AD SENSE

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Posição de fazer criança - Causos do Bar do Fidirico



Imagem ilustrativa - Internet

Pois já devem estar pensando que vou entregar-lhes a rapadura, pronta para lamber, pois não? Pois sim! Nunca faço isso. Conto apenas o milagre, mas guardo o santo pro esquecimento, haja vista que o santo pode ter deixado herdeiros, como de fato, sim, deixaram, muitos deles, e não tenho intento de confrontar-me com tais rebentos e justificar o que conto como verdade, mas que nem todas as verdades servem como aproximação da paz. Sendo assim, eis os fatos.

O Bar do Frederico era o ponto de aproximação dos apreciadores do fino trago da purinha, e excepcionalmente os mais frágeis , que se permitiam  adicionar umas gotinhas de limão e umas "duas ou três cuié de assúcri", que era pra dar o fundo melado pros piazote, que ainda não tinham idade para os arroubos da pura, e assim iam engrossando o couro do "figo", com a rapa do limãozinho, ao que hoje chamam de "caipirinha". Isso é coisa nova, não se fundamenta na verborréia da "venda".

Reuniam-se, além dos cachaceiros habitués, a piazada fedendo à mijo, que queria ser gente grande, acercando-se como moscas na merda, dos cachaceiros, ao que, por volta e meia ousavam arriscar uma bravata ou outra, e se esta agradasse ao cachaceiro-mór, este pagava-lhes umas goloseima, de regalo.  Berrava desde a mesa onde estavam:
- Fidirico! Bota um refrêsco de déis mirréis pro piá, é por minha conta!

Frederico, mais que ligeiro, corria pra geladeira de quatro portas, sacava uma garrafa de xarope, outra jarra de água gelada, e enchia um copão de meio litro, até transbordar, o que não chegava a acontecer, posto que o varão já estava ali de corpo presente, com o beiço esticado, feito cavalo bebendo água, e chupava num gole uns dois dedos da água doce, e sem tirar o bico em forma de canudo da borda do copo, arregala os zóio em direção ao bodegueiro, e com a mão levantada, esticava o dedo fura-bolo, balançando várias vezes, em direção ao copo, como que querendo dizer: "Completa!". Frederico ria e jogava mais um pouco, pra alegria do guri.

Certa ocasião, dois tauras já largados nos anos, debatiam temas por demais relevantes sobre educação dos filhos, trato das vacas, capação de porco, e temas dessa monta. E a piazada ali do lado, de ouvido apurado e olhos arregalados, escutando tudo. Lá pelas tantas, um gambá disse pro outro, com carregado sotaque alemão:


- "Vou te ensinar como que se faz, as posição, pra fazer guri ou guria. Tem um jeito, uma posição adequada pro serviço."

Falou como que palavras mágicas pra piazada, que já quase participava da conversa. Mas, oh, frustração, quando ele esticou o braço, e bem na ponta daquele braço, havia um dedo, o fura-bolo, em direção à porta, e assim posicionado,sentenciou:


-Gurizada, agora vão embora, que vamos ter uma conversa de homem pra homem, e vocês são muito pixotes pra escutarem essas coisas.

Oh, tristeza, nos olhares, e semblantes descaídos da piazada, que, frustrada, saíram, um a um, em fila ordeira, de cabeça baixa, pela porta afora, imaginando coisas e coisas, dos tais segredos que só dois bebuns de "buteco" seriam capazes de desvendar. Só que eram muito piás pra entenderem certas coisas da vida. Mas, há que se respeitar, pois é a vida, e com vida não se brinca.

E Frederico, só ria, escorado no balcão.





segunda-feira, 24 de agosto de 2020

o Vereador Vernacular e a focinheira do Executivo

Imagem: Internet

Assim, começando com uma forma jeitosa de perguntar, já parece, de chofre, uma resposta azeda, desgostosa, e definitiva. Eis, no entanto, a maravilha das palavras, e de uma boa pergunta, para suscitar curiosidade, ainda que mórbida, e atrair o querido leitor, bem como a perfumada leitora (bem machista essa descrição, e é assim que eu sou mesmo, lasquem-se os contrários), a tergiversar comigo porque sou rebuscado e até refinado no uso vernacular.

