AD SENSE

terça-feira, 14 de novembro de 2017

O Salão de Festas do Condomínio e Capela Mortuária do Cemitério



Que relação pode haver entre uma coisa e outra? Aparentemente nenhuma,pois enquanto o  salão de festas é um lugar onde pessoas se reúnem para celebrar a vida, a capela mortuária é um espaço onde reina o quase silêncio para enganar a morte. Tanto é assim, que em todo regulamento de condomínio tem uma cláusula que proíbe terminantemente duas coisas: Culto religioso e velório!

Não vou entrar no  mérito dos direitos dos condôminos em submeterem-se aos ditames do mundo  e não se permitirem criarem suas próprias regras e costumes. Apenas analisar o efeito disso na vida das pessoas. Falar da vida e da morte de forma natural. E ambos os ambientes, ambas as circunstâncias, unem as pessoas. No prazer e na dor. Na alegria e nas perdas. Ambos os casos tem uma origem comum: A sala de visitas da casa! Eu explico.

Não sou  tão velho assim (nem tão novo), mas quando eu era ainda jovem, as pessoas eram recebidas e recebiam dentro de casa. A casa era muito mais que o espaço com portas e janelas que os protegiam da intempérie ou dos perigos oferecidos por outras pessoas, aquelas que não eram recebidas pela porta da frente, os bandidos. Era na sala que as visitas eram recebidas, e era na cozinha que os mais íntimos se encontravam. Falavam da vida e evitavam falar da morte. Mas era também na sala que a morte mostrava a cara, e ali eram velados os queridos, a partir de então chamados de "Entes". Da sala se despediam, ou eram despedidos,uma vez que nada mais viam nem ouviam, sem sequer pensavam, nem ao menos sentiam. Mas ainda estavam ali, de corpo presente e alma dispersa. 

Era na sala que à noite falava-se baixinho, ainda que o morto nada ouvisse, mas pela reverência, pelo respeito à dor da família e pela saudade do que ali esperava o último toque de quem o amasse. Da sala, saíam todos nesta ocasião, e era a sala a última testemunha da perda, e o vazio da mudança.

Era no entanto também na sala que as grandes alegrias da vida eram contadas. As canções eram cantadas e as festas vividas por quem motivo encontrasse. Era na sala que primeiro estavam os grandes receptores de rádio à válvula, que espargiam notícias e valsas para as famílias reunidas após o jantar e antes do adormecer. Era na sala que os aparelhos de televisão eram instalados e recebiam toda a vizinhança pobre para assistir e chorar nas telenovelas, ou encantar-se com seus artistas preferidos nos programas de auditório. Era enfim, nas salas que pessoas iam e vinham e a vida caminhava entre elas, como água que escorre por entre as mãos.

Capela Mortuária e Sala de Estar: dois lugares onde vida e morte coexistem. Só que a capela é a parte que foi retirada das salas para esconder e controlar a dor da perda. Na capela, e apenas dentro delas, as pessoas choram,pois lá  fora a vida é mais exigente e enquanto uns verificam suas contas pelo banco digital,outros fazem selfies e escrevem LUTO, para que se lhes dê alguns momentos de condolências, até mesmo por que nunca ouviu o bater do coração, ou desconhece seu tom de voz embargada. A capela tirou a sala de dentro das vidas e levou as vidas pelos corredores frios da modernidade, esfriando a alma e amortecendo a dor por criogenia voluntária. A sala de estar ficou mais vazia, porque os salões de festas dos condomínios adequaram um lugar perfeito para recebermos com frieza técnica aqueles que antes ocupavam nossas velhas e surradas poltronas em frente ao receptor de rádio para compartilhar nossas valsas e ouvis nossas histórias.

Nos salões de festas não se contam histórias,pois o tempo é compartilhado, então temos que gritar o máximo e ao máximo volume para que os vizinhos saibam o quanto estamos felizes e contentes, e que sintam o aroma da comida encomendada entregue em caixas de papelão, em lugar da panelada de sopa que as avós faziam e do arroz de forno que as mães ornamentavam com galhos de salsa para estimular o apetite e ouvirem elogios rasgados de seu talento culinário.

A vida moderna setorizou alegria e dor. Uma em um espaço, e a outra, bem longe, no outro. Não é politicamente correto suspirar por uma saudade no mesmo espaço onde cantamos uma tarantella ou o hino de nosso clube de futebol. O mundo setorizou o amor e a dor, e ambos não tem mais lugar dentro das casas. Salas de estar são  apenas espaços minimalistas onde emprestam paredes para as telas planas de LEDs e um quadro ininteligível ao fundo, expressando algo que jamais iremos compreender.

Salões de festa servem então para festas. Capelas mortuárias servem para dar fim às festas. E a sala de estar não serve mais para nada, porque aquilo que a TV de LED mostra, a telinha do smartphone mostra também. Debaixo das cobertas. Esperando a vez de usar a capela mortuária. O resto é o vazio. Porque um e outro expulsaram as pessoas de nossas vidas.

Apolônio Lacerda e a Teoria da Constipação - O fim do mistério do papai Noel (Um conto absurdo de Natal)




Eu sei que muitos não vão acarditá,  porque eu mêmo não acardito. Não acardito nem mêmo que estou tô contando isso, quando devia guardá segredo.Mas fazer o que? Meu nome é LAM-BAN-ÇA!

Pous o aconticido se deu-se a si  quando acordei com um barúio na cozinha. É gambá, pensei! Mas despois considerei que não era, porque eu tinha armado trêis aripuca pros bicho, gastado dois galão de canha do alambique, e que a gambazada sentindo o xêro de pinga, ia dereito às aripuca. Então, não era gambá. Tarvêis rato. Mas de todo modo, eu tinha que oiá. 

