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sábado, 27 de julho de 2019

Tio Gêre - o Padrinho da criançada na Vila Moura




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Rádio Vintage muito semelhante ao rádio do Geremias. 

Pois tomei por missão pessoal, por dar certo valor à minha afeição às letras e às palavras, isso tudo, associado à parte que ainda funciona da minha memória, em resgatar certo período de minha vida, e neste particular, da infância, não apenas minha, mas de todas as pessoas que foram contemporâneas dos meus primos, os Moura, e aqui nestas memórias, do "Tio Gêre", título nobiliárquico dado ao solteirão convicto, Geremias Elias de Moura, e sua importância na minha formação familiar. E antes que acham que errei, é Geremias mesmo, com "G". Problema do escrivão analfabeto. Eis o causo!

Após o retorno à Gramado, minha família foi morar num ranchinho de tábuas de cerne de araucária, que até o presente momento, ainda compõem a casa que pertenceu á minha avó, Maria Elisa, naturalmente ampliada, pintada, e posteriormente vendida. Mas está lá, firme e forte. As mesmas tábuas que testemunharam tantas coisas. Mas não é este o caso, e sim que tal ranchinho foi construído num pedaço de terra pertencente aos primos Francisco Vaz Corrêa Filho (In memorian), e sua esposa, Cândida, irmã de Geremias e dos demais Moura. Havia certo receio de acolher minha família e alguns parentes, aos quais não nominareis, exceto nas coisas boas que fizeram, que apresentaram forte oposição à que minha família fosse assentada próximo deles, ao que Cândida e Francisco fizeram impor sua autoridade sobre seu patrimônio, e disseram: "Não iremos deixar nossa tia, e nossos primos dormirem na rua. O terreno é nosso, e eles podem construir sua casa nele até que deem a volta e comprem seu próprio terreno. Atitude de coragem, e assim foi. O tancho foi construído pelos primos Ananísio Elias de Moura, chamado de "Ananias" (In Memorian), e Orlando Alves de Moraes, um primo de minha avó.

Minha avó foi trabalhar em um restaurante, no Motel Balneário (Motel, naquele tempo não tinha a mesma conotação de hoje. Era apenas um pequeno hotel ou pousada), como auxiliar de cozinha. lavar louças, panelas, toalhas, etc, do Restaurante, pertencente à Família Nelz, mas que era arrendado ao casal Rost, Armando e Lourdes. Minha mãe, voltou a estudar e recebeu emprego de Professora Primária. Meu tio Samuel, então com cerca de 8 ou 9 anos, já trabalhava descascando vime, ou limpando frutas nas fábricas locais. Esaú, (In Memorian), o irmão do meio, trabalhava em serrarias, ou empreiteiras, como ajudante, e mais tarde, motorista de caminhões. E eu, comia as quaresmas, e os restos de comida que minha avó trazia, deixando sempre a melhor parte pra mim, e comendo o resto do resto.

Pois foi nesse tempo que, já sem pai ou avô, figuras masculinas importantes na formação de uma criança, que meu saudoso primo "Gêre" (In memorian), adotou-me como seu fiel escudeiro. Foi com ele e Saulo, seu irmão especial (Downiano), que aprendi a tomar chimarrão, todos os dias, antes do almoço, enquanto Tia Zezé (Maria José de Moura)(In Memorian), concluía o preparo do almoço. Ah, que cehiro saía daquelas panelas. Feijão, arroz, batatas, couve, carne, moranga, e como sobremesa, que sempre variava, uma moranga caramelada, uma batata doce, acompanhados de leite gordo, de uma vaca que tinham.

Poucos anos depois, minha avó comprou um minúsculo terreno, mais acima, ao lado de onde hoje fica o mercado Rissul, e onde está um dos prédios em ruínas do extinto Artesanato Gramadense (ainda contarei muita coisa deste lugar e pessoas relacionadas, se D-s quiser), do primo Elias Francisco de Moura (In memorian), e ali assentou nossa casinha, já um pouco maior. e mais confortável. Nesse tempo, nos fins de semana, eu passava com Geremias, Tia Zezé, e Saulo, e no sábado, ia com ele para o lugar que chamava de "Chácara", uma pequenina lavoura e pomar, onde tenho as melhores lembranças da infãncia. Passávamos o sábado à tarde lá, e eu o ajudava na lavoura. No meio da tarde, Tia Zezé levava uma cesta repleta de guloseimas com café, e a chamava de "Fristique", do alemão Frühstück, e do yídish:  פֿרישטיק (Lembra que já contei que descendemos de judeus? Pois é! Algumas palavras e costumes, permaneceram no inconsciente dos nossos antigos). Ao final do dia, ele me dava uns trocadinhos, com os quais, eu ia ao matineé, no domingo á tarde, com meus amigos.

Geremias não foi especial apenas pra mim, mas todos os sobrinhos e amigos, eram apaixonados por ele. Chegou a montar uma playground todo de madeira, com escorregador, balanços e gangorra, para a diversão da piazada da Vila Moura.

