AD SENSE

sábado, 10 de novembro de 2018

CORSAN e a Água que Gramado não tem

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Sabe aquelas pessoas que nunca fizeram nada que os distanciassem da mediocridade na vida,e um dia se infiltram numa pequena cidade do interior, tentando domesticarem os nativos? Gramado está cheio desse tipo de gente. É só procurar. Pois não é meu caso, porque até de "fake" já fui chamado. Até hoje há quem acredite que eu nem exista, que seja um personagem oculto de um político local, manipulado e manipulando os políticos, para mobilizar ou influenciar a opinião pública com opiniões que levem as pessoas a pensarem nesta ou naquela direção. Nada mais estúpido que isso, pois, em primeiro lugar, sim, eu existo, sou gramadense de alma, história e coração, e mantenho vínculos fortíssimos com pessoas notáveis desta cidade, e quando digo notáveis,não estou falando da importância social ou poder político ou econômico,mas de caráter, de discernimento,e sobretudo de lealdade aos amigos. Não moro mais em Gramado, por contingência da vida, que nos conduz a lugares que a geografia teima em distanciar de um lugar a a outro,mas nem por isso sou menos gramadense que minha avó, que nasceu, viveu 85 anos na cidade, para repousar os dez anos seguintes em outro lugar, até seu repouso temporário  da vida, na espera da ressurreição. Da mesma forma, que pessoas que chegaram há certo tempo, e estabeleceram ali suas raízes e sentimentos, e são tão gramadenses quanto qualquer outro que viva dentro ou fora dos limites do município. Dito isso, falemos da água que não tem.

Água será, segundo futurólogos (que nada tem a ver com profetas), cientistas que analisam as condições do mundo, suas movimentações, e de acordo com o soprar dos ventos da história, projetam possibilidades de mudanças no comportamento humano e ambiental, e com base então nestas possibilidades, dizem eles, que o motivo da esperada, mas indesejada terceira guerra mundial, será pela posse da água. Isso mesmo. A água, somada à energia e alimentos, serão os três pilares que darão grande poder à quem os dominem, e uma mostra disso é o assim chamado, "Aquífero Guarani", uma gigantesca reserva de água potável submersa,portanto de intensa pureza, que abrange uma área de 1.2 milhões de Km2, e está situada em quatro países, sendo a maior parte submersa em território brasileiro. Mas, não, Gramado não está sobre o Aquífero Guarani. No entanto, possui reserva ainda inexplorada de água potável suficiente para abastecer a si mesma, e ainda que parte dela esteja a céu aberto, como no caso do Lago dos Pinheiros, um esgoto mal calculado desde o seu projeto original, Gramado tem condições e mais que isso, tem necessidade de pensar com urgência na água que o povo e os filhos e netos do povo irão beber. Gramado pensa no brilho dos espetáculos do Natal Luz, pensa na pavimentação das ruas que levam às colônias, pensa na mobilidade urbana, investe milhões (que somam-se ao longo dos anos, em bilhões de Reais, porque tem a Prefeitura, uma receita de causar inveja a muita cidade de médio porte, em eventos, arquitetura, paisagismo, urbanismo, meio ambiente, tudo o que possa ser calculado por um Corretor de Imóveis, mas deixa a sua verdadeira fortuna nas mãos de uma autarquia comandada por políticos de ocasião (aqueles que não conseguem se elegerem mas mesmo assim ganham de presente por quatro anos, seus cargos bem pagos), e à técnicos que tem todo o Estado para tomarem conta, e Gramado não passa de um alfinetinho nos mapas surrados pendurados em paredes antigas, onde de novo só tem as cadeiras giratórias,e a plaquinha com o  nome em cima da mesa.

Gramado deixa construir prédios gigantescos, hotéis, restaurantes, bares, parques temáticos, tudo que gera receita, empregos, riqueza social, e bem administra isso  tudo, mas deixa que uma autarquia pobre de um Estado falido, determine quem vai ter e que não vai ter água, quando e em que quantidade, e se a lei não mudou, se você optar  por não usar a água oferecida pela estatal, mas abrir uma cacimba, ainda assim terá que pagar a taxa, e terá que obter licença desta estatal para perfurar seu poço artesiano ou não, ou seja, paga por ter cachorro e paga por não ter cachorro, paga por usar a água e paga por não usar a água que eles oferecem.

O que mais me preocupa nesta questão é que, desde que eu participo da vida política de Gramado (ainda que indiretamente), eu tenho visto brigas homéricas entre a estatal, utilizada como mecanismo punitivo para desafetos políticos, e que os personagens, ainda que temporariamente beneficiados, se deixam encantar pelas cantilenas de sereia que o poder oferece, e usam (ou são usados) pelos dirigentes da autarquia como peças de um tabuleiro, onde uma benesse de uma adutora, meia dúzia de metros de canos em uma viela carente, ou qualquer outro tipo de afago desse tipo, faz mudar o  cenário de uma eleição.isso vem acontecendo ano após ano, e entra governo, sai governo, parece que tem um livro de estratégias que ensina a dominar este ou aquele lugar por meio do pinga-pinga de uma torneira. Será que Gramado,por ser Gramado merece mais atenção que outros municípios? Não! E nem menos também. Mas água na torneira não se trata de merecimento, aquele biscoito que se dá a um animalzinho por sua obediência. Será então que a CORSAN não tem como ampliar seu atendimento e está no gargalo, igual ao restante do Estado? Não sei. Não tenho acesso à sua contabilidade nem seu planejamento estratégico, e desconheço seus dirigentes (embora sejam mudados, mas a estrutura permanecerá, assim como suas deficiências também), mas conheço as notícias contínuas e continuadas de que Gramado sofre pelas torneiras secas. E vai sofrer muito mais se não forem tomadas urgentes medidas para mudar esta amarga e árida perspectiva.

Devem urgentemente serem convocadas as forças ativas e proativas de Gramado, a começar pelo Prefeito, pelos Vereadores, pelo Sindicato dos Hotéis e Restaurantes, pelos demais órgãos que são atingidos pelo problema, para repensarem estrategicamente o abastecimento de água de Gramado para os próximos 50 anos. E quando falo de abastecimento, falo de tratamento sanitário também. Tarefa que a CORSAN empurra com a barriga desde que o problema começou, lá nos anos 70. Claro,poderiam alegar que o crescimento sem planejamento da cidade os encurralou no mau cheiro dos arroios, só que esquecem de dizer que teriam prerrogativas de negar licenças para que tais obras fossem feitas. Então, sim, Gramado não pode depender mais da CORSAN para sacia a sede e lavar a roupa de seu povo.  Não podem as autoridades e o empresariado lavarem as mãos para o problema, antes que se torne irreparável. A hora é essa. Gramado tem que contratar urgentemente um ou mais especialistas em planejamento estratégico, não apenas para urbanismo e mobilidade, mas para manutenção da própria existência, para sua autossuficiência em água potável, acessível à todos.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

O Belo,o Feio, e o Poder (Ensaio sobre a caneta e as escolhas)



Conhecido meu costumava dizer que gostava de andar com feios, para sentir-se lindo. Também dizia que eu era um cara legal, e que sentia-se honrado em ter-me como parceiro de farras. Prefiro pensar que tenha sido o meu carisma que me agalardoasse com sua amizade, e não os atributos estabelecidos por ele para escolha de seus pares nas aventuras doidas pelos bailes da juventude.

Os tempos são outros, mas sempre ao lado de um medíocre, há uma corriola de gente ainda mais medíocre, e apenas os sábios sentem-se seguros entre outros sábios. Não é incomum que o poder chame para si quem seja adestrável, e não quem tenha ideias, e que as saiba executar. Não é incomum que a mediocridade abarrote palácios, e que a sabedoria se esgueire pelas sombras para proteger-se das pedras dos que estejam no poder e não suportariam a ideia de ceder espaço a quem seja melhor.

