AD SENSE

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

o Vereador Vernacular e a focinheira do Executivo

Imagem: Internet

Assim, começando com uma forma jeitosa de perguntar, já parece, de chofre, uma resposta azeda, desgostosa, e definitiva. Eis, no entanto, a maravilha das palavras, e de uma boa pergunta, para suscitar curiosidade, ainda que mórbida, e atrair o querido leitor, bem como a perfumada leitora (bem machista essa descrição, e é assim que eu sou mesmo, lasquem-se os contrários), a tergiversar comigo porque sou rebuscado e até refinado no uso vernacular.

Bem está. Se você entendeu metade do que eu falei até aqui, parabéns! Você já pode ser um Edil, ainda que do contumaz reduto lacaio,que estriba o Executivo astuto, a valer-se dos parvos para edificar seus mandos e desmandos, e torná-los legais, porquanto mais que articular, ele o faz pelo domínio da ignóbil ignorância do próprio umbigo deste lacaio mudo.

O desconhecimento da função e do cargo são, sim, uma focinheira atada ao pobre mouco aos apelos de quem nele confiou, isto é, a plebe, o povo, ou de modo mais elegante, o eleitor, e de modo direto, você e eu.

Entenderam alguma coisa? Difícil, sem um Vade Mecum à mão, não é mesmo? Vou falar de modo mais fácil, para recompensar sua dedicação em ter lido até aqui. Estou falando do Vereador, como "vaquinha de presépio do Prefeito", ou seja, aquele vereador, da situação, que perde a voz e a vontade próprias, ao necessitar curvar-se ao que o Prefeito, de seu Partido ou coligação, determinarem.

Isso é o que acontece muito, muito e muito mesmo. Não vou nominar aqui fatos, mas teria incontáveis exemplos onde o Vereador vota contra a sua consciência, porque houve um acordo de bancada, ou uma ordem explícita do Prefeito, que pensa que manda, porque o vereador pensa que precisa ser obediente, até porque, atrás dele ainda está o Partido, que continua dando ordens aos seus filiados, e caso continue a consultar a consciência, vem a represália, e tal vereador corre o risco de expulsão, e por que? Porque votou com a consciência e com o que prometeu aos seus eleitores fazê-lo.

O que o Vereador precisa saber é que seu voto é único e de sua inteira responsabilidade cívica e jurídica, e que em caso de deslize moral e legal, responderá de modo solitário ao Juiz que o julgara pelos seus atos, e não pelo pacto que fez com o Partido ou com o Prefeito que o instigou a votar assim ou assado.

O que o Prefeito precisa entender é que o Vereador da situação não lhe pertence, e que unicamente poderá e deverá argumentar em projetos de sua lavra, de modo a convencer os seus, mas de modo algum, constranger este ou aquele Vereador a apoiar cegamente os projetos de interesse do Executivo, pois nenhum projeto deveria ser de interesse do Executivo, e nem do Legislativo, mas do povo que os elegeu e quem paga seus salários e outorga sua investidura em sua esfera de poder.

O candidato faz sua parte em pedir votos a si mesmo, e de carona, ao candidato à Prefeito, até porque se não o fizer, pode ser punido pelo Partido, e isso está eticamente errado. O candidato à Vereador deveria pedir votos à si mesmo, e o Prefeito, que faça o mesmo, mas sei que a estrutura dos Partidos é desenhada para que essa "casadinha" aconteça de forma natural, sendo que natural não tem nada.

Da mesma forma que o candidato à Prefeito deve eximir-se de preferências em apoiar candidatos à vereadores, a recíproca deve ser verdadeira, e óbvio que aqui está minha opinião pessoal sobre os bastidores da política, e não seria eu a mudar esse estado de coisas, na minha leitura, absurdas e estranhas à Democracia.

O Vereador tem por função e obrigação, coletar os anseios da comunidade, avaliá-los, com uma equipe embasada no conhecimento, na ciência, e na sabedoria, e propor tais ajustes ao funcionamento, ao bom funcionamento do convívio e busca da felicidade e bem estar de seu município.

O que não compete ao Vereador é dizer amém à autoridade do Prefeito, porquanto ele, vereador representa uma outra autoridade coletiva, que estabelece os protocolos, aos quais o Prefeito e seus comandados devem submeter suas atitudes e decretos.

Vereador não é inferior ao Prefeito, nem o Prefeito é inferior à este, mas a Lei pensada e aplicada, é superior à ambos, e a Lei é a vontade soberana do povo que elegeu à ambos, para que se ajustem, e promovam o bem estar coletivo, resguardando seus espaços e dosando suas opiniões, dentro de seus territórios, que são determinados por letras e não por ripas ou arame farpado. Câmara não é curral, nem Vereador é gado ou rebanho.

Se o boi conhecesse a força que tem, não puxaria carroça. Se quer, o Vereador consciente,comparar-se ao animal, saia do curral e vá ao campo, onde o pasto é verde e abundante.




Nenhum comentário:

São só nuvens, e não anjos

  Não são anjos   os que tecem o céu de pranto,   são véus de luz, disfarces do infinito,   que escondem o sol, mas trazem encanto.   São nu...