Divertido, brincalhão, e sempre sorridente, Geremias caminhava segurando a cuia, na mão, e a garrafa térmica debaixo do braço, servindo mate à todos. De sua chácara, lembro das frutas que gostava: Pêssego, maçã, tangerina, e principalmente uva, ao seu tempo cada uma. Havia porém uma frutinha não plantada, que produzia o ano todo: eram os "Moranguinhos de Sapo", um morango silvestre, com pouco  açúcar, mas deliciosos quando preparados com açúcar e égua, comidos de colherinha.

Outras frutas que comíamos em sua propriedades, à vontade, sem restrição alguma, eram Guabiroba "Gavirova", Araçá, Pinhão, Goiaba serrana, e quaresma do mato. Uma vez por ano, Geremias e seus irmãos se reuniam num certo domingo, e à sombra de um colossal pinheiro Araucária, abriam uma vala, e ali faziam um churrasco para toda a família. Toda mesmo. Eram algumas dezenas de sobrinhos e agregados que compareciam. E eu era convidado especial. Estas coisas são difíceis de esquecer. E também nem quero.

Ao mio dia, ouvíamos as notícias, em seu rádio à pilha com capa de couro, enquanto mateávamos á espera do almoço que fumegava no fogão á lenha de Tia Zezé, fazendo bailar perfumes que iam do feijão, da couve, da carne de panela, da massa caseira refogada na cebola frita, e no café coado, para acompanhar as refeições.

Geremias tinha um fusca 1961 ou 1962, não tenho certeza. Verde. original. Com porta-luvas feito de bambu com telinhas de cordão como prateleira. Bem velhinho. Isso foi depois da velha bicicleta preta, que era estacionada em uma pequenina casinha que ficava na metade do morro da descida para sua casa. Mais ou menos a uns 200 metros da estrada principal, e outros 300 metros de sua casa, lá embaixo. A casinha era fechada com uma tramela, e só isso. Nunca foi roubada. Parece fantasia isso, não é verdade? Pois era assim mesmo. A casinha que servia para nosso esconderijo nas brincadeiras de "mocinho e bandido", com a "primaiada" toda. Mas, voltando ao tal fusquinha verde, velhinho, fedido, perguntei a ele a razão de não trocá-lo por um carro mais novo. Respondeu que dinheiro não lhe faltava para comprar outro carro melhor, mas a verdade era que com aquele carro ele levava os pobres, os bêbados, as moças de pouco prestígio, e não precisava se importar com cuidados de asseio no autinho velho, e que ele gostava de servir aos outros, gostava duma festinha com uma e outra  daquelas moças, gostava de levar seus pobres de cá pra lá, e que em um carro novo, ele passaria a preocupar-se mais com o carro do que com o bem estar das pessoas.

Geremias não era um sujeito religioso, mas também não era nenhum desgarrado da fé. Tinha seu lugar em sua congregação Metodista, e eram frequentes as visitas de pastores e membros de sua comunidade repartindo um almoço ou um churrasco, ou tomando uma taça de bom vinho que fazia em companhia do amigo Giovani Pizetta. E por falar no Pizetta, vou encerrar este capítulos de meu saudoso primo com um episódio divertido que presenciei.

Uma vez ao ano, Pizetta ia à casa do Geremias, para auxiliá-lo no preparo do vinho, de suas parreiras. E certo sábado, após o almoço, chega á casa o Pizetta, muito educado, com forte sotaque italiano, mas de um bom português gramatical, e com a mesma educação pergunta ao meu querido primo Saulo, um menino especial, de quem já falei):

_ O Geremias está?
Saulo, mais que prontamente, em sua inocência hospitaleira, responde à queima-roupa:
- Celemia tá cagando!

Pizetta, em um sorriso, esperou Geremias chegar. E fomos preparar o vinho.
Mais tarde, lembrando e achando graça da situação, contei ao Geremias. Ele respondeu-me:
- O Saulo é um bobaião. Eu estava só escovando os dentes.

Geremias era uns trinta anos mais velho que eu, mas por essas coisas da vida, entramos no Ginásio juntos, em 1968. Na época era feito um exame de admissão, após o quinto ano primário. Eu não fiz o quinto ano. Apenas presteis os exames, e passei em todos, pois fiz exame de admissão com nove anos de idade, e passei. E neste ano, entraram comigo, além do Geremias, também outras pessoas de mais idade, como Dona Nadir Reis, Antoninho Moreira, Hortêncio Gil, e outros, que um dia vou lembrar quem eram.

Por hoje chega, mas tem muito mais. No ano seguinte, se não falha a memória, Geremias tornou-se Presidente do grêmio Estudantil, e fez uma revolução positiva em sua gestão. Organizou festas, rifas, livro ouro, e conseguiu recursos para construir uma quadra de esportes, e montou uma banda marcial com 96 componentes, com todos os instrumentos, uniformes, maestro, e tudo o que uma banda tinha direito. E lamento informar que na minha gestão, muitos anos depois, tive que extinguir a banda, porque quase todo o dinheiro arrecadado pelo Grêmio estudantil, ia para um saco sem fundo da banda, que já estava aos pedaços, e não havia mais como recuperá-la e ainda fazer uma gestão saudável para os estudantes. Mas isso é tema para outra prosa. Vale dizer que Geremias modernizou o atendimento da cantina da escola, e fez muitas outras coisas, que a memória gentil dos ingratos tratou de enterrar no vazio. Felizmente eu ainda lembro disso, e certamente seus contemporâneos também haverão de lembrar.

