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quinta-feira, 18 de novembro de 2021

O Hospital que veio antes do primeiro hospital (Familia Puhl), em GRAMADO de priscas eras

Esta história precisa ser contada com um pouco mais de detalhes, pois desenhar esta casa, foi um exercício de tentativa e erro, com base apenas, inicialmente, nas informações de duas pessoas, a quem irei aqui descrever com enorme gratidão: Ilse Miguelina Puhl, e Dirceu Hugo Daros.

Esta história começa quando, ao desenhar o Hospital de Caridade Santa Teresinha, das páginas anteriores, minhas lembranças chegavam à uma informação, a mim passada, pela minha avó, Maria Elisa Dias Cardoso, e também pelo Dr. Erico Albrecht, Médico e dono do hospital, por muito tempo. Diziam eles que aquele hospital havia sido construído por um certo Valentim Puhl. E era tudo o que era dito. E nada se sabia de João Valentim Puhl, até aqui. Percorri (virtualmente) os mais idosos de meus grupos nas redes sociais, perguntando se alguém sabia alguma coisa sobre Valentim Puhl, mas a resposta era um grande vazio. Um amigo, mais velho que eu, Sergio Bertoja, disse que ouviu sua mãe, dona Lacy Bertoja, dizer, que havia uma família Puhl, em Gramado, mas que fora embora nos anos 50. E era toda a informação que eu tinha.

Determinado a encontrar, no mínimo, alguma referência ao Valentim Puhl, fui procurar no Facebook, como também no Google, por este nome e nome da família, ao que aparecem em localidades distintas, sobrenomes “Puhl”. Encontrei então uma comunidade desta família, e solicitei ingresso, justificando minha ousadia de invadir seu espaço. Prontamente fui aceito, e enviei as imagens do hospital e mais outras, a apresentação do livro, e contei a história, e também a razão desta busca. Travei amizade com um membro da família, sr Celso Puhl, que contou-me que são da região do município de Santo Cristo, no Rio Grande do Sul, e que ele, Celso morava em Santa Rosa, a “terra da Xuxa” (está neste livro a casa de Bernardina Meneghel, (tia da Xuxa) que morou em Gramado), mas que nunca tinha ouvido falar de Valentim. Celso prometeu-me visitar um parente que tem um livro de genealogia da família, mas ficou nisso. Não prosperou a informação.

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Enquanto isso, conheci outra pessoa, também da família Puhl, que relatou conhecer um parente do João Valentim Puhl. E pouco tempo depois, adicionou-me no whatsapp, outro Celso Puhl, mas que não tinha nenhuma ligação (talvez distante apenas) com o primeiro Celso, e numa breve conversa, contou-me que era neto de João Valentim, filho de dona Ilse Miguelina Puhl, com 96 anos de idade, e perfeitamente lúcida, simpática, gentil. Em poucos instantes, estávamos numa "live", onde perguntei muitas coisas, e ouvi a seguinte história:

Meus pais moravam em São Sebastião do Caí, e mudaram para Linha Imperial, em Nova Petrópolis” – contou Ilse. “Meu pai era alfaiate, e minha mãe, Lúcia Matilde  Puhl era paciente do Dr Carlos Nelz. Era aminha mãe, a grande empreendedora, dinâmica, da família Stürmer. Foi a partir dessa amizade, incentivada pelo Dr Nelz, que meus pais alugaram uma casa da família Daros (Augusto Daros), e nela, montaram um pequeno hospital, com cerca de oito quartos.”

A conversa seguiu por mais alguns minutos, e ficou marcado um novo encontro, em outra oportunidade.  Porém, embora com estas ricas informações, infelizmente, dona Ilse não dispunha de uma fotografia desta casa. Mas, como acaso não é algo em que eu acredito, a palavra-chave para localizar outras informações eram o sobrenome: Daros! Augusto Daros, era o avô da saudosa historiadora Marília Daros, e de seu ainda saudável irmão, Dirceu, que tornou-se um grande colaborador deste trabalho, trazendo memórias valiosas sobre outras casas e histórias aqui levantadas. E em cheio, acertado: Dirceu sabia da casa, e mais ainda, havia morado por sete anos no lugar, pois assim que foi concluído o novo hospital, Hugo e Soely Daros, foram morar na casa. Dirceu, então, relatou que havia oito quartos na parte de cima da casa, o que combinou com a informação de Dona Ilse, sobre os oito quartos. Mas Dirceu foi ainda mais preciso, informando que os quartos estavam na parte de cima, o que chamamos de Sótão. 

Foi assim, que, juntando as informações e observações que eu já havia coletado sobre os padrões arquitetônicos da Gramado da primeira metade do século XX, e aventurei-me a traçar a volumetria da casa, uma vez que não haviam fotos disponíveis com esta informação. Isso feito, enviei ao Celso Puhl, para que mostrasse à mãe, e pudesse ela, corrigir os detalhes, já com um esboço na frente. Dona Ilse confirmou que, sim, de acordo com suas lembranças, a casa erra assim mesmo.

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A conversa seguiu por mais alguns minutos, e ficou marcado um novo encontro, em outra oportunidade.  Porém, embora com estas ricas informações, infelizmente, dona Ilse não dispunha de uma fotografia desta casa. Mas, como acaso não é algo em que eu acredito, a palavra-chave para localizar outras informações eram o sobrenome: Daros! Augusto Daros, era o avô da saudosa historiadora Marília Daros, e de seu ainda saudável irmão, Dirceu, que tornou-se um grande colaborador deste trabalho, trazendo memórias valiosas sobre outras casas e histórias aqui levantadas. E em cheio, acertado: Dirceu sabia da casa, e mais ainda, havia morado por sete anos no lugar, pois assim que foi concluído o novo hospital, Hugo e Soely Daros, foram morar na casa. Dirceu, então, relatou que havia oito quartos na parte de cima da casa, o que combinou com a informação de Dona Ilse, sobre os oito quartos. Mas Dirceu foi ainda mais preciso, informando que os quartos estavam na parte de cima, o que chamamos de Sótão. 

E assim, Gramado já sabe um pouco mais de sua história quase esquecida.

Primeiros estudos, que aos poucos, e à medida em que conversava com os personagens mencionados a seguir, eram esclarecidos: Localização de janelas, portas, varanda, e combinados com a fotografia de um fragmento da casa, que mostrou-me o caramanchão de Glicínias, que sugeriu então as cores da casa. O modelo finalizado é o que aparece na página anterior.

