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domingo, 17 de janeiro de 2021

Clusters turísticos e culturais - Vetores para turismo equilibrado



A cultura é o perfume que convoca os insetos à polinização das flores. Sob esse prisma, classificamos as flores, como o atrativo visual, sustentadas pelo caule, protegida pelas folhas, e suportada pelas raízes.
Jamais a raiz, o caule e as folhas de uma rosa, produzirão goiabas. Talvez, se um paciente jardineiro japonês determinar-se a faze-lo, não seria eu a duvidar que isso fosse capaz. Mas naturalmente não é assim que acontece. 
Por esta leitura, faço-me saber que Cultura e Turismo são partes do mesmo corpo cidadão, sendo que a cultura trata do comportamento das pessoas, e o turismo é a ação de trazer outras pessoas para que usufruam deste comportamento e ação. Simples assim.

Há dois tipos de ambiente para o desenvolvimento do turismo regional:
1 - Polo Âncora
2 - Região satélite
O polo âncora, geralmente, é pioneiro em determinada oferta, e com o passar dos anos, e o crescimento do âncora, a região do entorno passa a usufruir, de forma periférica, dos transeuntes, cujo destino é o âncora.
Há, no entanto, um conjunto de oportunidades visíveis, que viabilizam um crescimento paralelo, e em determinado tempo, a oportunidade de firmar esteios em propostas de sustentação regional, tanto das localidades satélites, quanto do próprio âncora, que a esse tempo, já multiplicou sua oferta hospedeira e gastronômica, e principalmente comercial, e que necessita de suporte estratégico da circunvizinhança, para fortalecer sua economia, sedimentar seus eventos, e magnificar seu marketing regional nacional, e internacional.

Ambas as diretrizes, possuem limitadores ao crescimento, se não houver um planejamento de crescimento e mutações graduais, onde sua ausência, testemunhará de possíveis gargalos existenciais e político, com o passar dos anos, e o somatório do crescimento econômico, demográfico, políticos, e comportamental destes localizadores geográficos.

Desequilíbrio ambiental, crescimento demográfico e urbano, demanda maior que oferta de fatores de subsistência energéticos, hídricos, de saneamento, de mobilidade urbana e rural, e de desequilíbrio humano, com consequentes mudanças de paradigmas sociais, familiares, educacionais, e jurídicos.

Todo crescimento é inevitável. Todo crescimento oferece dores, e toda dor busca diferentes recursos de lenitivo (alívio). As dores comportamentais, brotam no seio familiar, em parte, motivados pelo desequilíbrio da oferta generosa de enriquecimento econômico, com o inevitável desdém e descuido da plataforma familiar.

Depois das dores familiares, começam as dores educacionais, com a crescente demanda de novas tecnologias para atender às variáveis pedagógicas, principalmente depois do processo pandêmico, que contribuiu significativamente para as mudanças aceleradas em todos os parâmetros da biosfera humana desta demanda.

As mudanças pedagógicas acentuam as diferenças estruturais da família anterior, e da família sobrevivente, não apenas à pandemia, mas ao conjunto de transformações, que determinaram, não apenas mudanças, mas também, novas variáveis, novos algoritmos, e novas estruturas de ação, reação, e pensamento.

Começamos a construir a nova sociedade, a nova ordem mundial, tão temida, tão preconizada pelos canais de conspiração, e que surge, voraz diante de nossa porta, cuja chave é digital.

Aqui entram os valores culturais e as opções do turismo como refúgio para estes paradigmas famintos. E nestes refúgios, é de fundamental importância a descentralização do turismo, considerando que todo excesso tende à má qualidade do que propõe.
Não quero com isso dizer que uma cidade que enriquece dia após dia, não ofereça qualidade, muito pelo contrário, a sofisticação à olhos vistos oferta o que há de melhor no mundo do lazer, em condições individuais. Eu explico:

Um excelente restaurante é um excelente restaurante, e quem dele servir-se, será tratado como uma majestade, enquanto dentro daquele excelente restaurante. Porém, quando em uma rua, com milhares de excelentes restaurantes, que se digladiam pelo acolhimento de um cliente, naturalmente, com grande oferta, há grande disputa, e tanto preço quanto condições tornam-se mais e mais favoráveis ao cliente. Porém, o conjunto de milhares e milhares de restaurantes, necessita atrair centenas de milhares de clientes, e que necessitam de milhares de hotéis e pousadas para se acomodarem, e ruas, e sinais de trânsito, e infraestrutura urbanística, fiscalização, estacionamento, pago ou de cortesia, segurança, porque onde há muito mel, virão também muitas abelhas, e algumas possuem ferroadas, enfim, o excesso e a concentração, apagam o plano inicial de repouso e contemplação, conhecimento da cultura local, pelo estresse da busca por vagas e mais vagas. 

Este é o cenário para formação dos clusters do turismo satélite, periférico, que usufruem do potencial do âncora, canalizando meios para que o mesmo cliente distribua sua carga de expectativa de lazer, com ofertas menos pomposas, porém mais adequadas à real necessidade do turista, de modo geral, que é repouso, alívio de estresse, e naturalmente, turismo de aventura e contemplação.

Enquanto o âncora multiplica suas ofertas gastronômicas, internacionalizando seus cardápios, os satélites oferecem gastronômicos cultural, pratos típicos locais, menos variados, mas originais e com sabor associado à paisagem e à arquitetura étnica local.

Há muitos anos atrás, minhas esposa e eu, fomos contratados por uma rede de hotéis, em uma pequenina cidade servida por mananciais hidrotermais, e nossa tarefa foi estabelecer um setor de eventos.
Por não conhecermos a região, organizamos um trabalho de reconhecimento dos municípios vizinhos, e seu provável comportamento diante de uma demanda regional, que não estava em seu planejamento local. O trabalho foi bem sucedido, e hoje, aquele município é um polo regional de referência turística, e de lá partem grupos diários para pontos turísticos regionais, que tiverem seu crescimento proporcionado por este compartilhamento.

Regionalizar clusters no turismo e na cultura é uma forma de manter o crescimento, compartilhando oportunidades, e permitindo ao visitante uma maior permanência em sua rede hoteleira.

O tempo do individualismo teve seu limite antes da pandemia. Agora é pensar e fazer diferente. Fazer mais, gastando menos, e obtendo o melhor.





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