AD SENSE

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

O "deus desconhecido" e a pseudo-cultura de Gramado










 












Imagem: IA

A frase "Mate-os a todos, que D-us reconhecerá os seus" ("Caedite eos. Novit enim Dominus qui sunt eius") é atribuída a Arnaud Amalric, um abade e legado papal durante a Cruzada Albigense (1209–1229), que foi lançada pela Igreja Católica contra os cátaros no sul da França.

Ele teria dito essa frase em 1209, durante o saque da cidade de Béziers, no contexto da Primeira Cruzada contra os cátaros. Quando os soldados perguntaram como distinguir os hereges dos cristãos, a resposta atribuída a Arnaud Amalric foi essa, indicando que deviam matar todos e deixar a decisão para D-us.

Pessoas bem intencionadas me perguntam se não estou sendo agressivo ou  ofensivo, ou xenófobo, com quem está à frente do patrimônio cultural e moral de Gramado, de acordo com minhas reflexões sobre o que sejam os parâmetros culturais para gerir aquilo que corresponde à alma do gramadense, a essência raiz de quem nos legou a história, para que edificássemos o presente e o futuro. Assim, como pessoa que tem esse sentimento de pertencimento à esta história e alma, tenho mais que direito de cobrar, mas obrigação de levantar questões pertinentes à boa ou má gestão deste patrimônio. Então, tecerei sempre meus comentários por metáforas positivas, para que a sandália sirva a quem de direito calçá-la.


O "D-eus desconhecido" foi uma metáfora utilizada por Paulo de Tarso, aos atenienses,  devotos, religiosos, à todas as divindades conhecidas, e para que nenhum deslize teológico surgisse, ergueram um pedestal que, ainda que vazio, demonstrava respeito até mesmo ao "D-us Desconhecido". 

Faço o mesmo. Respondendo à primeira pergunta: Sim! Eu NÃO conheço os gestores atuais da cultura de Gramado. Nunca ouvi falar deles, ou dele, Não faço a menor ideia de quem seja seu "primaz", com exceção daquilo que sua biografia eleitoral diz a seu respeito: É morador relativamente recente do município, envolvido em uma comunidade religiosa, e amparado politicamente por membros avulsos desta, tendo sido candidato a Vereador e não sido eleito, por razões compreensíveis, e que, largado "de paraquedas" do alto dos conchavos feitos antes da eleição, como moeda de troco, ops, de troca, que o Prefeito devia aos apoiadores, e desta forma, o único cargo que, aparentemente não teria nenhuma relevância à administração, que vai de vento em popa, e dessa forma, ameaçado pelo pavoroso prazo de cem dias, faz por direito que acredita ter, cometer todo tipo de insanidade e desumanidade para cumprir as metas, pisar em todos os pescoços para que lhes sirvam de degraus, que nem de longe sejam suas, uma vez que desconhece absurdamente a cultura gramadense, então já chega doutrinado para os projetos políticos do grupo que o ampara, e tem cem dias para "botar ordem na casa!m isto é, fazer todas as substituições de pessoas que possa fazê-lo enquanto durar o poder da caneta devastadora.


Sei ainda que é uma pessoa de boa índole, comprometida com suas crenças religiosas (o que é louvável), e bom cidadão. Então, quanto à pessoa, nada a declarar. Já com seu absoluto vazio existencial em terra estranha, tudo a questionar.

Não vou mencionar aqui nomes, mas é público e notório que a primeira cabeça já rolou, por força e pressão desse arranjo espúrio. Todos sabem disso. Até mesmo eu, a centenas de quilômetros do lugar. Mais que uma "cabeça", mas uma alma cheia de coração, comprometida com a cultura, com a cidadania, com a administração, e com os artistas, que por sinal, estão mudos e inertes. Muito estranho, para a classe artística que sempre representou o fio de Dédalo da cultura, os que tinham comprometimento com a pureza da arte e da ética..Muito estranho. Aqui vale pensar que "Caedite eos. Novit enim Dominus qui sunt eius".