Quando eu trabalhava com Design, eu viajava pelo Brasil, visitando fábricas e elaborando coleções para atualização de seus mostruários de produtos. Tinha uma regra que me acompanhava sempre: "Qum me coloca na empresa é o CEO, ou Presidente, mas quem me tira de lá é a Tia do cafezinho, se eu pisar na bola". Isso era verdadeiro, pois no setor moveleiro, é sempre o dono da empresa, o comandante maior, que chama para si a atribuição de contratar um profissional, mas faz isso e sai de perto, lá no meio da produção, com todos olhando de canto e com sangue no olho para ver cair o intruso, que chegou para mudar suas rotinas, e criar coisas que eles talvez não sejam capazes de produzir, tornando-os dispensáveis, e então, facilmente enfiam um grampo ao contrário numa máquina, e esta irá emperrar já na primeira peça da nova coleção. Fim! Contrato desfeito, se o profissional não tiver jogo de cintura para administrar a sabotagem, e sair ileso do contrato.

O medo do novo, o medo de não saber administrar o contraditório, faz gerar a tirania, ainda que velada pela hierarquia, e não raro percebe-se uma penumbra viva das luzes que se apagam, porque a necessidade do ganho é maior que a capacidade de ser melhor. É muito comum que haja nas corporações um limite de crescimento, necessário, certamente, mas quando se trata de limites, trabalhamos com os dois lados do pêndulo, onde um que pode mais excede o peso da mão sobre o que pode menos, e assim, castra a iluminação das ideias, que seriam mais que ideias, se administradas em lugar de serem castradas. Isso que é o gestor incapaz de ter ao seu lado mentes brilhantes, porque vê-se ele próprio emasculado diante dos demais, e sua natural reação será a de fazer silenciar o invasor de ideias.

A caneta tem o poder de fazer um Ministro, um Secretário, um Chefe de seção, mas nenhum poder tem sobre uma mente iluminada, a não ser de apagar seu brilho pelo constrangimento, pela coação, pela ameaça, ou ainda pior, pelo cumprimento destas ameaças.

Minha utopia não é viver em um mundo onde os dias sejam ensolarados com uma brisa constante, ou as noites enluaradas, com o frescor dos perfumes do campo, mas um lugar e em um tempo onde a luz seja usada para mostrar o brilho de seu entorno, e a escuridão seja para aquietar corações, apenas aquietar corações. Minha utopia se estende ao poder público, mas também a cada pessoa que tem diante de si outra pessoa que pense diferente e seja capaz de expressar-se sem medo de que a ambição desmedida do outro o faça calar a alma definitivamente.

O belo que precisa de um feio para sentir-se mais belo, não teria coragem de olhar-se no espelho, pois correria o risco de desejar sua própria companhia, ao descobrir-se mais feio do que realmente pensa que é.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Ninguém precisa de heróis. O que todos precisam é SEREM heróis!


Eu não preciso de heróis. Eu preciso é SER herói. Todos os dias. Preciso dar bons exemplos para os meus filhos, todos os três. Meus netos, todos os quatro. Ser generoso com os necessitados, paciente com os chatos, assíduo com meus compromissos, fiel aos meus princípios, e praticar inconscientemente, sem pensar em retorno, em todas as demais virtudes que deveriam ser naturais a todo Ser Humano. Isso é ser herói.
Não tenho heróis, porque heróis matam e heróis morrem. Não quero matar, e não preciso facilitar minha morte. Não preciso cultuar heroísmo nos outros, para não comprometer o meu próprio heroísmo em sobreviver e participar da sobrevivência de outrem. Então, meus heróis não pendem para a direita nem para a esquerda, nem tampouco ficam se esgueirando pelas metades de cada lado. Meus heróis são valores e não pessoas. Então, sendo assim, nem eu mesmo posso ser herói, mas posso aflorar heróis em minha conduta. É assim que penso demonstrar heroísmo aos que isso esperam de mim.

sábado, 1 de setembro de 2018

Apolônio Lacerda - Um entardecer no Bassorão, com Revirado de Cuscuz


Pous pensem naquele dia cinzento, domingo lá pelo meio da tarde, o bolicho fechado, não fazendo frio nem calor, e uma ameaça de chuva se avizinhando. Pense que as reses já estavam guardadas, a lenha empilhada, cavacos picados para acender o fogo, logo mais, ao chegar da noite, e a cachorrada já se enroscava debaixo do rancho, lambendo as sarnas e a pingola, não necessariamente nessa ordem, enquanto os gatos vadios já estavam aninhados sobre um pelego atrás do fogão, que, ainda que apagado, oferecia um confortável aconchego aos peludinhos do rancho.

A patroa viajara pra cidade, e Apolônio Lacerda, nesta tarde, solito, um taura que apreciava uma boa prosa e um mate com rapadura, olhava entediado para o horizonte, recostado na janela fechada por tampão de tábuas acinzentadas pelo tempo, procurando e esperando a sorte de ver alguma alma se achegando para dividir o mate. Em vão, Com o tempo enferruscado do jeito que estava, todas as almas do Cêrro do Bassorão, naquele momento faziam o mesmo. Nenhum indivíduo com são juízo teria disponibilidade para aventurar-se  pelas veredas da serra em véspera de temporal. Não mesmo. Asim, mascando um graveto, Apolônio aproveitava a solitude para espremer uns cravos do saco, côsa que devia ser feita com muita cautela. Mas até cravos tem limite, e logo o tédio avançava, e não teve outro jeito Apolônio, que não o de cuspir na cabela dum galo que passava no terreiro, e depois disso, escrafunchar no bolso em busca de um isqueiro de pederneira que levava sempre consigo.

Com três ou quatro batidas do toco de lima na pedra sílex, um faisquedo alumia o rancho, e logo um fogo bicharedo crepita nas grimpas do velho fogão de chapa. Apolônio alça mão na velha chaleira de ferro, e com uma caneca de porongo, enche a chaleira e leva ao fogo. Mexe no tição e ajeita as labaredas. Vai até à gamela no canto, passa a mão num naco de sabão, e num ato de coragem repentina, lava as mãos e as fuças, passa um pouco de água ensaboada nas melenas, e penteia os poucos cabelos brancos que ainda restam. O velho espelho emoldurado com dourado descascado serve de parceiro para uma prosa corriqueira, e olhando para si próprio, do outro lado do vidro, Apolônio faz uma murisqueta, e sorrindo, ri de si mesmo.

A chaleira chia, e Apolônio busca numa lata velha, a erva para o mate.Um toco de guampa serve de concha para abastecer a cuia com a erva amarga do rancho. Um tanto de água para cevar, um tanto de água para preencher a cuia, e aí entra a bomba de prata carcomida pelo tempo. Um gole, dois goles, e no terceiro gole, a expressão de satisfação. Acabou-se o tédio, acabou-se a solidão. O mate parceiro faz-lhe companhia, e juntos falam da vida.

Lá fora, o minuano geme, e uma saracura canta no banhado, anunciando chuva. O cusco responde erguendo a cabeça, mas logo volta a enroscar-se para escapar ao frio. As galinhas não ousam soltar um pio, mas até poderiam, porque do jeito que o tempo está, nenhuma raposa terá coragem de sair da toca. A fome pode esperar pro dia seguinte.

