AD SENSE

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Pra não dizer que não lembrei dos loucos





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Erasmo de Roterdã, escreveu, em homenagem ao amigo Thomas Morus (autor de "Utopia"), um livrinho com apenas 78 páginas, contando com o prefácio, onde faz uma bem humorada e inteligente crítica à Igreja católica, mas de forma tão bem feita, que até o Papa Leão X achou a obra divertida. Esta mesma obra foi um dos gatilhos para o surgimento do Protestantismo.

O livro começa com um aspecto satírico para depois tomar um aspecto mais sombrio, em uma série de orações, já que a loucura aprecia a auto-depreciação, e passa então a uma apreciação satírica dos abusos supersticiosos da doutrina católica e das práticas corruptas da Igreja Católica Romana. O ensaio termina com um testamento claro e por vezes emocionante dos ideais cristãos.

Então, o que parece ser uma elegia satírica, torna-se um preâmbulo para o próximo capítulo do pensamento ocidental. Mas o tema central é a Loucura, uma personagem, que trago para minhas reflexões, e direciono como um obelisco imaterial, que mostra o fálico torpor do louco que habita pelas vielas de todo lugar por onde passamos. Atrás de casa esquina, à sombra de cada poste á noite, um ser quase irreal contorce-se com angustiante certeza, anunciando, ora o fim do mundo, ora a existência de um corrupto no seu sanduíche, e ao final de tudo, dá uma sonora gargalhada e cospe do café do freguês de um bar, que fica paralisado, não reage, ou reage com medo do louco. E o louco é louco, mas não é burro, e solta outra gargalhada e cospe de novo. No prato do outro freguês, que ria do primeiro.

Todo lugar tem um louco. O louco que quer ser rei, para sentar-se ao trono e bolinar as cortesãs. Ou quer ser o Primeiro-Ministro de um reino distante, para mudar a ordem das coisas. Anarquizar, talvez, esculhambar a sociedade estabelecida e fundar o caos. Todo lugar tem um louco. Não, não estou falando do perturbado mental, do esquizofrênico, daquele que sofre algum distúrbio de comportamento, não senhor. Estes são apenas pessoas enfermas. O louco não é assim, porque se finge de normal. Finge ser louco para que pensem que sua loucura é sua fraqueza, sem que percebam que são os loucos quem mandam no mundo (obrigado por emprestar-me a frase, amigo Professor Pachecão). Mandam sim, só que não são apanhados, porque disfarçam muito bem. Frequentam reuniões públicas, assembleias de condomínios, usam a tribuna do povo nas câmaras e assembleias, usam o poder esmagador de minoria confusa, e acabam constrangendo os demais a que se submetam aos seus "siricuticos e chiliques", quando são contrariados. Vociferam seu coitadismo e constrangem seus pares, e quando tudo termina, sorriem e arrumam a gola ao saírem, como se nada tivesse acontecido. Atrás de si, um cenário de tsunami mental. Pessoas com olhos esbugalhados, catalépticas, tremendo e enroscadas em posição fetal aos frouxos de riso ou choro, não definem bem o que seja. O louco passou por ali. Saiu à francesa para acorrentar-se na praça, em penitência pelos pecados alheios. Claro, se receber um óbulo por sua dor, a canequinha agradece.

Há os loucos humildes, mas também os pavões. À sua frente vão seus lacaios ( fico impressionado, como os loucos ainda arregimentam seguidores fiéis, tão fiéis?)tocando trombeta em uma bota de borracha jogada fora. Não se joga bota velha fora! - diz o louco, de dedo em riste, do alto de um pedestal de caixa de feira. E e entrega com solene piedade à um seguidor mais jovem, que sente-se profundamente honrado em receber de seu mestre tamanha deferência. E o lacaio toca novamente sua trombeta, no ouvido de um passageiro que espera pelo ônibus. O louco passa e todos se curvam, até quem não o conhece, pois curva-se porque todos se curvam, e ninguém quer ser diferente. Ninguém ousa mudar os marcos antigos da tradição, ainda que a tradição mande seguir um louco. O louco que inventou tal tradição. Cuidado que lá vem o louco, beijar a loucura, e dançar com a insanidade. Cuidado com o louco, berra outro louco. É sempre bom tomar cuidado. Especialmente com o louco, E pior ainda se ele não for louco, e só se faça de louco pra defecar no meio da sala? Que os faça, na casa dele, mas não na casa do povo. Senão, louco é quem escolheu o louco. Além de louco, quem faz isso, é também, burro.






A Professora ou Prostituta - Onde foi parar nossa gramática?




Alguém chamou-me à atenção de um fato aparentemente corriqueiro, porém, por demais intrigante, que é o significado das palavras. Eu mesmo, muitas vezes, recorro ao dicionário para assegurar-me da certeza de que devo usar aquela palavra que havia imaginado, mas bate a insegurança sobre seu significado, e corremos ao Vade Mecuum, o velho e bom Dicionário.

Houve um tempo em que chamávamos as palavras simplesmente de "Palavras", era simples assim, procurarmos por palavras difíceis, diferentes, pouco usuais. Este era meu passatempo literário favorito: descobrir palavras novas. Hoje, chamamos de "verbetes", que tem o mesmo significado de palavras simples, objetivas, e mais usuais.