Então, o "deus desconhecido" dentro de suas trapalhas continuadas, não sabe em quem pode confiar, pois ele próprio é o mais descartável, até mesmo antes dos cem dias, uma vez que acredito, por vivência, que o Chefe do executivo tem pouca elasticidade  de paciência, mesmo porque o conheço.

 Esse sim, sei bastante, o suficiente para entender que quando fica em silêncio, vem barulho pela frente.
Não quero apavorar ninguém, e o que desejo mesmo é que eu esteja errado. Isso só o tempo (curto como coice de porco) vai dizer.



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quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Paraquedismo cultural - Qual é a Cultura de Gramado?

 
Ilustração: pacard









Quem lê minhas poucas e mal traçadas linhas, as quais, com irreverente prazer deito mão à pena eletrônica para rabiscar, sabe de meu apreço pelos valores culturais, a saber, os valores que moldaram a minha própria história, a partir das histórias, causos e casos que ouvi, vi, e vivi, ao longo das gentis primaveras em que minha querida Gramado me acolheu. São muitas e boas, as que faço questão de lembrar, mesmo porque as ruins, eu dou descarga, junto com a massa fétida de seus autores. Eis portanto quem sou: um saudosista com olhar no futoro, mente no presente, e coração no passado. E é passando pelas lembranças que anacronizo os pensamentos, posto que sou do tempo em que nós, alunos, éramos responsáveis pela limpeza da sala de aula, no colégio Santos Dumont, nas priscas eras dos anos 60/70. Do tempo, logo posterior em que a Prefeitura de Gramado tinhas poucas secretarias, tipo: Fazenda, Planejamento, Obras (cujo secretário era chamado de "Capataz"; Turismo, com o espantoso plantel de três laboriosos servidores (Secretário, Aspone, e Recepcionista), e os três eram coringas, faziam tudo: Eventos (Festa das Hortênsias, Festival de Cinema, Fearte, os principais, mas também eventos culturais, destinados ao público gramadense, raiz, supimpa uma barbaridade: Espetáculos de Paixão Côrtes, Grupos floclóricos "Os Gaúchos", "Os Muuripás", peças teatrais (Maria Della Costa, Renato Pereira; Cantores: Jessé, grupos folcóricos internacionais, etc), tudo com os três garbosos trabalhadores da minha terra. Apenas os três...e a população de Gramado, e o apoio colaborativo de todas as demais secretarias. Era assim que funcionava. Nâo era necessário "canetaço do prefeito". Ah sim, quase ia esquecendo do mais importante: O amém do saudoso Odilon cardoso, a quem eu entregava em mãos uma carta, solicitando o uso do Cine Embaixador, para uma data previamente combinada que não fosse dia se exibição de filmes, a cuszo zero, zerinho, com apenas o compromisso de entregar a sala limpa. Nada mais!
A  divulgação era pelas "redes sociais", que funcionava assim: O Décio Broilo (também saudoso), emprestava as cornetas e o amplificador à bateria, e o mandrião que vos tecla, pegava a "Brasília 75" da Prefeitura, e deitava cabelo por TODAS as ruas da cidade, da área urbana, prospectando, com uma mão no volante e outra no microfone, convidando o povaréu para o evento à noite, no cinema. TODOS lotavam! Todos! Quase todos eram gratuitos, por conta de um convênio da Prefeitura com o DAC-SEC (Departamento de Assuntos Culturais da Secretaria de Educação e Cultura do Estado). O DAC-SEC pagava os cachês e eventualmente, quando havia bilheteria, esta era destinada integralmente aos artistas. Muito justo.