Geremias era apolítico, e estimado por todos, inclusive os políticos. Tive a infelicidade, mas também a honra de acompanhar seus últimos dias, em 1983, mesmo moribundo, ainda brincalhão e risonho, cercado de irmãos e amigos. Chorei o quanto foi preciso chorar a minha perda, mas guardei tanta e tão boas lembranças que o mínimo que devo à ele, pelo carinho que teve por mim, é contar sua história, como espero que um dia, talvez dentro de uns 40 anos após o meu descanso, alguém também conte a minha, que nem é tão interessante assim.






sexta-feira, 19 de julho de 2019

O diabo se vestia de preto - Causos e coisas de minhas memórias

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Foto: Cilo Beux (Eu e meu primo Decio, lá pelos idos de 1961 ou 62)

Pra quem não acredita no diabo, pois saibam que ele existe, é mau, e faz "bem feito" seu trabalho, quando quer, e como sempre quer, então, sobram os respingos da infância roubada de muitas crianças pelo mundo afora. No tempo em que se fala de violência doméstica, dizendo que é um "sinal dos tempos", o que eu também acho que seja, mas estes tempos já começaram há bem mais tempo que parece. O que mudou, é que hoje a imprensa, as ideologias, que se beneficiam da desgraça para buscarem prosélitos pelo ódio e não pela esperança, fazem proliferar pelas redes sociais as histórias escabrosas, pérfidas, satânicas, das coisas que acontecem.

Pois o caso deu-se quando, após uma tragédia em família, lá nos cafundós onde eu nasci, minha avó voltou para sua terra natal, Gramado, levando junto os filhos: Minha mãe, e seus dois irmãos, e o traste que vos tecla, então, com cerca de um ano de idade. Pois nesse ínterim, entre a tragédia (que irei poupá-los de conhecer, por ora), e a construção de um ranchinho de tábuas velhas em terreno emprestado de parentes, minha mãe precisou deixar-me aos cuidados do demônio, disfarçado de tia de minha mãe. Vou tentar descrever um pouco do mau caráter do toco seco com duas pernas finas e um nariz afilado e longo, amparado por um olhar ruim, e uma voz angustiante, cuja expressão favorita era, em tom de espanto: "Mistério!". repetia isso a cada coisa que se dizia. Tudo era mistério, pavor, espanto. A Tia Margarida, a quem as ciganas chamavam de "Tia Margurita", para provocá-la. A mesma que anos mais tarde, ofereceu-me melancia, e dizendo que eu havia tomado leite, tirou da minha boca o pedaço guardou no armário para que eu não comesse. Mas o causo começa bem antes. Vou contar-lhes o que sei.

Quando ainda jovem, recém casada, com o Arcílio, conhecido por Alcides, ela encheu a barriga, por baixo do vestido preto que sempre usava, com trapos, dando a impressão de uma gravidez, que nunca aconteceu, para que o marido não fosse convocado a servir o Exército, em tempos de revolução (lá por 1923). Pois o traste tanto infernizou a vida de meus avós, que eram proprietários de terras, onde hoje se localiza a Expo Gramado, e todo aquele morro, num total de 50 hectares, que, acompanhados de minha bisavó, venderam sua parte na herança, e foram embora. Como nêmades, passaram por várias terras (Canastra, onde tinham armazém e moinho, destruido por uma inundação), Barragem do Salto, onte também tinham armazém que vendia fiado aos contrutores da barragem, cuja empresa faliu, e com isso, arrastou meus avós a buscarem outras terras lá por São Fancisco de Paula, e finalizaram onde nasci, na costa do Rio das Antas, um lugarejo chamado "Serra do Pinhão", nas proximidades de Cazuza Ferreira.

Pois lá, após a tragédia de que falei, uma carreta de mulas transportou as tábuas do rancho e suas matolotagens (pertences sem valor0, junto com a família destroçada, e o escriba do presente causo. E assim, minha mãe precisou deixar-me aos cuidados de alguém, para auxiliar a família nas arrumações da nova vida. E a escolhida foi a tal Tia Margarida, que de imediato pegou afeição pelo pacotinho que mijava nas fraldas, e enquanto minha mãe estava ausente, a velha se desmanchava em alegria. Até meu nome foi trocado, pois pela minha certidão de batismo católico (sim senhor, já me fizeram católico por conta de meu pai que seguia essa tradição), era chamado de "Paulo Calso Cardoso Borges dos Reis". A velha, porém não gostou do nome, e deu-me o nome de "Hugo Luís da Silva". Levou-me ao médico, o saudoso Dr. Erico Albrecht, e deu este nome na ficha de pacientes. (Anos mais tarde, quando trabalhei por duas vezes no hospital, contei a história, e perguntei ao Dr Erico, se ainda existia tal ficha. Ele riu, e disse que sabia quem era minha família, eram amigos, e conhecia a história, pois meu avô Assis Brasil, falecera sob seus cuidados, naquele mesmo hospital dias antes, e não deu bola pra velha maluca).

