de atacar os revolucionários, oferecendo uma batalha curta e decisiva, onde aparentemente não prevalecerão as raízes daninhas das ervas arrancadas da lavoura da nova liberdade.

A Nova Ordem então está livre para ser a nova ordem de fato, pelo tempo a ela destinado, até que a história se repita, com a dor de barriga da vez. Meu receio não é pela Nova Ordem, mas pela falta de entendimento de seus adeptos egressos da velha ordem, que não perceberão a importância de fortalecer a democracia, os bons valores éticos, e não apenas uma troca de ódios, onde o ódio mais forte domina sobre o ódio mais fraco, e constrói novas modalidades de ódio, permitindo que em dado momento, doa a barriga de quem teve que se calar, ou mesmo de quem fez a revolução, mas não gostou do sabor do ódio trocando de mãos.





Formiga-correição, tauoca, tanoca ou taoca é a designação comum a cerca de 200 espécies formigas carnívoras, notórias por organizarem expedições periódicas de milhares de indivíduos. Não constroem colônias e têm um modo de vida em constante movimento. Algumas aves seguem regularmente essas expedições, aproveitando os insetos e outros pequenos animais que tentam escapar do ataque das formigas.

O grupo inclui espécies de diferentes subfamílias e diferentes linhagens filogenéticas que desenvolveram o mesmo comportamento de acordo com os princípios da evolução convergente. O termo formiga-correição, não corresponde, portanto, a nenhum taxon em particular dentro da família das formigas.


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