Bem está. Se você entendeu metade do que eu falei até aqui, parabéns! Você já pode ser um Edil, ainda que do contumaz reduto lacaio,que estriba o Executivo astuto, a valer-se dos parvos para edificar seus mandos e desmandos, e torná-los legais, porquanto mais que articular, ele o faz pelo domínio da ignóbil ignorância do próprio umbigo deste lacaio mudo.

O desconhecimento da função e do cargo são, sim, uma focinheira atada ao pobre mouco aos apelos de quem nele confiou, isto é, a plebe, o povo, ou de modo mais elegante, o eleitor, e de modo direto, você e eu.

Entenderam alguma coisa? Difícil, sem um Vade Mecum à mão, não é mesmo? Vou falar de modo mais fácil, para recompensar sua dedicação em ter lido até aqui. Estou falando do Vereador, como "vaquinha de presépio do Prefeito", ou seja, aquele vereador, da situação, que perde a voz e a vontade próprias, ao necessitar curvar-se ao que o Prefeito, de seu Partido ou coligação, determinarem.

Isso é o que acontece muito, muito e muito mesmo. Não vou nominar aqui fatos, mas teria incontáveis exemplos onde o Vereador vota contra a sua consciência, porque houve um acordo de bancada, ou uma ordem explícita do Prefeito, que pensa que manda, porque o vereador pensa que precisa ser obediente, até porque, atrás dele ainda está o Partido, que continua dando ordens aos seus filiados, e caso continue a consultar a consciência, vem a represália, e tal vereador corre o risco de expulsão, e por que? Porque votou com a consciência e com o que prometeu aos seus eleitores fazê-lo.

O que o Vereador precisa saber é que seu voto é único e de sua inteira responsabilidade cívica e jurídica, e que em caso de deslize moral e legal, responderá de modo solitário ao Juiz que o julgara pelos seus atos, e não pelo pacto que fez com o Partido ou com o Prefeito que o instigou a votar assim ou assado.

O que o Prefeito precisa entender é que o Vereador da situação não lhe pertence, e que unicamente poderá e deverá argumentar em projetos de sua lavra, de modo a convencer os seus, mas de modo algum, constranger este ou aquele Vereador a apoiar cegamente os projetos de interesse do Executivo, pois nenhum projeto deveria ser de interesse do Executivo, e nem do Legislativo, mas do povo que os elegeu e quem paga seus salários e outorga sua investidura em sua esfera de poder.

O candidato faz sua parte em pedir votos a si mesmo, e de carona, ao candidato à Prefeito, até porque se não o fizer, pode ser punido pelo Partido, e isso está eticamente errado. O candidato à Vereador deveria pedir votos à si mesmo, e o Prefeito, que faça o mesmo, mas sei que a estrutura dos Partidos é desenhada para que essa "casadinha" aconteça de forma natural, sendo que natural não tem nada.

Da mesma forma que o candidato à Prefeito deve eximir-se de preferências em apoiar candidatos à vereadores, a recíproca deve ser verdadeira, e óbvio que aqui está minha opinião pessoal sobre os bastidores da política, e não seria eu a mudar esse estado de coisas, na minha leitura, absurdas e estranhas à Democracia.

O Vereador tem por função e obrigação, coletar os anseios da comunidade, avaliá-los, com uma equipe embasada no conhecimento, na ciência, e na sabedoria, e propor tais ajustes ao funcionamento, ao bom funcionamento do convívio e busca da felicidade e bem estar de seu município.

O que não compete ao Vereador é dizer amém à autoridade do Prefeito, porquanto ele, vereador representa uma outra autoridade coletiva, que estabelece os protocolos, aos quais o Prefeito e seus comandados devem submeter suas atitudes e decretos.

Vereador não é inferior ao Prefeito, nem o Prefeito é inferior à este, mas a Lei pensada e aplicada, é superior à ambos, e a Lei é a vontade soberana do povo que elegeu à ambos, para que se ajustem, e promovam o bem estar coletivo, resguardando seus espaços e dosando suas opiniões, dentro de seus territórios, que são determinados por letras e não por ripas ou arame farpado. Câmara não é curral, nem Vereador é gado ou rebanho.