Recordo que em 1977, eu presidia o Grêmio Estudantil (sim senhor, senhora ou senhorita, eu já fui estudante), e organiamos i II FET - Festival Estadual de Teatro Estudantil, que não era coisa pouca não, pois recebíamos cerca de 700 estudantes, que ganhavam comida, cama, e festa de graça. Só pagavam o ingresso à noite, com exceção dos que teriam apresentação naquele dia; E sabe quem hospedava esse povaréu todo? As famílias gramadenses. Íamos de casa em casa, solicitando pouso e café da manhã para essa catrefagem toda. E o que não conseguíamos, hospedávamos no colégio, peis era período de férias, e conseguíamos colchões emprestados. A comida era feita na cozinha do pavilhão católico, onde o Padre Isidoro Bruxel, o Pároco, eo Padre Manéa (legendário) cediam gratuitamente pavilhão e cozinha para que nossa equipe de voluntários preparasse o grude da rapaziada.

Em paralelo, acontecia a FEARTE (Relato apenas de um ano e eventos correlatos), onde eu trabalhava na coordenação (lembra, éramos três), e cabia ainda à mim, a execução, criação, crreção atrás de apoios, de eventos culturais paralelos, como: Acampamento Gaúcho, Missa Crioula, com Padre Paulo Aripe (um padre muito abagualado e cachaceiro que só, que rezava a missa pilchado, sobre uma carreta de bois, cujo cálice era uma cuia, e outros paramentos desse molde.

Sim, sim, assim era trabalhada a cultura em Gramado, onde buscávamos raízes locais para abrilhantarem os eventos muito, mas muito típicos. E isso tudo era apenas,  repito, apenas, para a população gramadense. Não chamávamos turistas. Estes vinham por outros motivos (ok, a Fearte e Festival de Cinema eram pra eles também).

Só depois, bem depois, que começou a mesclar-se cultura local e turismo, que foi excelente para o enriquecimento da comunidade, como a Festa da Colônia, deliciosamente local, muito local. Feita por gramadenses, para gramadenses, onde os turistas iam para saber como era Gramado por dentro, Gramado de verdade, Gramado sem fantasia.

Hoje, faço esta pergunta para as autoridades culturais: Qual é a cultura de Gramado? Qual é o sotaque de Gramado? Por que a Rua Emílio Leobet se chama assim? Quem eram os cantadores dos Ternos de Reis do passado? Para que servia o alto-falante da Igreja de Pedra, que na época era chamada de Igreja de São Pedro? Quem eram os Abdalla, do casarão, e onde ficava este casarão? E o Café Cacique? O que representou este lugar para as gerações daqueles que deram nome e marca à Cidade Jardim das Hortênsias? E Hortênsia, se escreve com S ou com C? E qual foi o primeiro Café Colonial de Gramado/ (Não, não foi o Café Bela Vista, apesar da potência que se tornou).  Saberiam as autoridades culturais de Gramado dizer quem eram Landa e Lino? Taquinho? Zé Maria? Pinguinho? Valdecir? Padre Manéa (olha ele de novo)? Saberia dizer onde era o Açougue dos Brentano? E a Padaria do Jorge? E quem foi Joãozinho Morais, Padeiro e craque do Gramadense? E por que a Vila Moura recebe este nome? Cantão, Baixada, "Vinida", sabe onde ficavam? E os grupos de folclore italiano, alemão, polonês,  e açoriano, saberiam dizer quais eram nos anos 50? Saberiam falar das Sociedade Recreio Gramadense e do Clube Minuano, e sua rivalidade, seus carnavais? Saberiam as autoridades culturais de Gramado dizer quem foram estes personagens, e sua contribuição para o futebol  de Gramado: Walter Bertolucci, José Francisco Perini, Arno Michaelsen, Waldemar Frederico Weber, e Horst Volk? E Os militares: José Major Nicoletti; Coronel Diniz, Capitão Caverna, e os Sargentos Ivã Barbosa e o Sargento Tainha? E o Artesanato Gramadense? Quem foi Elisabeth Rosenfeld? Quem foi que matou Odete Roitman? Quem foi o Padre José Scholl?

Sei que parece um questionário de quinta série, mas penso que quem cuida da manutenção cultural de Gramado, deveria, pelo menos conhecer o lugar onde ganha seu pão, né não?

