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segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Lembrança dos Festivais - Armando Bogus, e os "Chocolatinhos" de Ruth Escobar



Pois então! Estou de volta, assim de soslaio, despacito, como quem rouba, sorrateiro como gaudério de bombacha clara em dia de namoro, mas trazendo mais algumas reminiscências dos tempos de antanho, a saber, bastidores do Festival de Cinema de gramado. A propósito, o Esdras Rubim, que foi Secretário de Turismo por duas ocasiões, em Gramado, contou-me que está preparando um livro com suas memórias sobre o Festival. Vamos aguardar. Ele tem muitas. Mais do que eu. Vou contar uma hoje.

Eu era "aspone" do Esdras, e como tal, era encarregado de acompanhar os convidados da Prefeitura, em eventos e restaurantes de Gramado, que nesse tempo eram bem poucos, mas de boa qualidade já. Um destes restaurantes, abria só á noite, mas era o preferido da intelectuália de então: o Chez Pierre, do saudoso Pedro Gobbi, que era um anfitrião poliglota, atencioso, elegante, e depressivo, o pobre amigo. Isso no entanto não o impedia de prestar um atendimento cortês e com requintes europeus.
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Chez Pierre, era o lugar favorito dos artistas e intelectuais que visitavam Gramado, já mencionei isso, por três razões, em especial: Servia os melhores vinhos de Gramado; Os queijos, embora fedorentos, como todo bom queijo, eram especialíssimos; e finalmente, porque a boa música (99,999% do tempo era Jazz, mas quando eu digo "Jazz", eu digo: "JAZZ"! Ella Fitzgerald, Billie Holliday, Louis Armstrong, Milles davis, John Coltrane, Duke Ellington, e por aí vai, e não, definitivamente não tocava Roberto Carlos, Luís Miguel, nem tampouco Duduca e Dalvan. Entaõ, por estas razões, e principalmente porque não tocava Roberto Carlos, o "Justin Bieber" das tias velhas, os artistas corriam para o Chez Pierre, quase todas as noites, em sua estadia em Gramado.

Um produtor do Filme "As Filhas do Fogo", totalmente rodado em Gramado (Casa do parque Knorr), e Canela (Castelinho da Irene Franzen), dirigido pelo Walter Hugo Khoury, costumava ir ao restaurante e pedir a famosa "Tarraqueta", que não existia, pois como ele nunca lembrava do nome, inventou "Tarraqueta", e pefou entre a equipe de produção. Era uma "Raclette",

Mas, voltemos ao Bogus, que titulou o ensaio. Armando Bogus, ator bastante famoso, que adorava Gramado e em Gramado, sua paixão alimentar era ir ao Chez Pierre, e numa destas ocasiões, contou-nos uma história dos bastidores do movimento político contra o Regime Militar, que não sei que importância teve, se é que teve alguma, mas foi pitoresco ouvir.

Contou ele, que vindo de uma tournée de uma peça na Europa, ao olhar pela janelinha do avião, percebeu um forte aparato militar à espera de algum dos passageiros, e por sua experiência, presumiu que seria para prender a atriz e produtora teatral, Ruth Escobar. Rapidamente, sem que ninguém percebesse, ele enfiou a mão na bolsa de Ruth, e surrupiou alguns documentos, e os guardou em sua própria mala.

Dito e feito: Ruth desembarcou por primeiro, e imediatamente foi presa, isso tudo ao mesmo tempo em que os passageiros desembarcavam da aeronave. na época não havia os "minhocões", e todo  o desembarque era nas escadas móveis da SATA. Nesse momento, Bogus acelerou o passo em direção à Ruth, e disse, para que todos ouvissem:
- "Ruth! Seus "chocolatinhos" estão comigo!"
- " Ótimo! Guarde-os na geladeira pra que não estraguem. Quero comê-los quando eu voltar!"


O tais "chocolatinhos eram documentos que comprovariam a ligação da CIA com os militares brasileiros no poder.



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