Quantos leões você já matou hoje?
Não! Não estou falando dos simpáticos felinos que rugem grosso e devoram zebrinhas lá na África, ou galinhas nos zoológicos pelo mundo afora.
Também não faço referência ao famigerado e faminto leão que toma nossas economias para que sejam emprestadas aos açougueiros milionários, e aos ditadores pelo mundo afora. Não é deste leão que falo, embora este esteja entre os demais a quem todos os dias temos que matar. E matar bem matadinhos, porque os indecentes tem o poder de aparecerem do nada, surgirem das trevas, e nos atormentarem da manhã à noite, que é quando dormem, e cedem lugar aos leões notívagos, que cumprem horas adicionais e nos atormentam até enquanto estamos dormindo.
O primeiro leão (e não necessariamente nesta ordem) é o leão que está na moda: O leão da política. O bem engendrado leão que junta os políticos pelo cangote e os joga despedaçados no lamaçal da corrupção. Este leão é ainda mais danoso que imaginamos, pois em dado momento ele arrasta a nós mesmos para longe da boa política, nos fazendo imaginar que política é coisa do diabo. E é, se deixemos que ele tome conta dela e do nosso caráter.
O segundo é um leão bem pequeno quando é jovem, mas que em muitos casos se avoluma de tal maneira, que ocupa todos os espaços que seriam destinados aos outros leões. Cabe no bolso, e os demais, precisam de estádios, rodovias, hospitais, pontes, para se acomodarem. É o leão financeiro. É aquele leão que ruge no cercado dos outros, mas que morde você todos os dias um pouquinho. E se refestela feliz. O leão das contas de mercado, luz, água, sabonete e pasta de dente. O leão da geladeira, da escola, do condomínio. Um leão voraz, nervoso, irrequieto.
O leão que vem diminuindo de tamanho, definhando de fome cada vez mais, é o leão da moral. Este leão se esgueira com vergonha de sua timidez, e vive do passado, cavando reminiscências.
O Leão da ética, dizem , é quase legendário. Muitos falam, mas poucos tem contado com ele. Então, o seu sósia, a sua antítese, assombra diuturnamente os anais das ruas, beliscando traseiros com a mão esquerda, e trocando etiquetas de mercados com a mão direita.
Há um leão que monitora todos os demais leões, chamado crise espiritual. vem atrelado aos dois leões anteriores: o da ética e o da moral. Este porém corrói por dentro. Corrói e se refestela com a alma da presa.
Quando o conjunto destes leões anda em bando, dá poder ao leão familiar, isto é, aquele que bebe sangue de gente da casa. Destrói e dilacera irmãos, primos, pais e filhos. É o leão do golpe de misericórdia.
Outro leão que se fortalece quando o bando anda junto, é o leão da crise profissional. O leão do desânimo, do fracasso, da falta de perspectiva. Este leão prenuncia o fim do banquete.
E por fim, o leão cultural, é aquele que apaga todos os vestígios deixados pelas presas dos demais leões, pois quando se apaga a cultura, apaga-se a história, a vida, a sociedade e a civilização.
Qual a solução para enfrentar estes leões?
Isso é o que eu conto nesta palestra: Andando entre leões. É só me convidar.