Apolônio vai até à janela, que está próxima ao fogão, agora quente, tomando seu mate, e olha pro lado de fora, no quintal, onde tem plantados uns pés de couve, umas verdurinhas, e umas ervas. Estica o pescoço virando de um lado a outro, e encontra os tempero que estava buscando. Toma mais dois goles de mate, e vai lá fora buscar os temperos. Volta, cantarolando, e começa a preparar o jantar. Uma frigideira pendurada na parede serve para o intento, e pouco a pouco, os ingredientes são jogados dentro dela.Um naco de charque bem picado,uns temperos, alho, salsinha, cebolinha verde, gordura, ovo, cebola, e o frito está pronto. Mais uns gols de mate, e com uma colher grande, coloca generosas porções de cuscuz que estava pronto, já aquentado, ali do lado, dentro daquela mistura de fritos, e mexe com delicadeza, movendo a colher pra lá e pra cá com maestria. E em pouco tempo, um revirado de cuscuz está pronto para a última refeição do dia. Ali do lado, um velho e amassado bule servirá para o preparo do chá de mate, feito com a mesma erva do chimarrão. Um tanto de tempo breve sobre a chapa  quente para dar uma tostatinha na erva, e a seguir, a velha chaleira preta divide sua água com a cambona, eum ferver espumante e perfumado anuncia o chá de mate que acompanhá a ceia do revirado de cuscuz.

O leite gordo da vaca "Manhosa", já fervido, deixa à mostra uma cobertura de uma camada grossa de nata, num ladinho do fogão, e Apolônio serve um caneco bem grande com aquele leite, pela metade do caneco, completado pelo chá de mate, e umas duas generosas colheres de açúcar amarelo, lá da venda do Barbosa. Um naco de pão guardado debaixo de um pano velho, sobre a mesa, é colocado à frente da frigideira de revirado de cuscuz, acompanhado por uma tigela de marmelada e outro naco de queijo gordo. Está servida a refeição.

Apolônio assenta-se à mesa, e reza um agradecimento pelas goloseimas. Pede proteção para a patroa que está fora, para as reses guardadas, as galinhas, o cusco e até o gato. Pede pela saúde de Carsulina, sua velha amiga, e por fim, lembra de si próprio no finalzinho da reza. A chuva desaba lá fora.O fogo crepita e cantarola no velho fogão. A mesa está servida, e Apolônio come descansado o seu quinhão de quitutes. É um homem rico. Não há de querer mais que isso nesta vida. É tudo que ele precisa para ser feliz. Depois disso, a noite, o catre, e o sono dos justos.


segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Deus vota? O que minha avó diria sobre isso



Vamos partir da premissa que meus leitores creem e tenham fé em Deus, pois não tenho a menor intenção de tentar provar a existência do Criador do Universo. Porém, seja você crente ou ateu, o escopo desta reflexão está mais ligado à ética do que à Teologia. Mas voltemos aos leitores crentes, especialmente aos leitores crentes na intervenção divina nas coisas do dia a dia, na ação dos pequeninos milagres, e sobretudo, na resposta de nossas orações, nos momentos de angústia, de aperto, de busca de soluções divinas, até mesmo naquelas soluções onde a intervenção do Eterno possa ser menos percebida.

Orar é uma necessidade e uma oportunidade que temos de nos conectarmos com o Altíssimo, isso todos os que creem, creem assim. O que parecem outros não saber é como podem ser recebidas e atendidas algumas destas orações, destas petições. O caso aqui é o voto, mas ainda na continuidade do tema anterior, as disputas. Será que Deus vai atender nossas orações em toda e qualquer circunstância? Partindo do entendimento que Deus não É surdo ou insensível às nossas preocupações, quero analisar as circunstâncias onde orar pode tornar-se uma atitude inócua, irreverente, e até mesmo estranha ao entendimento de que O Criador possa parecer injusto.

Quando jovem, fui candidato ao cargo de presidente do grêmio estudantil, e como tal, dediquei-me à campanha, argumentando de sala em sala ou pelos corredores da escola, das razões porque deveriam votar em mim. Minha avó acompanhava meu entusiasmo, e sorria. Apenas sorria,mas não dizia nada. E minha avó foi uma mulher de oração. Orava duas vezes ao dia:antes do sol raiar pela manhã, e ao fim do crepúsculo, à noitinha, sem levar em conta que orava continuamente com louvor e ações de benemerência. Mas sobre dar um empurrãozinho em minha campanha pelo método dos joelhos dobrados, nada. Nenhuma palavra. E mesmo assim, venci a eleição, com larga margem de votos, e ao chegar à casa, eufórico,contei à ela do resultado. Ela deu mais um largo sorriso, de alívio, e disse: "Bem, meu filho, agora eu posso orar por você, para que sejas um bom líder!".

Guardei, por ter entendido imediatamente suas palavras. Minha avó ensinou-me a orar por sabedoria, saúde, dignidade, fé, temperança, alimento, abrigo, proteção, saúde, e principalmente por paz. Mas jamais orou pedindo que O Altíssimo desse um empurrão no goleiro para o lado oposto da rede, e nosso time, o Grêmio ou a Seleção Brasileira, fizesse aquele gol que gostaríamos de ver. Jamais vi ou ouvi minha avó orar pela vitória deste ou daquele candidato, ainda que tivesse alguma simpatia pelos mesmos.Orava sim, mas orava para que houvesse paz e equilíbrio durante a campanha. Orava para que todos os candidatos fossem inspirados e iluminados, para representar seus eleitores, fossem eles eleitos ou não. Minha avó jamais fez promessa para que este ou aquele vencesse isso ou aquilo, até porque ela sempre acreditou que com Deus não se negocia. Com Deus não há artimanhas, e muito menos serve O Eterno como "cabo eleitoral" de quem quer que seja, por mais bem intencionado que seja o candidato.

Assim, de chofre, até parece que sou descrente da intenção de minha avó em buscar proteção e apoio ao candidato que nutria sua simpatia. Não sou, e muito menos era minha avó, Maria Elisa. Sua lógica era sábia, porque ela orava pelo candidato em sua vida espiritual, e que sua eventual vitória ou derrota pudesse servir de crescimento espiritual, enquanto indivíduo, enquanto cidadão. Minha avó não era uma "Maria-vai-com-as-outras" em questões políticas.Não mesmo. Ela tinha opinião e sabia de quem gostava, ou de quem queria manter distância, porém, orava por todos, e deixava que Deus agisse de acordo com Sua vontade (a vontade de Deus), e não pela muito provável condição de erro a que são submetidos os eleitores de muitos, sendo ela própria uma destas eleitoras. Minha avó jamais pediu que Deus desse vitória, nem mesmo ao seu neto querido, no caso eu, mas que a eleição fosse conduzida com sabedoria e justiça.

Maria Elisa, minha velha e sábia avó, acreditava na volta de Jesus para muito breve, e acreditava que ela própria, ainda em vida, participaria deste momento tão solene, porém, em momento algum pediu para estar viva para esperar o acontecimento, mas confiava que O Eterno guardaria seu tesouro até que o momento tão desejado viesse a termo. Minha avó, Maria Elisa, resolveu tirar uma sonequinha aos noventa e cinco anos, e dorme desde então, há mais de uma década, esperando ainda, que Jesus volte. Entendeu sempre, que Deus deu ao Homem determinação, vontade própria, para fazer suas escolhas, e acreditava que o Homem havia sido criado à Sua imagem e semelhança, isto é, com livre arbítrio, assim também Deus Se permite a liberdade para escolher a quem colocar no poder,ou a hora em que O Messias virá, sem estar sujeito à pressões de quem nada entende do desconhecido.

Minha avó me ensinou a entender que orar pela vitória do meu clube, ou de meu candidato, ou ainda por ganhar na loteria, pode tornar-se até mesmo uma blasfêmia, considerando que quando entram em campo, os dois clubes oram com a mesma fé. Quando entram no front, também oram pela vitória, os combatentes dos dois lados. Quando se encontram nas urnas, oram pela vitória os eleitores e os candidatos de todos os lados. A disputa então começa nas igrejas e termina no foguetório nos ouvidos dos cachorros dos vencidos, porque antes, cordeiros e cordatos, imploram pela misericórdia de Deus para seu pleito, mas uma vez vencedores, tripudiam sobre os despojos dos vencidos.

