AD SENSE

domingo, 28 de julho de 2019

Romeu Dutra, Roberto Sperb, Rui Corso, A Freira que me odiava, e outros causos

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....Foto: Arquivo pessoal


João Romeu Dutra, ou Romeu Dutra, foi o primeiro Secretário de Turismo de Gramado, efetivamente com esse título, porque antes disso havia o COMTUR - Conselho Municipal de Turismo, e se não estou enganado, seu último titular foi o antigo membro do Consulado Britânico, Mr. George Edward Fox, ou Mr Fox, pelos amigos, e "Tio George", pelos escoteiros. Já comentei isso aqui, e pouco sei da biografia dele, então limito-me a falar do que conheço sobre meus personagens.

Romeu Dutra era professor de matemática no Ginásio Estadual de Gramado, ou Ginásio Estadual Noturno, o GEN, quando duas novas turmas foram criadas para o turno matutino e para isso, também o temível "Exame de Admissão", já comentado também. E assim, já doidinho por desafios, lá estava eu, com nove anos de idade, disposto a assentar-me junto aos grandes nas carteiras (à época, chamadas de classes mesmo), para enfrentar o Ginásio, período que ia após o quinto ano do primário. O Ginásio era de quatro anos, e depois disso, o "Científico". Romeu então, era inspetor de uma turma, onde eu estava, durante a prova.

Como e não havia feito o quinto ano primário, senão durante três meses de madrugadas estudando com minha mãe, professora, evidente que tinha coisas que eu apanhava muito. Ninguém pode pular uma etapa da vida, e eu pulei muitas. Entrei na escola primária aos seis anos, quando a lei exigia que fosse aos sete. Mas eu era alfabetizado desde os três anos, ora bolas! Então pular etapas era minha especialidade. Só que não

Estando eu tomando uma surra da raiz quadrada, durante a prova, Romeu passava várias vezes por mim, e dizia, baixinho: A resposta ali é tal...eu olhava pra ele com cara de: "Mas quem esse metido pensa que é para me dizer a resposta? Aposto que quer ferrar comigo, me passando resposta errada. E ainda insistia: Tu não vai escrever? Eu só olhava, com aquele "não te conheço", carimbado na testa. E mesmo assim, acho que foi ele quem corrigiu as provas, e me fez passar. Mas isso é uma suposição, uma remota hipótese, pois prefiro acreditar que meu conhecimento em matemática aproximar-me-ia de Einstein, ou de um ancestral distante meu, por parte de pai, Don Adam Ries, o grande matemático, o que foi definitivamente desmascarado quando entrei no ginásio, e aquela freira ignorante, minha professora desta disciplina, jamais compreendeu a dimensão das respostas e de meus cálculos, que excediam, transbordavam sua capacidade de perceber a sutileza de um 9 em lugar de um 7 e um 4, por exemplo. E assim, me ferrei na primeira série, na segunda série...

Tinha ainda aquele professor que,  segundo reza a lenda, atirava bolinhas de ranho no ouvido de quem dormia nas suas aulas. Mas este não chegou a ser meu professor. felizmente.

Já o Robertão, Professor de Ciências, Roberto Sperb, pegou implicância com minha pessoa, mas nunca prejudicou-me nas notas por isso. E nem precisava, pois as macaquices, herdadas de minha avó, trilhavam meu próprio caminho quase diário pela porta da rua, pra onde eu era mandado.
- Cardoso!
-Presente!
-Não tou te chamando. Vai pra rua!
- Mas eu nem fiz nada (ainda), professor!
- É pra nem começar a fazer! Hoje tou com nojo da tua cara!
E eu ia, feliz, brincar lá fora. Às vezes, ele mandava alguém pra fazer-me companhia.

Rui Corso, era um professor, baixinho, meio gago, que vinha de Caxias do Sul, lecionar Geografia, em Gramado. Bonachão como ele só (todos eram, na realidade), quando me botava pra fora de sala, pedia desculpas.

Tinha ainda a professora que eu amava, pela doçura e bondade: Dona Elinor Sevante! Professora de inglês, finíissima, elegante, e bondosa Isso tudo na primeira séria, logo após o banho de conhecimento na prova do exame de admissão.

Mas, como nem tudo são louros e flores, os espinhos vem junto. Uma freira, belíssima, mas dura e fria como mármore, lecionava matemática. Não dava moleza. Não era má pessoa, mas tinha uma frieza matemática (combinou). Certa ocasião, lembro que o Papa Paulo VI, aboliu o hábito dos religiosos, tornou-o optativo. E assim, Irmã Fulana de Tal, que usava sempre um hábito cinza, fez uma enquete na sala, sobre a possibilidade de que largasse o hábito e passasse a usar roupas civis. Foi quase unânime, exceto UM aluno, cujo Cláudio Sartor deixarei de fora o nome, que votou pela permanência do hábito religioso. No dia seguinte, veio ela, belíssima...de minissaia! Dali em diante, minhas notas de matemática pioraram muito. Paciência, não se pode ver tudo ao mesmo tempo: Coxas brancas ou nota alta no boletim. Minha mãe não entendeu bem a queda das notas, que não eram boas, chegaram quase ao zero absoluto.  Ah, o desgramado Cláudio  continuou com sua coleção de notas altas no boletim. Acho que eu devia ter votado com ele, sei lá.

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