Augusto Da Ros, Italiano de Treviso, casado com Angelina Nicoletti Da Ros ( Irmão do Major Nicoletti, fundador de Gramado ) e foi o proprietário  desta casa depois do Hospítal e após a morte dos dois, ficou para os herdeiros e moramos até o ano de 1.949 quando os mudamos na propriedade vizinha ao meu Padrinho Benno Ruschel da Farmácia Galeno.
(Dirceu Daros)

">Dirceu Hugo Daros, o velho goleiro do Botafogo, de Ribeirão Preto, que nasceu na casa.

 Dona Ilse Miguelina Puhl, filha mais nova de João Valentim Puhl

Família Daros (Cortesia Dirceu Hugo Daros, do acervo de Marilia Daros Franzen)


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Dona Ilse fez questão de lembrar que havia uma escada externa, no lado esquerdo do hospital Santa Teresinha.

Dia de neve na horta do hospital Santa Teresinha


Estas são as únicas fotos, remanescentes, que mostra a família Puhl diante do novo Hospital Santa Teresinha.
Acervo da Família Puhl, cortesia de Celso e Ilse Miguelina Puhl)


Valentim, Lúcia (E),a pequena Ilse, e outra familiar (D), em Rio do Sul, SC



Família Puhl, em sua nova casa, no município de Rio do Sul, onde foram morar, após a venda do Hospital Santa Teresinha, em Gramado, ao Dr. Erico Albrecht.



...."e foi assim, que comecei a encontrar a saída do labirinto, seguindo o fio da curiosidade e a determinação de conhecer a história atrás da história, do Hospital do Dr Erico..."
Primeiros estudos "as cegas"




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quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Hospital (ou hospitais) Santa Teresinha, de Gramado - Onde tudo começou


Pacard   Escritor e Designer

Gramado de Priscas Eras 

É uma obra que retrata lembranças resgatadas por meio de antigas fotos, acrescidas da memória de pessoas que foram contemporâneas ou relacionadas aos personagens que habitaram tais casas.

É um resgate histórico conectado à riquíssima arquitetura dos pioneiros do turismo e da vida local, acrescido da licenciosidade artística de um Designer apaixonado por detalhes, e que conhece, como poucos, a história desta belíssima cidade.

Pacard resgata estilos e arquitetura dos modelos, com base em fotos amareladas pelos anos, e faz correções, com o olhar saudoso destes personagens e seus descendentes, e acrescenta seu olhar sobre a beleza dos ambientes neles retratados.

Sobre Gramado

Gramado, a mais conhecida cidade turística do Brasil, com uma população de cerca de 35 mil habitantes, recebe aproximadamente 6 milhões de turistas, anualmente, que gastam em média 80 dólares per capita.

É escassa a oferta de literatura de interesse histórico de Gramado, que possa despertar encantamento no leitor de fora do círculo familiar do Gramadense, para que mostre, ao mesmo tempo, um retrato em cores do passado, por razões óbvias, quanto da história relacionada aos ambientes destas imagens.

Desta forma, uma obra que ofereça uma proposta literário visual completa, certamente despertará o interesse e curiosidade, em não apenas olhar, mas em guardar, pesquisar, examinar, com olhar acurado e investigador, até mesmo buscando corrigir eventuais discrepâncias no detalhamento estético e arquitetônico a que se propõe o autor.

É um investimento com retorno de longa durabilidade institucional.



 

 Tenho cerca de dez livros publicados. Este será, então, o undécimo, ou “ônzimo”, como diriam os antigos. Os antigos, é disso mesmo que trata este trabalho. Não apenas das casas onde moravam, mas de como poderiam ou teriam sido lindas, aconchegantes, cheias de vida, e consequentemente, de alegria, e de esperança. Hoje, muitas, talvez, a maioria destas casas, já não existem mais. Em seu lugar, imponentes prédios, lojas sofisticadas, hotéis luxuosos, restaurantes que oferecem comidas do mundo, para quem visita Gramado com a esperança de que o mundo se curve ao romantismo daquilo que espera de uma pequenina cidade desenhada por montanhas, cujas paredes são emolduradas por flores, e estradas alcatifadas por pétalas de lembranças. Isso estava planejado havia muito tempo, desde que ouvi alguém dizendo que faltavam livros que contassem as coisas pitorescas de Gramado.
Nesse pensamento, já publiquei o livro: “Gente de Gramado que não será nome de rua” (Ille Vert Editora, 2020), onde relato noventa e nova causos do pitoresco de Gramado. Mas era pouco, pois faltavam imagens, que revigorassem estas lembranças, e foi assim que decidi compor esta obra, que espero ser a primeira deste gênero, a ser seguida por outras mais.
Fui resgatar o passado de um modo sublime, e certamente você, ou alguém de sua família, que em algum tempo do passado, teve relação com Gramado, irá identificar-se, e mergulhar nos sabores, cores, e perfumes dos tempos de antanho, das lembranças de priscas eras. 

Em tempo: Esse texto foi escrito para o livro, mas como o projeto evoluiu para blog e em breve site, vale o que foi dito da mesma forma.

Pacard - 2021



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Hospital provisório, à esquerda, e Hospital novo, à direita - Anos 40
Hospital de Caridade Santa Teresinha

Onde tudo começa, pode ser também onde tudo termina. Um hospital é onde as dores e as alegrias se
fundem com a empatia pelo sofrimento, e o conforto pela generosidade podem acontecer. Eis o primeiro
hospital de Gramado: Hospital de Caridade Santa Teresinha.
Foi na década de 1920, que um empresário chamado Valentim Puhl, cujos registros se perderam em algum almoxarifado do tempo. É isso o que sei do início, mas do que veio depois, ah sim, isso eu vou contar.
Durante certo tempo, só havia este hospital no Quinto Distrito de Taquara, inicialmente chamada de Taquara do Mundo Novo, reduzindo para Mundo Novo, e depois, Gramado.
Um médico, alemão, chamado Dr. Ricardo Stürmhoeffel, que atuou em Gramado nas primeiras décadas do século vinte (saliento que não tenho compromisso com datas, mas com pessoas e suas casas, nesse livro), acredito que por sua influência, um sujeito chamado Valentim Puhl, do qual desconheço qualquer outra referência, senão pelas memórias de minha avó, maria Elisa Dias Cardoso, construiu o Hospital SantaTeresinha, que mais tarde, por conveniência fiscal, tornou-se uma associação filantrópica, e passou a ser denominado: Hospital de “ Caridade Santa Teresinha”.
A história contada por minha avó, não sei se é fiel aos falou ou não, mas como dizia ela própria: “Vou te
vender pelo preço que comprei!”, isto é, “serei fiel ao que conheço, do jeito que me foi contado.
Reza a lenda que o médico chefe era o Dr Karl Nelz, e que Dr Erico Albrecht era ainda residente de medicina, trabalhando como assistente de Nelz. Em um daqueles dias que as coisas não andam muito bem, por algum desentendimento, Nelz demitiu Erico, e continuou sozinho no hospital.
Passado certo tempo, e já formado, Erico casou com a filha de um importante empresário de Porto Alegre.