Quem sou eu pra dar palpites? Afinal, sou apenas um forasteiro que às vezes cai de paraquedas na frente de um teclado e desenrola um carretel de memórias, que gostaria muito de vê-las contadas também por quem delas sabe e à elas presta respeito, afinal, paraquedismo é algo muito delicado.  Dizem que é. E paraquedista por paraquedista, a concorrência tá forte, ô. Tempos solenes estes.


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segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Gramado que lê - 500.000 (Quinhentas mil) visualizações.









Ilustração de capa: IA

Nestes tempos em que as redes sociais se orgulham (ou melhor, os "influencers" se orgulham) de milhões — ou até bilhões — de visualizações, alguém celebrar “apenas” quinhentos mil views parece até piada. Será mesmo? Vamos analisar (afinal, é isso que eu faço: análise, e às vezes, piadas).

Alcance e público-alvo

Desde o início do blog, 90% do que escrevo é direcionado exclusivamente a Gramado, minha querência afetiva (pois não nasci em Gramado), que tem menos de 50 mil habitantes. Supondo que apenas 3% da população leia ou ouça falar sobre meus textos (que, às vezes, podem ser abrasivos), isso equivale a cerca de 1.500 pessoas. E essas pessoas não leem sempre, a não ser quando há confusão. Confusão política, vale destacar, porque eu não mexo com a vida pessoal, negócios ou moral de ninguém. Meu foco é a política, e nela, analiso tanto os bons quanto os medíocres, sempre destacando as ações, e nunca os nomes.

Estilo e complexidade

Confesso: a maioria dos meus textos é difícil. Alguns são longos, outros cansativos, porque busco ser minucioso e uso uma linguagem mais elaborada (escrevo “difícil”). Faço isso para evitar interpretações superficiais ou revanches baratas de quem se sente incomodado. Muitos textos exigem ser lidos mais de uma vez para serem compreendidos, dadas as ironias e trocadilhos que emprego para aguçar a perspicácia do leitor. Então, é bom manter um dicionário por perto — palavras mal interpretadas podem mudar todo o sentido.

Comparações com outros veículos

Comparado a outros blogs e revistas eletrônicas locais, meu alcance é infinitamente menor. Isso tem uma razão simples: não publico notícias, releases empresariais (que poderiam me garantir patrocínios), fofocas ou sensacionalismos. Apenas comento fatos já documentados, respaldados por fontes confiáveis. E, por alguma generosidade da vida, acerto na maioria das análises. Então, 500 mil visualizações, sem dancinhas, vídeos mirabolantes ou clickbait, é algo que considero digno de celebração. Para mim, a melhor tecnologia ainda é o cérebro humano consciente e bem informado. O resto é apenas teclado e chip.

Impacto e reconhecimento

Algumas vezes, fico impressionado com o impacto de certos textos, frequentemente descritos como "cirúrgicos". Já houve situações em que decisões políticas importantes foram revertidas, baseadas na confiabilidade do que publiquei. Isso não me envaidece, mas reforça meu compromisso com a verdade, sem achismos ou arrogância. Inclusive, já defendi políticos e autoridades com quem não tinha afinidade, quando julguei que eram vítimas de injustiças. Meu objetivo não é atacar pessoas, mas estimular a reflexão sobre as atitudes delas.

Patrocínios e sustentabilidade

Já tive pequenos patrocínios, que permitiam dedicar mais tempo à produção de conteúdo. Hoje, não tenho mais, embora ainda os deseje, pois manter-me informado exige tempo, energia (literalmente) e sustento. Sei que algumas figuras empresariais admiram o que faço, mas preferem não associar suas marcas ao meu trabalho. Respeito isso e ofereço outras formas de sustento, como projetos gráficos (sou designer) e minhas obras de arte, que ocasionalmente decoram as casas de amigos generosos.

Reflexão e legado

Ter 500 mil visualizações significa que, por 500 mil vezes, minhas palavras foram compartilhadas, debatidas nos cafés, nas rodas de amigos e, principalmente, no meio político de Gramado. Isso, para mim, é sinônimo de prestígio e confiança. Em algumas ocasiões, ouvi relatos que me marcaram, como a vez em que alguém disse: “Se foi o Paulo Cardoso quem contou, eu não tenho motivo para duvidar.” Isso é mais que um elogio; é um compromisso.