Tava frio uma barbaridade, e eu carcei uma pracata e fui lá fora mijá. Mijei.Inté peidei. Fechei a cerôla com cuidado, não sem antes dá umas chacuaiada pra não saí passando recido. Xerêi os dedo e tava em órde. Então garrei um porrete que sempre deixo do lado de fora da porta, e entrei passo por passo na cozinha pra pegá o bicho no pulo. Me agachei devagarito e comecei a bombeá cos zóio desconfiado. Negaceei, negaceei, ispiculei aqui e ali, quando oiço uma risadinha abafada: Hou-Hou-Hou!


Pulei em riba do bicho e por pouco não táio ele em dôus! por munto pouco mêmo! Não era rato e nem gambá! Era o CRISQUINTI! o Papai Noéle! O véio do saco! O barbudo! Peguei ele cá mão no armário campiando um quêjo e uma linguíça pra módi fazê um fristíque!

Fiquemo um tempo se oiando um pro ôtro, ancim desse jeito, de bocó! Eu oiei pra ele. Ele carcô os zoião nimim. Se oiêmo, e apertêmo as mão, como havéra de sê o custume de peçôas dereita, ele xerô as mão, e eu fiz o mêmo, por inducação. Se dêmo adeus e logo aperparei um mate, e a prosa correu sôrta.

-Eu achava que vosmecê sêsse só pagodêra da táli txiuría da constipação, chê!
- Hou Hou Hou! - Gargaiáva ele, e enfiava os dois dente num naco de pão, seguido de outra dentada no quejo. Hou hou hou! Nham!
- Pous me conte então como fonciona a côsa dos presentilho, e táli...

- Hou hou hou! vou contar meu segredo, filho, HOU HOU HOU, NHAM, GLUB, GLUB (som do vivente bebendo um caneco de chá de mate). A côsa acontece ancim, filho: Eu garro dois veado (de quatro pata), arreio eles na charrete, enche de mimo, avôo por riba dos rancho, e ergo umas tabuinha do teiádo, entro pra drento, deixo os mimo debaixo do pinheirinho, e dispôis garro rumo à despensa pra módi campiá umas goloseima, porque ninguém trabáia de grátis, filho. E dispois, já refestelada de banduio cheio, garro o mundo, filho.

Tudo estava muito bem,  exceto por dois detalhes, que fizeram Apolônio cafifar com a coisa: A primeira é que o tal "Crisquinti" chamava ele de filho. A segunda, é que usou o modo feminino para contar de sua fartura gastronômica.  Ora! Essas mudernidade de trocá macho por fêmea ainda não haviam chegado no Cêrro do Bassorão, então isso significava só uma coisa: O Papai Noel era a Carsulina disfarçada!!! Mas Apolônio não disse nada. Apenas lembrou da infância e da sua mamãe Apologética, que cantava pra ele dormir, enquanto esperava o Crisquinti, olhando o céu estrelado, e penteando os bigodes.



terça-feira, 7 de novembro de 2017

Tropeços e Espirais





Vivemos em um mundo e um tempo onde somos cobrados por aquilo que não temos: Perfeição!

 Desde que nascemos, a parteira olha e diz: É perfeito! Isto é, Temos dois olhos, dois ouvidos, pernas, pés, dedos, apesar de que as mãos ainda  não dominem um teclado, os pés não dançam uma valsa, e os olhos mal distinguem vultos a meio metro de distância, ainda assim, naquela condição,somos perfeitos.

 No entanto, este é o nível de perfeição ao qual somos capazes de nos trair e causar preocupação, se dentro de um ano, estivermos na mesma condição. 

E se dentro de dez anos não estivermos exatamente na condição de alguém que tem os dez anos, seremos imperfeitos, mas se nossos dentes de leite já tiverem caído, e tivermos dois dentões mais protuberantes, então sim, continuamos perfeitos, bem como perfeitos seremos se aos quinze anos formos rebeldes e entediados, ou aos dezesseis atravessarmos incertezas quanto às escolhas de nosso futuro profissional. 

E aos sessenta anos, se enfrentarmos crises existenciais, tentando encobrir o tempo restante, mas não desejando desnudar os anos passados, sim, também ainda seremos perfeitos, porque a perfeição que buscamos não é a perfeição que atingimos e nunca será.

Tropeçar é uma constante de quem caminha, do movimento, da quebra de uma fractal dos passos que damos. Estátuas não tropeçam, e muitas delas nunca caem. Mas todas são decoradas por cocô de pássaros. O simples fato de caminhar, e com isso estar disponível aos tropeços, é a prova mais viva de que D-s tem você em grande conta, que você tem um lugar pra ir e levantou da zona de conforto para chegar neste lugar.

O mundo gira como uma espiral. É o que torna a vida interessante, pois se este giro fosse em círculos, em pouco tempo a vida seria um tédio completo. Assim, se como as galáxias ou a água que escorre pelo ralo da pia giram em espirais, assim também nossa vida é uma espiral em contínuo movimento.

A água que escorre pelo ralo da pia, anda em torno de si mesma, e gira em direção às profundezas. Se esvai pelos esgotos. A galáxia também giram em torno de si mesma. E sabe onde vai parar? Num buraco negro, sugando tudo à sua volta e se autodestruindo, sem levar nada, sem deixar nada.

Não sabemos porque esta autodestruição das galáxias acontece, nem por que a água que saciou a sede também terminam na escuridão. Só o  que sabemos, e isso sabemos  pela fé, é que nossa espiral gira ao contrário. Isso vai contra todas as Leis da Física. Contra todas as Leis da ciência. Já parou pra pensar nisso? Existir está de acordo com o resto do Universo, mas viver, contraria tudo o que se sabe da Ciência. Não podemos  viver senão neste planeta. Não podemos viver senão em circunstâncias especiais, sob cuidados especiais, sob temperatura especial, comendo comida especial, vivendo de modo especial, único.

Todas as criaturas vivas dependem de um modo único, de um alimento específico, de um ambiente preparado para que vivam, e se isso for mudado, em pouco tempo desaparecerão. Assim também somos nós, únicos, especiais, preparados para sermos felizes. O Ser Humano foi criado para ser feliz, e foi colocado em um ambiente que reúne todas as coisas para que esta felicidade aconteça.