Alguns dias mais tarde, minha mãe foi visitar-me, e nesta ocasião, a velha recebia outras pessoas também. Serviu à todos, um lauto café com mistura, acompanhado de um queijo serrano, comum à época. Todos comiam e conversavam, felizes, e o futuro escriba engatinhava pelo chão, próximo à mãe. A velha, então, descasca o queijo para as visitas, e atira ao chão as casquinhas para que eu comesse. Minha mãe, ao ver aquilo, recolheu as cascas, e trocou pelo queijo servido à ela, comendo em meu lugar as casquinhas. A velha Margarida, contrariada, disse que não deveria fazer aquilo, porque o guri precisava aprender, ao que minha mãe a contradisse, dizendo que ela não permitiria que seu menino comesse cascas de queijo, enquanto ela comesse o miolo da iguaria. Suas palavras foram:
- "Meu filho não precisa comer isso. Deixe que eu como, Belzebu, digo, Tia Margarida" (Aditivo maligno acrescentado por minha conta).
- "Meu filho?" - Esbravejou a velha. Tu disse "meu filho? Pois se é "teu filho", leva essa sarna daqui!". E ela levou mesmo.


Poucos anos se passaram, e a velha, que não deixou de remoer o podio por aquela desfeita, tratou de resolver a situação, e adotou um lindo menino (o garboso da foto, com chapeuzinho), para mostrar à minha família, "como é que se criava uma criança".

Anos mais se passaram, e minha mãe, professora de nós dois na Escola Olidio Moura, certo dia, recebeu o menino, atrasado, cabisbaixo, e meio choroso, que entrou e foi assentar-se no fundo da sala, sozinho. Minha mãe, percebeu que havia algo errado, e o chamou para fora, pois percebeu manchas na sua camisa branca, tipo "Volta ao Mundo" (quem tem mais de 60 anos saberá o que eram), e pediu que ele tirasse a camisa e mostrasse as costas. Estavam lanhadas de marcas de cinta, de tanto apanhar.

Para bater nele, a velha fazia assim: segurava o menino, enquanto o velho Arcílio, já entrevado,assentado em uma cadeira de palha, batia com uma cinta, um pedaço de pau, uma vara, ou o que estivesse ao seu alcance.

Minha mãe tomou alguma providência, junto à família e um primo, Elias Francisco, assumiu a tutoria da criança, pois era o inventariante e auxiliava os velhos, o que o fez até que tivesse ido se preparar para o juízo final. Depois deu ao moço, anos mais tarde, sua parte na herança, e nunca mais ouvi falar dele. Uma pena, Um grande amigo e primo, que penou as penas cuja única culpa eram da velha diaba que vestia de preto.

No dia que morreu, o traste, os pertences foram inventariados, segundo seu desejo, e lá para minha casa, foi enviado um belíssimo relógio de parede, ao qual minha avó mandou ser devolvido imediatamente, pois só o ouvir das batidas das horas lembrava cada ato de maldade da velha. Fiquei meio triste, porque eu tinha planos de desmontar o relógio, para ver como funcionava. Paciência. É dura, mas esta é a história que vale a pena ser lembrada, pois aquela descgraça serviu para que minha família  fosse unida. Pelo menos por algum tempo. Mas foram bons tempos. Livres do feixe de urtigas vestido de preto, com um lenço também preto, amarrado á cabeça. Cabeça que só serviu para imaginar maldades, e depois dizer: "Mistério!"




quarta-feira, 17 de julho de 2019

Uma prosa pra ser contada (Poema)



Uma prosa pra ser contada
Paulo Cardoso


No frio  inverno do tempo,
me tapei de solidão
vesti um manto de aurora,
me enrodilhei na geada
prendi saudades no laço
fiz das esperança uma estrada.

No frio minuano da sorte
vi que a morte já é lembrada
ainda que venha tarde
chegando devagarito,
sorrateira, sem alarde,
é o doce amargo que arde
a acidez do limão
o beijo com gosto de adeus,
o frio aperto de mão.

Atravessei madrugadas
conversando com as estrelas
mateei com primaveras
eram chinocas faceiras
enfeitadas de quimeras.

Bebi orvalho na guampa
redesenhando a estampa
do tempo que lá ficou.

No bornal eu levo os sonhos
nos braços, a prenda amada
no peito carrego, dentro
uma paixão esquecida
um amor correspondido
e uma dor, que é quase nada.

Branqueiam os campos  da história
nas melenas invernais
tempos que se abraçaram no vento
coisas que não voltam mais.
Brandindo a adaga da sorte
eu me recolho no pala
que é rancho de quem  se foi
bebo a água da sanga
durmo da relva sagrada
a Santa Ceia do boi.


Aqui me guardo pra história
e me visto de verdade
o meu canto é de saudade
dos velhos tempos de glória.
Vivencio aquilo que lembro
e invento o que não sei mais
pero ainda sou capaz
de retomar uma prosa
como um moço que se declara
à sua prenda formosa.