O linguajar coloquial cresceu sobremodo, e um jargão de rua de hoje torna-se o verbete de amanhã, assim, de modo muito acelerado, nossa gramática se enriquece tanto, e tão depressa, que este excesso de informação acaba por corroer a formação, e assim, apocopamos frases em palavras e palavras em monossilábicos grunhidos, chegando aos novos hieróglifos, que são os "emojis", aquelas carinhas divertidas que usamos para sorrir, concordar, discordar, manifestar emoções, ao toque de um único dedo, economizando a leveza ou agressividade de um vernacular colóquio, ao ponto do nosso corretor digital não compreender mais expressões já quase em desuso, como esta que usei agora, "vernacular", ao que o robô sugere-me que eu troque por: "Vernaculizar, vernaculiza, ou cenacular" Pobre robô: nunca irá acompanhar a velocidade da mente humana, em se tratando de criar vocábulos e verbetes, traduzidos por palavras.


Este introito foi para apresentar argumentos ao absurdo que vi hoje, no verbete que mencionei neste preâmbulo: Entre no Google, o meta buscador, e digite (antes dizia-se "escreva" a palavra (desculpem, verbete): Professora, e o Google enviará para um conhecido "Dicionário Informal", cujo conteúdo satisfaz a grande maioria dos pseudo-pesquisadores, aqueles que se contentam com uma busca superficial, são os mesmos que não limpam a bunda senão com uma leve esfregadela de uma folha fina de papel, e saem dali sem lavar as mãos. Na linguagem e no conhecimento, não fazem diferente: coletam lixo e espalham imundície. Assim, se procurarmos a palavra "Professora", encontraremos duas definições, sendo a primeira, correta, mas incompleta, "A mulher que ensina ou exerce professorado". Já na segunda definição, diz que professora é: ""prostituta com quem adolescentes se iniciam na vida sexual", classificada como um "brasileirismo". Então, numa opção de escolha dos significados, o leitor poderia livremente entender que uma professora é, por definição vernacular, uma "puta". E os alunos poderiam ler isso e escrever tal infâmia na lousa, e sequer serem intimados a uma conversa com a Orientação Pedagógica da escola, porque o aluno nada mais fez do que repetir a terminologia recomendada pelo buscador "Big Brother".  Aqui começa a minha reflexão.


A quem interessa distorcer os valores, a partir das palavras, para que possam ser interpretadas como verdadeiras, ainda que não o sejam, porque na média absoluta, o robô acerta suas sintaxes, e vomita verbetes de acordo com sua conveniência cibernética. Assim, diante do mercado binário, se o robô disse, o robô está certo, e portanto, se o aluno entender desta forma, poderá passar uma cantada na sua professora, e caso ela teste o que aprendeu nas aulas de defesa corporal (Krav Magá, por exemplo), ela sim, a "Prostituta que ensina educação e iniciação sexual aos alunos", poderá ser levada aos tribunais por agressão a incapaz (incapaz de raciocinar é um tipo de incapacidade).


Minha leitura está naqueles números que aparecem no alto da página de pesquisa: Aproximadamente 16.400 milhões de resultados em 0,48 segundos (minha internet está lenta). Este tempo, 0,48 segundos, é o tempo que também o pesquisador (esse tipo de pesquisador) levará para absorver a informação, e muito, mas muito raramente, irá buscar outras fontes para  agregar mais e melhores verbetes ao seu conteúdo de palavras. 0,48 segundos bastam para formar um idiota. E se o Google falou, quem somos nós para discutirmos lexicografia com o Google? Afinal, a palavra Google, vem de GUGÓL, um verbete criado para definir um número astronomicamente grande, inominável. tipo um algarismo UM, seguido de uma sequência de, digamos cem mil zeros. Isto seria um Gugól. E quem somos nós para discutirmos com a entidade que acaba de dominar a barreira quântica de processamento, em três segundos, o cálculo que os supercomputadores do Pentágono levariam dez mil anos para concluírem. Então, se o Gugól do Google diz que professora serve também como puta, é melhor rever meus valores. Ou buscar outras fontes de conhecimento. O próprio Google, mas com mais opiniões, mais sites, de preferencia acadêmicos, confiáveis, que deem, respostas menos sinistras.


Ah, pra não dizer que não falei de política, então traduza isso para sua escolha por reflexão pessoal, sem depender dos enlatados que os marqueteiros lhe empurram durante o curto período de campanha eleitoral. Ou então você corre o risco de achar um verbete semelhante para "eleitor desinformado" - Burro que deveria puxar carroça em lugar de melecar a urna com o mesmo dedo que futuca o nariz!



domingo, 20 de outubro de 2019

"Pequeninos da Democracia" - O Poeta e a Professora




Escrevi sobre os principais e eventuais pré-candidatos às majoritárias de 2020 em Gramado (veja aqui), mas como a política é mutante e progressiva, deixei de fora (o que corrijo agora), dois personagens que merecem o respeito deste escriba, ainda que não os conheça com a profundidade que gostaria. Faço isso, porém, pelo critério de equidade literária e analítica, o qual tenho pautado meus ensaios, e principalmente para uma reflexão sobre o papel do cidadão, individualmente, no processo político e social, e não apenas por valoração numérica exponencial, que blinda os grandes partidos e coligações, e por acharmos que apenas os grandes tem responsabilidade.