Só que o tempo todo, queremos mudar as coisas. Queremos  fazê-las de um modo que não é natural, queremos transigir as Leis que D-s criou para que nossa felicidade fosse natural. E aí, tropeçamos.E tropeçamos, e tropeçamos até cair.

Mas ainda que tropecemos em todos os passos que nós dermos, podemos ter a certeza que temos Alguém para nos  levantar em cada queda. Isso  não acontece com o resto do Universo. Se um planeta tropeçar na sua órbita, ele bate em outro e ambos serão destruídos. Se um único elétron de um átomo sair de sua órbita, ele vai esbarrar em outro, e outro, e e vai desencadear uma reação em cadeia que pode destruir um mundo inteiro. Mas se nós errarmos (e nós erramos), ainda assim, podemos ter a certeza que nada na nossa vida, bem como a própria vida, são naturais, são ocasionais, e que podemos ter a certeza que há Um Técnico ao nosso dispor para reparar nossas falhas. 

Só o que temos a fazer para tropeçarmos menos, é lubrificar nossas articulações, especialmente as articulações  do coração, para que possamos compreender que todas as pessoas foram feitas da mesma substância e preenchidas com o mesmo Espírito, e que Aquele que soprou em nós Seu Fôlego de vida, continua a soprar,  como uma brisa suave, o seu carinho e a Sua compreensão diante dos passos de bêbados que damos todos os dias.

E por sugestão de meu netinho querido, o Lucas, quero lembrar aos meus queridos internautas que também tenho um blog. O endereço está nos comentários logo abaixo.
Shalom





sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Festival Estudantil de Cinema - Não! Não é Gramado. É em JOIA, RS. Assista e de seu like!


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Joia é um pequeno município com cerca de oito mil habitantes, cercada por plantações até onde a vista alcança, e gente que tem orgulho de sua história. Tanto é que motivou os alunos de suas escolas a participarem de um projeto regional de vídeo entre estudantes, e concorre com o trabalho de um grupo de alunos com o vídeo: A Colonização - Nossa História Oficial, onde meninos e meninas desempenham os papéis dos personagens que construíram a história do município, desde a chegada dos imigrantes italianos,embora a região tenha sido povoada, segundo historiadores,  desde o século dezessete,por índios,portugueses e espanhóis.

O evento, Festival Estudantil de Cinema, é um projeto apoiado pelo MinC, e incentiva alunos a que se envolvam com a Cultura. Brilhante ideia, e Gramado poderia inspirar-se neste evento e fazer também o seu, agora com o Educavideo. Sensacional!

O detalhe é que a escola nunca havia participado de nada, e agora, com este trabalho, necessita de muitos "likes! no vídeo, que está competindo no Youtube.Mas é importante dar o like, não apenas visualizar, para que vençam a competição.

A Escola participa de Documentário no gênero Infanto-Juvenil. Uma gracinha os pequenos atores encenando seus antepassados com a vida na roça. Fica aqui uma sugestão ao Alan Lino e ao Nespolo, respectivamente Secretário de Cultura e Presidente da Gramadotur, que convidem dois representantes deste Festival a assistirem o Festival de Gramado, e conhecerem o projeto Educavideo e Gramado.

Seguem imagens da Escola, dos alunos e dos cenários do documentário. 


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Fotos: Divulgação













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terça-feira, 31 de outubro de 2017

Rastro de antissemitismo tirou trabalho de artista do Natal Luz de Gramado em 2014


Projeto da Rena excluída por antissemitismo

Parece um contra senso imaginar que um artigo que preste homenagem a um país, em uma mostra denominada: O Natal pelo Mundo, e este país, Israel, possa ser motivo de tanta controvérsia em um dos mais famosos eventos natalinos do mundo, e que por mais estranho que pareça, homenagear Israel, um país que tradicionalmente nega Jesus como Messias, sejam também o alvo de uma clara e vergonhosa demonstração de antissemitismo, ainda que dentro deste contraditório. Vamos entender a questão.
Debora Irion com uma de suas obras que nesse momento estão em exposição coletiva no Louvre,em Paris.


Em primeiro lugar, vamos estabelecer duas coisas que são bastante distintas. A primeira, no tocante a crer que Jesus, judeu, seja O Messias, trata-se de uma questão de fé, que é vista por um viés de interpretação teológica, e em se tratando de fé, nenhum mecanismo ou artifício humano relacionado com a ciência, pode comprovar que Ele seja, ou deixe de ser O Messias prometido a Israel e ao mundo. Isso é crença.


Por exigência do Edital, Débora usou um pseudônimo "Cristal" no envio do projeto. Porém, antes disso, ela comentou com um funcionário da Cultura, que viria a ser depois um dos pareceristas, e que segundo ela, sua expressão mudou, com ar de espanto, quando ela disse que seu projeto seja uma "Rena Judia". Começou ali.

Por outro lado, negar que o personagem Jesus, que nasceu, viveu e morreu judeu, isso é burrice, desinformação, falta de entendimento histórico e visão distorcida dos fatos.

Um terceiro componente  desta atitude que apequena a arte, porque oferece uma interpretação com componentes de inveja e ganância, é que a seleção dos artistas para a confecção de um dos componentes do Natal Luz, as famosas Renas do Papai Noel, é feita de maneira inteiramente ditatorial, autoritária, e ao arrepio da Lei Federal 866/93 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666cons.htm)Lei que regulamenta o repasse aos artistas, que estabelece a forma de contratação de profissionais nesta situação, isto é, necessitam estarem conectados a uma entidade sem fins lucrativos, que pode ser uma Associação, uma Escola, etc, para  que possa receber pelo trabalho, os recursos públicos. Traduzindo: o artista precisa ser associado a algum grupo e este grupo dará a Nota Fiscal e receberá os recursos, repassando-os ao artista.