Aqui deixo meu epitáfio
que vou carregar muito em vida
sou valente e não covarde
porque o mesmo aço que arde
no tilintar da peleia
é o ferro que depois corta
a terra que dá a ceia
e como aço e ferro batido
mesmo que ainda ferido
hei de lutar com bravura
se for chamado pra justa
pois a única coisa que me assusta
é morrer sem ter vivido.




domingo, 14 de julho de 2019

O Risca-faca da Rua do Pau-pega, e o Salão do Bate-Parma

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Os trejeitos povoeiros sempre foram um tema de interesse de minhas buscas para inspiração literária, e volta e meia, ouço algum destes, muitos dos quais me fazem embarcar em uma viagem ao passado, onde ouvi todo tipo de gíria (ou não), considerada vulgar, mas que ao cabo de tempos, consegui associar à linguagem matriz dos pioneiros de nossas terras. Somos ricos em vernáculo, e pobres em memória, não esta memória do que tomamos no desjejum, mas da memória que construiu nossa cultura. Não alimentamos estas memórias, antes buscamos desesperadamente aprender e assimilar novas gírias cibernéticas, para que não sejamos tomados por antiquados, amorfos, alienados desta nova civilização que está sendo formatada pelas mãos e não pela mente.

Mas o objetivo aqui não é criticar os novos tempos, e sim transitar pelos ditos que nos fazem rir, resgatados de priscas eras. Expressões entre prosas de varanda ao sabor do mate um de um caneco de café com mistura. Assim, começo pelo título deste ensaio, onde menciono o tal "Risca-faca da Rua do pau-pega", que ouvi recentemente aqui em Caldas da Imperatriz, acerca de um sujeito que recebe esta alcunha, e mora na rua supra mencionada, lugar que, presumo eu, deva ter histórias bastante pitorescas para recolher, e quando der coragem, vou procurar conhecer  tal rua, porque o "Risca-faca", segundo sei, já recolheu os pertences e foi repousar entre os justos, e os nomes ouvi justamente quando alguém contava a outrem, que o "Risca-faca" morreu.

Em Gramado, havia, lá nos tempos do Almanaque Kraemer, um pequenino salão de eventos dançantes, situado no porão de uma residência, a quem chamavam de "Salão Fumaça", ou "Salão do bate-Parma". Fumaça, porque à época, não era proibido fumar em lugares fechados, e "Bate-Parma", porque era costume no interior, que as moças ficassem de pé, recostadas à parede, e os cavalheiros, ao convidá-las para dançar, postavam-se à frente deles, e batiam palmas. Caso estivessem de duas, o afortunado deveria levar junto um companheiro, pois era indigno deixar uma senhorita de pé, sozinha. Bater palmas era um gesto elegante e um código social de boa educação. Pelo menos nestes bailes de interior. Eu mesmo, ainda  no despontar da puberdade, fui a bailes de interior, e seguindo o costume, postava-me à frente das mocinhas tímidas, e batia palmas. Funcionava. Conseguia o meu par para dançar. Pobres moças! Pisoteava-as todas. Mas ia-me embora feliz, gabola, e certo de que havia arrasado corações. Elas, com a certeza que tinham feito mais um de bobo. Enfim, saíamos todos felizes.

Não quero estar enganado, e se estiver, corrijam-me, que em canela (a pronúncia oficial de antanho era: "No Canela", assim como "No Gramado", etc), havia o tal "Salão-do-pau-do-meio", devido à uma rudimentar coluna que sustentava a parte superior da casa de madeira, também ambientando  festivas e galanteios, sabe-se lá de que modo. Eram, dizia-se, revistados, os cavalheiros, e caso não tivessem nenhuma arma de fogo, lhes era dado uma, para que "empareiassem" numa justa de bala. Falácia, mas muito bem descrevia o ambiente deveras hostil após certa hora, porque a cachaça encorajava alguns sujeitos a demonstrarem ali e naquela hora, o valor de um terciar de ferro, ou de um assovio de bala varando rente o chapéu do taura.

Eu mesmo, aos cinco ou seis anos de idade, em uma inocente festa de escola, num domingo ensolarado, vi um sujeito atravessar o salão, em direção a um bêbado, e enfiar-lhe uma carneadeira no bucho, deitando-o para a eternidade ali mesmo, na frente de todos. Aí encerrou a festa, e todos, em comitiva silenciosa, deixaram a escola e rumaram para suas casa. Eu junto. Só ficou lá, o morto, esperando que o Delegado o liberasse para o enterro. Mas isso não foi no Risca-faca e nem no Bate-Parma. Foi lá pelos lados da Linha São Paulo, interior do Canela. Tempos duras aqueles, como no Velho Oeste, sim senhor.

Levar um buléu, eu aposto que nove entre dez leitores, não saberão o que seja, embora já devam ter tomado muitos buléus na vida. Pois na linguagem mais povoeira, campeira, um buléu é um tombo, uma queda, um estabaco, e outros adjetivos próprios à época e ao lugar de onde acontece o tombo, mas eu gosto mesmo é de ouvir a palavra "Buléu", porque remonta minha infância, e a parentada que falava deste modo.

A casa mais falada, da qual desconheço uma viva alma que a tenha visitado, é a da senhora Joana, mãe de alguém, a quem também nunca conheci, mas ao que parece era uma pessoa muito cordata e de certo modo desleixada, porque qualquer ambiente desorganizado, ou sem o cumprimento das devidas regras de boa conduta, era imediatamente atribuído como similar à casa desta mãe, a tal Joana, e acho que até havia um certo clube de mães, porque muito ouvi dizer de um lugar quase escondido, porque nunca fui visitar, foi a tal casa da mãe do badanho. Ah, o Badanho, o cara que todo mundo sabia quem era a mãe e indicava a tal casa como destino de coisas às quais não saim dizer onde estavam. Pois se não sabiam onde estavam, certo é que deveriam estar num só lugar: a Casa da Mãe do Badanho. Pobre Badanho.