Recebo, por minhas fontes, a notícia de que dois cidadãos, ao que sei, em pleno gozo de seus direitos civis e eleitorais, expõem-se ao sabor da crítica, tal como o fazem os demais pré-candidatos; o ativista Elias Vidal Sobrinho (PATRIOTA), e sua parceira, compondo como pré-candidata à Vice, em sua chapa sugestiva, a Professora Tatiana Dalle Molle (PARTIDO INDEFINIDO). Antes da análise, porém, gostaria de pincelar rapidamente as biografias dos personagens.

Elias Vidal Sobrinho, cujas façanhas e bravatas dispensarei do comentário, haja vista que há amplas publicações a respeito de sua conduta pouco regulamentar, se comparada aos moldes desejados aos que ousam buscar púlpitos e cadeiras públicas por meio do voto, e em se resultando favoráveis, se eleitos, a cargos que exijam certa liturgia e posturas formais à liturgia do cargo que pleiteiam. Ainda assim, e assim me parece, que suas emocionadas demonstrações de cidadania, em teatrais espetáculos, o sejam motivadas pelo marketing pessoal de fazer-se notar e prevalecer seus direitos, os quais, entende no momento das acaloradas manifestações, tenham sido, à sua leitura, desrespeitados. Resumindo, quem não chora, não mama. (Veja mais) (Veja ainda..) (Mais...)

De sua biografia pessoal, pouco se conhece, senão o que consta na sua ficha de ex-candidato à Vereador, junto ao TRE, declarando-o "Empresário". Então, Empresário e Ativista político, podem bem definir o pré-candidato.

Sua parceira e pré-candidata à Vice, ainda que também ativista política e educacional, é Professora, trabalhando na Rede Estadual, e também foi candidata à Deputada Estadual nas eleições de 2014 (Veja aqui...), além de ter sua biografia agregada à uma dobradinha com a ex-Senadora Ana Amélia Lemos, pelo PP, onde após ter sofrido impugnação, entendo como solucionado, posto que a candidata concorreu e recebeu a soma de 210 (duzentos e dez) votos, ao final do pleito. De família tradicional de Gramado, Tatiana retorna à terra, e milita então na política local,desta vez, ao que é divulgado nas redes sociais, ao lado de Elias Vidal Sobrinho, mais conhecido como "Poeta".

Encerradas as apresentações, numa análise fria, insensível, resumida, as circunstâncias parecem ser completamente desfavoráveis, à que a dupla vença uma eleição onde com absoluta convicção, será liderada pelas duas grandes formações históricas, de um lado UPG, e de outro, o nome que for criado para o pleito. Historicamente Gramado nunca ofereceu grandes surpresas. Historicamente nunca houveram  "azarões" que tenham dado uma reviravolta nos resultados esperados, ora de um, ora de outro lado.

O fato aqui não se trata das pessoas envolvidas, mas do que representa esta eventual candidatura para o fortalecimento democrático da eleição. Fica demonstrado que qualquer cidadão, eleitor, e com sua situação jurídica e fiscal em dia com a sociedade, pode, e deve entregar-se aos braços do povo, por meio do voto, se sua competência em convencer seja maior que seu histórico político, e principalmente suas "costas largas". E aqui, cito o presente caso do Presidente Bolsonaro, conhecido por sua língua destravada, e por defender posições diametralmente contrárias ao "bom senso politicamente correto" vigente, que, sem dinheiro, sem Partido, sem aliados profissionais, sem estrutura publicitária, dobrou a coluna de gigantes do Marketing Político, da Mídia, e da colossal máquina administrativa de outros candidatos, e promoveu a primeira revolução democrática com base nos ´pilares do inconformismo com a classe política, e com as Redes Sociais ao alcance de qualquer pessoa que possua um teclado de Smartphone , e alguém disposto a fazer uso devastador destas ferramentas a serviço de uma campanha.

O Poeta e a Professora, sem perceberem, fazem "leading", (Pé-de-Chumbo) abrem espaço e caminho para que qualquer cidadão perceba que de que tudo o que ele precisa para ser também um candidato à Prefeito é de um partido que o apoie, de ideias  que o diferenciem, de credibilidade que dê sustentação à arregimentação de prosélitos, e de algumas contas gratuitas no Instagram, Twitter,  Youtube, Whatsapp, Skype, Google Talk, e outros que nem lembro mais. Não precisa nem mais de Megafone, estúdio de gravação de rádio, e muito menos de impressos caríssimos. O santinho é binário e às vezes, santinho de caseiro também faz milagres. Quem se habilita?

