AD SENSE

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Os Shows que não emplacaram em Gramado, e os que foram bem sucedidos


Foto: Página do Gaucho - Internet

Gramado não foi apenas palco de Festivais, Feiras, e Eventos técnicos, mas também grandes nomes da música brasileira já passaram pela cidade, isso falo, referindo-me ao período anterior aos anos 80. Alguns eventos foram exitosos, dentro da dimensão na qual foram projetados. Por exemplo, na década de 1970, havia um programa de apoio à cultura do Rio Grande do Sul, pelo Governo do Estado, durante o governo de Sinval Guazelli, que oferecia gratuitamente aos municípios, espetáculos culturais de música e teatro.

Havia um grupo de artistas cadastrados no DAC-SEC (Departamento de Assuntos Culturais da Secretaria de Educação e Cultura), que recebia cachê e despesas pagas, para apresentarem-se nas cidades onde eram convocadas. Já, na cidade, a Prefeitura era encarregada de organizar o evento, imprimir convites, reservar a sala ou auditório, divulgar pela cidade, preparar o palco em apoio aos artistas, cobrar os ingressos, e por fim, retirar as despesas, e o restante era dado ao artista, como complemento de receita.
Continua após a Publicidade


Durante o período em que trabalhei no Turismo, fui o responsável por organizar e promover estes shows, e a tarefa era trabalhosa. Mensalmente, quase, eu obtinha do saudoso amigo Odilon Renato Cardoso, o então Diretor do Cine Embaixador (eu tenho implicância em chamar de "Palácio dos Festivais"), a licença para utilizar o espaço mais nobre da cidade, para promover os espetáculos. Tudo arrumado, um dia antes do evento, eu alugava as cornetas de alto falantes do Décio Broilo, prendia na "Brasília" branca da Prefeitura, e saía por todos os bairros, apregoando os espetáculos. E sempre lotava a casa.

Destes lembro de Paixão Côrtes, com um belíssimo show de cultura e folclore gaúchos, danças, efeitos luminosos, e muita dança e poesia. Outro grupo que levei à Gramado foi "Os Muuripás", um dos maiores e melhores grupos de cultura artística do Rio Grande do Sul. Levamos ainda o grupo de folclore internacional "Os Gaúchos", com um repertório de danças que iam do Rio Grande do Sul à Rússia, um belíssimo espetáculo. Dimas Costa foi outro grande espetáculo que levamos à Gramado, no mesmo período. Todos estes com o cinema lotado.
O último espetáculo promovido, de minha lavra, foi o primeiro show de Gelson Oliveira, já mencionado no ensaio anterior.
Os Muuripás

No início da década de 1980, trilhei solitário, com ajuda de alguns amigos, como Gines Perini, Joel Masotti, João Carlos Caberlon (Gambinha), e outros, onde criei o "Projeto Orpheus de Música erudita", onde levei recitais á Gramado. Um destes, memorável, com o "Trio Porto Alegre", formado pelo Violinista Amílcar carfi, o Violoncelista Jean Jacques Pagnot, Spalla da Sinfônica de Paris, e Neil Fialkow, o virtuose médico-pianista. Não ganhei dinheiro, mas o salão do Hotel Serra Azul ficou lotado. O pitoresco do caso ficou comigo, pois pobre de tal monta, que não tinha um terno, e eu seria o apresentador do concerto. Isso foi resolvido com a generosidade do amigo Joel Masotti, que emprestou-me um elegante smooking, e o valor que faltou para o cachê dos músicos, foi doado pelo Caberlon. Vale dizer que jamais recebi um único centavo de dinheiro público para promover cultura em Gramado. Mas tive sim, apoio de empresários e amigos, e fiz pouco, mas pouco do que fiz, a mim valeu muito.
Neil Fialkow (Trio Porto Alegre)

Antes disso, o fenômeno da música brasileira, Agnaldo Rayol, fez um recital em Gramado, parece-me, no lago do Parque Hotel (hoje Lago Joaquina Rita Bier), e este sim, foi arrasador. As moçoilas afoitas rasgaram as roupas do cantor, e levou muitas delas ao delírio, durante sua estada em Gramado. Isso foi lé pelo fim dos anos 60.
Os Gaúchos

Mas, nem tudo são louros, vamos então ao que saiu errado. lamentavelmente, nenhum destes estava, sob minha responsabilidade. Sorte minha. Ainda em 1977, o produtor teatral Sandro Poloni,  e sua esposa, a atriz Maria Della Costa, gaúcha, de Flores da Cunha, levaram à Gramado, uma peça chamada  "Tome conta da Amelia", com participação dos atores Nestor de Montemar e Leonardo Villar. Lembro que quando foi oferecer a peça ao Esdras, o Secretário, eu estava próximo, e como era Presidente do Grêmio Estudantil a entidade que garantia o sucesso dos meus eventos, ofereci-me para divulgar aos estudantes, mas eles deveriam oferecer um desconto, além da meia entrada, porque o preço estava um pouco elevado.
Continua após a Publicidade


Esdras achou bom, mas o Polloni, com um ar extremamente "humilde" disse que "Maria Della Costa não precisava de estudantes para lotar uma casa!". Tá bem, pensei.  Eles não virão então.

Chegado o dia da apresentação, hora marcada para início, haviam precisamente. na plateia: Sandro Polloni, Esdras Rubim, este escriba, e Odilon Cardoso. Os atores estavam no palco aguardando um milagre, mas como eram ateus, acho que não rolou. Desesperado, Polloni virou-se para mim: "Está bem, traga os "seus estudantes!". Bem, os estudantes não eram exatamente "meus", e ainda que fossem, havia um protocolo para liberação das aulas, geralmente programado com semanas de antecedência. E não, eu não faria nenhum esforço para livrar meus colegas, cerca de mil mais ou menos, de suas obrigações estudantis.
Sandro Polloni e Maria Della Costa

Outro fiasco, imerecido, foi a apresentação do cantor Jessé. Não sei de quem foi a produção, pois neste período eu não fazia mais produção cultural. Minha esposa era fã do cantor, e foi assistir. Voltou decepcionada, não pelo cantor, que foi profissional e fez o espetáculo como se houvessem milhares de pessoas, mas eram ao todo, nove pessoas na platéia. Disse-me que um destes era o Prefeito atual, Fedoca. Este moço é um arquivo vivo e testemunhal de Gramado.
Jessé

Cine Embaixador

E para coroar os fracassos, também nesta mesma década, o "Justin Bieber das titias", Roberto Carlos, fez um show no pavilhão da igreja católica. Foram 40 pessoas. Aí a produção liberou a porta e quase dobrou. Ao todo, setenta pessoas recebiam rosas do "rei". Reza a lenda que ele nunca mais pôs os pés em Gramado, até que já no século XXI, um espetáculo, digno de sua realeza foi montado em outro lugar, e desta vez correspondeu ás expectativas do macróbio do Iê Iê Iê.
Emerson, Lake & Palmer

Este próximo show que falo, não era de meu conhecimento, e fui informado pelo amigo Cláudio Caberlon, o "Emerson, Lake, & Palmer", em um Festival de Cinema. Abaixo o Video completo, encontrado no Youtube.

Roberto Carlos, 1972

Continua após a Publicidade



















Nenhum comentário:

Minha "quase esposa" do Tadjiquistão

Pois parece um pesadelo doido, mas o fato deu-se como verdadeiro. Eis o causo: No cotidiano da faina, lá pelos idos de 2012, recebo pelo mes...