Eu vou continuar orando para que Deus dê serenidade aos eleitores, dignidade aos candidatos, e paz à nação. E penso muito na oportunidade de apresentar minha avó à vocês, no dia da ressurreição. Não posso mais orar por ela, pois seus dias expiraram, e ela já se encontra inscrita em um dos livros do Céu, e de lá não tenho como mudar, mas posso orar para que cada um que me lê e reflete em minhas palavras, tenha a oportunidade de abraçar Maria Elisa, mas isso não depende de mim, senão o pedido contínuo de inspiração divina aos governantes depois de eleitos, e de minha colaboração com as autoridades, uma vez que são elas ali colocadas por Deus. Mesmo que ninguém tenha orado por elas. De minha parte,vou orar para que tenhamos serenidade para discernir o podre do contaminado, e que nosso voto seja capaz de escolher aquele que dará aos nossos filhos e netos a possibilidade de também continuarem votando e orando. Parece pouco, mas é muito para quem crê.

domingo, 12 de agosto de 2018

O Bom ou O Melhor - A Anatomia do Bullying


O Bom e o Melhor - A Anatomia do Bulying

Paulo Cardoso* (Palestrante)

Desde menino, talvez pela minha origem pobre e desprovido de pai, mirradinho, fracote, e sem nenhum tipo de talento comum, de natureza  atlética, ou intelectual, aprendi às duras penas, a suportar fracassos continuados, e deles recolher restos de esperança, somados com pequenos atos de generosidade alheia, e desta amálgama de sobrevivência, a construir meus castelos, onde eu era rei, o rei de mim mesmo, e talvez de um reino onde os súditos não tinham nomes. Uns, apareciam em meus sonhos de menino, com rostos de amigos, a quem, em minha generosidade, os havia transformado em nobres. Outros, os meus inimigos, os malvados da vila, eram para meu reino, os vilões, com quem eu batia espada, e sempre os derrotava. Eram trancafiados nas masmorras, e impiedosamente eram submetidos a humilhações, como carregar meus livros, amarrar meus sapatos, ou dividirem suas saborosas merendas com outros súditos, também humilhados como eu era, nos momentos de lucidez, quando não era rei de lugar algum.

Por não ter conhecido meu pai, e na condição de "homem", ainda que com sete ou oito anos de idade, eu não poderia sobrecarregar minha mãe e minha avó com meus pequenos problemas de menino. Desta forma, eu tinha que transformar-me em pai de mim mesmo, para defender a honra da família, isto é,salvar meu couro das surras que tomava dos malvados que moravam perto de mim.

Aprendi também que para pertencer a algum grupo, e caso não tenha sido você mesmo, o mentor, fundador, autor, e presidente deste grupo, você não é nada, ou menos que nada,  mas ainda assim, você tem uma chance de participar daquele grupo, contanto que seja público e notório que você cumpra todas as regras de ingresso e permanência lá dentro da fraternidade do mal. Mas você é forte, e como uma pessoa vencedora e decidida, regras lá fora não interessam mais para que você possa subir no conceito dos malvados. Pescoços de amigos, familiares, e quem quer que seja que cruze seu caminho, tornam-se escadas, degraus, tapetes e alcatifas. Agora você tem a oportunidade de não só entrar no novo grupo, como também vê a chance de crescer ali dentro, de ser importante, de ser chamado pelo nome, e um dia, quem sabe, ser você mesmo o supremos comandante daquele grupo. Você vê a oportunidade de sobrepujar seus medos e seus adversários, e passar da condição de dominado a dominador, porque você está decidido a tornar-se o melhor, o mais ágil, o mais inteligente, o campeão. É aqui que pega a coisa então. Tornar-se campeão.

Somos doutrinados, desde muito pequenos, a conquistarmos nossos prazeres através de disputas. Precisamos, diante da sociedade, da família, dos amigos, e principalmente dos desafetos, provar nossa superioridade, em tudo. Todos os caminhos que nos esperam, não nos querem como segundos colocados. Querem sempre o primeiro, o maior, o melhor, o mais forte, o mais hábil, o mais belo, e até mesmo o mais calado. Mas sempre será o mais. Sempre seremos aquele "mais" desejado, porque também nós temos em nosso íntimo particular que ser o maior, o melhor, é algo natural. Foi neste modelo que o Naturalista Fritz Kahn, seguido por Darwin, decidiu demonstrar que na Natureza, o mais forte é o que vai sobreviver, e assim Darwin desconstruiu o modelo criacionista,onde todos tem o mesmo privilégio, para estabelecer neste lugar, aquele que seja capaz de pisar melhor, de esmagar com mais força, de chegar na frente, e de demonstrar que compaixão e piedade, humildade, serenidade, são apenas demonstrações de fraqueza dos incapazes.

Meus filhos jamais receberam de mim qualquer motivação para disputas inúteis. Jamais motivei qualquer um deles a tornar-se desportista, atleta, ou perseguir títulos que enaltecem apenas o ego, e ainda que a prática de esportes seja saudável para a mente, para a cooperação, para a saúde, e para o companheirismo, sou levado a pensar que ações solidárias em reconstruir uma casa derrubada pela chuva em áreas desfavorecidas, ou transportar alimentos para um asilo, brinquedos para um orfanato, abrigos para os moradores de rua, sejam oportunidades ímpares de aproximação de pessoas com interesses comuns. Sempre entendi que subir o morro para levar comida às viúvas e os desamparados, seja um exercício tão eficaz ou até melhor, do que passar noventa minutos correndo atrás de uma bola, embora eu saiba que o prazer não será o mesmo, tenho que admitir. Subir o morro é muito melhor.

Vejo com tristeza que nem mesmo as igrejas escapam desta tragédia humana chamada "disputa". Não escapam os seus pastores ou seus missionários, da perspectiva de "levarem mais almas à Jesus", conquistarem mais adeptos para suas igrejas, alcançarem mais ofertas para as obras sociais, ou buscarem o patamar mais alto na escala de humildade. Quanto paradoxo!Vejo com decepção pela oportunidade que perdem na formação do bom caráter nos pequeninos, os professores que promovem jogos, ainda que educativos; com os educadores que promovem disputas e oferecem premiações e pontos, favores, benefícios, àqueles que tirarem as melhores notas, aos que se destacarem nas tarefas, ainda que muitos se esforcem, mas não logram êxito, uma vez que cada pessoa tem percepção e capacidade cognitiva diferente. Uns são hábeis em aritmética, enquanto outros desempenham satisfatoriamente as artes. Vejo assim, com preocupação, a transformação das pessoas em "boas" nisso, "boas" naquilo, enquanto que todos querem apenas aprender, entender, e depois fazer aquilo que foram contratadas por seu conhecimento.

Ser bom, é desejável. Ser ainda melhor, é alcançável por todos, mas ser "o bom", ou "o melhor", é uma façanha que exige mais que esforço, e em muitos casos, dobra e quebra em pedaços a própria ética durante a formação do caráter. Esta é a anatomia do Bulying: Ultrapassar o outro, mesmo que dentro das regras. Eu passo essa. Não preciso ser o melhor, nem melhor que ninguém. Preciso apenas ser melhor do que eu mesmo fui ontem, e amanhã, do que sou hoje. O que passar disso, não vem de Deus.

quarta-feira, 21 de março de 2018

Entre nós e o mar



Eu moro num lugar privilegiado,aliás sempre morei, e até mesmo nasci num lugar assim, pois só o fato de ter nascido na Serra do Pinhão, na costa do Rio das Antas, e sair de lá vivo, já foi um privilégio imensurável. Pois é assim que é.  Não suficiente em morar em um lugar com tantas belezas, O Altíssimo estendeu sobre mim a generosa possibilidade de instalar minha pequenina e quase insignificante empresa, o meu empório, no alto de um edifício, no sétimo andar, que tem uma vista privilegiada e reflexiva. Privilegiada, porque tenho um raio de visão de cento e oitenta graus de uma parte central de Florianópolis,tendo em minha tevê de mil polegadas uma vista impressionante deste panorama. Daqui vejo, ao mesmo tempo, além do cemitério, o maior mangue urbano do mundo, o moro das tevês, o bairro da Agronômica e por fim, o mar.