Ocorre que em 2012, quando começaram os trabalhos com as Renas, só havia uma única associação de artistas em Gramado, e como tal, passou a oferecer estes serviços. Só que o problema não começa aí e sim no momento em que outras associações surgiram, mas aquilo que era apenas um apêndice legal, tornou-se a regra não escrita, mas acordada, e os costumes passaram a determinar as regras.

Ainda assim, não reclamou-se, pois os artistas, poucos que eram, sentiam-se acolhidos na oportunidade de demonstrarem seus talentos, e seguiam em frente. O problema começou, e de uma forma grave, gravíssima, quando a artista Debora Irion, consagrada internacionalmente, teve sua proposta negada, censurada e deixada ao sabor do esquecimento, com a alegação de que  o tema fugia ao contexto natalino. Eu explico ainda melhor.

Débora ofereceu ao edital uma Rena decorada com motivos que contavam a história de Chanucá, a Festa das Luzes da cultura judaica. Belíssimo trabalho, por sinal. Mas não foi aceito. Teoricamente qualquer trabalho poderia ter sido preterido, talvez por injuria racial, atentado ao pudor (embora atualmente prefira-se jogar o pudor no lixo em nome da arte),ofensa moral, motivação de ódio ou qualquer outro motivo, seria sim, passível de censura, uma vez que em nome do patrimônio público não possa ser permitido esse tipo de coisas, e ainda mais no objetivo simbólico da festa do Natal, que para o povo judeu, não tenha nenhum significado senão emblemático e de um povo com quem partilha até mesmo um país, Israel, com outros povos de outras crenças, até mesmo com os cristãos, que acreditam em Jesus, embora também discutam a festa do Natal, como sendo o nascimento do Messias, mas vale pelo simbolismo e pela alegria da festa.

Ainda detalhando um pouco Chanucá (lê-se "Hanucá"), que se traduz como "Festa das Luzes", é uma lembrança emblemática da fé e perseverança do povo judeu durante a opressão helenística, pelo gregos que invadiram O Templo Sagrado (o mesmo onde Jesus foi apresentado aos Sacerdotes, portanto não era um ambiente estranho ao Personagem Jesus, judeu)e ali o profanaram, sacrificando animais imundos de acordo com a Lei mosaica, e com isso causando horror nos judeus. Estes, liderados pelos Macabeus (de Maccabi, martelo, pois usavam martelos como armas de combate, uma vez que eram proibidos de portarem espadas pela lei grega), expulsaram os invasores, e neste episódio, aconteceu um milagre, em que o óleo sagrado, destinado ao candeeiro do Templo, a Menorá, lançado em terra pelos gregos, antes de fugirem, milagrosamente durou oito dias, sendo apenas o suficiente para um único dia. Desde então, todos os judeus celebram esta festa, que embora não seja bíblica (não consta na Bíblia Judaica), foi incorporada, inclusive por Jesus e seus Apóstolos e seguidores, que celebravam este evento, conforme os relatos dos evangelhos.

Sendo assim, Débora buscou nas raízes do cristianismo um simbolismo que unisse e ilustrasse a alegria das duas festas, e o fez com grande sabedoria.Porém, não foi assim que entendeu a pessoa, ou o grupo de pessoas que negou sua participação com este projeto. Desta forma, não apenas estas pessoas pisaram na arte, pisaram no artista, pisaram na Lei Federal, de isonomia de direitos, pisaram na ética, pisaram no bom senso, pisaram nos sentimentos e pisaram na própria história, porquanto teriam afirmado que "isso é coisa de judeu e não tem nada a ver com o Natal, que é uma festa cristã".  Pisam finalmente no pouco que lhes restara de inteligência, porque aformar que a origem judaica de Jesus não tenha fuundamento, não é uma questão de fé, mas uma questão de burrice! E olha que nem disso se pode chamar quem comete tamanha estupidez, porque o burro, aquele animalzinho útil e com opinião própria é visto na Bíblia inteira como simbolo de mansidão, de servilismo e de nobreza, uma vez que na festa da Páscoa (Pessach), segundo contam os Evangelhos, Jesus adentrou Jerusalém, pela Porta Dourada, que era a porta dos reis, montado em um jumentinho. Assim também fez o Rei Davi, e também foi um jumentinho quem transportou o casal hospedeiro do Messias em sua fuga para o Egito. Portanto, não cabe nem mesmo a alcunha de burro para quem pisa na arte de um conterrâneo. Não cabe nem mesmo que seu nome seja citado. Nem mesmo isso.

O mal foi feito, mas o costume continuou. A Lei que nunca foi Lei, continuou servindo, segundo minhas fontes (e foram muitas), a uma única Associação de Artistas, à qual não atribuirei culpa, senão ignorância em desconhecer que esteja descumprindo uma Lei Federal, e também um alerta ao jurídico da GramadoTur que tem a obrigação de confrontar os contratos  que assina com o que diz a legislação pertinente.  Assim, injustiças continuam sendo cometidas e pessoas isoladamente tomam decisões que caberiam a colegiados de pareceristas técnicos, embasados nas letras da Lei e de seus regulamentos.  Assim, Gramado de evento em evento, acumula deslizes, cujos titulares, muitas vezes inocentemente, acabam tropeçando e depois cobrados nos tribunais,por algo que desconheciam.

Longe de mim o intento de ensinar leis aos governantes. Não é preciso, mas é  importante lembrar que elas existes, e caso não existam, cumpre ao legislativo elaborá-las, e caso existam e um e outro as desconhecem, cabe ainda ao Legislativo fiscalizar para ter a certeza de que estão sendo cumpridas com o rigos necessário.

Como nada faço às ocultas, enviei ao Prefeito Fedoca uma prévia do que iria publicar, acrescido a uma sugestão: Convide a artista Plástica gramadense Débora Irion, e ofereça à ela um lugar de honra para a rena que nunca saiu do papel, e dê a ela oportunidade de mostrar que Gramado não tem lugar para antissemitismo, para despotismo nem tampouco para idiossincrasias discriminatórias a quem quer que seja.

