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sábado, 13 de janeiro de 2018

O infinito poder das mãos


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Michel Eyquem de Montaigne foi um jurista, político, filósofo, escritor, cético e humanista francês, considerado como o inventor do ensaio pessoal, e foi também que escreveu o famoso "Monólogo das Mãos", imortalizado no Brasil pelo comediante Lúcio Mauro.

Longe de mim acrescentar uma única vírgula ao belíssimo ensaio do pensador francês, mas se fôssemos limitados a pensar apenas naquilo que outros já pensaram, seríamos cópias fadadas ao mimetismo estúpido e sem opinião que muitos desejam que sejamos. Então, toca a pensar daí, porque daqui já sai fumaça.

Uma das primeiras preces judaicas matutinas, cujo termo hebraico é "Shacharit" (Lê-se "Xaharit"), chama-se "Modê Ani", e é assim: "
Modê ani lêfanêcha, Mélech chai vecayam, shehechezarta bi nishmati bechemlá, rabá emunatêcha.
Sou grato a ti, Rei vivo e eterno, por ter restaurado minha alma dentro de mim com misericórdia. Tua lealdade é grande.

Esta oração é seguida pelo ato simbólico de lavar as mãos e recitar outra bênção que diz:
BARUCH ATÁ A-DO-NAI E-LO-HÊNU MÊLECH HAOLÁM ASHER KIDESHÁNU BEMITSVOTÁV VETSIVÁNU AL NETILAT YADAYIM.
Bendito és Tu, ó Senhor nosso D'us, Rei do Universo, que nos santificou com os Seus mandamentos e nos ordenou sobre o lavar das mãos.

Os sábios do Talmude explicam que as mãos estão em constante movimento (mesmo durante o sono) e provavelmente quando a pessoa dorme, elas estavam em contato também com as partes cobertas do corpo. Assim sendo, de manhã, antes das orações se faz a lavagem ritual das mãos a fim de purificá-las, antes do serviço a D'us.

Outra razão é que a netilá faz parte dos preparativos para a reza e assim como os cohanim santificavam-se no Templo Sagrado, lavando suas mãos antes das oferendas e sacrifícios, da mesma forma todos nós devemos realizar a netilá antes das orações, pois elas vêm substituir, segundo o judaísmo, por seu simbolismo, os sacrifícios em nossa época. Segundo isto, esta netilá também deve ser feita antes das orações vespertinas (Minchá) e noturnas(Maariv), porém sem a Berachá de Al Netilat Yadayim.

Desta maneira, um judeu piedoso começa seu dia com a noção que em seu estado inconsciente, e não fazendo uso de seu domínio da razão, pode ele ter conspurcado as mãos, desqualificando-as para, por exemplo, tomar o alimento, ou tocar em qualquer objeto nessa condição. Por um sentido prático e de higiene mesmo, mas também como recordação de sua condição de pecado, e que nunca estamos inteiramente libertos dessa condição, senão pelos méritos do Messias que virá. Até lá, água e sabão e revisão diária de valores e princípios para que não caiamos na vala comum da mesmice que nos torna impuros física, mental e espiritualmente.

Uma vez entendida a função das mãos no relacionamento com as coisas divinas, vamos encontrar nas próprias expressões de alento que declaramos ao ver alguém sofrendo e dizemos: "Segure na Mão de D-s!". Incontáveis hinos e orações declaram as mãos como "antenas parabólicas" de captação das bênçãos dos Céus, e não menos importante são as declarações que trabalham com os sentimentos, quando dizemos que "Estendemos as mãos ao necessitado"; ou quando alguém "Estendeu uma mão na nossa necessidade".

Quase todas as religiões e credos erguem as mãos aos céus quando oram, instintivamente dizendo Ao Criador que não temos cestas enormes para armazenar bênçãos, e por esta razão temos que buscá-las todos os dias, muitas vezes ao dia, como alguém que bebe água usando as mãos como concha, e que são nossas mãos tudo o que temos para buscar tais dádivas, assim como são as mesmas mãos que usamos para levar ajuda ao necessitado, à viúva, ao estrangeiro, ao pobre, ao desamparado.

Há países onde o crime de roubo é punido com as mãos decepadas ao infrator, e não é apenas o decepar da mão o castigo, mas uma marca de que ele é um ladrão, e que aquele que for apanhado estendendo ajuda a um ladrão, torna-se seu cúmplice, sendo o seu benfeitor levado a julgamento e açoitado muitas vezes por isso. Desta forma, o ladrão, ainda que arrependido e punido, morre de fome e sede em pouco tempo. É cruel demais, e significativo saber que as mesmas mãos que oferecem bênçãos também promovem a morte e suas consequentes maldições.

Quando recebemos uma pessoa e desejamos que esta sinta-se bemvinda entre nós,um antigo costume ensina-nos a que lhe apertemos a mão direita, porque esta mão é a mão do trabalho e também da luta, e o gesto de apertarmos outra mão está demonstrando que naquele momento cessamos o trabalho e também cessamos a discórdia e nos dedicamos a receber aquela pessoa com inteireza de coração.

São as mãos que dão a última manifestação do adeus, e a primeira da chegada. São as mãos que se entrelaçam nas brincadeiras de criança, e as que se estendem para o abraço. Primeiro as mãos, e o corpo vai onde elas forem. São as mãos que expressam ansiedade e são elas, as mãos quem se mostram frias na decepção. Cuidamos pouco de nossas mãos, posto que são tão ligadas aos nossos sentimentos e nem as percebemos, senão quando estão machucadas. Cuidamos tanto com as palavras, que esquecemos que falar com as mãos foi a primeira e a maior de todas as bênçãos que D´s ensinou aos Seus sacerdotes fazê-lo.

A "Birkat Cohanim" (Bênção dos Sacerdotes, ou Bênção de Aarão"é dada à Congregação, com as mãos erguidas e os dedos abertos de forma específica, formando a Sagrada Letra Shin, e espelhada uma na outra, formam O Sagrado (Bendito Seja) Nome do Altíssimo. Seu Santo Nome não pode ser pronunciado, mas apenas mostrado. Assim está na Bíblia e muitos passam batido e não percebem isso (E falou o Senhor a Moisés, dizendo:

 Fala a Arão, e a seus filhos dizendo: Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo-lhes:

yevarechecha Adonai veyishmerecha
ya'er Adonai panav eleicha vichunecha
yissa Adonai panav eleicha veyasem lecha shalom
   
O Senhor te abençoe e te guarde;
O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti;
O Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.
Assim porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei. (Num. 6: 22-27)

Perceba que finaliza a ordem com o verbo POR e não com o verbo FALAR. E o que é posto é O Nome, no formado das mãos humanas. Eis portanto que são as mãos nosso instrumento de relação com os Homens, e por estes, com D-s.


Fontes: Wiki; Chabad

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