Agradeço ao Criador pela confiança depositada em mim. Se Ele confia em mim, quem sou eu para decepcionar?

Obrigado pelas 500 mil vezes que investiram lendo minhas palavras, muitas vezes complexas.

Ah, e para quem tiver interesse, alguns dos meus trabalhos estão disponíveis para enfeitar suas casas. Entre em contato para mais informações.

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Obra  acima já vendida*


Obras abaixo, e muitas outras, à venda*





domingo, 26 de janeiro de 2025

Gramado - Cultura ou penduricalho político?

Há muito tempo que não pego na pena para rabiscar umas poucas e mal traçadas linhas, à exceção dos desenhos da casas velhas que me aprazem retratar. Mas não é dessa pena que falo, e sim da pena eletrônica, onde dedilho e versejo as mazelas que percebo nos desarranjos politiqueiros que eclodem como cravos e espinhas no lombo da história, cujas pústulas pululam aqui e ali no espremer dos dedos dos ajustes de cargos combinados no lusco-fusco do anoitecer, ou ainda entretecidos nos conchavos pré eleitorais, onde o loteamento de cargos e cadeiras fica pré ajustado, o que caracteriza o preço da vitória. Viva a política! É assim mesmo, não há o que reclamar. Todos o sabem, e poucos o confessam, quase ninguém.

O fato é que cargos são de fato necessários, pois fossem todos estes preenchidos apenas por servidores concursados, teríamos uma ditadura da estabilidade, e gerando a forte possibilidade de ostracismo público, então, os Cargos de Confiança (CCs) deixam a caixinha de pulgas aberta para que habitem nos fundos das orelhas de quem não se prestar à eficiência, e dessa forma motivacional, trabalham. Uns por prazer cidadão, outros pelo salário que faz tanto bem. Isso pouco importa.


Cheguemos ao fato de que todas as ocupações mais significativas no âmbito político estejam já completadas logo nos primeiros dias, e passa a faltar cadeira para tanto cargo para partidos colaborativos, e chega o momento em que o restolho é destinado à...Cultura! Mas francamente, viu, logo para a cultura, cujo valor e importância atravessa milênios, e tem a função de estabelecer o mudo de viver e pensar das civilizações, enfiam goela abaixo da pasta o que há de mais medíocre sobrando nos arranjos eleitoreiros?

Claro que isso não é regra de todos, e posso nominar um a um dos que realmente merecem estar onde estão, pela capacidade e engajamento, pela história de vida, pelo conhecimento e pela "cultura" (desculpem o trocadilho) que possuem, e que estribam o ambiente, para que quem lá é enfiado por promessa e não por escolha, mas na minha bela e valorosa Gramado, onde o jogo da Mora, combinado com a bocha, a polenta, o spritzbier, os ternos de reis (não confundir com as trincas de réus, tão na moda), as festas típicas e as quermesses locais, sejam a brisa dos ventos que impulsionaram o passado para que a pujança do presente seja sólida, com base da raiz que adorna o sotaque gringo, alemão, ou açoriano, dos que legaram os costumes, e que sejam tais valores recebidos na firmeza dos passos de quem comanda tal secretaria, pois causa verdadeiro pavor entregar tal responsabilidade à aventureiros que intentam impor culturas adventícias (corram pro dicionário antes de pensarem asneira sobre esta palavra), de acordo com suas manipladas determinações, colocando em risco tudo o que foi talhado em mármore, por uma martelada estúpida, na ânsia de aprimorar a arte dos mestres de saberes e fazeres.

Espanta-me pensar que em tantos anos que Gramado mantém uma secretaria destinada à cultura, ainda esteja tão amaldiçoada por ineptos paraquedistas, que avançam com tal sede no pote de melado, que se lambusam logo na chegada. Causa-me espécie em ouvir relatos de atitudes despóticas e brutalmente incultas com que esteja sendo encravada a malho pessoas com tão baixa qualificação para este cargo e função.