Fazendo isso, Fedoca terá dado à Gramado e a si uma oportunidade de fazer-se grande no coração dos artistas, ainda que seja corrigindo uma injustiça não cometida por seu governo, e que chame Nestor, o então Prefeito, que certamente não tinha a menor noção do que acontecia nestas minúcias de sua administração, para que oportunize em nome de seu governo, um pedido de desculpas não apenas à Débora, mas à todos aqueles que foram injustamente manipulados por aqueles que visavam iluminar o próprio umbigo e subir na carreira usando pescoços de colegas como degraus.

Para elaborar este artigo, entrevistei vários artistas gramadenses, aos quais prefiro manter a identidade em sigilo. Também entrevistei advogados, pesquisei leis, e, a propósito, eu também conheço  um pouquinho disso, porque fui Conselheiro setorial de um Colegiado do Ministério da Cultura por três anos. Devo ter alguma credibilidade no que escrevo então.

A propósito, o nome Débora, é característico da cultura judaica. Foi uma Débora foi uma juíza e profetisa de Israel, que liderou o povo na guerra contra o rei de Canaã. Ela convocou o povo para a batalha e profetizou sua vitória sobre um exército muito grande.
No tempo de Débora não havia rei sobre Israel. O povo era liderado por juízes – pessoas influentes, usadas por Deus, que se tornavam líderes políticos, espirituais e militares. Quando Deus levantou Débora, os israelitas tinham se desviado de Deus e estavam sendo oprimidos por Jabim, rei de Canaã (Juízes 4:1-2).
Débora era profetisa e uma mulher sábia. Ela se sentava debaixo de uma tamareira e o povo vinha até ela para resolver suas questões (Juízes 4:4-5).
Também o nome IRION, é  proveniente de judeus da Hungria. Mesmo lugar de onde provém também o sobrenome Cardoso (Portugal), lá traduzidos como Kardushinski. Ambos traduzem:Plantador de Cardos (planta).


segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Seu Professor ama o que faz, ou faz apenas o que é preciso para que não seja odiado por você?






O primeiro grande erro da humanidade é rotular e classificar pessoas e suas atividades como "boas ou ruins". Bom aluno, bom professor, boa bailarina, boa dona de casa, bom engenheiro, e por aí segue a melodia. Mas afinal, o que é ser bom ou não ser bom? Quais são os critérios de avaliação daquilo que é bom, em se tratando de pessoas com relação às suas atividades, e aqui nesta reflexão, no seu processo de aprendizado? Afinal quem é bom, quando o aluno vai bem na prova, ou quem não é bom quando toma um zero grandão no boletim?

Não sou educador e tenho profundo respeito aos grandes educadores que conheço, principalmente aqueles que acumulam toneladas de certificados, títulos meritórios e currículos invejáveis, mas na nada invejável condição de aluno (fui), pai, avô, tiozão e entregador de pizzas e quentinhas a mim mesmo quando faminto, faço  uma breve análise daquilo que tenho percebido no comportamento (ou falta dele) no dia a dia dos aprendizandos com quem tenho cruzado caminho ao longo dos anos, sejam estes pelo lado do aluno, ou seja pela minha própria experiência em sala de aula, confrontando oportunidades, possibilidades e desafios, no tocante a transmitir e oportunizar ebulição de conhecimento, uma vez que o conhecimento se faz, em parte, transferindo nossas ciências, e em parte proporcionando oportunidade a que o educando se descubra enquanto agente cognitivo, e em arte enquanto passivo de captação deste conhecimento gerado por padrões estabelecidos ao sabor de grupos, estes, nem sempre solidários com a realidade geográfica, étnica ou cultural, e que diante disso oportunizam baldes de água gelada sobre o ânimo do aluno, que, por vezes, completamente alheio ao objetivo do que é transmitido, desmotiva-se e desmotiva ao grupo, e quando digo grupo, digo colegas, professores e a própria família.

Ainda sobre notórios educadores estabelecidos como padrões de densidade sólida à afirmação de métodos empregados, convém lembrar que tanto a educação quanto os educadores, mesmo os eminentes, trabalham de acordo com suas próprias observações diante dos fenômenos sociais, e acrescentam aos seus padrões métodos que impregnam estes valores às suas teorias, que por sedimentação ou falta do antagônico, firmam-se como ciências absolutas, e pobres dos infelizes que nasceram com a cara voltada para o Oeste, quando ousam discordar daqueles que olham para o Leste em suas orientações educacionais.
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Estou falando difícil? Sim! De propósito, para que se perceba como se sente uma criança diante de um educador (aqui uso o sentido antropológico) que segue, por exemplo, Paulo Freire, quando o aluno está mais propenso a desenvolver sua capacidade sob a ótica de Freinet. Estou complicando no vernáculo e na retórica para que ponha-se o leitor no lugar do aluno que encontra um professor desmotivado para aquela aula, ou aquela disciplina, ou para aquela escola,  ou para aquele ambiente social, ou ainda para aquele salário mixuruca que recebe, tendo a responsabilidade e a carga de educar uma classe com vinte ou mais alunos, quando sua tarefa deveria ser apenas repassar conhecimento e métodos de aprendizado motivadores e indutores da vontade do aluno, enquanto a educação, a ética, a moral, a religião, a política e outros valores deveriam vir de casa, da família, e da sociedade lá fora.

Estou demonstrando que um aluno que tem na família, apenas um punhado de parentes consanguíneos, e na escola seu esteio educacional, dificilmente poderá desenvolver plenamente suas habilidades com a paixão necessária para tornar-se um virtuose em disciplinas que não haja uma sintropia entre o educador, a disciplina, e o aluno. Estou buscando demonstrar de uma forma emaranhada que se o seu filho não aprende com facilidade uma disciplina, é porque faltou paixão, combustível, aditivo, em uma das mangueiras que abastecem este pequeno motor que busca o infinito no finito de nossas possibilidades, e que neste não absorver do conteúdo proposto, desencadeará ele próprio forças que desmotivarão com ímpeto torrencial a falta de prazer na evolução de seu aprendizado.
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Se de um lado temos no professor a obrigação de dividir seu tempo e energia neste conjunto de elementos da construção do caráter, que não são, repito, sua função nem obrigação, mas tornam-se necessários para o educador responsável, temos do outro lado um aluno que necessita abastecer sua mente ilimitada com recursos limitados e baixo estoque de calorias motivadoras para aquele aprendizado, e ali começa o tédio.