Embora a foto de capa desta reflexão mostre a imagem, quero descrever um pouco daquilo que a imagem mostra dentro do que não mostra, mas faz-me pensar: a vida, a morte e as recompensas. A partir de minha janela,em primeiro plano, avisto o maior cemitério de Santa Catarina, o cemitério do Itacorubi, que parece uma cidade planejada vista do alto, e nas entrelinhas,  não deixa de ser, pois nos cemitérios, especialmente aqueles históricos, mais antigos e imponentes, é  possível reconstruir-se todas as etapas da história da arquitetura e dos costumes religiosos de um povo. Cada lápide conta uma vida,  e em cada rosto na porcelana pequenina fixada sobre a tumba, há  um olhar que busca o infinito, a eternidade, uma resposta silenciosa. 

O cenário a seguir é a recompensa pelo preço de examinar a morte antes de aportar à vida,as montanhas, a cidade, e o mar. Isso faz-me lembrar Jerusalém, onde, olhando em direção ao Monte das Oliveiras, há dois cemitérios: Um cemitério árabe, junto dos muros da cidade, escorrendo pelo vale do Cédron, assim descrito pela Wikipedia:

"O Vale do Cédron (em hebraico: נחל קדרון, em árabe: وادي الجز, "escuro") é um vale próximo de Jerusalém, descrito pela Bíblia como tendo grande significado. Também é chamado de Vale da Torrente do Cédron, devido a um fluxo continuo de correntes de águas por ocasião de enchente repentina nos meses de inverno chuvosos. Atualmente o nome dado à sua parte inferior, Uádi en-Nar ou Wadi al-Joz ("uádide fogo"), indica que é quente e seco na maior parte do tempo.

O Vale do Cédron se estende ao longo do muro oriental de Jerusalém, separando o Monte de Templo do Monte das Oliveiras. Continua ao leste pelo Deserto da Judeia, em direção ao Mar Morto. O assentamento israelense de Kedar está situado num cume sobre o vale. O bairro de Wadi al-Joz recebe o nome de árabe do vale.
O Vale é o local de muitos túmulos judaicos, inclusive o Pilar de Absalão, a tumba de Bene Hezir, e o Túmulo de Zacarias. Certa vez, a água da Fonte de Giom fluiu pelo vale, mas foi desviada pelo Túnel de Ezequias para prover água a Jerusalém. Atualmente permanece sem água mesmo no inverno."

Por que escolhi estas duas imagens para esse ensaio? Porque há um modelo de pensamento a ser construído dentro desta geografia, aparentemente sinistra, lembrando que se do lado da cidade, escorre, como disse, o cemitério árabe, descendo até o vale, já espelhado, subindo pelo Monte das Oliveiras, há outro grande cemitério, este do povo judeu. Então, se estivermos do lado do Monte das Oliveiras, olhando em direção à Cidade Santa,  assim como aqui, estando de minha janela, a olhar para as montanhas, a cidade e o mar, antes tenho que ver as pedras lapidadas e polidas daqueles que se encontram no meio do caminho. Esta visão faz-me lembrar que para chegar ao êxito, antes devo lembrar que no meio do caminho sempre existe a possibilidade do fracasso, uma vez que a morte foi o grande fracasso do Homem desde a sua criação. Percebo que para chegar a Jerusalém, que é o símbolo da promessa de vida, o caminho da morte está à minha espera, e devo atravessá-lo,mas como fazê-lo, sem perder-me no emaranhado sinistro que me separa do meu objetivo? 

A resposta é unica para todos os casos: Andando pelo caminho que corta a morte ao meio e encurta a distância à vida.  Compreendendo as palavras do Messias, que, olhando para Jerusalém disse que era O caminho, a Verdade e A Vida. Da morte para a vida há um único caminho chamado verdade, ao passo que da vida para o vazio há um largo campo chamado morte. Ainda assim, não há problema algum em contemplar este campo, na certeza que ele é apenas um obstáculo, mas que há um mar, uma montanha, uma cidade e uma Jerusalém para nos receber depois da jornada.
Shalom

terça-feira, 6 de março de 2018

A Gramado que pensa e pedala (e uma frase do Apolônio Lacerda no meio)


Retrato do Apolônio Lacerda, que foi citado no texto. Só por isso*

Eu precisava de um título que me permitisse juntar em um único comentário dois fatos entre ambientes opostos em Gramado: A Ciclovia e os novos Progressistas. São dois fatos que não chamam à atenção por particularidades que motivem debates pelos cafés da cidade, que são as tribunas democráticas onde se debatem de tudo e por todos, de futebol, à politica, de mulher bonita e homem com certos atributos, a fatos engraçados da semana. Só não se discute religião, nem se pede dinheiro emprestado, exceto pra pagar a conta do dia. Mas ainda assim são estes lugares onde se influenciam pessoas e se mudam votos. É assim que a democracia funciona em muitos lugares durante muito tempo. É assim que também meus singelos escritos são debatidos e se proliferam de boca em boca, de casa em casa de Gramado. E o melhor de tudo, é que, para minha honra e falta de modéstia, tem obtido o respeito de muitos. Até mesmo daqueles a quem eu critico. Claro que se de um lado, uns acreditam que eu seja propriedade deste ou daquele partido, e o outro acha que eu seja instável, volúvel, vira-casaca e que mudo de opinião, sim, de todos os adjetivos, o último pode embrulhar pra viagem, que eu levo junto, pois sim, mudo de opinião, isto é, mudo o rumo de minhas observações se aquilo que eu critico também tiver mudado antes, ou se eu for convencido de que esteja errado. Mudo eu e mudam todos, e assim é que deve ser, pois a imutabilidade é algo que pertence apenas à D-s e ninguém mais, mesmo porque, no hebraico, a palavra "Bará",não é "criou", no pretérito,como se traduz ingenuamente, mas "Criar", uma ação contínua, e como disse mais tarde Lavoisier, nada se cria, tudo se copia, então esse copiar nada mais é que a ação criativa das mudanças. Portanto, tudo muda, e ainda parafraseando Platão, "tudo flui", ou nas palavras de Apolônio Lacerda, filósofo de alcova, "tudo flói". Sendo assim, e para assunto de mais alguns dias, resta-me falar de dois fatos muito relevantes em curso em Gramado nestes dias. A Ciclovia, de Fedoca, e o novo caminho dos Progressistas, de Bruno Coletto.

Vamos à Ciclovia. Começo lembrando que Joinville, a maior cidade de Santa Catarina, tem muitas particularidades, e uma delas, aqui relevante, é que foi a primeira cidade do Brasil a adotar as ciclovias como política de mobilidade urbana, e em determinado tempo, quando nem se falava nisso, teve a maior quantidade de ciclistas indo e vindo por este modo de condução, a bicicleta. O tempo andou e o ciclismo tornou-se indispensável no planejamento de cidades humanizadas. Gramado não fugiu à regra, e é de estranhar que entre tantos quilômetros de asfalto em sua Gestão, Nestor não tenha dedicado um único metro aos ciclistas, e antes dele Pedro, e antes dele Nelson, e antes Pedro, e antes Nelson, porque já neste tempo, o movimento das ciclovias crescia em cidades mais modernas do país. Então Fedoca, apoiado por militantes de movimentos ligados às questões de sustentabilidade, e leia-se também amantes de bicicletas ( a quem tanto insistem em chamar de "bikes"), que de pedalada em pedalada, curvaram a dorsal do Prefeito, e finalmente, a Ciclovia aconteceu. Investimento de baixo custo e alto valor, começou a juntar os gramadenses pelas pernas, sem os vidros e em duas rodas.