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Durante o período de graduação em Medicina, foi trabalhar como médico residente no pequenino hospital de Gramado, sob o comando do Dr Carlos Nelz. Por essas coisas da vida, houve, ao que contavam minha avó, um desentendimento entre eles, e Erico foi dispensado.
Pouco tempo depois, já formado, e casado, Erico recebe um presente pelo sogro, que mudaria sua vida e a vida de muitos: O Hospital Santa Teresinha, do quinto distrito de Taquara, a perfumada Gramado. E como é natural do Ser Humando, em suas desavenças, dessa vez, o demitido foi o Dr Nelz. Erico passa a clinicar e realizar cirurgias em seu novo hospital, enquanto Nelz atende em sua casa, até que a comunidade constrói, para que ele também trabalhe, o Hospital São Miguel, este, ligado à uma ordem religiosa.
Este empresário era fabricante de fogões, e muito abastado, e  o presente de casamento ao casal, foi o hospital de Gramado. Assumindo, então, a direção do estabelecimento, Erico tem sua revanche, e demite Nelz, que passa a trabalhar, e atender seus pacientes, na sua casa. Por esse motivo, então, um grupo, da comunidade local, ligado à igreja católica, adquires um terreno, e constrói outro hospital, para ficar aos cuidados de Nelz. Nasce aí uma rivalidade que dualiza a comunidade até o fim dos anos 70, onde, ou você era atendido por Erico, ou era atendido pelos Nelz. Esta rivalidade, segundo lembro, estendia-se também no viés político. O certo era que, tanto os Nelz, quanto os Albrecht (Erico, e seu filho Theodoro Alexandre, Cardiologista), eram médicos de capacidade única, cujos pacientes jamais questionaram sua habilidade e empenho no serviço da medicina. Esta rivalidade beneficiou Gramado, e hoje, o local onde estava o Hospital Santa Teresinha, deu lugar a um condomínio residencial e comercial, porque a vida tem pressa e a civilização precisa de espaço.
Não quero aqui entrar nos detalhes, porque, como saliento, não sou historiador, e o objetivo desta obra é mostrar as casas e algum pitoresco de seus contemporâneos, nada além disso. Mas é isso que eu sei, porque me foi contado por quem sabia antes, e mais do que eu.
Eu tinha cerca de dezesseis anos de idade, e por convicção religiosa, de cunho pacifista, minha orientação era de não receber treinamento com armas, que ensinasse a matar, durante o serviço militar, e a única forma de evitar esse compromisso, sem deixar de servir à pátria, seria na condição de “enfermeiro”. Ora, naquele tempo, cair na água, e fazer “tchumbum”, era considerado um peixe, então saber aplicar uma injeção, e trocar um curativo, poderia ser perfeitamente um auxiliar de enfermagem, se tivesse recebido um cursinho breve para essa finalidade.
A organização religiosa á qual eu era filiado, mantinha hospitais famosos no Brasil, e um, no Rio de Janeiro, oferecia cursos de “Socorrista Padioleiro” que são aqueles soldados que passam pelas fileiras de feridos, juntando os vivos, e os carregando até à enfermaria de campanha, para que fossem tratados. Esse era o padrão aceitável de enfermeiro no serviço militar.
Decidido a fazer isso, procurei pelo Dr. Theodoro Alexandre Albrecht, Cardiologista, e filho do Dr Erico, que também atendia naquele hospital, e expliquei a situação. Ele ficou de falar com o pai dele, e me daria retorno na semana seguinte. Passados alguns dias, nos encontramos da piscina do Gramado tênis Clube, e ele confirmou que eu havia sido aceito, e deveria ir naquele mesmo dia, conversar com Dr Erico, em seu consultório. Em lá chegando, fui recebido amavelmente pelo velho doutor, que olhou pra mim e disse:
- “Quando você entra em férias no seu trabalho?” (Nesse tempo, eu era escultor no Artesanato Gramadense, e estava chegando o meu período de férias, mês de abril).
- “Segunda feira que vem, eu entro em férias, doutor!”
- Então quero você aqui na terça feira, com calça branca, camisa branca, cueca branca, meia branca, sapado branco, jaleco branco, unha cortada e “feita”, cabelo cortado, e banho tomado!”
Naquele mesmo dia, fui à loja e comprei tudo o que era preciso, e minha mãe costurou pra mim um jaleco do estilo Dr. Kildare, elegante, bem desenhando, e naquela terça-feira, cedo, eu apareci no hospital para trabalhar. Olhando pra mim com um sorriso de canto, perguntou: 
- “Trouxe a mala com roupas?” 
- “Não! Era pra trazer?:
- “Sim, onde você acha que vai ficar no próximo mês?”
E assim passou correndo aquele mês, onde aprendi de tudo o que um menino com dezesseis anos poderia aprender e fazer, em um mês, dentro de um hospital de interior, sob a supervisão de dois grandes médicos, e uma equipe de enfermagem chefiada pela enfermeira Inge Deppe, e sub-chefiada por Hilda Weber. Inge era formada em enfermagem, e Hilda era prática.
Desenho limpo dos hospitais
O Hospital
Construído com tijolos maciços, grandes, tinha os assoalhos dos três pisos de madeira, o que obrigava às pessoas a comedirem o andar, pois fazia um barulho insuportável para quem estava em convalescença, nos quartos espalhados pelo corredor.
Quando trabalhei lá, havia um avanço nos fundos, em direção ao norte, que era chamado de “Parte Nova”, mas falemos apenas da parte original, a que está retratada nas ilustrações.
Esta parte, era composta do térreo, que ficava abaixo do nível da rua em frente, e ao nível da rua lateral, que tinha um declive. Também tinha um sótão, com seis quartos, que ocupavam o sub-telhado, cujas janelas eram instaladas em “Gaiutas”. Cada gaiuta então, correspondia a um aposento. Foi no quarto de número nove, da gaiuta central, que meu avô, Assis Brasil Cardoso, expirou. Mas tem coisas boas aí tambe´m, pois foi nesse hospital que nasceu meu filho Michael. E assim foi lá quem nasceram penso que algumas milhares de crianças, muitos dos quais, estão lendo isso agora..
O Hospital foi construído em um tempo, e de um modo, que os problemas futuros foram deixados para o acaso resolver, e um destes graves problemas, era a drenagem. Como foi construído sobre uma bacia, de fundo rochoso, a água da chuva ficava empoçada debaixo do assoalho da cozinha e dos quartos das residentes. Muitas foram as vezes que ouvi o Dr Erico dizendo que daria um terreno a quem desse uma solução naquele banhado. Ninguém ganhou o terreno, e anos mais tarde o hospital foi vendido, e por fim, foi fechado, e o local foi transformado em um moderno condomínio. 
A velha casa em estilo alemão, construída pelo Valentim Puhl, deu seu lugar à quem pudesse servir e resistir mais do que ele resistiu.
O velho “Hospital do Doutor Erico, será um lugar onde as lembranças de vida e morte se mesclam, e quem dele se recorda, tem uma história pra contar. Essa é apenas uma das minhas.