Assim, aluno entediado, diante de um professor entediado, rodeado de colegas entediados, armazena valores que entediarão sua vida e a própria sociedade. e uma sociedade entediada produz ditadores, que são ótimos reprodutores de mais pessoas entediadas, porque impõem à sociedade professores despreparados, com salários decrépitos, ruminando conhecimentos mofos e multiplicando cidadãos burros.

Costumo dizer que se meu professor de matemática tivesse a paixão que eu tenho ao ensinar desenho,  eu teria sido um matemático, e talvez até tivesse aprendido,por passatempo, a desenhar uma casinha com coqueirinho numa ilha, e um bonequinho cujas mãos seriam apenas dois tracinhos cruzados, como se faz lá na infância mais doce das lembranças.

Quando você tem em sala de aula um professor guiado por ideologias políticas em lugar de políticas educacionais consistentes, terá também um curral de alunos adestrados para o caos. Estes são dóceis diante de comandos externos, e débeis diante de decisões próprias. Mas servem ao totalitarismo que intentam muitos, seja construído em nosso tempo.

Que tipo de professor você quer para seu filho? Que tipo de filho você está proporcionando para seu professor? Que tipo de sociedade queremos construir sem paixão? Que tipo de paixão queremos promover no amanhã que vem chegando acelerado?


domingo, 29 de outubro de 2017

Prova da existência de Deus e o porquê do sofrimento - Por que a Bíblia não prova nem explica isso?








Proliferam-se os títulos de literatura que, de forma antagônica, procuram, de um lado, provarem que Deus não existe, e por outro, provarem que Deus existe, assim como cresce também, à medida em que cresce no mundo o destempero da fome, das guerras, da violência e do sofrimento em geral, enquanto o Ser Humano, cada dia mais mergulhado em dúvidas, caminha numa corda bamba ao sabor de ventos que disputam sua crença em uma e outra ideologias.

Mas afinal, Deus existe ou não existe? E se Ele existe, qual a Sua posição diante do mundo, do Universo e do Ser Humano, diante do crescente sofrimento em sua travessia pela vida, uma vez que estamos à mercê de nossa fé, que é fundamentada em nossas crenças, sejam estas na existência ou na inexistência de Deus, ainda que crer e não crer sejam ambos baseados em fé,por estranho que possa parecer, uma vez que para ser uma pessoa descrente, precisa ser descrente em algo ou em alguém, e a obsessão por não crer no Deus transcendente e invisível é mais passível de fundamentação do que a crença no Deus que oferece esperança, uma vez que esperança torna-se assim o esteio da fé, e a fé é sempre cercada por argumentos que promovem conforto em tempos de crise, ou serenidade diante da descoberta do extraordinário, seja este ser um pôr-do-sol, ou o primeiro sorriso de um bebê no colo da mãe.
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Mas isso ainda não prova a existência de Deus, e aqui usamos o conceito monoteísta judaico-cristão, onde tem nas Sagradas Escrituras as referências dos diálogos e manifestações atribuídas ao Deus Criador, assim como ao Deus que participa das ações humanas, como se Humano também O fosse, com intenção didática para que o Homem seja conduzido de volta à vida eterna e à plenitude da perfeição, pela qual foi criado.

O livro Santo expõe através de seus profetas e autores sagrados, uma permanente interação de Deus com a humanidade, completando Sua participação através da restauração da ordem original das coisas, e de um grande julgamento daquilo e daqueles que subverteram esta ordem, pisoteando na criação, na criatura, e blasfemando assim de Seu Criador. Eis aqui descritos então princípio e causa, ação e efeitos, e finaliza assim com recompensas e consequências dos desvios ou das ações coerentes com as instruções contidas no manual do Fabricante, para que possa o homem caminhar pelas sendas da vida e alcançar o destino final, onde pleiteia sua felicidade plena.

Esta busca pelo lenitivo às dores da vida é uma constante em todas as crenças. Sejam os cristãos, judeus e islâmicos, que esperam o Paraíso depois da ressurreição; ou os budistas, que esperam atingir o Nirvana, a perfeição total, a iluminação, ou as milhares de crenças tribais que esperam de um modo ou de outro,uma recompensa além da vida, seja esta apenas sob a ótica espiritual, isto é, intangível, seja da forma carnal, ou seja, da ressurreição e continuidade da vida, sem o risco da morte e do sofrimento.
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A grande questão é: Mas Deus de fato existe? E se existe, por que permite o sofrimento?

Tenho passado por alto pela literatura que tenta provar que Deus não existe, e chega a ser quase pueril, de tão óbvia a forma e os argumentos que apresentam, começando pelo estilo literário:  Começam chocando o leitor com relatos horrendos das atrocidades que acontecem no mundo, e para corroborar o clímax da maldade de um deus insensível, usam como modelos as crianças, os idosos, os inválidos, os inocentes em geral, e esmiúçam com requintes de sadismo cada um dos detalhes que exaltarão para comprovar seus argumentos de que, diante disso, o mais lógico seria pensar que Deus não pode existir, e este não existir, seria mesmo um ato de generosidade para com Deus, uma vez que caso exista, nesta óptica, seria um monstro de proporções cataclísmicas. Portanto, para benefício de Deus, para eximi-lo de Sua culpa, que seja bom para Ele próprio que não exista. E desta forma, com o leitor devidamente temperado, continuam despejando sequências retóricas de fatos que, pela crueza do que mostram, Deus de fato,ainda que exista, está perdido pelos  outros lados do Universo divertindo-Se em criar galáxias e outras criaturas para abandoná-las também à sorte evolutiva, em aperfeiçoarem-se sozinhas, para quem sabe, depois de selecionadas espécies geneticamente aprimoradas, juntá-las em outro planeta perfeito, livre dos erros que tenha cometido na criação da Terra e seus habitantes.