Evidente que uma ciclovia em Gramado é um investimento baixo, com peso político relevante,  mas aqui vem a parte chata da coisa: o clima e a topografia! O primeiro não favorece a mobilidade em duas rodas, especialmente em dias de chuvisqueiro atravessado, frio de congelar as costelas, e serração de não deixar ver um palmo adiante do nariz, ainda com o agravante do supra mencionado tema da topografia, em que aquilo que torna Gramado um encanto com jeito suíço, ao mesmo tempo em que a neve não é suficiente para a prática do esqui, tem a chuva fina e traiçoeira que deixa qualquer pista lisa e escorregadia como bagre ensaboado, além da dificuldade dos altos e baixos das ruas, que exige do ciclista (tá, do "biker") um esforço sobrenatural.

Por que eu digo isso sobre a ciclovia? Apenas para justificar se alguém me convidar a pedalar, e conforme disse ao meu querido amigo Fedoca, não posso pedalar por proibição de minha artrose, da distância que estou desta ciclovia (ainda que na frente de meu condomínio passe uma ciclovia que liga vários bairros com o centro), e pela principal e mãe de todas as razões:sou vadio e véio! Mas que prosperem as ciclovias em Gramado. Não eram trezentos, nem estamos em Esparta, mas foram quatrocentos notáveis entusiastas que lotaram a ciclovia de Fedoca em sua primeira convocação. É pouco, mas é muito diante que que seus antecessores já haviam feito. Então, se seu projeto de atualizar ( tá, fazer um "update") do comportamento urbano de Gramado tem que começar por uma ciclovia, que seja. A escada de Jacó não era uma rampa. Subia-se e descia-se degrau por degrau.O primeiro deste projeto já se materializou: a ciclovia!

Mas não paro por aqui, pois tem mais. Tem o novo direcionamento dos Progressistas, aquele  onde os coronéis são trocados pelos debatedores. O Progressistas que elimina discursos inflamados e acentua o debate de ideias, mês a mês, semana a semana. Este o Progressistas com estilo de um Mestre em Direito Internacional e não de  tonitroantes oradores sobre caixotes de batata, embora as batatas continuem fazendo parte desta base de debates, seus caixotes servirão para o fim que foram fabricados: carregar batatas e não servirem de palanque para emocionar multidões. Bruno e sua equipe,  pouco a pouco começam a desenhar um movimento que propõe debater Gramado, e não apenas criticar o governo, o que certamente vai acontecer e deve acontecer, e precisa acontecer, pois se não se mostrar como oposição, não terá como alcançar novamente a posição de situação se e quando voltar ao poder. Parece que por fim alguns raios de sol entre as nuvens dissipadas pelo vento das mudanças começam a despontar uma aurora floreada de ideias, que evidentemente haverão de surgir nestes debates, como no saudável hábito de pedalar pelas ciclovias, além de caminhar pelas calçadas, o que já se faz desde a segunda gestão de Dinnebier, onde, se não me falha a memória, tinha Fedoca ao seu lado. Confesso que gosto mais desse tipo de notícias para comentar, ainda que deem menos resultado estatístico no meu blog, mas como estabeleci como missão pessoal, levar meus queridos leitores e minhas perfumadas leitoras, a provocarem o debate pelas ideias e não pela rivalidade, e com isso pacificar Gramado politicamente, mais uma vez a modéstia me impede de puxar a brasinha pro meu assadinho na proposta de levá-los a crer que pensar não é um defeito dos loucos, mas um atributo dos livres.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Bandido não entra - Lei da Ficha Limpa de Gramado é aprovada por unanimidade




Pensei num negócio para investir, que possa dar dinheiro, e uma das ideias que tive, foi a de vender papel para imprimir Leis, tantas são as que temos que cumprir, e nem sabíamos que existiam. Na grande maioria são excelentes e de fato promovem a justiça e a equidade entre os cidadãos de bem, fortalecendo com barreiras do Poder Público contra as demandas injustas que nos acometem todo o tempo. Agora então Gramado tem aprovada também sua Lei contra a Corrupção,pelo menos nos cargos públicos Comissionados.Muito justo sim. Lamentável apenas que para que haja seriedade no trato da coisa pública, sejam necessárias tantas leis, quando o lógico seria aplicar as duas leis sugeridas por Rui Barbosa, o "Águia de Haia", eminente jurista e um baiano debochado de marca maior, que deu esta contribuição para uma Constituição ideal:
" ARTIGO  PRIMEIRO - Todos deveriam ter vergonha na cara.
ARTIGO SEGUNDO - Revoguem-se todas as disposições em contrário".


Registre-se Publique-se Arquive-se, Lasque-se!

Pelo sim pelo não, abaixo segue na íntegra a Lei mais desnecessária que já foi criada, caso tivessem todos os envolvidos, hoje e no futuro, vergonha na cara.




Aprovado projeto de Ficha Limpa para CCs e FGs


Foi aprovado, por unanimidade, na noite de ontem (26), o projeto de autoria do vereador Dr. Ubiratã (Progressistas) que institui a ficha limpa municipal na nomeação de servidores a cargos comissionados ou designação de funções gratificadas no âmbito da administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo e do Poder Legislativo, e dá outras providências.
A proposta foi embasada na Lei de Ficha Limpa para cargos eletivos, Prefeito, Vice-prefeito, Vereador, Deputados, Senadores, Presidente e Vice-presidente, que visava a partir das eleições municipais de 2012, que candidatos julgados e condenados na justiça não pudessem concorrer a cargos eletivos.
O intuito é coibir a nomeação de pessoas que não possuem ‘ficha limpa’ para ocupar cargos públicos em nosso Município, entre outras providências, buscando garantir o princípio da moralidade na administração pública. A diferença da Lei Federal para a Lei Municipal é que a garantia pudesse ser estendida também para nomeações do Poder Executivo e do Poder Legislativo, livrando a Administração Municipal dos julgados e condenados pela justiça que tenham cometido crimes contra o erário, crimes eleitorais, crimes ambientais, abuso de autoridade, lavagem de dinheiro, crimes análogos à escravidão, crimes contra a vida e a dignidade sexual, demitidos do serviço público, entre outras tipificações.
“A lei da Ficha Limpa revelou-se como exemplo do exercício da cidadania, na medida em que demonstrou a insatisfação do povo com a permanência de pessoas com condenações judiciais na gestão de cargos públicos. Dessa forma, entendo como legítima a utilização dos mesmos critérios em âmbito municipal para evitar o acesso dos chamados ‘fichas sujas’ aos cargos de provimento em comissão e funções gratificadas.”, explicou Dr. Ubiratã.
Enquadram-se nas vedações os seguintes casos:
- Os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiada em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, desde a decisão até o transcurso do prazo de 8 anos:
- Os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiada desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 anos após o cumprimento da pena, pelos crimes:
a)            contra a economia popular, a fé pública, a Administração Pública e o patrimônio público;
b)           contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência;
c)            contra o meio ambiente e a saúde pública;
d)           eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade;
e)           de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função pública;
f)            de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
g)            de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos:
h)           de redução à condição análoga a de escravo;
i)             contra a vida e a dignidade sexual;
j)             praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando.
- Os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 anos;
- Os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição, desde a decisão até o transcurso do prazo de 8 anos;
- Os detentores de cargo na Administração Pública Direta ou indireta que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a decisão até o transcurso do prazo de 8 anos;
- Os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma, desde a decisão até o transcurso do prazo de 8 anos;
- Os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiada por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 anos após o cumprimento da pena;
- Os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional competente, em decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário;
- Os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário.
- Aquele que for sócio de empresa que mantenha contrato de forma direta com o Município de Gramado, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes;
- Aquele que for sócio proprietário de empresa que tenha alguma restrição oriunda de fraude em Licitação;
O Prefeito Municipal e o Presidente da Câmara de Vereadores, dentro do prazo de noventa dias contados da publicação desta Lei, promoveram a exoneração dos atuais ocupantes de cargos de provimento em comissão, enquadrados nas vedações previstas nesta Lei.