Se o boi conhecesse a força que tem, não puxaria carroça. Se quer, o Vereador consciente,comparar-se ao animal, saia do curral e vá ao campo, onde o pasto é verde e abundante.




domingo, 23 de agosto de 2020

Como tornar-se um candidato medíocre em dez liçoes - Manual do candidato vazio

 caricaturas de politicos - Buscar con Google | Caricaturas ...

Começa a temporada de caça aos votos, mas o que muitos candidatos sequer imaginam, é que a temporada de caça à burrice também começa junto.
Na minha tradicional sinceridade, vou nominar os deslizes mais comuns na política, e quais as consequências de votar em candidatos com essa performance.

O primeiro ato de burrice é do próprio eleitor que não acompanha a linha de pensamento, as propostas, ou a vida pregressa de candidato algum, e ao cabo de certo tempo, ao chegar à sua urna, que nem lembra qual é, corre o olho na lista de candidatos e escolhe, aleatoriamente o mais fácil de memorizar seu número. E vota no afortunado, sem nunca ter visto a fuça do dito cujo. E saindo dali, desata a falar mal dos políticos, do governo, e toca pra casa pra assistir pela TV as notícias sobre candidatos de outros lugares. E nem lembra mais em quem votou.

Mas a burrice dos candidatos, também não fica longe. Eu nem chamaria de burrice, mas de ingenuidade ideológica. Vejamos alguns (maus) exemplos desse tipo de candidato:

1 - O candidato "Purpurina", ou "Candidato Liberace", aquele que investiu na aparência pessoal, como dentes novos, cabelo pintado (ou se for jovem, meticulosamente desenhado por um "hair stylist renomado", roupas de griffe (embora muitos nem mesmo saibam pronunciar o nome da griffe).
Esse tipo de candidato reúne um certo número de amizades fortuitas. Encontram-se nas festas frequentes, na sauna, nos clubes, fazem selfies e poluem o "Insta" com seus sorrisos reluzentes, empunhando taças de espumantes, ou deixando claro o nome do restaurante que aportaram para as fotos, além, óbvio, da companhia de alguém com notável presença social na comunidade.
Esse tipo de candidato, então, apresenta-se como: "Renovação, inovação,solução para a paz mundial, e se houver uma brecha, arriscam falar da galáxia de onde vieram para transformar o mundo em um Éden, Valhalla, ou Shangri-lá, não sem antes oferecer o Nirvana (que também nem sabem o que quer dizer) aos seus eleitores.

Esse tipo de candidato é como uma explosão de gás de uma lata de spray vazia. Faz !"bum", e desaparece. Nem mesmo seus amigos de selfie serão capazes de lembrar seu número na hora de votar, e ainda poderão votar em outro qualquer, que tenham achado na lista citada no início dessa análise.

Claro, que correm o risco de serem eleitos. Aí é tarde demais.

2 - O candidato "Gasparzinho", que é aquele fantasminha camarada que surge das sombras, onde dormia, e apresenta-se como renovador (também), porque tem experiência em renovação. E também porque sua experiência em "renovação", limita-se à nova tintura de cabelo, porcelanas na boca, unhas impecáveis com base neutra, perfume mediano, e sorriso fixo. Ele te olha de longe e já ensaia o tom de voz, para que todos ouçam que ele está presente, as perguntas sobre seu trabalho, sua família, seu bem sucedido empreendimento (que pode estar falindo, mas ele só vai ressaltar suas qualidades mesmo para motivá-lo).
Esse tipo de candidato é dominador, fala mais alto nas reuniões, adianta-se ao perceber que alguém vai falar, e toma a vez, e fala rindo o tempo todo, para que percebam sua facilidade de transitar  problemas com um sorriso no rosto. Até mesmo em velório, dá as condolências com um largo sorriso.
Ah, seu conteúdo político, suas propostas? Mas pra que proposta, se ele é um líder nato? No parlamento, irá avaliar se pode disputar a presidência da casa, senão, encostar-se-á em quem tenha condição de vencer, e ocupará algum lugar de destaque na câmara, ou na prefeitura, afinal, ele ajudou a eleger o Prefeito (e como ajudou).