Mas badanho não era o único. Vivia lá pelas terras por onde andei, um sujeito de pouca estatura, que andava de cabeça baixa, boné enfiado sobre as sobrancelhas, muito bom companheiro de prosa chimarrão, contador de causos, e que falava meio que, como estivesse falando num canudo, esticando o bico, e com grave entonação, voz grossa mesmo, fazendo bico quando falava. Não sei o nome, e mesmo que soubesse, não diria, mas o apelido do varão era: "Fióudaputa". Pronunciava assim mesmo, pois era como ele pronunciava a expressão, a quem chamava à todos, daí retornar a si o apelido. E apelidos haviam muitos. Um deles é o "Mínti", um descendente germânico, que morava lá pelas redondezas de outro lugar por onde passei. Pois a mãe do "Mínti" era muito severa, braba mesmo, por assim dizer. Andava ligeiro, elétrica, de um lado a outro, cuidando das lidas do rancho, enquanto a piazada brincava do lado de fora. Mas lá pelas tantas, ela ouvia alguns gritos, próprios de onde tem gurizada jogando barrucha, e enfiando a cara na janela, berrava pro filho, com voz autoritária:

- "Mínti! Passa pra dentro!"
Minti, só levantava a cabeça e respondia:
- "Ah, Vai tomá no cu da senhora!"
Respeito é respeito. E o jogo seguia firme.




sábado, 13 de julho de 2019

O Bom Mau Humor de nossos antigos - Maria Elisa, minha avó divertida, que sonhava com merda



Pois nem só de política vive este blog. Aliás, nem sei se vive, mas pelo menos, volta e meia, eu inflo meu ego e escrevo umas poucas e mal traçadas linhas com imenso prazer, para que outros as leiam e tenham o desprazer de chegar até o fim da leitura, para descobrirem que eu não disse nada de novo. C'est la vie, diziam os mongóis!

Assim, resolvi puxar pela memória, que dizem alguns, ser de alguma serventia, e relatar aqui, para a historia, algumas pérolas do bom mau humor de personagens dos tempos de antanho, e o faço dentro do mais absoluto respeito à dignidade destes, haja vista que alguns são de minha própria massa genética, começando por minha avó, Maria Elisa, que era meio pessimista com as coisas, apesar de ser muito divertida, então às vezes eu chegava e dizia:
- Que dia tão lindo, não acha?
E ela lascava à queima-roupa:
- Lindo até que chova!  O céu tá muito baixo e muito azul! Grunf...
Ô boca aquela. pois não é que logo chovia mesmo, e chovia à cântaros? Pra que fui perguntar? isso me adicionava culpa pela chuva que chegava mais cedo só pra confirmar algum acordo feito com Maria "Ilizia", e dar-lhe credibilidade.

Maria Elisa (a quem a parentada e vizinhança, e também o resto da aldeia, insistia em tratá-la por "Tia Ilizia". Vá que seja então) tinha umas tiradas dignas de almanaque. Uma memorável era quando estava com a serotonina no vermelho, pedindo reabastecimento, e o humor ficava insuportável. Ela sabia desses dias, e tinha a civilidade de avisar com antecedência, para evitar algum desastre, e sua marca de mau humor anunciado era:
- Não fale comigo hoje! Sonhei com merda!
Era o sinal para procurar uma funda, passar a mão, se houvesse tempo, em um naco de pão, e sumir pelo mato e, de preferencia, passar lá o dia, se fosse possível, os próximos dias., porque o aguaceiro era cabuloso, sinistros mesmo. Ela cuspia fogo pelas ventas, e amaldiçoava o mundo. Depois passava, e o sinal eram as canções que ela cantava para acalmar a dor da vida. Cantava hinos, muitos hinos. Sabia quase todos do velho hinário. Cantava apenas hinos. Não aceitava que se cantasse musica profana em casa. Tá bem. Quem pode manda, quem tem juízo, obedece. E também nem me fazia muita falta cantar coisa alguma, porque minha voz é esganiçada, desafinada, fora de compasso, e absolutamente dispensável a qualquer coro que precise de cantores. Outros, sim, eu não. Pois a voz de Maria "Ilizia" era daí pra pior, mas que importância tinha isso, não é verdade?

Maria Elisa cantava sentimentos que nasciam na pleura e saíam com cheiro de fígado. Era sua catarse de dores, seu lenitivo pós crise, e sua esperança na breve vinda do Messias. Ah, sim, ela orava, rezava muito. Muito mesmo. Fielmente, de joelhos, por cerca de meia hora, duas vezes ao dia. Pela manhã, urdindo tranças, que ao final da reza balbuciada, enrolava como uma coroa à cabeça, e assim, começava o dia. Já à noite, orava novamente, desmanchando as tranças do cabelo que jamais fora cortado. Coisa de judia velha cristianizada e devota à fidelidade de suas memórias, que aliás, acho que é genético, pois isso, e apenas isso, além do olho caído, eu herdei dela. Ah, o sarcasmo também.  Ô véia sarcástica, misericórdia. Pra debochar de alguém, não pagava imposto. Ou Talvez pagasse, e por isso éramos tão pobres. ia tudo pro governo. Imposto de debochada.