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Algumas pérolas do Hospital

A Noiva
Imagem de internet
Era voz corrente da equipe de enfermagem, que uma belíssima moça, vestida de noiva, costumava circular pelos corredores na parte de baixo, onde ficava a cozinha e os quartos das funcionárias, especialmente pela cozinha, e pela parte de trás, do lado de fora, onde ficava o necrotério.
Fui atendente de enfermagem por um ano, e em meus plantões noturnos, com frequência, trabalhava sozinho. Sabendo disso, pouco antes de se retirarem, elas se juntavam onde eu estava, e contavam lorotas escabrosas sobre a tal “noiva” passeadeira.
A bem da verdade, vi algumas pessoas passeando às escondidas, vez ou outra, mas parecia-me que a ideia de noivado nem passava na cabeça delas. Era só festa mesmo, confraternização, a dois.


Imagem de internet

Arcelino
Com raras exceções, quase sempre, a grande maioria da equipe de trabalho do Hospital, era feminina. Trabalhei lá duas vezes: Como atendente de enfermagem, e o administrador era Harry Wilson Fleck. E quando administrei o hospital, algumas anos mais tarde, com exceção do Arcelino, eu era o bendito entre as moçoilas. Arcelino cumpria as funções de responsável pelo jardim, e isso fazia com maestria, pois era um sacerdócio o seu zelo pela cerca viva de ciprestes, sempre bem aparada. Cuidava também de uma pequena horta de temperos, que atendia as necessidades da cozinha, e também ele, Arcelino, colhia os legumes que plantava. Também criava umas galinhas, mas apenas para coletar os ovos, pois Arcelino tinha um amor imenso pelos animaizinhos. Certa ocasião, apareceu com uma sabiá que tinha a asinha machucada, para que as enfermeiras tratassem do bichinho. Fazia coisas assim, mas tinha um gênio sinistro, quando era contrariado por alguma coisa. Não era sempre, era bondoso, gentil, cordato, e só perdia as estribeiras, quando mexessem com seus animaizinhos. Lembro que trabalhava conosco uma cozinheira, a Delfina, a quem chamávamos de Pina . Mão de anjo “ ” nas panelas, tanto que ela trabalhou comigo na primeira vez que estive lá, e depois saiu, mas quando voltei, na condição de administrador, fui buscá-la de onde estava, como cozinheira de um restaurante, convivi ela com dinheiro, oferecendo a metade do que ganhava naquele lugar, e ela aceitou correndo. Voltou a cozinhar pros doentes, e pra equipe do hospital. As coisas eram assim, no improviso, mas davam certo. Pois foi no dia em que Pina preparou o prato reforçado do Arcelino, e colocou nele dois rechonchudos pedaços de frango. Quando recebeu o prato, e viu o frango, olhou com desconfiança, mas não disse nada. E nem precisava, pois uma enfermeira muito debochada, que estava perto falou:
- Suas galinhas são deliciosas, Arcelino! Ai, pra que disse isso… Arcelino espatifou o prato na parede e queria matar a cozinheira, que se não fosse socorrida, o causo seria outro… No fim, deu tudo certo.

Imagem de internet


“Filho da puta! Filho da puta!”

Nunca ouvi o Dr Erico pronunciar um único palavrão. Era um homem elegante, polido, com um vernáculo prolixo, e dotado de muita altivez no trato com as pessoas. Até quando passava uma carraspana em alguém, era com polidez, com nobreza. Mesmo quando ria de alguma coisa, ele o fazia com muita polidez. Falava baixo, tinha voz grave, e uma perfeita dicção e jamais o vi dando gargalhas escandalosas. Jamais. E nem por isso, pedia seu bom humor, quase britânico, no modo de
expressá-lo. Então, ele não falava palavrão. Isto é, até o dia em que estava no ambulatório, tentando extrair um espinho de Sucará, uma árvore dura, cujo tronco é cercado de espinhos que chegam até quatro centímetros de comprimento, e que possuem fisgas, como um anzol, fazendo com que, uma vez
cravado na vítima, ele não deslize para fora, sem muito esforço e dor. Tanto é assim, que diziam que ele “caminha” na carne, ou seja, com o movimento muscular, o espinho avança, e por causa das fisgas, não consegue voltar sem intervenção. Assim, um espinho que entra no punho, pode, em pouco
tempo, estar cerca de cinco centímetros braço adentro, e só pode ser retirado por um método muito dolorido, de permitir que infecione o local, para que o ferimento abra e promova o expurgo do invasor, pois há ainda o agravante que o espinho mimetize, ou seja, assuma a cor do ambiente, tornando-se de
difícil localização. Pois foi na tentativa de extrair um espinho do punho de um paciente, que o doutor sai quase aos pulos, empunhando uma pinça, com um espinho na ponta, extraído, e berrando:
- “Filho da puta! Filho da puta!” Esse eu venci! E venceu mesmo. Foi aí que ele explicou o relato acima.
Aplaudimos e nos orgulhamos no nosso chefe cirurgião.