3 - O "candidato Urubu" é aquele candidato que fica só à espreita de nichos de ataque, e corre lá. Velórios, desgraças, acontecimentos impactantes, são um manancial de oportunidades para que esteja lá, junto, sujo de barro, fuligem, suado, carregando coisas de um lado a outro, solidário, um lindo procedimento...até que chegue a conta: o pedido de voto! É útil à comunidade sim. Não é má pessoa. Nenhum destes citados é. Mas, e propostas? Conteúdo? Cadê?

4 - O "Candidato Mago Merlin" é aquele candidato que aparece, assim, do meio das brumas, cercado de névoa e luzes, vestindo uma capa misteriosa, um gorro cheio de estrelas (é aparentado com o "candidato Liberace"), e diz-se portador de uma mensagem aos terráqueos, onde deverão nomeá-lo por meio do voto, o supremo redentor das almas sofredoras. Apresenta-se como alguém que ama profundamente todas as pessoas desta terra, e que sente-se por elas também amado, ao que o faz concluir então que o desejam ardentemente como sua voz no Parlamento. E parte para o ataque. Reúne todas as caraterísticas estéticas dos anteriores, mas acrescenta que ele será capaz de transformar todos os cidadãos em alguém cintilante como ele próprio. Então, junto com o "santinho", deixa também seu cartãozinho, pois, vai que não seja eleito, tornou-se ao menos mais conhecido e vai aumentar sua freguesia. Excelente marketing eleitoral. Mas e conteúdo do discurso? Ai, ai, ai...

5 - O "candidato aleluia" é aquele que sai da base, é lutador, dá carona, levanta no meio da noite para carregar vizinhos ao atendimento médico, ajuda a consertar o telhado da viúva, vai ao culto com a família, ajuda na quermesse, assando churrasco, bate papo no boteco, come e paga pastel, toma uma cervejinha, com moderação, bom pai de família, enfim,um "Madre Tereso". Até eu votaria nele, como prêmio por sua bondade e cidadania exemplar. Ele é eleito, e cai na frente de uma tribuna...e desata a tremer, fica mudo, gagueja de nervoso, vocifera contra a oposição, mas se arrepende e pede desculpas, e assenta-se em sua bancada, sem ter levado projeto algum, sem conteúdo nenhum. Mas merece estar ali, porque foi bacana com os necessitados. Mas projeto, cadê projeto?
]
6 - O "candidato furacão".Esse dá gosto de tê-lo em comício (quando havia comício). É o candidato boi de piranha, colocado para bater de frente com os adversário, e poupar o majoritário de desgastes. É ele quem xinga o adversário, a mãe do adversário, o cusco do adversário, e até o gato castrado do adversário recebe uma chuvarada de impropérios em seus discursos. É ele, claro, que também responde a mais processos por infâmia, mas que mal tem, se o Partido banca os advogados, afinal ele está ali exatamente por seu perfil falastrão e destemperado, e é útil ao Partido que assim permaneça, pois mais alguns meses após a eleição, tudo se dilui no Judiciário, ele paga uma multa de meio salário mínimo, e se eleito o seu candidato á Prefeito, ele ganha uma vaga de bom salário em alguma secretaria mais rústica, e aquieta a alma. Até à próxima campanha. Mas, também pode bem representar aqueles que querem esbravejar e falta-lhes voz e coragem, então votam nele. Este é seu projeto.

7 - O "candidato da família". É sabido que quanto mais antiga a família, em ajuntamento geográfico, mas forte se torna o seu legado, e assim,toda família precisa ter um membro dedicado à religião (Padre, Pastor, Rabino, Pai de Santo, etc), um médico, um advogado, e um político. Estes são considerados sagrados em seus clãs, pois serão as muralhas a protegerem a assimilação de forasteiros, que só podem ingressar no clã por casamentos, e ainda assim, há provas terríveis impostas aos candidatos. Sei bem como isso funciona. Na minha família há médicos, advogados, políticos, e designers (que representam o lado insano e rebelde, a malucagem do clã. Assim, se a família quer eleger um representante, que trate de fazer filhos. Quanto mais filhos, mais votos, exceto dos traidores, que não votam em parente de jeito nenhum.