Secretaria da Saúde de Gramado coloca MDB em destaque no Governo de Fedoca



Sou o mais duro entre os críticos da administração do meu querido amigo Fedoca, desde que comecei este blog, e venho analisando minuciosamente cada um de seus passos políticos desde o primeiro dia de governo. Não tenho modéstia alguma em dizer que esta dureza de minhas muitas críticas, angariou simpatia dos leitores que tem uma visão oposicionista desta administração, e consequentemente também, certa frustração dos personagens, cujas ações eu tenho desenvolvido reflexões. Porém, se a dureza de minhas palavras leva a oposição a rejubilar-se, com o mesmo vigor tenho observado que as ações de reparo de algumas destas críticas também ingressam como resposta direta ou indireta ao que tenho apontado, e as coisas voltam à normalidade. Não sou modesto em dizer que sou um "Ombudsman" (pessoa encarregada de apontar os deslizes da corporação manifesta pelos clientes, para informação de correção e ajustes de conduta da empresa) voluntário, porque não sou pago por ninguém para trazer a lume tais eventualidades. Mas tem dado certo, e parece-me ver ocorrendo uma reversão de simpatias em direção ao meu trabalho, advinda da própria Administração, e particularmente do Prefeito Fedoca, que tem se mostrado sensível de um modo positivo às críticas, e buscado demonstrar respeito aos seus críticos, levantando as questões com o apuro necessário e em tempo aceitável, e é este respeito que também abala qualquer tipo de manifestação gratuita que possam ter estes críticos, eu entre eles, e o respeito à verdade e ao justo reparo ao público destes ajustes deve ser o comportamento de quem propõe seriedade no que escreve. 

Recebi com alegria um breve relatório, em tópicos, de meu querido amigo João Teixeira, Secretário de Saúde de Gramado, certamente a pasta mais sensível que o município tem, e demonstra o Secretário, com humildade, aquilo que buscou desempenhar, diante dos desafios que encontrou. Conversamos demoradamente ontem sobre o assunto, e solicitei ao Secretário que me enviasse um relatório sucinto que mostrasse à população o que tem feito esta Secretaria, quais os seus desafios, e também as dificuldades encontradas durante o primeiro ano de trabalho como titular. Cresce com isso João, que na negativa dee continuidade de Evandro Moschem na política depois d 2010, torna-se um dos nomes fortes do MDB à sucessão de Evandro, seja em composição com Fedoca novamente, seja em aliança com os Progressistas, ou ainda com o PSDB de Drumm. Seja o que for, o nome de João Teixeira começa a sair do anonimato e se encaminha para o fortalecimento do partido, mas nesse momento, da Administração de Fedoca e Evandro.  Eis o relatório.

SECRETARIA DA SAÚDE – PRESTAÇÃO DE CONTAS

- INVESTIMENTOS: ANO DE 2017 (6o BIMESTRE) INVESTIDO R$34
MILHÕES (25,70%) EM DESPESAS COM RECURSOS PRÓPRIOS EM AÇÕES
E SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE DE UM MÍNIMO CONSTITUCIONAL
DE 15%;
- REATIVAÇÃO PROGRAMA PIM – PRIMEIRA INFÂNCIA MELHOR, C/5
VISITADORAS E 1 COORDENADORA EM ATENDIMENTO DAS FAMÍLIAS
EM VULNERABILIDADE NO MUNICÍPIO. HOJE 45 FAMÍLIAS EM ATENDIMENTO:
31 NO BAIRRO ALTOS DA VIAÇÃO E 14 NO CANTÃO E PRAÇA DA MISS (AMBOS NA
VÁRZEA GRANDE). Este projeto atende a famílias que tem crianças de 0 a 5 anos;
- REMÉDIOS/FARMÁCIAS: 6,1 MILHÕES DE UNIDADES DISPENSADAS DE
MEDICAMENTOS EM 96.000 ATENDIMENTOS (FARMÁCIAS DO CENTRO E
VÁRZEA); Remédios que são de competência da rede básica municipal 100% atendidos; o que tem
gerado falta e reclamações são os de competência do Estado;
- TRANSPORTE: COMPRA DE UMA GM SPIN E VAN RENAULT MASTER
COM INVESTIMENTOS DE R$210.000,00 E TRANSPORTADOS MÉDIA 1.000
PESSOAS/MÊS P/ EXAMES, INTERNAÇÕES E HEMODIÁLISE (TAQUARA,
PORTO ALEGRE, CAXIAS DO SUL E ERECHIM); Fora investido em
manutenção nos 18 veículos da Saúde em 2017 o valor de R$200.000,00 em mão de
obra, peças e seguros para dar segurança e conforto aos pacientes e familiares. E
para 2018 temos a previsão de comprar um micro ônibus e uma Van para
substituição de 2 veículos que atualmente possuem 650.000km e 350.000km
respectivamente.
- CAUSA ANIMAL: 979 ANIMAIS CASTRADOS; 1080 MICROCHIPADOS E
140 DOADOS; 526 ATENDIMENTOS À ANIMAIS ATRAVÉS DO FALA
CIDADÃO – INVESTIMENTO EM 1 MILHÃO DE REAIS; 266 CÃES E 27
GATOS; Trabalhar constantemente nas escolas e na comunidade em geral,
campanhas de adoção, de posse responsável, incentivar a prática do “cão
comunitário” entre outras ações;
- REFORMA POSTO DA VÁRZEA GRANDE E VILA OLÍMPICA PARA
RECEBER MAIS 3 ESTRATÉGIAS DE SAÚDE DA FAMÍLIA, BEM COMO
UBS’S DO PÓRTICO II E JARDIM, COM PREVISÃO PARA 02/2018; Estamos
no estágio de regularizar a contratação dos Agentes Comunitários de Saúde
(infelizmente a administração anterior “sumiu” com os registros no sistema e em
papel quanto ao Curso de Capacitação dos agentes, realizado em 2016, havendo a
necessidade de refaze-lo, gerando retrabalho e insatisfação nos concursados e
demora na oferta deste importante trabalho/serviço, que é o de oferecer as visitas dos

agentes, de médico e enfermeiros, trabalhando de forma preventiva o combate a
doença, ou seja, trabalhar a atenção básica;
- APROVAÇÃO DE PROJETO NOVO CENTRO DE SAÚDE NA VÁRZEA COM
PREVISÃO DE INÍCIO DA OBRA 1o SEMESTRE 2018 (PREVISÃO DE
CUSTOS EM TORNO DE R$4 MILHÕES); *1,5 MILHÃO EM ORÇAMENTO
2018; Processo em fase de licitação de mão de obra;
- REATIVAÇÃO PROJETO HORTO MUNICIPAL FITOTERÁPICO EM FASE
DE PREPARAÇÃO DO SOLO E INÍCIO DE CULTIVO PARA METADE DE
2018; Trabalho em parceria com a Secretaria de Agricultura, onde até Junho/18 estará sendo plantado
primeiras mudas de chás, para depois serem levados a uma secadora e distribuidos na forma de cachês nas
unidades básicas de saúde;
- REPASSE DE 2,3 MILHÕES À CREDENCIADOS ( ESPECIALIDADES,
EXAMES DE IMAGEM E LABORATORIAIS);
- 549 CIRURGIAS ELETIVAS; MAIS DE 17,1 MILHÕES AO HOSPITAL POR
MEIO DE REPASSE E EMPRÉSTIMOS (UNIÃO, ESTADO E MUNICÍPIO) – 5,4
MILHÕES A MAIS QUE 2016;
- CONSTRUÇÃO ACADEMIA DO SUS JUNTO AO CENTRO DE
SAÚDE(POSTÃO) COM RECURSO EMPENHADO DE R$231.000,00
(R$80.000,00 DE EMENDA E R$151.000,00 DE RECURSO LIVRE); PREVISÃO
INÍCIO 1o SEMESTRE 2018;

