Após vinte longos anos, ou por volta disso, tirei férias. Longas férias. Uma semana! Como se fosse possível alguém que vive do que pensa e escreve isso para que outros leiam, tirar férias de alguma maneira. Mas tirei. Viajei com a família a passeio. Apenas a passeio. E, bem, que mal que tem, afortunadamente tomar um cafezinho, um suco, uma água, e trocar uns dedinhos de prosa aqui, outros ali, com meus personagens favoritos, isto é, aqueles a quem durante o ano inteiro usei como fonte de minhas análises, como o Prefeito Fedoca, ou seu oponente ideológico, Bruno Coletto, por exemplo? Também conversei com outros importantes personagens, a quem por opção deles, manterei em sigilo os nomes, mas tenham certeza que são pessoas que tem muita importância no cenário político de Gramado. Houve também aqueles que viajaram em férias ( mas que falta de originalidade que pensem tirar férias justamente entre Natal e Ano Novo. Que coisa estranha, né não?)e que por isso não pude filar café nem chimarrão com eles. Também houve quem marcou encontro comigo, e esqueceu de aparecer. Tudo isso é contingência da euforia do ano que termina para receber o ano que começa e fazer novas promessas, uns para cumprir, outros para procrastinar.
Nestes dias que conversei com populares, políticos, que andei pelas ruas de Gramado, que vi pessoas que não me viram, que não comi chocolate, mas empanturrei-me de melancia e chimarrão, tive uma segunda visão, um pouco diferente daquela que havia tido, um ano atrás, acerca da visão política de Gramado, e é sobre esta visão que irei discorrer nos próximos artigos, mas aqui nesta reflexão ire deter-me naquilo que conversei com meu querido amigo e Prefeito Fedoca, naquele Café que restou do velho Café Cacique, no coração pulsante da Praça Major Nicoletti, em Gramado.
Tive a honra de ouvir do Prefeito que, embora sendo feriado facultativo em Gramado na sexta feira, ele abriria o gabinete para receber este humilde escriba, fato que motiva-me a imediatamente recorrer ao livro de Eclesiastes para evitar que me ufane, uma vez que conheço o modo gentil com que Fedoca trata todas as pessoas, e humildemente, o que me cabe procurar ser, declinei do local, e solicitei que conversássemos lá no Café da Praça, à vista de todos, para que fique bem claro que criticar o Chefe Político do Executivo, não significa ser inimigo do Ser Humano de valor inegável, que é Fedoca. E foi o que aconteceu. Vestido com a formalidade que aprendi com minha velha avó, Maria Elisa, e fortalecido pela minha jovem esposa, Dona Nadir, fui ao encontro de uma autoridade vestido do modo que se deve ir quando se encontra com alguém a quem devemos honrar, posto que "Toda autoridade provém de D-s", segundo Paulo de Tarso, ainda que sejamos contrários em algum tempo de sua ideologia ou método de governo, e portanto, seja no gabinete ou no café da praça, o Prefeito continua sendo o Prefeito e os protocolos da formalidade, se quebrados, o serão pela autoridade maior e nunca o contrário. Pois então fui vestido com roupa social. Ele também: Bermuda e camiseta regata! Mas qual importância tem isso, uma vez que não entendo nada de moda, nem é este o escopo deste blog? Muita! A importância está no fato que o Prefeito, antes de ser prefeito, chama-se João, mas que até estranharia se alguém o chamasse assim, uma vez que o João, mais que João, para a família, os amigos, e agora para o mundo, é também Fedoca.
Conversamos sobre a questão do saneamento de Gramado. ouvi problemas, relatei outros, falamos sobre o esgoto a céu aberto de uma via pública, e concordamos que o problema é antigo, aparentemente insolúvel a curto prazo. Só que não! Contei algumas particularidades daqui da Ilha dos Argentinos, que a Prefeitura e a CASAN (a CORSAN daqui), fizeram um acordo, e enfiaram um robozinho muito simpático e "dedo-duro" pelo interior dos esgotos, e a cada ligação irregular que encontrava, sinalizava, e logo vinha a turma do cimento, com pás e betoneiras, e em poucos instantes o problema de poluição irregular da tubulação pluvial estava resolvido. Lacravam a boca suja do condomínio malandrão. Claro, que em menos de um dia, os condôminos percebiam que o negócio funcionava mesmo, e estavam eles agora com um problema. Bem, agora, o problema já era deles, e tinham que implantar com toda urgência, um sistema anaeróbico de purificação de seus cocozinhos, antes que fossem jogados nos rios onde fezes humanas não estão na cadeia alimentar dos peixinhos. Não senhor, senhora ou senhorita.
Falamos sobre os índios, e sobre este assunto, vou escrever um ensaio específico no decurso da semana. Mas o que ficou claro pra mim, e aqui testemunho para meus leitores é que o Prefeito Fedoca conhece com profundidade o assunto, e que o problema é muito mais grave do que se imagina, e que ele corre contra o tempo para tomar uma decisão. Acabei recebendo um desafio do Prefeito, e estou correndo atrás para cumpri-lo com celeridade. Não estou fazendo isso por mim nem pelo Prefeito, mas por Gramado. Também é assunto para mais tarde. Por ora, relato que percebo a aflição de Fedoca em dar uma solução definitiva e favorável a Gramado nesse assunto.
Falamos ainda sobre a fiscalização e os percalços desta atividade junto aos panfleteiros. Contou pitorescos hilários, de flagrantes que ele próprio deu nestes panfleteiros, e por fim, para "nossa alegriaaa", por estarmos, no início da prosa, acompanhados de mais dois amigos, descobrimos que a conta estava paga por um deles: Evandro Catucci! Ficamos no lucro.
Concluo que teremos um ano de acontecimentos em Gramado, talvez mais calmo, politicamente do que foi 2017, pelas circunstâncias já distanciadas da eleição, mas por outro lado, provavelmente acaloradas pela definição mais agressiva da oposição que deve voltar a respirar sem sobressaltos, o que dará certo equilíbrio entre as forças. Sobre isso, nestas conversas todas (com Fedoca não falamos de política e sim sobre Gramado), pude perceber que no fritar dos ovos, Gramado terá apenas dois partidos representados na Câmara, em 2020. Mas isso é assunto pra outra prosa. Até lá, um venturoso, próspero e polpudo 2018 à todos.
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