Mas e a Bíblia, o que diz destas duas perguntas? Onde está, na Bíblia, a prova da existência de Deus? Em que exato Livro, Capítulo e Versículo se encontra uma palavra ou uma frase que prove a existência de Deus, e que após provado, que explique por que Deus permite o sofrimento de suas criaturinhas inocentes pelas outras criaturas culpadas? 

Respondo agora: Em nenhum lugar! A Bíblia não prova e não tem nenhuma preocupação em provar que Deus existe. Ela apenas diz que Ele existe, diz o que Ele fez, faz e fará, e como Se relaciona com a Sua Criação. Não vai além disso, por uma razão muito simples: Se um Livro, ainda que seja O Livro da Vida, tivesse a capacidade de conter em suas páginas uma única prova da existência de Deus, este Deus deixaria de Ser Infinito, Supra-Universal, isto é, muito Além do Universo ao qual contém (Deus contém o Universo, mas o Universo não pode conter a Deus), e seria um Deus manipulado pela compreensão do leitor, uma vez que a leitura é um agente do Extraordinário, que materializa espiritualmente o intangível, e  cristaliza o imaginário, fazendo brotar a fé. E não é tarefa da Bíblia provar a existência de seu  Autor. Seria como se eu, Paulo, além de escrever e publicar minhas ideias, ainda tentasse provar que eu existo, para que possa ser lido e minhas palavras sejam melhor interpretadas e tornem-se críveis.  Não faz nenhum sentido.

Evidente que O Livro tenha sido escrito por mãos humanas, contendo palavras humanas, e proporcionando soluções também humanas. Seria anti natural que para falar com o Ser Humano, Deus usasse linguagens alienígenas (há quem gostaria e até cavoca isso para convencer-se que o Deus da Bíblia não passe de um alienígena deslumbrado tentando se comunicar com o Ser Humano em uma língua que só alguns iluminados por Andrômeda possam interpretar), e que para comunicar Sua vontade, não descrevesse situações perceptíveis para o entendimento humano.  Desta forma, entender que a finalidade das Escrituras sejam apenas de instrução para uma jornada que teve início, meio e fim, estes sim, descritos com minúcias em todas as suas letras e palavras.

Acerca do sofrimento,a questão é de fácil compreensão, embora de difícil aceitação, uma vez que parece mostrar um Deus impassível, sádico e violento, mas também contraditório e indeciso, de personalidade fraca e que para demonstrar Sua misericórdia, propõe um fim trágico àqueles que não obedeceram às Suas Leis. Aqui entram o entendimento de grande parte do mundo cristão, de uma forma  um tanto distorcida, que o Deus do Antigo Testamento, que criou todas as coisas, andou meio atrapalhado com a educação de suas criaturas, e que tinha lapsos de bipolaridade, perdendo a paciência e ateando fogo do céu pelo menor deslize que tivessem, e que entra então o Filho, que por ser de uma geração mais dócil desce à Terra para consertar as coisas, e trazer belas mensagens de paz, amor e fraternidade ao mundo. Assim, se o judaísmo de Moisés era permeado do "aqui se faz aqui se paga", o cristianismo de Jesus viria propor que tudo  deveria ser perdoado, deixado pra lá, porque somos todos irmãos, e que a Graça seria o antídoto para toda a maldade do mundo. Desta forma, o Antigo testamento deveria ser jogado no esquecimento, porque a Cruz havia determinado um divisor de eras, onde tudo o que era imperfeito, agora seria aperfeiçoado e na segunda vinda de Jesus, todos  teriam uma nova chance para consertar seus erros. Mesmo aqueles que cometeram as atrocidades descritas no prefácio dos livros destes autores incrédulos na justiça ou na misericórdia divinas, segundo algumas doutrinas o pregam.

Fui buscar dentro do próprio judaísmo primitivo a resposta para a questão do sofrimento e da salvação, e para falar de judaísmo primitivo, é necessário entender que tudo começou com a Torá, traduzida como Lei de Moisés, embora a tradução literal de Torá seja "Instrução" e não Lei.  Por que no judaísmo, se minha formação e entendimento teológico estejam afetos aos ensinamentos de Jesus, que nasceu, viveu e morreu judeu, e que todos os seus ensinamentos sejam estritamente ligados à Bíblia hebraica (Antigo Testamento) e ao Talmude (Tradição Oral), e que ainda tenham sido os judeus (outrora chamados de Hebreus  e Israelitas) quem tenham escrito a Bíblia, seja ela apenas no Antigo Testamento, ou ainda nos denominados Escritos Apostólicos, ou Novo Testamento. Todos judeus. Discordantes nos detalhes, mas unânimes na essência.

Sendo então os ensinamento de Jesus concordantes com os Escritos originais, e para o estudioso isento de paixões, torna-se claro que o Novo Testamento não cria nenhuma nova prática que não esteja firmada nas práticas originas, ainda que apenas  com as traduções a partir do Grego (posteriores aos escritos, pois também estes o foram na língua hebraica), e suas versões contemporâneas, vamos encontrar nomenclaturas que parecem distanciar os textos apostólicos da essência judaica. Não é assim. Os nomes próprios, assim como costumes foram contextualizados nas línguas de tradução.Nada mais que isso.