Obs.: O material acima é uma parte do que fora trabalhado e ofertado à comunidade
gramadense e também a que nos visita através de atendimentos no HASM. Muito
tem se feito e assim mesmo existe a sensação que poderíamos ter feito “ainda mais”.
Mas quero registrar minha preocupação com a política do “assistencialismo” que
fora criado em nossa ilha chamada Gramado, que soube muito bem aproveitar a
época em que o governo federal ofertava, ou melhor, jogava para cima muito
dinheiro/recurso a quem tinha bons projetos, captando e investindo em nossa cidade.
A administração anterior soube muito bem tirar proveito disso e agora com a atual
crise política econômica, onde as dificuldades são para todas as prefeituras, onde
vamos a Brasília passar o chapéu e voltamos com migalhas, aumenta e muito nossa
responsabilidade em bem gerir com os recursos públicos e investir naquilo que mais
necessitamos, porém com limites, sob pena de fracassarmos e não podermos
oferecer nem o básico a nossa comunidade.
Fico a disposição para esclarecimentos!
João Teixeira
Secretário Municipal da Saúde

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Gramado chegou no seu limite? Qual é o limite de Gramado?




É um desafio de proporções imensuráveis, ousar tratar de uma questão que diz respeito à linha que separa a análise crítica, do saudosismo, que é próprio de quem se aproxima do primeiro centenário de vida (está certo, faltam ainda quarenta anos, mas o que são quarenta singelos anos para que já tem sessenta?), e não intenta ser maçante, ainda que insistente na causa. E qual é a causa? Aqui é o ponto de conexão, o quiasma de meus escritos: A causa é ter uma causa. Serei mais claro. Ter uma causa é saber onde se quer chegar. Saber o que desejamos e ter claro o caminho que nos levará à nossa causa, o ponto de chegada de nossas intenções.
 Há que se pensar no entanto, que muitas vezes a causa não é uma chegada, mas um caminho apenas, uma jornada. O colher das flores e o aspirar as fragrâncias que o vento nos oferece pelo andejar. Certo. Vou filosofar menos e direcionar mais respostas do que perguntas, embora eu prefiro as perguntas, porque uma boa pergunta me isenta de estar certo. Ou não, porque também devo portar-me de modo a fazer as perguntas certas, e aqui, acreditem em mim, porque a pergunta certa não oferecerá, de minha parte, nenhuma resposta. Então vou caprichar na pergunta, posto que sei que repeti-las-ão de esquina em esquina, porque são perguntas existenciais de um ambiente, ao qual dirigir-me-ei como se uma civilização o fosse. Falta muito, bem o sei, mas façamos de conta que estejamos no primeiro degrau de que tal aconteça:Uma civilização!  Claro, necessitaríamos de mais pensadores, mais sonhadores, mais menestréis, mais artistas (aí a coisa pega, porque os pobres artistas servem apenas de ratos moribundos na boca e na disputa de dois gatos), mais filósofos, mais arquitetos engenhosos e criativos, enfim, é preciso mais do que cada um destes especialistas, que conhecem seus oficios, mas para que deem fluência a uma civilização, hão de ser mais e mais inventivos, criativos, ou até mesmo cruéis, se lembrarmos que há relato de civilizações mais conhecidas pela crueldade do que pela genialidade. Mas não enveredemos por este viés. É perigoso demais. Permaneçamos na colina e deixemos os penhascos aos ousados. Eis o que penso então.

O que define um limite? Quem define um limite? O que é um limite?  A estas ouso responder, ainda que não passe de opinião pessoal, mas como meu trabalho neste blog é opinar, pronto! Eu opino. E o que define um limite é a definição da trajetória, da meta, da força de impacto, e da força de tensão do lançamento em direção à meta, a determinação, e o conjunto de fatores que se encontram, e o cumprimento de seu objetivo. Muitas vezes, mesmo para chegar a tais objetivos, ainda que desconhecidos, há limites no esforço empreendido, caso contrário, promoveriam o esgotamento por antecipação de quem empreenda tal jornada. Penso então que Gramado, se encontra em uma fase onde este esgotamento começa a ser visível, palpável, notado, e delicado.

O que é o limite do esgotamento de uma cidade que cresce, senão as dores deste crescimento, e os conflitos gerados pela falta de planejamento desta trajetória? Sendo assim, Gramado, conforme já tenho comentado em outras oportunidades, tem crescido à sorte de seu sucesso, isto é, as coisas acontecem intuitivas e fortuitas, onde a sorte deixa de ser uma variável, e passa a ser uma constante. Uma constante tanto no repetir dos fatos, quanto por constar no planejamento deste crescimento. A sorte de uma cidade que não tem entre as preocupações os dramas que possuem centenas ou milhares de pequenas e grandes municípios brasileiros diante das crises que se amontoam  , é justamente ter na própria sorte a ventura de tê-la em sua contabilidade e arranjo de crescimento. Assim, quando a sorte se torna uma determinante do sucesso, anestesia as dores da movimentação e reduzem a sensação de fadiga que cada corpo apresenta no senso de proteção de seus componentes. Assim, Gramado disfarça sua fadiga de crescimento pelo sucesso atrás de sucesso de seus empreendimentos. Mesmo assim, Gramado vem alcançando limites, e estes limites são o resultado de antigos sonhos de seus governantes, de seu povo, de seus visitantes. São limites onde o alerta vermelho da dor é sufocado pelas endorfinas do sucesso, e que somente serão percebidos no momento em que não houver mais o ruidoso cantarolar das fanfarras, lá pela calada da madrugada, aquele momento em que o corpo não consegue mais repousar, e os pensamentos se mesclam com a insegurança e o medo de que tal sorte se sublime no dia que logo vai amanhecer.

Gramado é entretecida por fios, como cabos de aço de uma ponte pênsil que se rompem silenciosamente aqui e ali, e ao termo de tempos maior é o número de fios que se romperam do que daqueles que ainda se encontram intactos, mas que não  podem suportar sozinhos o peso que os leva à exaustão por antecipação. 

Gramado se encontra no momento em que não apenas o Poder Público, senão cada cidadão precisa fazer uma auto-avaliação de suas condições, um checape do funcionamento de seu corpo ideológico, e descobrir em que momento de seu limite está vivendo, se nos primeiros fios já rompidos, ou no último que ainda sustenta seu desejo de crescimento. E ao descobrir-se mais frágil do que imaginava, ao descobrir-se com menos potência do que registram suas informações de uso, é saudável que pense e repense seus caminhos, seus sonhos, seus objetivos. É mister que questione-se sobre sua trajetória passada, para que não esbarre em muralhas nos passos que virão. Urge que Gramado faça esta avaliação de sua própria história, que avalie seu momento presente, que ponha em uma planilha e em um gráfico suas conquistas, mas também o preço que foi pago por elas, e que verifique a linha evolutiva deste gráfico para descobrir e comparar com a linha vermelha dos custos necessários para que esta linha siga sua trajetória desejável. Assim, comparando o andamento e o cruzamento entre tais linhas, avalie-se se o caminho por onde seguem, mesmo que ao sabor da sorte, seja realmente o caminho que foi desejado lá atrás, onde haviam mais sonhos e menos fadiga para realizá-los.

Minha "quase esposa" do Tadjiquistão

Pois parece um pesadelo doido, mas o fato deu-se como verdadeiro. Eis o causo: No cotidiano da faina, lá pelos idos de 2012, recebo pelo mes...