Imagem de internet


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Reencontro de irmãs
Os dias em um hospital são um tanto enfadonhos, tanto para os pacientes, quanto para seus acompanhantes, pois, embora sob efeito de medicamentos, em muitos casos, e por isso repousam, os acompanhantes ficam ao lado, contando ladrilhos, ou sentando e levantando, para acelerar as horas.
Não é incomum, que pacientes fossem passear pelos quartos, visitando outros pacientes, e confortando-os um pouco, também.
Numa destas tardes monótonas, uma senhora, que acompanhava o filho, recém operado, foi passear pelos quartos vizinhos, e travou amizade com outra senhora, acamada, e a prosa andou à lo largo, até que em dado momento, naquelas corriqueiras perguntas sobre origens de uma e de outras, deram por conta de que eram...irmãs, separadas por cerca de vinte anos.
Era comum, que as famílias pobres, do interior do município, com muitos filhos para sustentar, enviassem um ou mais filhos, para trabalhar como domésticas, ou em outras atividades, para os meninos, a partir de dez ou doze anos de idade. Foi o que aconteceu ali. E nunca mais souberam da filha. Não, até aquele momento.
Eu sei que foi assim, porque eu estava lá, e eu vi isso acontecer.

Um pouco de arte digital na história das nossas casas antigas
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Espatulado

Rascunho à lápis 

Lápis de cor

Making-Off dos desenhos



























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Por ora, é isso.
Na próxima edição, irei contar uma história que estava escondida na lembrança de pessoas que não viviam em Gramado desde os anos 40. Você vai conhecer a história completa do Hospital santa Teresinha, antes dessa casa que é mostrada aqui.
Entrevistei a filha mais nova do casal que construiu este hospital, e pasme: Havia outro hospital antes desse. E tem imagens, belíssimas, confirmadas por testemunhas.

E aí, gostou dos causos?
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Envie seus comentários. A história aqui nunca acaba. Pode ser revisada, corrigida, acrescentada, e desvendar muitos mistérios.
Em breve, estas histórias também, em vídeo e áudio.

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GRAMADO de priscas eras by Pacard - O novo caminho do Blog

Fofos e fofas, isto é, varões e varoas, que auguram voltar aos tempos do "guaraná com rolha", da "casa do Badanho", dos "idos tempos e das priscas eras", dos "tempos de antanho", ou seja, revisitar o passado, ainda que não o tenha conhecido, senão pelos causos dos antigos, antes que a memória os consumisse plenamente.

Como também sou adepto de tais reminiscências, eis aqui o novo projeto do blog, onde iniciarei mostrando em edições continuadas, aquelas doces lembranças que povoam nossas memórias afetivas e saudosistas.
Divulgue esse blog, inscreva-se aqui, compartilhe, e muito importante: ANUNCIE AQUI!


A saturação mental dos tempos do fim


Não escolhi este título para impressionar, nem aterrorizar ninguém, até porque tudo tem um fim, enquanto estivermos nesse mundo, onde ainda se discute o início, e mal nos damos conta que, enquanto discutimos a origem, estamos chegando ao destino. Mas o que é o destino, se nem aproveitamos ainda o cenário da jornada? Seria o destino aquele fim dramático preconizado pelo medievalismo recorrente em muitas doutrinas? Ou será que é aquela paisagem de flores e nuvens, ansiosamente desejada por outros, ainda dentro da mesma linha medieval puritana de conforto às almas sedentas por um lenitivo espiritual que possa justificar tanto sofrimento pelos espinhos e pedras da jornada?

Definitivamente eu não sei, e já que não sei, entro na porta ao lado, que é a porta da crença, que nela entrando, ainda há outras duas portas, por escolher: A porta da esperança e a porta da descrença. Na porta da descrença, não há interruptor de luz, e o caminho que se encontra é de escuridão completa. Já a porta da esperança é repleta de luzes e pela soma de todas as cores, que é o branco absoluto, cintilante, sonoro, perfumado, e climatizado em vinte graus de temperatura. E daí pra frente, o grande mistério das luzes e melodias que nos acompanha até o infinito (é claro que não estou criando nenhuma definição teológica a respeito, até porque cada orientação denominacional já tem o seu próprio mapeamento dos caminhos da eternidade. Só uma coisa é unânime: Depois daqui, nada é empírico. É tudo "a priori", o que é bom também, pois abre as salas vazias da imaginação que podem ser abastecidas pela fé.

Mas, sinto dizer que não é sobre o além que eu quero falar aqui e agora. Quero falar sobre o momento em que vivemos, em que há muitos, religiosos e cientistas, e qualquer um que tenha um mínimo de capacidade de reflexão e com olhar filosófico histórico do cenário, que sim, estamos sapateando e fazendo barro, em idas e vindas, nos tempos do fim, e para impressionar mais, no fim dos tempos. Isso é o que é. Sendo assim, urge que deixemos um pouco de lado os grandes projetos para a construção de Babel, e pensemos na edificação da torre de nossas vidas: a presente e a futura (em uma daquelas portas que mencionei há pouco). O tema proposto é sobre a tal saturação mental, essa que você está começando a sentir porque meu texto está começando a se esticar, e ainda não fui ao ponto. Tenha paciência, e leia mais um pouquinho, pois já chego lá.

Recebo uma enxurrada de e-mails e anúncios a cada instante, de empresas ligadas à tecnologia, que me fazem pensar que acreditam que, por eu saber ligar e desligar um computador, que não seja por pauladas e chutes, eu seja capaz de entender o interminável novo léxico de termos técnico aterrorizantes que despejam em mim, e me oferecem cursos para que eu me atualize nessa linguagem, que pelo acelerado das coisas, está transformando magistralmente e tão avassaladora quanto um Tsunami (olha aí outra palavra que só aprendi depois que um aconteceu), e sim, não estamos percebendo, mas estamos trocando de civilização da mesma forma que uma serpente, ou uma cigarra, trocam de casca. Quanta ironia. A serpente mata e come a cigarra, se puder, mas ambas atravessam a mesma situação para seu amadurecimento. Assim estamos nós, trocando de casca, de pensamento, de atitudes, acumulando medos que antes não existiam, e nos sentindo dominados por quem jamais imaginou dominar, de um modo tão veloz, como veloz é o vento de uma tempestade.