Nota ao Leitor:
Este espaço destina-se à divulgar minhas reflexões acerca de fatos e personagens políticos. Todos terão o mesmo espaço e todos estão sujeitos à críticas, análises independentes, e também observações favoráveis, dentro do que estabelece a Lei de Imprensa, a Lei Eleitoral, e a Constituição Brasileira.

sábado, 19 de outubro de 2019

Pra não dizer que não falei de flores





De modo algum irei falar de política, de movimento de resistência contra o regime militar no Brasil, embalado pela canção de Geraldo Vandré, com o título dado a este ensaio. Devidamente explicado, passo a falar de flores então.

Dar flores é um comportamento próprio dos Seres Humanos, mas também entre os animais há certos hábitos de oferecer mimos às fêmeas, como forma de demonstração de disponibilidade ao acasalamento.  Os bowerbird, ou “pássaro pavilhão” masculino, são arquitetos incríveis, mas reservam suas habilidades para apenas uma finalidade – encontrar uma companheira. Eles constroem esses ninhos elaborados e deslumbrantes para impressionar as fêmeas – talvez eles pudessem ensinar aos homens, uma coisa ou duas sobre decoração, diz um artigo no blog "Tudo Curioso". Nestes enfeites, tantos, há também flores. Há espécies de peixes que fazem o mesmo, constroem ninhos elaborados com design sofisticado, linhas precisas, geometria perfeita, para que sejam escolhidos como os progenitores dos filhotes das fêmeas, pois sua capacidade de construírem e lidarem com esta matemática inata, demonstra que seus filhotes possuirão uma genética selecionada. 



Assim como os animais que presenteiam com cores e flores seus parceiros, também as flores se oferecem, por meio do perfume e cores, aos insetos e também pássaros e morcegos, que em troca destas dádivas, são por eles, polinizados. É uma moeda de troca. É por instinto e por interesse.

O Ser humano é o único que, não só presenteia com flores, por interesse, amor, paixão, reconhecimento, como o faze também por dor, gratidão, ou saudade.  São as pessoas quem produzem flores para venderem sentimentos, e embora eu não deixe de reconhecer a preciosidade de uma arranjo de flores numa floricultura, são as flores do campo e das matas, ou ainda dos jardins antigos, das vovozinhas, quem mais fazem aflorar minhas lembranças de tempos felizes, ou até mesmo melancólicos.

O costume de ofertar flores, é mais afeto ao mundo feminino, e mesmo os homens que oferecem flores, o fazem à mulheres: Mãe, namorada, esposa, amante, amigas, e em ocasiões significativas, na maioria.  Jamais vi um homem levar flores a outro homem (hetero), senão em velório, e mesmo assim, opta por comprar uma coroa com flores artificias, onde gravam em uma fita dizeres mecânicos de :Saudade eterna, Repouse em Paz, Homenagem da família tal.


Não sei dizer em outras culturas, mas na nossa cultura ocidental, um homem oferecer flores a outro, o carimba como homossexual. Nem mesmo um pai oferece flores ao filho, e tampouco vice-versa. Flor "é coisa de mulher", sentencia-se.

Pois eu ganhei flores, por duas vezes na minha vida. E confesso que foi uma sensação indescritível. Ganhei flores de duas mulheres, e não, nenhuma das duas mulheres estavam interessadas em mim, tenho absoluta certeza disso. O que me dá esta certeza é o motivo e circunstância em que recebi tais flores, e não era um raminho de dente-de-leão apanhado á beira da estrada. Não senhor! Eram frondosos buquês, que necessitavam abraços, exuberantes, perfumados. O primeiro recebi de uma Arquiteta, em reconhecimento ao trabalho que fiz, e fico feliz em crer que, ao respeito com que tratei os profissionais envolvidos neste trabalho. Foi a Arquiteta Melissa leite, em Lages, SC, por ocasião do lançamento de uma coleção que criei, e do Show Room de uma empresa que ajudei a montar.

A segunda ocasião, foi ao término de um Seminário de Economia criativa, Motivacional, que realizei, na cidade de São Martinho, SC, onde ao final das palestras, no segundo dia, fui homenageado com flores, inesquecíveis, de valor inestimável, oferecido pela Primeira - Dama do Município,  Turismóloga Ângela Back, e em nome da Comunidade inteira, o fez. D-s sabe o quanto aquilo significou para mim. Não as flores: o gesto, materializado em flores.

Então, agora posso dizer que falei de flores. As flores que não constroem muros, mas as que edificam e solidificam amizades. E foi muito bom. Agora é só esperar pelo velório, que talvez ganhe mais algumas, embora as prefira em vida. O perfume é bem melhor.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Trotes memoráveis em lugar incerto - II O Documentário da Rainha



Corria o ano tal, onde tal sujeito era o Prefeito, e também havia o Vice Tal, que como o título diz, era o Vice Prefeito do Fulano de Tal. Isso aconteceu em tal lugar, que era, digamos, o clube social do pequeno burgo, e era no clube social, que os melhores e mais suntuosos bailes aconteciam. Era lá que a sociedade V.I.P comparecia, para mostrar o automóvel tinindo de novo, ou as matronas, para exibirem seus suntuosos trajes de gala, enquanto os abobalhados maridos, servindo o braço como apoio, olhavam e sorriam o tempo todo, abanando a mão e curvando levemente a cabeça, como se quisessem dizer, entre os dentes cerrados, como fazem os ventríloquos: "Esta é minha mocréia, e este foi o vestido que ela mandou vir da capital, com meu cartão de crédito. Ai que ódio!"