Certa tarde sabadal, estava eu, feliz como ganso em taipa de açude, debaixo de oito cobertas, quando ela chamou-me para ver a neve que caía lá fora. Mandei-a catar coquinhos. Ah pra que fiz aquilo: Pra que? Alguém me responda! Pois ela deu ordens expressas ao meu tio Isaac, tão ou mais debochado que ela, o imprestável, e lá foram os dois, rindo de mim, arrancaram as cobertas e me juntaram de "cadeirinha" até à cozinha, para que visse a desgraçada da neve. Eu vi. Vi mesmo. Vi tudo. E eles ganharam o dia, rindo da minha cara. os dois imprestáveis.

Maria Elisa era mais "Maria Ilizia" do que Maria Elisa. Apenas quando convinha, ela saía do armário  e deitava o vassorão com uma empáfia assustadora. Era capaz de conversar e sintonizar seu modo de falar com o interlocutor. Por exemplo: Quando ela falava com alguma pessoa mais rude, campeira, ela tornava-se praticamente um "Zé Buscapé":
- Sialembra, Ilizia?
- Sialembrooo, Hortência!
Mas, caso ela não gostasse da pessoa, na maioria gente mais da cola fina, metida a grã-fina, ela olhava em diagonal, postura ereta, cerrava em 50% o olhar (era cega de um olho, o que facilitava na mira), e lascava, como se tivesse lambido o veráculo, e perguntava em tom ameaçador:
- Como vaissssss? - Acentuando os "S" e os "R".  Estás bem, menina?

Ai, meus sais! Se ela chamasse alguém de "menina", ou "rapaz", era encrenca da braba. A pessoa estava claramente em maus lençóis, e às vezes, discretamente eu fazia gesto com a mão para que a pessoa visse, insinuando que ela devia "passar fora", "vazar", escafeder-se dali o quanto antes, porque senão o castigo chegaria de caminhão, e o castigo era..bem, antes que conte qual era o castigo, devo esclarecer que tanto o castigo quanto as boas vindas, eram idênticas: Assentar-se à mesa e comer bolinho frito com chá de mate! O segredo era que, enquanto ela preparava a massa, fritava os bolinho, fazia o chá de mate, tinha tempo para fazer uma CPI da vida da pessoa, escarafunchar tudo, o passado dos antepassados, o presente, a situação financeira, conjugal, cor da ceroula usada pela bisavó da pessoa, tudo, tudo. Então, e só então, tratando amigo ou inimigo, com a mesma cortesia e hospitalidade, ela dava-se por satisfeita, pois tinha mais uma história para contar aos netos (à época era apenas eu. Só muitos anos depois veio o meu único primo, por parte dela, que usufruiu da fase mais idosa da anciã, mas que pode dar boas risadas também. Dela, e com ela.

Igrejeira, ela não faltava um único sábado ao culto, e chegava quando já havia começado o serviço religioso. isso não fazia diferença, porque ela passava pelo corredor, dando um saudável tabefe na orelha dos rapazes, e um sorriso para as moças.  Era um passo e um tapa: Tablaft! Outro passo e mais um tapa: Tabléft! E não adiantava encolher-se, porque ela estacava diante da vítima e dizia: Venha cá, guri!
À hora do estudo bíblico, ai de quem tentasse discutir bíblia com ela. A desgramada da anciã já leu mais de CEM vezes as sagradas Escrituras. E isso não foi uma hipérbole. Leu mesmo. Sabia tudo de cor e salteado. Já vi pastor enfiar a viola na sacolinha e cantar fininho com ela.

Este temperamento e comportamento eram sua marca registrada, e tornou-a querida até mesmo anos após a morte, aos noventa e cinco anos, sorridente, e segurando a mão do filho mais novo, seu bebê (o tal bosta que me tirou da cama e me fez a neve), levando consigo para o descanso a paz que empregou sob a perene hospitalidade, fator que carimbou sua identidade judaica guardada no fundo do armário.

Certa noite, acordei com o barulho dela tentando abrir a porta de meu quarto com uma faca (a casa não tinha fechaduras internas, e sim tramelas), para buscar uma coberta, porque havia acolhido um mendigo, e ele iria dormir lá em casa. Fazia isso com frequência. Nossa casa era cheia de mendigos, seja para que ela investigasse suas vidas e os alimentasse, ou para que mesmo dormissem lá por uma ou duas noites. Teve um caso de uma família que foi hospedada lá em casa, por algumas semanas. Era assim que Maria Elisa tratava as pessoas. Em hebraico isso se chama "Tsedacá" - Justiça Social. Ela não considerava isso uma caridade, porque dizia que eram filhos de D-s, portanto nossos irmãos, e tinham que ser acolhidos daquela maneira. Tenho que confessar que sinto inveja disso, mesmo. Sinto vergonha de mim por não ter aprendido tantas lições de cortesia, bondade, hospitalidade. Claro que o que aprendi a foi a ser debochado, e sinceramente, eu também ás vezes sonho com merda. Isso me possibilita largar as patas em quem me incomodar. A propósito, você está rindo do que? Diz na minha cara! Hoje eu sonhei com merda!

sexta-feira, 12 de julho de 2019

O Apocalipse do Bem e do Mal de nossos dias




Quando eu era pequeno, ou melhor dito, desde quando eu era pequeno, fui ensinado a estudar profecias, especialmente profecias apocalípticas, embora o adjetivo não defina exatamente a expressão, e em geral as pessoas  tratem do tema do livro de Apocalipse (Revelação), com certo espanto, e algumas com muito pavor mesmo, ao ponto de tornar a palavra maldita, evitada, e deixada guardada no fim da Bíblia, apenas para os loucos, os melancólicos, e os eruditos.