Rogo ao querido e plurivitorioso Prefeito, que ouça seus melhores, os melhores que tornaram Gramado a Gramado do mundo, e que selecione quem por justiça possa ornamentar a cultura com o mérito que à ela cabe brilhar.

Não sou nada e ninguém para dizer o que deve ser feito, mas penso que tenho bagagem suficiente para fazer uma leitura neutra daquilo que chega ao meu conhecimento, e o que chega ao meu conhecimento é que Nestor nomeou um secretário de cultura "profundamente conhecedor da realidade cultural de Gramado. Pessoa com grandeza e humildade, que trata sua equipe com dignidade, e que domina todos os aspectos pertinentes à solidez dos eventos e projetos culturais do município, e com um currículo cultural brilhante, invejável", que eu nada poderia pontuar como negativo, mas que que ainda não tive oportunidade de conhecer, (o curriculo) mas gostaria muito. Eu e a população de Gramado!


Pacard - Designer, Escritor, Gramadense de coração





domingo, 5 de janeiro de 2025

O que é Cultura no Município?

 


















O que é Cultura no Município?











Paulo Cardoso (Escritor, Designe, Ex-Conselheiro Nacional de Cultura - Ministério da Cultura)*


Ano novo, novo Prefeito, novos Secretários Municipais, entre estes, onde há esta pasta, o titular da secretaria de Cultura. Mas o que é e o que faz uma Secretaria de Cultura Municipal, e  o que faz o titular da pasta?

A resposta poderia ser simples e objetiva: Promove e fomenta movimentos de natureza cultural, valorizando costumes, crenças, comportamento regional, além de acrescentar eventos externos para enriquecimento e contínuo aprimoramento cultural de sua gente. Assim, não basta promover eventos que mantenham viva a circulação da vida cultural e da manutenção da história e das raízes, como também proporcionar avanços nesta cultura, e na promoção da felicidade cultural do povo, promovendo eventos que aprimorem, lapidem, aquilo que já se conhece, proporcionando um cenário digno de admiração por quem está fora deste meio. É a vitrine com alma de um município, estado, região, ou país. O refinamento é que determina o grau de interesse de visitantes a buscarem enriquecer seus próprios conhecimentos com o que veem demonstrado no lugar onde visitam.

A cultura, como segmento integrante de uma municipalidade, é muito mais do que acomodar agregados eleitoreiros em um espaço, que se nada fizerem, ao menos não atrapalham os outros departamentos, estes, de importância estratégica à saúde, segurança, educação, mobilidade, e economia do município. Cultura é muito mais do que motivar cirandas e festivais populares, ou feiras de artesanato e artes, ou espetáculos burlescos e festivais inócuos.  A cultura tem o significado de estampar na história material ou imaterial de uma civilização, aquilo que a caracteriza como civilização em si. Pensar pequeno, em se tratando de Cultura, é esvaziar as oportunidades de perpetuar a história contada com ou sem palavras às gerações vindouras. Pensar a Cultura como organismo vivo do município é soprar a brisa do amanhã mesclada com a viva criatividade do hoje entre as novas gerações, notadamente entrelaçando cada geração com a geração anterior e a geração futura, em uma única corrente humana, sólida, determinada, e saudável.

Fazer da cultura um trampolim político é inócuo, é pensar pequeno, porque a política é efêmera e mutante, mas a cultura se eterniza sem que percebamos.

Fazer cultura é muito mais do que mostrar cores e estampas, sons ou palavras. Fazer cultura é embeber-se do pensamento vivo de cada porta e de quem dentro dela vive. É resgatar histórias e receitas para replantar conhecimento.

Cultura não é pros fracos. Nem despreparados. Cultura é nobre, e como tal deve ser estabelecida viva e continuamente.


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Dona Izartina, suas couves, e o "Grande Reset Mundial"

Imagem: IA Era uma quinta-feira, disso Dona Izartina se alembrava com clareza, pois antecedia a colheita de Marcela, marcada para o amanhece...