Era a festa de escolha da rainha, de uma festividade local, e lá estavam reunidos todos os convidados da finesse local, e ora, onde há boca livre, o escriba que vos tecla, entendia necessário se fazer presente. E assim foi! Dez horas da noite, lá estava o galalau, enfeitado como "pixixê de china", cheiroso como mão de barbeiro, subindo as escadas que levavam ao local dos arregabofes, eis senão quando, o longo braço do porteiro ficou estendido à altura de seu pescoço, do galalau.

- De onde vens, perguntou, solene!
- Venho de um seio! - Respondeu o tararaca.
- E onde vais?
- A um coração!
- De quem és filho?
- Do acaso!
- Como te chamas?
- Paixão!
- Saiu-se bem, mas cadê o convite, malandrinho?
- E malandro precisa de convite?
- Aqui, sem convite, não entra!
- Que seja! Voltarei!

Saindo dali, o escriba voou lépido a largos passos à casa de um amigo, que possuía uma filmadora "Super 8". Tomou-a por empréstimo, e mais rápido que o pensamento, estava de volta ao refestelo.

-Tu de volta? Sorriu o porteiro.
- Sim, tenho que filmar o evento para um documentário, o qual enviarei à uma organização na Bahia!
 Sorrindo, quase aos frouxos, o porteiro o deixou entrar.

O lugar estava repleto de gente elegante, gente distinta, gente importante, políticos, autoridades, belas senhoras, senhoras,jovens exuberantes e perfumadas, e eu. Com uma filmadora Super 8, novinha.

- Boa noite, senhoras e senhores, gentis senhoritas! Estou aqui na missão de enviar um documentário à uma instituição na Bahia. Permitam que filme vossas magnificências?
- Naturalmente, caríssimo amigo (virei amigo, assim, de repente)! mas antes, aproveite o "Côck Téilll" (acentuando o L em coquetel).
Não me fiz de rogado. Bracei uma imenso prato descartável, e abasteci-me de guloseimas. Fartei-me até arrebentar a cincha. Forrei meu bandulho (sim, o galalau era eu). E disse:
- Bem! (Burrp), Senhoras e senhores! (Burrp..arrôt) hehe...desculpem...coca cola..! Vim aqui pra trabalhar, então tenho que trabalhar, Compromisso é compromisso! Só que temos um probleminha técnico ( nessa altura eu já era praticamente um Fellini, entendia tudo de iluminação,dramaturgia, cenografia, e após olhar significativo, sentenciei:
- Teremos que descer ao Hall de entrada, onde existem espelhos. Lá a iluminação é PER-FEI-TA! (e estalei a boca, como fazem os profissionais satisfeitos).

Descemos ao Hall, aquele pixurú de gente, Prefeito, Primeira Dama, Vice Prefeito, Segunda dama, autoridades civis, militares e eclesiásticas, Rainha, Princesas, blá, blá e blá. Entupiu o hall. E eu comecei a função.
- Prefeito com a rainha!
- Rainha com a Segunda Dama!
- Rainha com princesas!
E assim, sucessivamente, filmei á todos, por cerca de meia hora, a quarenta minutos, sem parar.
Agradeci e fui embora.

O tempo  longe passou. Por esta nova ocasião, a moça que havia sido escolhida como rainha, foi comigo e outros amigos, subtrair ameixas, em uma frondosa ameixeira que havia lá pelos fundos de um terreno pouco habitado. Ao voltarmos, ela disse assim:
- Paulinho! Tu te lembras daquele filme que fizestes, de nós?
- Mas claro que lembro!
- Posso vê-lo?
- Não!
- Por que não?
- Não havia filme na câmera. Além disso, o Super 8 tinha fita para três minutos, e eu filmei mais de meia hora. Ainda bem que as pilhas eram novas!










quarta-feira, 16 de outubro de 2019

O professor de Ballet



Aprontar trote é mais comum que a posição de defecar, e não há quem não tenha alguns memoráveis para contar, o que alias, faz até bem pra engrossar o couro, tomar um trotezinho aqui e outro ali. Eu, pelo menos, prezo por este modo de pensar, só pra não pensar em cada trote que tomei. Por misericórdia, como eu fui tonto nessa vida, gente do céu! Tá, eu também passei alguns, e vou contar aqui uns dois, com o mesmo mote: O "Professor de Ballet"!.

Vou omitir os personagens, mas os fatos são aproximadamente verdadeiros.

Trote número 1

Eu alugava uma sala em um prédio de salas comerciais, no centro de Gramado,tinha meu escritório. No mesmo prédio, haviam outros escritórios, sendo um de engenharia e decoração, e outro era um consultório médico, cujo titular era (e continua sendo) um grande amigo. Todos eram meus amigos, diga-se pelo bem da verdade. Volta e meia, nos visitávamos, para jogar conversa fora, tomar cafezinho, chimarrão, ou contar lorotas das boas.