Diante da avalanche de propostas que chegam à mim, imediatamente deleto (se dissesse apago, estaria sendo classificado como antiquado) o arquivo, antes que me contamine a tentar entender o significado daquela terminologia tão barulhenta para meus ouvidos sensíveis, acostumados a ouvir palavra por palavra das canções, e assimilar a poesia das melodias.  Expressões como "Backup, browser, bug, crack, hacker, download, data-base, entre tantas, se eu não souber do que se trata, é melhor que eu nem passe perto da máquina eletrônica que governa nossas vidas, então. Eu não recebo mais cartinhas de instituições oferecendo planos de saúde, mas "Healthcare planes", com um linguajar que absolutamente eu não tenho mais capacidade para assimilar na velocidade em que são despejados na minha mente. É aí que eu travo. É nesse amontoado de palavras e estrangeirismos que nosso cérebro satura, e é no amontoado de informações que nossas decisões se tornam confusas.

O excesso de conhecimento satura o campo cognitivo (aquela parte do miolo em que a gente aprende alguma coisa), e as decisões tornam-se automáticas, pelo comparativo de fontes, isto é, quando recebo uma notícia interessante, não sento mais à sombra de uma árvore, para refletir sobre o assunto, mas percorro o Google para saber o que outras fontes disseram sobre isso, e estabeleço uma estatística que me facilite a tomada de decisão pela média favorável. Não sou mais eu quem decido em que devo acreditar, mas a estatística faz isso por mim. Assim, não importa se eu compreendo ou não as palavras velozes do estrangeirismo tecniquês que me cobre de verbetes, mas importa que eu perceba, em algum momento, que chegou a hora de me desligar, porque o infeliz do computador não se desliga sem que meus olhos já estejam absolutamente fechados, e minha mente lacrada para o exercício da razão.

Paralagramabundas perengtemptas. Não isso não significa absolutamente nada. Eu só escrevi isso para ter certeza de que você nem leu até aqui, e já voou para o Tik Tok, que dá pra rir mais e pensar menos.




sexta-feira, 12 de novembro de 2021

A tríade Social



Tríade é a denominação dada à um conjunto de deuses da mitologia que eram incorporados, e ao mesmo tempo, fracionados, em três pessoas que compunham um compacto divino. No cristianismo, deu-se, em português, o título "Trindade", assim como em inglês, "Trinity", tem o mesmo significado, isto é, as Três personalidades divinas, cumprindo funções diversas, no relacionamento com o Ser Humano. Não é este o tema que aqui proponho à reflexão, apenas empresto o termo pagão, para organizar um conceito de diversidade pessoal, mas com objetivo comum, e forças uniformizadas, para fechamento destes propósitos, os quais, penso que sei, mas apenas em teoria, e certamente não tenho como saber, senão por especulação, que é o método mais comum, no que se refere à questões escatológicas.

Nessa linha de raciocínio, encontro três nomes bastante conhecidos, que cumprem essa função, pela natureza de seus trabalhos e empresas: Mark Zuckerberg, Papa Francisco, e estou com certa dificuldade de identificar nesse pacote, o terceiro integrante, pois que ficaria entre Wladimir Putin, Joe Biden, ou Xi Jinping, ou uma soma dos três, para formar um único corpo, assim como eu poderia incorporar a Zuckerberg, ainda, Elon Musk, e Jeff Bezzos, como acrescentaria a Francisco, lideranças islâmicas e evangélicas, para que também tomassem assento em uma única cadeira, com propósitos similares. Agora explico.


No livro de Revelação (Apocalipse), está assim descrito: "Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Seu número é seiscentos e sessenta e seis. (Ap. 13:18). Ora, durante muitos anos, fiz um cálculo muito simples, trocando letras por números, e somando o resultado, e encontrei três personalidades, cada uma, com seu vetor direcionando ao outro: O papado, Bill Gates, e até Ellen. Gould White. Assim, de acordo com o viés, com o lado do muro em que se encontra o estudioso desta doutrina, encontrará a "besta" no quintal do vizinho. Já vi versões diferentes, e uma versão diz que este número é número de Homem (Ser Humano), e que precisa ser calculado (estudado meticulosamente). 

Numa leitura livre, é necessário compreender que no fim do fim, haverá uma junção de forças e inteligências, que formará um "governo único", isto é, um sistema unificado de controle do mundo, sob a bandeira da paz, da família, de valores humanísticos, e sob viés telúrico, isto é, tendo o planeta como uma "mãe" (Gaya), que amamenta e protege seus filhos, e que depende destes para que não pereça ela própria, antes geradora da vida ("o pó retorne à terra, de onde veio" Ecl. 12:7). Então, por esta relação, temos aqui nesta tríade humana, representantes do corpo (Musk, indústria, energia), da alma (Zuckerberg, entrelaçamento social), e do espírito (Francisco e demais religiosos). Todos eles, completam um conjunto de poder que carrega um forte magnetismo de poder, e convergem a cada dia para uma fusão, cujo núcleo se aquece em acelerada velocidade, onde uma força multiplica a força complementar e é fortalecida em contrapartida pelo somatório das massas ideológicas das demais.

Bem verdade é que, em declarações de uma, em relação á outra, há divergências notáveis (Musk critica Zuckerberg, e Francisco critica os dois), mas que todas elas contribuem para um estudo com mais acurada percepção, onde o quarto poder gravita à volta dos três citados, e joga sementes ao vento, para ver de que lado sopra o vento, isso até o momento em que os quatro ventos (Depois disso, vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, segurando os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma. Ap 7:1-4) sejam liberados para agirem. Na minha particular leitura, acredito que o primeiro dos ventos já foi libertado, restando então, os três demais, que acompanharão ou darão voz à esta tríade (não destas pessoas, mas do que elas representam), e neste furor de vozes e sons, se ouvirá o compasso de cavaleiros em acelerado tropel, que darão fechamento do fim dos tempos, bem no tempo do fim.

Não! Não estou assustado. Não me assusta aquilo que conheço. Apenas apreensivo pela possibilidade de que eu perca o foco do meu objetivo final, que é encontrar-me com O Messias prometido. Quero ser contado entre os salvos, junto com meus amados.

domingo, 12 de setembro de 2021

Badaró - O jogo de bulita



Badaró era um piazote bem resolvido com a vida, sabia o que queria ser: Alcoviteiro! Isso era um plano de vida, uma meta a ser buscada com determinação. Tinha lá os seus dez ou onze anos, quando deu-se o feito, que aqui relato.