Houve tempo, e não faz muito, que ouvia dizer que quem lê este livro, morre louco. Eu confirmo isso. Já morri louco umas cinco vezes, doido de atar em poste, mas ainda assim, fiz do livro minha fonte de perguntas para as respostas que já tinha prontas.

E por que eu começo uma reflexão política, citando um livro da Bíblia? Exatamente porque não há melhor definição para o que está acontecendo no mundo, do que um cenário apocalíptico, onde mentir descaradamente tornou-se um "mal necessário" para implementação das ideias obstinadas de quem quer mudar a ordem do mundo e das coisas de qualquer modo, a qualquer custo, e sob qualquer pretexto.

Não há melhor lugar para encontrar paralelos acerca da ganância, da inveja, da falácia, da disseminação de desconfiança, da mentira deslavada, do mal se mostrando como mal, ainda que diga que seja bem, do que nas Sagradas escrituras, onde citações como:  "Ai daqueles que arrastam a correção com as cordas da indisciplina, e a pena do pecado como com os tirantes de um carro!
Isaías 5:18", ou: "Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!"
Isaías 5:20: Ou ainda: "Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal, que mudam as trevas em luz e a luz em trevas, que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!
Ai daqueles que são sábios aos próprios olhos, e prudentes em seu próprio juízo!"

Isaías 5:20,21: "{ai} daqueles que, por uma dádiva, absolvem o culpado, e negam justiça àquele que tem o direito a seu lado!"
Isaías 5:23Por isso o furor do Senhor se inflama contra seu povo, apodera-se dele e o castiga; os montes tremem, seus cadáveres, como carniça, jazem nas ruas. Entretanto, sua cólera não se aplacou, e sua mão está prestes a precipitar-se.Isaías 5:25

E ainda há quem ache que o D-s (Deus)do Antigo testamento seja rude, mau, sem amor, no que eu discordo completamente, porque vejo apenas Homens ímpios, maus, mentirosos, estúpidos, que recebem a paga de seus crimes e sentem o frio e o fio da espada que faz justiça. Ou acaso serão tidos por inocentes aqueles que fazem conspirações pelos cantos com intenção de pisotear o justo? Acaso serão tomados por inocentes no dia do ajuste de contas com O Todo Poderoso? Não! Será um dia de remorso, sem arrependimento. será um dia frio e coberto de cinzas, porque em tempo algum haverá perdão para aqueles que fazem da mentira e do engano o seu abrigo e modo de andar entre as pessoas.

Pasmamos e perplexos ficamos cada dia mais, diante das descabidas ofensas à verdade e ao bom senso que fazem tais pessoas, e nossas mãos parecem amordaçadas, e nossos lábios entorpecidos, que apenas desejamos que brotem heróis para que nos salvem. Não brotará nenhum herói se não brotarmos nosso desejo e determinada ação em fortalecer a verdade, fortalecer a justiça, e sobretudo, fortalecer a nação, pois fortalecendo a Nação, fortaleceremos o Estado. fortalecendo o Estado, fortaleceremos a nossa aldeia, e fortalecendo a aldeia, daremos força à família, lugar onde cada indivíduo é o mais importante de todos, e pelo qual todos se unem em protegê-lo, até de si mesmo, quando necessário.

Pareço pessimista e descrente, e não fiz nenhuma piada neste ensaio, mas é justamente porque ainda posso refletir e pensar livremente, que escolho a verdade, e por escolher a verdade,  muitas vezes, recebo como troco a injustiça. Trago à mim a reflexão, mas creio ser extensiva à muitos, não todos. Trago o alerta para que meditem sobre o que está sendo dito pelos parlamentares, pelos terroristas que começam falando em democracia e terminam proibindo de se falar em democracia. A mesma democracia que serve a que sejam ouvidos, servirá para que sejamos por eles, calados, se vencerem esta batalha.

Eu escolho pensar que não há mais solução estritamente humana, mas que  será por mãos humanas e corações ainda mais humanos, que todas as escolhas serão feitas. Escolho pensar que se investíssemos mais nosso tempo em sonhar com dias melhores do que remoer os piores dias de nossas lembranças, ao menos teremos um lugar de paz para repousar nossa esperança, ainda que escondido em algum lugar limpo de nossos corações.

Laodicéia é aqui - A hipocrisia que rasteja pelas igrejas

  "A igreja de Laodicéia é mencionada no livro bíblico do Apocalipse como uma das sete igrejas da Ásia Menor. Ela recebe críticas sever...