8 - O "candidato sabonete, ou Bagre ensaboado". Esse candidato não tem nenhuma proposta consolidada para convencer eleitores à votarem nele, mas pensa na paixão e no cuidado com que ele pega criancinhas no colo, abraça velhinhas, faz brincadeiras com os jovens, envia postagens cheias de flores e incentivo às causas femininas, apoiam as mães que querem fazer aborto, e também as que acham o aborto uma atitude nefasta e nociva à vida, enfim, ele é o candidato com opiniões coringas, que se adaptam à todas as circunstâncias. Mas conteúdo? Não, nenhum, por enquanto, e talvez nem nunca terá. Mas aí, já estará eleito mesmo. Ou com um bom cargo onde possa bajular à todos e fingir que trabalha pelo povo, dentro da Prefeitura.


9 - O "candidato objetivo". Ele vai direto ao ponto: "O que você precisa na sua rua, na sua casa, na sua conta bancária? Eu não tenho, mas você será procurado por uns amigos meus que poderão resolver a sua situação, e não quero nada em troca. Eu sei que a vida tem sido dura com você, e quero ajudá-lo. A propósito, quantos votos você poderia conseguir, caso se empenhasse em ver meu projeto social caminhando, lá no Parlamento?"
]Claro, que o tal projeto está em segredo, para não ser boicotado. E talvez permaneça em segredo durante os quatro anos que estiver na tribuna, afinal, grandes projetos não podem ser realizados em apenas um mandato, não é mesmo?

10 - O  "candidato goiaba". Casca cheirosa e dourada por fora, mas cheio de bicho por dentro. Quer notoriedade para ganhar certa imunidade, certo prestígio, para ajeitar seus negócios com o tempo. Não, ele não vai por a mão em um único centavo público, mas sua influência abrirá muitas e muitas portas. E projeto? Mas que projeto?Este é seu projeto, e quem o apoiar, poderá ter uma beira disso também. É só fechar o bico e esperar.

Bem, eu poderia emendar essa lista, mas o texto ficaria extenso demais. Enfim, Escolha seu candidato com cautela. Quem souber votar, não vai precisar chorar o leite derramado.



Imagem de capa: Internet

domingo, 9 de agosto de 2020

O último sopro da democracia - Sua excelência, o candidato

Peruca: acessório moda e poder real - Conexão Paris

Excelência é uma palavra que define magnitude, nível máximo de aprovação e o brilho dos primeiros raios da perfeição. Um ensaio da plenitude.

Excelência, é a forma que os políticos gostam de serem chamados, invocados, como se divindades o fossem. Gostam de bajulações, e não, não acho que sejam, por isso, desonestos. Constato apenas que o fazem com genuíno senso de coletividade e serviço voluntário às causas que, se não as tem, inventam, para que se tornem necessários, indispensáveis, e justifiquem com isso, sua presença na política.

Assim, aparecem os mais exóticos tipos, se apresentando como a solução dos problemas que nem eles sabem que existem. Faça uma experiência: Peça ao candidato que fale da co-relação entre sua vivência pública pre-existente, e como propõe o modelo do que viveu como motivação para causas maiores.

Há vários tipos de candidatos, e cada um tem razões pessoais e interpessoais para sua exposição pública. Um desses tipos, é o candidato "colonizador". Ele vem, geralmente, de periferias de grandes centros, grandes metrópoles, onde não tem espaço nem recursos para projetar-se social e politicamente. Escolhe então, uma pequenina cidade, aprazível, e passa a amá-la como a última das donzelas. Dedica odes de paixão, envia flores, e planta jardins pelos passeios. Faz amizade facilmente, porque não basta amar a cidade, antes, é preciso ser amado por ela, pelas pessoas. Torna-se fiel voluntário em causas sociais que deem vitrine, e faz questão de que todos saibam que aquela vitrine é dele. Como parceiro de pescaria é último. Mas e o conteúdo? Vazio, como balão de gás prateado, que sobe até às alturas em direção ao brilho do sol, que o faz refletir para que todos o vejam, mas seu conteúdo político é tão eficiente quanto o gás que o preenche. Só o faz subir, mas a ninguém mais serve.