Desbocado que só ele, retrucava a tudo com uma rima e uma empulhada, se a ocasião fosse oportuna. Respeitava os mais velhos, e sobretudo, a mãe, dona Castorina, uma senhora corrugada pela vida, e dotada de certa acidez natural, que carimbava com olhar de reprovação a quem cruzasse seu caminho. Vivia ralhando com os piás, com o marido, uma borracho acomodado, que bebia e cantava milongas de saudade, todas elas ininteligíveis, porque o tragoléu continuado amortecia a coordenação labial, e assim, emitia sons que mais se assemelhavam à desacatos entre babuínos, do que sintaxe coordenada para produzir palavras.

Badaró jogava bulita com a meninada do lado de fora, no terreiro, arrecém barrido por Castorina, enquanto ela lavava a loiça, com a janela, um tampão de madeira, aberta, e bombeava de quando em quando as atitudes dos malevas, entre uma areada e outra das panelas reluzentes de contínuo que ostentava no velho paneleiro da casa.

- BADARÓOO! - Berrava ela. Passa pra drento, digêro, porque te agácho as carça e te dou umas parmada na bunda, guri!

- AH! Vai tomá no cu da sinhóra! - Respondia, de chôfre, o desbocado badaró, sempre respeitoso.

Isso dito, continuava o jogo de bulita.

- Ispichinháque!

- Dá cá um fede!

Ah, fiadaputa! De bustefão não vale!  Qué cambiá teu bustefão pela minha águida e cinco barrucha?

- Só pela águida e déis barrucha!

- Tá bão, oito barrucha e a águida e fechemo agora!

Cusparada na palma da mão, e um aperto de mão, e negócio feito. Bustefão pra lá, águida e oito barruchinhas pra cá.

- Bamo batê outra partida?
- Às deva ou às brinca?

- Uma às brinca e dispois às deva!

- BADARÓ! - Berrava Castorina.  Lava as mão e passa pá drento, que a bóia tá pronta! Chama os guri pra vim cumê junto, mas lava as mão também.

A piazada entrava, de mãos limpas, em fila, espiando desconfiadas, enquanto Castorina à porta, examinava com olhar severo, um por um, e por fim, ao entrar o desbocado Badaró, ela dava-lhe um tabefe sonoro na bunda, e olhava para o lado para rir, solita. Era um píá maleva, mas não era um maura de todo. Fio único, dava-lhe o consolo da companhia, nos tempos bicudos, que não cessavam.

Silenciosamente, de olho arregalado, os piás comiam sua couve com polenta, enquanto, por baixo da mesa, com a mão enfiada no bocó, contavam as barruchas, já planejando a próxima partida. Às deva!


Projetos  - Arquitetura temática

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Três, ou mais palavras




O Amor

Amor é uma palavra "coringa", nos tempos modernos. Tudo é "amor": amor à alguém, amor à algo, amor reprodutivo, ou simplesmente prazeroso, tudo é chamado de amor. É uma palavra que necessita de um dicionário em cada situação, porque se encaixa em muitas situações.

Amor, para os gregos antigos, era organizado em quatro capítulos:

Eros - o amor do desejo

Fileos - O amor entre as pessoas em si

Storge - O amor da necessidade de filhos pelas mães

Ágape - O amor universal.

Já os hebreus, tinham uma palavra: Ahavá, que significa: "doar-se". Nesta leitura, amar não é carregar baterias para servir-se mais tarde, mas descarregar a própria bateria, sem nada esperar em troca, porque aquilo que é dado em troca, deixa de ser Ahavá, mas passa a ser sobrevivência, ou até egoísmo. Assim, quem ama, simplesmente ama, independente do julgamento de quem é amado, pois assim como o vaso não pode julgar as mãos do oleiros, o que é amado, não pode dimensionar a extensão do que ama.

Ahavá é um paradoxo, porque aplica-se ao que ama, com a mesma intensidade com que é aplicado ao que é amado, com a diferença de que quem ama, tem obrigação de amar, mas o que é amado, é livre para decidir se também deseja amar.


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As disputas

Nunca fui bom em esportes, talvez, por duas razões: porque não tenho nenhuma habilidade, e a segunda, em razão da primeira, eu nunca venceria uma disputa.

Levei isso para a minha profissão, e por isso, nunca participo de concursos, porque me assusta a ideia de gostar de ser melhor que os outros. Não sou. No entanto, acredito em ser melhor hoje, do que fui ontem, e amanhã, desejo pensar que farei melhor do que faço hoje. Não por mim, mas pelos que dependem da qualidade daquilo que ofereço.


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Liderança

Por que as pessoas, religiões, partidos, tem tanta fixação por liderança, formação de líderes, vencedores. Não isso exatamente o oposto do que ensina a Bíblia, sobre mansidão, humildade, docilidade, e vontade de servir?

Não é mais nobre o que serve, do que aquele que se põe a fazer com que outros o sirvam?

Desejo de ser líder, e buscar especialização nisso, é a parte obscura do caráter, que pesará no dia do julgamento final.

Maior é aquele que encontra na mansidão o seu equilíbrio, do que o que anseia por subir à tribuna e vociferar palavras de ordem, para que os inertes as repitam.

Buscar o louvor próprio é temperar a água com sal. Não sacia a sede em tempo algum. O poder é água salobra. A mansidão é água da fonte mais limpa.


...



Humildade

Ser humilde não é falta de capacidade. O humilde não é o mais fraco, mas o mais prudente. A humildade é um preventivo da humilhação. É incomum alguém vangloriar-se de ser o mais humilde de um grupo, ou corporação, pois é mais bajulado aquele que é notado por sua protuberante presença no grupo. 

Todos apreciam a luz do candeeiro, mas ninguém tece louvores ao óleo que alimenta a chama. Não há luz sem combustível. Não há mérito no pódio, sem o que correu ao lado, e não alcançou aquele lugar. 

Ser o número dois ou ocupar a última posição, não faz nenhuma diferença ao que alcança o destino. A porta das realizações não se abre apenas para o primeiro, mas para todos os que não desistirem de entrar por ela. Ser o primeiro, é apenas demonstração da ansiedade expressa pela vaidade ao olhar para trás.




domingo, 22 de agosto de 2021

O Velório da Atabarildo


(Ficção)
Pacard

 Pous o Atabarildo atravessava uma crise existencial das brabas, côusa de reza braba para  aliviar o lombo, completamente desenxabido, abichornado uma barbaridade. Andava de um lado a outro com a cuia vazia na mão, sem perceber que nem tinha cevado o mate, como fazia desde tenra idade, lá em priscas eras, quando ainda era um piá largado no mundo, trepador de pinheiro, e pescador em sanga. Desde os tempos em que tinha gosto pôlas côusa, e como dizem os "carça larga", "de bem com a vida". Como dizem as moças, "um piá faceiro!".