Certa ocasião, passei no consultório do amigo médico, e vi que havia uma atendente nova, começando naquele dia. Estiquei o pescoço porta adentro, cumprimentei, e perguntei se o "Dr Fulano" estava.
- Gentilmente disse que não, e perguntou se era urgente. Respondi que urgente não era, mas que ele havia marcado comigo para que, dentro da próxima meia hora, nos encontrássemos no Tênis Clube, próximo dali, pois ele teria aula de Ballet comigo e outras pessoas. A moça achou aquilo muito estranho e perguntou quem eu era. Respondi que era o professor de Ballet do doutor, e que passei para lembrar que ele não poderia faltar à aula, porque iríamos experimentar nos alunos os novos collants e sapatilhas que eu trouxera de Porto Alegre, e que contava com o doutor em aula.

Apertando os lábios para evitar uma risada, saí dali e fui para a sala no fim do corredor, do escritório de engenharia. Lá trabalhava uma mocinha, que tinha um irmão de tamanho avantajado, e contei à ela a situação, e pedi que não me denunciasse. Ela então tomou a iniciativa de chamar o irmão,e juntos foram até à sala do doutor, e se apresentando, perguntaram se ela já havia localizado o doutor, porque o professor de Ballet deles estava na cidade, e eles não poderiam faltar. E eu voltei pra minha sala. Poucos minutos depois recebo uma ligação do doutor, perguntando se eu era o autor do trote. Depois de rir um bom bocado, ele disse que ela havia ligado para todos os lugares por onde ele passava e deixava o recado para que ele entrasse em contato com o tal professor de Ballet.

Trote número 1.1

Mesma situação aconteceu, num dia, em que fui, acompanhado de um vendedor de minha equipe, a uma fábrica de móveis, e o vendedor era bastante alto também. Lá nos deparamos com uma secretária nova, e pense no formigamento que me deu em ver uma secretária nova perguntando quem queria falar com sue chefe.

- Sou o professor de Ballet do fulano (o dono da fábrica, que era um sujeito bem encorpado, grande mesmo, e sues irmãos não eram muito menores, Maiores até, eu acho). Vim entregar o collant  que ele encomendou, e também a tiara com cristais e pérolas porque ele faria o papel do Cisne Negro, na peça Lago dos Cisnes.

A moça desatou a rir, e aí me "enfureci".

-"Por que você está rindo? Como você é preconceituosa. Só porque o sujeito é um armário de grande, acha que ele não tem direito de ser delicado? Por favor, assim que ele chegar, peça para contatar urgente comigo. Ele tem meu número! Este rapaz que está aqui comigo, parece um armário também, mas ele faz o cisne negro, que agora é seu chefe quem irá tomar o lugar dele"

Disse isso e saímos, segurando os frouxos de riso.

Depois do meio dia, fui ao centro da cidade, e lá encontrei os três irmãos, e mais alguns amigos, à porta do banco, e contei a história.

Malandros, de igual ou ainda piores que eu, o empresário chegou na fábrica, logo mais tarde, e ao chegar logo perguntou para a secretária:

- Meu professor de Ballet esteve aqui me procurando hoje?


Depois disso, toda vez que eu ia lá, ela nunca me oferecia cafezinho. Rancorosa!







quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Gramado em Pensamentos - Para que servem os pobres?



Se eu pudesse definir, dentro do campo espiritual, quem são os pobres, diria que os pobres são o termômetro que define a humanidade divina que há em nós. Sei, no entanto que esta não é, de longe a melhor definição da pobreza, pelos padrões clássicos de interpretação da menos valia do Ser Humano em comparação com outro Ser Humano. Isso por si já determina que pobreza se encaixa no relativismo entre o que tem mais e o que tem menos, sendo que o que tem mais, terá sempre mais em relação ao que tem menos, e vice versa, e assim, começa minha primeira definição da pobreza: um mal necessário à interpretação de riqueza de quem tem mais, em relação ao que tem menos. Eis aqui a primeira importância da pobreza: regular o padrão de quantificação e estabelecimento gráfico sobre o quanto tem a mais o rico, e nunca o contrário. O rico então mede sua fortuna em proporção ao pobre. Eis a primeira necessidade e definição da importância da pobreza: Padronizar a riqueza. 


Um bom exemplo de que é o objeto de menos valor quem define o objeto de mais valor: a unidade monetária. Nenhuma moeda começa seu padrão por, digamos, $ 675,57. É impossível quantificar a riqueza ou a pobreza, se o parâmetro da moeda não for a unidade, "1". Este é o padrão então da fortuna do rico, porque parte da linha da pobreza para estabelecer a riqueza. Este é também, por excelência, O Número que Define D-s (Deus). D-s é UM (Echad). Outro modelo é a montanha, que para ser medida, precisa da planície, e até mesmo a profundidade de um vale, é medida com relação de seu rebaixamento ao nível do mar, o que é o ponto de equilíbrio entre a riqueza e a pobreza, e aqui chamaremos a depressão, como extrema miséria, suscetível à sofrer os reveses de uma possível inundação ou desmoronamento de parte da montanha. Este equilíbrio é o que propõem as ideologias socialista, onde, de um lado buscam elevar os padrões dos que estejam na extrema miséria, e para isso, rebaixam os que estejam na montanha, igualando à todos a um único nível. Não cabe aqui discutir as razões de um e de outro, o que talvez eu venha a fazer em outro momento. Aqui vou restringir-me  ao título desta análise: Gramado e seus caminhos - para que servem os pobres?