Quando Jesus fala de amar ao Próximo como a si mesmo, está citando Hilel, que está citando Moisés. Quando Paulo de Tarso diz: "Sede meus seguidores como sou de Jesus", está apenas parafraseando a intenção dos hebreus que seguiam Josué, cujo nome original é Yehoshua, e que significa: "Eu sou O caminho", então: Um escolhido por Deus, que recebe um nome que corresponde à sua posição de General de Israel, que tem como missão de conduzir um povo até a Terra prometida, e antes dele, outro líder, com um nome egípcio, Moshê, que significa: "Tirado das águas", para que retirasse este povo da escravidão, o fizesse atravessar um mar e um deserto, e recebe instruções, a Torá, para que sua jornada fosse o mais suave possível. Desta forma então temos na Torá um manual de ética para que o povo caminhasse com segurança, e também promovesse o bem estar social, afim de que houvesse ainda um povo que pudesse herdar a Terra Prometida.

Porém, se analisarmos a Torá, do primeiro ao último capítulo, não encontraremos, nem prova de que Deus é Deus, pelo contrário, a única oportunidade em que Moisés teve de perguntar-Lhe O Nome, O Altíssimo apenas declara de Si mesmo que: "Serei O Que Serei".  Traduzindo: Ele É. Ponto. Mas ainda assim, não existe uma única palavra que diga que não haveria sofrimento na travessia até Canaã, como também não fala do Olam Habá, o Mundo Vindouro, ou como queiram, a Vida Eterna. Não tem. Não diz nada. Silêncio como um deserto.

Onde então encontraremos alento de crermos em um Livro que não prova a existência de seu Autor, não fala da vida eterna, e que mostra todo tipo de atrocidades pelo caminho, como apontam seus críticos?

A resposta está em uma única expressão que Deus usa,no penúltimo dia de vida de Moisés, à frente das margens do Rio Jordão, antes da travessia, quando diz: " Ponho diante de vós a bênção e a maldição; a vida e a morte. Proponho que escolham a vida. E para que vivam, é necessário que cumpram as minhas instruções (Leis) e as orientações (Estatutos) que deixei neste Livro (Torá).

Neste raciocínio, e na crença que Deus É O Criador, e que Sua palavra sejam fiéis, vamos perceber que nada do que Ele diz, é pela metade. Portanto, vida em Sua promessa, é vida eterna. Assim, dividindo entre promessas materiais e espirituais, teremos, de um lado, Canaã, como bênção material, como a vida eterna, como bênção espiritual. Temos elementos intrínsecos e subjetivos, como o livre arbítrio (escolha entre vida e morte), e temos um deserto a atravessar. Isso de certa forma é  profético e didático,porque está dizendo que, entre a queda de Adão e Eva até o reino eterno do Messias e a felicidade plena, existe um deserto cheio de perigos, e conhecendo a natureza falha do Homem, Deus alerta para tais perigos, e apresenta instrumentos para que o Homem atravesse este deserto com relativa segurança, empunhando as Leis e os estatutos como salvaguarda para esta travessia, e que ainda que tropecem e caiam pelo caminho, tem um Condutor, que os guiará ao destino em segurança. Aqui há um desvio de entendimento, onde tendemos a achar que a segurança seja material, e nem sempre o é, mas que a segurança espiritual seja estabelecida ao fim da jornada que é o objetivo maior.

Mais objetivamente, temos uma origem (o Egito), uma travessia com perigos (o deserto) e um destino (Canaã). Isso chamamos de predestinação. Temos um General (Moisés e Josué), temos placas no caminho que orientam para os perigos (Leis), e finalmente, temos o livre arbítrio de voltarmos ao Egito e aceitarmos a escravidão, que simboliza o vazio, a morte, o sofrimento. No aspecto espiritual, temos uma origem (o Éden), uma travessia (o mundo) um destino (a eternidade), uma escolha (vida ou morte) e Um Guia que conhece e É o Caminho (O Messias).

Desta forma, o sofrimento não tem justificativa, mas tem explicação. Não é uma punição de Deus, mas uma consequência pelas escolhas que quem pode decidir seus caminhos, não sem carregar o peso das consequências de que suas más escolhas levem seus descendentes ao fracasso. 

Dou exemplo prático disso, para que fique em casa o testemunho do que quero demonstrar: Meu bisavô traía o concunhado, e por esta razão foi assassinado, deixando viúva e filhos pequenos lutando contra os perigos deste mundo. Depois disso, meu pai matou meu avô, deixando quatro órfãos e duas viúvas. Em consequência disso, cresci no meio da pobreza. Então, meu sofrimento foi punição de Deus pelas inconsequências de meus ancestrais? De modo algum! O que houve foi uma reação em cadeia,um efeito dominó de  atos irresponsáveis de alguém que viu apenas o próprio ego. Da mesma forma, quando temos criancinhas sofrendo, velhos maltratados, drogados perambulando pelas ruas, famílias destroçadas pelas guerras,precisamos olhar lá atrás, de quem foram os atos irresponsáveis que desencadearam esta rede de atrocidades como bolas de neve montanha abaixo, e separarmos o castigo da consequência.

O que encontramos na Bíblia são relatos que de forma profética ilustram os juízos de um Deus apresentado como Justo, que responderá o mal com a justiça, o que nos tempos bíblicos era mais imediato, não apenas como punição, mas também como exemplo para as gerações futuras. Infelizmente não deu certo por enquanto. É por esta razão que também como no simbolismo do deserto, que era a Graça, isto é, a oportunidade de durante a travessia, emendar os defeitos para alcançar a recompensa, também vivemos um tempo onde as oportunidades ainda existem, e quanto aos que sofrem (e todos sofrem), há dois caminhos a seguir: Um diz que Deus não existe caso exista, é injusto ou desligado, e estamos condenados de qualquer madeira, então vivamos, comamos e bebamos, porque amanhã morreremos, e de outro, que diz que há sim Um Deus Justo, que ouve o pranto dos que choram, e está Ansioso por celebrar o fim deste sofrimento, enviando o Messias o quanto antes para secar todas as lágrimas daqueles que Nêle creem e esperam.

Eu quero estar no segundo grupo.





Minha "quase esposa" do Tadjiquistão

Pois parece um pesadelo doido, mas o fato deu-se como verdadeiro. Eis o causo: No cotidiano da faina, lá pelos idos de 2012, recebo pelo mes...