Entrava ando, saía ano, e as côusa rastejavam feito lesma, na sua vida. Não era má pessoa. Era até bão cos alimár,  zeloso com a lavourinha que sameava e carpia todos os dias, e com os parcos caraminguás que ganhava, fazendo um biscatinho aqui e outro ali, fazia sobrar um tantico pra comprar uns caramélo  pros baguris da vizinhança, ou tomar uma cervejinha preta nos domingos à tarde, lá no bolicho do Jaguaré. 


Como não era afeito ao truco ou o carteado, de modo geral, nem gostava de falar bobajada desrespeitosa, acabava por ficar solito num canto, perto da porta, de adonde bombeava a paisagem, e matutava sobre a vida. Esse era seu mote: "Matutar"! Atabarildo matutava em tudo, e assuntava, quando encontrava quem lhe fizesse par, em quaje tudo também. Das efemérides, à pecicolojia.  Não era letrado, mas lia os almanaques que lhe caíam à mão. Lia devagar, sílabando as palavras, pois fora até o primeiro ano da escola, mas isso não lhe impedia de buscar sabedoria nas letras, parcas e custosas, mas se esforçava para compreender os mistérios da vida e das palavras. Assim, era procurado para dar respostas por quem sabia menos que ele, o que não era sobremodo incomum no lugar.

Atabarildo, por não se associar aos beberrões, pouco era chamado para outros feitos, e costumava isolar-se voluntariamente, para observar o povaréu, onde quer que fosse, e assim, se divertia, ao seu modo também.

Atabarildo era um sujeito prestimoso. Nunca negava um obséquio, um benefício a quem quer que fosse, e muito raramente, pedia devolução dos favores que prestava. Não que não tivesse necessidade, mas nas vezes em que buscava uma gentileza, à quem havia outrora, estendido a mão, e dado até um braço, não obtinha recíproca, e assim, passava se conformar, enquanto do outro lado, achavam que ele estava ali mesmo era para servir o mundo, e que fosse lamber suas próprias chagas, quando a dor lhe assoberbasse a alma. E assim era.

Atabarildo era solito no mundo,  mas apesar de ter uma família até numerosa, não participava das prosas familiares. Não que não quisesse, até que gostava dos circunlóquios loquazes da piazada saltitante, mas aos poucos, fora se tornando descartável, e à medida em que o tempo corria, tornara-se invisível, nulo, um estorvo. Ao menos era o que lhe parecia ser. Não era mais convocado a dar conselhos, não o cumprimentavam mais, e só se comunicavam com ele por gestos e olhares, duros, gelados, mofados, e rancorosos. Não que Atabarildo  fosse um santo ou mártir. Não era. Era apenas o Atabarildo, mas quem nasce pra Atabarildo, jamais chegará à coisa alguma, que não seja apenas ser um "Atabarildo". E a quem ao feio despreza, odioso lhe parece cada dia mais. E é assim que se constroem os muros encobertos de espinheiros, para quem nem mesmo os gatos subam às suas costas, nos passeios da madrugada, vadiando e ronronando à espreita de gatas vadias. Muros espinhentos não gostam de gatos, e pessoas de alma de pedra não gostam de Atabarildo transparentes, de alma vazia.

Certa manhã, Atabarildo acordou disposto, cevou seu mate, e apanhou, numa gaveta, papel e lápis, e com os garranchos primitivos que conhecia, escreveu um bilhete, com os seguintes dizeres:

"cOnviTe pÁra o vElôreo do atAbaRildO  fOrtuna"
cOnviDamoz vÓsa cenHoriA páRa o velóreo do estinTo AtAbarilDo  fOrtuNa

que Vai acontSSer no dOmingo de Tarde (escolheu essa data, pra que ninguém tivesse desculpa para faltar), no BolixO do jAguarè.

bEbida de gRátiz pÁra toDoz.


Feito isso, deu de mão à um martelo e um prego torto, e garrou rumo ao bolicho do Jaguaré. Lá, pediu licença, e afixou junto à entrada, de modo bem visível, o bilhete, para que todos lessem. E tomou o rumo de casa, sem dizer uma palavra.

Em poucas horas, o bafafá espalhou-se pelo povoado, e imediatamente as pessoas se desocupavam de suas lides, pois a notícia era mais importante, até porque carregava um quê de mistério, pois quem anuncia o próprio velório, ainda em vida, a não ser que tenha propósitos nefastos em mente.

Compadre Adenor, o intendente substituto do povoado, foi convocado para ter com Atabarildo, e saber do intento do pobre, não que isso importasse, mas não era de bom tom saber de antemão de um velório.
Atabarildo o recebeu com uma cuida de mate, e ao contrário do que pensara o intendente substituto esticava a mão para receber uma cuia de mate, e a prosa rolou solta até o entardecer. Não se falou mais no assunto, e Adenor não tocou numa palavra com ninguém, pois estava de acordo com o que ouvira de Atabarildo.

Chegado o domingo, missa pela manhã, um churrasco ao meio dia no salão da paróquia, e lá estava o Atabarildo, saboreando sua costela com farinha, e contando causos à rodo, distribuindo caramelos pra pixotada, e piscando pras moças, fazendo-as rir em um isto de nervoso e expectativa, pelo velório de logo mais.

A tarde chegou, e lá estava o bolicho apinhado de curiosos, com flores, as carpideiras alinhadas, com seus lencinhos bordados, o Jaguaré, passando com uma bandeja de pastéis, vendendo à rodo, e numa mesa comprida, um arranjo de flores, tendo ao centro, um vazio, que tinha a forma de um corpo, e em lugar deste, apenas um bilhete:
" AtAbariLdO FortUna, sAudAdez Eterna!"

Barbaridade! mas que disparate. Isso haveria de ter uma explicação plausível, e sim, tinha.
Atabarildo abriu o povaréu em duas colunas, e bem vestido, com uma flor na lapela, achegando-se ao local do corpo ausente, pede que lhe sirvam uma cerveja preta, e de pé, segurando uma flor, começou a falar:
......
Continua........

Como posso confortar alguém que perdeu tudo numa catástrofe da Natureza?

É muito fácil confortar alguém, principalmente estando nós mesmos já confortados, seguros, e ilesos, então, sim, fica muito fácil orar, envi...