Se buscarmos nas Sagradas Escrituras informações acerca do que O Todo-Poderoso diz sobre os pobres, a uma simples leitura superficial, poderíamos encontrar uma dicotomia de duas teologias: Uma que eleva espiritualmente os pobre às camadas privilegiadas de bênçãos e benefícios (pleonasmo) espirituais, e de outro, encontraremos os grandes personagens extremamente prolíferos nas riquezas a quem chamamos de mundanas: ouro, prata, joias, rebanhos, trabalhadores (a quem a tradução arcaica insiste em chamar de escravos). Estas as definições de quem seriam, um e outro, ricos e pobres. Há, no entanto, a interpretação que inverte estes conceitos, a partir da leitura cristã, que favorece o conforto pela pobreza, construindo desta forma o clássico cristianismo medieval e até mesmo contemporâneo, que inverte os valores morais de um e de outro, colocando o pobre como preferencial, no reino de D-s, e o rico, como escroque e opressor do pobre, motivando o fiel à preferir a pobreza, com pão seco e paz, do que a abundância de carne, com contenda (Prov. 17:1). Ainda nesta inspiração, relatando sobre a pobreza, há na frase de Jesus, proferida no Sermão das Bem-Aventuranças (felicidade), o termo: "Pobres de Espírito", onde quase unanimemente erram sua interpretação, levando à falsa compreensão que "Pobres de Espírito" sejam pessoas ruins, enquanto é exatamente o contrário, significando" Pessoas dóceis, cordatas, de bom trato. Vê-se aqui então que ainda mais uma vez, a pobreza, isto é, a falta de soberba, é tratada como um aspecto positivo do caráter do Ser Humano.


Ao ser confrontado por Judas, o traidor, acerca do perfume valioso com o qual a mulher, aos prantos, lavara os pés de Jesus, e os secara com seus cabelos (algo que , para a cultura da época, simbolizava quase uma relação sexual), o Rabi assim definiu a situação: "Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis (Jo 12:8). Aqui começo a reflexão acerca do rico e do pobre convivendo harmoniosamente na mesma sociedade, dividindo, em muitos casos, a mesma rua, e frequentando os mesmos lugares, sem constrangimento de um e de outro. Aqui começo a falar sobre o tema que deu título a esta reflexão.


A própria Torá (Lei de Moisés) estabelece as relações de cordialidade e mútuo suporte entre as duas classes de pessoas. Determina como o pobre deve portar-se diante do rico, e como o rico deve proteger o pobre em sua adversidade, e um e outro, como são iguais perante um justo juiz. 


O judaísmo tem uma visão um pouco mais esclarecedora acerca deste relacionamento, e o talmude (Tradição Oral, Jurisprudência rabínica sobre a Torá), onde estabelece as leis de Maasser (Dízimo) e Tsedacá (Justiça Social, erroneamente traduzido por "esmola"), e determina inclusive que uma das doze tribos de Israel, a Tribo de Levi, não receberia herança, e sua herança seria "O Senhor", isto é, seriam encarregados do serviço religioso, e de cuidarem da parte espiritual do povo. Recebiam, os Levitas, a décima parte de tudo o que ganhavam as outras onze tribos, e a despeito de não possuirem terras, os levitas eram mais ricos, e ao mesmo tempo mais pobres que as demais tribos, para que soubessem que sua riqueza não estaria naquilo que era seu, mas dependiam da riqueza dos demais. Eram os pobres que ensinavam humildade aos ricos, e recebiam sua paga pelos seus ensinamentos, promovendo a devoção contínua a´Criador.


Em um anacronismo, interpretamos a necessidade da existência dos pobres, para que os ricos não esqueçam de seu dever com outro Ser Humano, e se necessário, que enterneçam o coração pelo sofrimento alheio, uma vez que a pobreza tem alguns capítulos capazes de fazer esmorecer a dura cerviz dos mais abastados, seja pelo sentimento puro de generosidade, seja pelo medo de vir a encontrar-se na mesma situação, ou alguém a quem estimam, e correm, então, a abrir os bolsos, alguns com mais, outros com reservada generosidade, e é assim que a sociedade se confronta com seu espelho, e o espelho do pobre, por nada possuir, é sua consciência e bom nome, pois é a única coisa que vai permanecer depois da morte. Já o rico, sabendo que nem na morte poderá ser melhor que o pobre, e sendo consciente, trará a lume sua generosidade em atender aos necessitados.


E Gramado, tem o que com isso? Gramado é uma cidade peculiar. Não é, em definitivo, uma cidade pobre e nem tem na pobreza o seu espetáculo dantesco, como o tem tantas outras cidades não muito distantes. No entanto há certa quantidade de pobres em Gramado, assim como há uma generosa porção de pobres no País, e aqui acendo uma polêmica, categorizando a pobreza com um bem necessário á humanidade, assim como também à Gramado, e vejamos a razão desta afirmação.