Há o candidato que é o bom companheiro do trabalho, do bairro, o bonachão, o que paga churrascada e cervejada, se entusiasma em dia de decisão de campeonato, berra palavrões, enquanto diverte, e por sua expansividade, é considerado um "líder", bom de voto, e ótimo para engajar-se na política. Mas, e conteúdo? Pra quê conteúdo, se o cara tem voto?

Outro candidato bom de voto, é aquele que comanda uma corporação. Este tem já certo conteúdo, espírito de liderança, experiência em gestão motivacional, e também lança-se na política, e vai muito bem representar seus pares, porque já votaram uma vez, irão votar novamente, por compromisso de bandeira. E uma vez no legislativo, ele vai defender bravamente os interesses..dos seus pares de agremiação. Inclusive.

Há o candidato "estopa", "bucha", o que serve para arregimentar votos avulsos. Todos sabem que ele não tem como vencer um pleito. Não tem mais que vinte ou trinta votos. Menos, até, mas estes votos serão somados à outros buchas, estopas, e laranjas, e ao final poderão decidir a eleição majoritária.

Estou falando mal deles? De jeito nenhum. A democracia é desse jeito mesmo que funciona: Uns servindo aos outros, que dizem servir à todos. E este grupamento de cabeças vazias serão os burros de carga que carregarão os votos para seu candidato à prefeito. É bem assim que funciona. Então, em quem devemos votar?

Há muitos bons candidatos, que não tem estes "atributos" parlapatões e narcisistas, mas tem profundo conteúdo, para chegarem à frente de uma tribuna, e defenderem com galhardia, os projetos que beneficiarão o coletivo que representam, tendo votado neles, ou não.

Há empresários que fogem da política, por medo de macularem suas empresas e seus nomes, porque são tímidos, não tem vaidade suficiente, e temem deixarem suas empresas ao abandono, quando se dedicarem à política.

Há eruditos, que poderiam transformar positivamente a sociedade com suas ideias e suas experiências, mas temem o debate desigual com parvos energúmenos, em temas de relevância premente, e como todos sabem, debater com tolo é jogar pérolas aos porcos.

Há candidatos que preenchem os atributos de conteúdo, e que podem, não apenas compartilhar seus conhecimentos, como ainda dedicarem-se ao aprendizado humilde, mas firme, de novos ensinamentos. Estes candidatos formam aquilo que chamamos de renovação. É destes que quero discorrer um pouquinho mais.

A pandemia modificou radicalmente o comportamento social das pessoas, e ainda teremos uma eleição significativa à frente, que reunirá os efeitos das mudanças políticas desencadeadas no fenômeno das últimas eleições nacionais e estaduais, somando-se ao impacto do isolamento pela pandemia do Corona Vírus, onde país e filhos não podem mais se abraçar, nem aos amigos, nem aos companheiros. isso acabou, e nasce aqui uma nova política de conteúdo, onde a disputa pelo voto se dará pelas tecnologias dos "efeitinhos" gráficos, que mascaram o bom conteúdo que deveria ser oferecido nos debates.

Aflora cada dia mais o fenômeno "Tik Tok" do vazio mental e das respostas rápidas em busca do voto. Esse tipo de candidato, pode ser muito engraçado, risonho, bem maquiado, na telinha do celular, através das redes, mas será um completo desastre quando tiver que tomar decisões que afetem vidas, saúde, segurança, educação, e a paz social. Esse tipo de candidato bufão representa a purpurina e a fantasia burlesca da moda iluminista e absolutistas dos Luises, ou das máscaras caricatas dos carnavais de Veneza. 

A política de efeitos gráficos e poeminhas de almanaques, tirados do gerador de lero-lero, oferecem sério risco à democracia. E eles não serão os culpados. Culpado é quem se deixa encantar pela cantilena de sereias, e não entope os ouvidos para não ouvirem os falsetes em forma de canções, ou promessas vazias.

Eu vou escolher meu candidato pelo conteúdo que ele oferece, e não pela purpurina que espalha ao passar. Vou contatar com os candidatos que despertam meu interesse, e aqueles que não derem retorno satisfatório, vou ignorá-los no dia do voto.




São só nuvens, e não anjos

  Não são anjos   os que tecem o céu de pranto,   são véus de luz, disfarces do infinito,   que escondem o sol, mas trazem encanto.   São nu...