As casas não se constroem sozinhas, Os banheiros não são auto-limpantes. Ainda não chegou-se ao auto-atendimento perfeito, ainda que o café da manhã nos hotéis, necessita de quem os sirva. As janelas, de quem as lave. As ruas, de quem as limpe. Os estragos, de quem os conserte. As fábricas, dos que nelas produzem (ok, quase tudo já vem da China, e os pobres de lá são problema deles..e solução nossa, mas mesmo assim, seja na China, no Egito, ou na Coreia do Norte, há pobres a nosso serviço, independente da distância em que se encontrem de nós.


Faço eu, aqui, apologia à pobreza? De jeito nenhum! Faço apenas uma reflexão sobre o equilíbrio das coisas, porque o rico precisa do pobre da mesma forma que pobres dependem dos ricos. Ricos são objetivos, mas pobres são criativos. Isso explica porque eu sempre pendi para a criatividade, a quem o rico chama de loucura, mas é apenas uma forma de desdenhar aquilo de que não foi dotado, a inteligência criativa. Pobre que não é criativo, inventivo, morra na casca, não prospera, não sobrevive. Os alimentos mais saborosos, são provenientes da miséria. E depois de testados e aprovados, os pratos criativos das cozinheiras pobres, em casas ricas, tais pratos recebem nomes sofisticados, e tornam-se iguarias nos banquetes entre ricos. Rico não é criativo, e nem precisa ser. Não precisa criar. Basta ter relacionamento à distância segura do pobre criativo, e comprar-lhe o feito. Saem os dois felizes com a troca. Assim, pobre e ricos, convivem de maneira salutar no mesmo espaço social, no mesmo coletivo. 


Gramado precisa de seus pobres. Na verdade, pobres são um bom negócio. às vezes se tornam objetos de negócios, de forma obscura, desumana, como os refugiados de países em colapso, cujos vizinhos não são muito melhores, mas que recebem verbas de outros países ricos para que estoquem os pobres confinados em acampamentos de refugiados, e fazem assim, um negócio bastante promissor. Isso acontece sempre e acontece muito. É um ótimo negócio para pequenas repúblicas que tem como vizinhas, ditaduras extremas, disputas tribais, acolherem em suas fronteis, milhares de refugiados, cobrando da ONU, e como supracitado já, de países europeus, para que mantenham estes seres de línguas e costumes estranhos, confinados nas jaulas em forma de barracas, cercadas de arame farpado, porque um pobre fora dali, são centenas de dólares por dia fora do tesouro nacional.


Gramado não tem refugiados, mas tem necessidades, Gramado tem ricos, remediados, e pobres, mas até onde chega ao meu conhecimento, não há miseráveis, paupérrimos, indigentes, mas até estes são necessários, úteis às causas sociais de ricos comprometidos em manter aquecida a chama da generosidade em si, e como assunto nas rodas sociais. O sofrimento alheio é um bom negócio, e se não rende dividendos em espécie, em cifrões, rende em ocupação para o vazio do tempo entre uma conferência de saldo e outra. Assim, Gramado, de pobre em pobre, gera riqueza, que não seria possível, sem os braços da pobreza que a edificam.


Gramado não tem pobres que justifiquem estado de calamidade, mas graças aos seus pobres, verbas Federais, e Estaduais, são alocadas para estruturas que acolham mais pobres. Gramado, e o resto do Brasil. Todos precisam de pobres nas suas receitas, pois muitos projetos apenas se justificam, graças a certeza de que mais pobres serão beneficiados. Tentem as autoridades (que contam com os pobres para serem eleitos) buscar verbas em Brasilia, e que no escopo de tais verbas, não sejam contemplados os menos favorecidos, para ver se ganham alguma coisa. Não ganham, Assim, pobres valem também dinheiro. Muito dinheiro. Digam as grandes marcas. Ricos não tomam Coca-Cola. Quem toma coca-cola é pobre. Em domingo. De litrão. Pobre não compra orgânico. Quem compra é rico e remediado, mas remediado é um pobre com dinheiro, nada mais. remediado é brega,tem mau gosto, e é medito a rico. Rico não anda de SUV. Quem anda de SUV é remediado e novo-rico que precisa ostentar que se não tem cultura, tem grana. E tem seus pobres para ostentar. Assim, pobre tem seu valor, e alguns tem preço. Bem baixo. e outros ainda, são medidos em custos. Mesmo assim, custos são convenções estatísticas, e pobres fazem parte destas convenções, pois quem determina se alguém é rico ou pobre, são os próprios pobres, que potencializam gráficos de tendências de mercado, de acordo com rendimentos e faixa etária, em avaliação de consumo e lançamento de produtos, Para pobres. E não há ricos escritores. Há escritores, que deixaram de ser pobres, pois quem faz análises entre pobres e ricos, é certamente um pobre.


No dia em que se acabarem os pobres, os primeiros que morrerão de inanição, serão os ricos. E neste paradigma, pobres e ricos devem e precisam coexistir, e este paradoxo de sua proximidade, valoriza um ao outro ainda mais, pois diante do rico o pobre é ainda mais pobre e o rico, fica mais rico ainda á medida em que se acotovela com o pobre. Voilá!






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