Alguém chamou-me à atenção de um fato aparentemente corriqueiro, porém, por demais intrigante, que é o significado das palavras. Eu mesmo, muitas vezes, recorro ao dicionário para assegurar-me da certeza de que devo usar aquela palavra que havia imaginado, mas bate a insegurança sobre seu significado, e corremos ao Vade Mecuum, o velho e bom Dicionário.
Houve um tempo em que chamávamos as palavras simplesmente de "Palavras", era simples assim, procurarmos por palavras difíceis, diferentes, pouco usuais. Este era meu passatempo literário favorito: descobrir palavras novas. Hoje, chamamos de "verbetes", que tem o mesmo significado de palavras simples, objetivas, e mais usuais.
O linguajar coloquial cresceu sobremodo, e um jargão de rua de hoje torna-se o verbete de amanhã, assim, de modo muito acelerado, nossa gramática se enriquece tanto, e tão depressa, que este excesso de informação acaba por corroer a formação, e assim, apocopamos frases em palavras e palavras em monossilábicos grunhidos, chegando aos novos hieróglifos, que são os "emojis", aquelas carinhas divertidas que usamos para sorrir, concordar, discordar, manifestar emoções, ao toque de um único dedo, economizando a leveza ou agressividade de um vernacular colóquio, ao ponto do nosso corretor digital não compreender mais expressões já quase em desuso, como esta que usei agora, "vernacular", ao que o robô sugere-me que eu troque por: "Vernaculizar, vernaculiza, ou cenacular" Pobre robô: nunca irá acompanhar a velocidade da mente humana, em se tratando de criar vocábulos e verbetes, traduzidos por palavras.
Este introito foi para apresentar argumentos ao absurdo que vi hoje, no verbete que mencionei neste preâmbulo: Entre no Google, o meta buscador, e digite (antes dizia-se "escreva" a palavra (desculpem, verbete): Professora, e o Google enviará para um conhecido "Dicionário Informal", cujo conteúdo satisfaz a grande maioria dos pseudo-pesquisadores, aqueles que se contentam com uma busca superficial, são os mesmos que não limpam a bunda senão com uma leve esfregadela de uma folha fina de papel, e saem dali sem lavar as mãos. Na linguagem e no conhecimento, não fazem diferente: coletam lixo e espalham imundície. Assim, se procurarmos a palavra "Professora", encontraremos duas definições, sendo a primeira, correta, mas incompleta, "A mulher que ensina ou exerce professorado". Já na segunda definição, diz que professora é: ""prostituta com quem adolescentes se iniciam na vida sexual", classificada como um "brasileirismo". Então, numa opção de escolha dos significados, o leitor poderia livremente entender que uma professora é, por definição vernacular, uma "puta". E os alunos poderiam ler isso e escrever tal infâmia na lousa, e sequer serem intimados a uma conversa com a Orientação Pedagógica da escola, porque o aluno nada mais fez do que repetir a terminologia recomendada pelo buscador "Big Brother". Aqui começa a minha reflexão.
A quem interessa distorcer os valores, a partir das palavras, para que possam ser interpretadas como verdadeiras, ainda que não o sejam, porque na média absoluta, o robô acerta suas sintaxes, e vomita verbetes de acordo com sua conveniência cibernética. Assim, diante do mercado binário, se o robô disse, o robô está certo, e portanto, se o aluno entender desta forma, poderá passar uma cantada na sua professora, e caso ela teste o que aprendeu nas aulas de defesa corporal (Krav Magá, por exemplo), ela sim, a "Prostituta que ensina educação e iniciação sexual aos alunos", poderá ser levada aos tribunais por agressão a incapaz (incapaz de raciocinar é um tipo de incapacidade).
Minha leitura está naqueles números que aparecem no alto da página de pesquisa: Aproximadamente 16.400 milhões de resultados em 0,48 segundos (minha internet está lenta). Este tempo, 0,48 segundos, é o tempo que também o pesquisador (esse tipo de pesquisador) levará para absorver a informação, e muito, mas muito raramente, irá buscar outras fontes para agregar mais e melhores verbetes ao seu conteúdo de palavras. 0,48 segundos bastam para formar um idiota. E se o Google falou, quem somos nós para discutirmos lexicografia com o Google? Afinal, a palavra Google, vem de GUGÓL, um verbete criado para definir um número astronomicamente grande, inominável. tipo um algarismo UM, seguido de uma sequência de, digamos cem mil zeros. Isto seria um Gugól. E quem somos nós para discutirmos com a entidade que acaba de dominar a barreira quântica de processamento, em três segundos, o cálculo que os supercomputadores do Pentágono levariam dez mil anos para concluírem. Então, se o Gugól do Google diz que professora serve também como puta, é melhor rever meus valores. Ou buscar outras fontes de conhecimento. O próprio Google, mas com mais opiniões, mais sites, de preferencia acadêmicos, confiáveis, que deem, respostas menos sinistras.
Ah, pra não dizer que não falei de política, então traduza isso para sua escolha por reflexão pessoal, sem depender dos enlatados que os marqueteiros lhe empurram durante o curto período de campanha eleitoral. Ou então você corre o risco de achar um verbete semelhante para "eleitor desinformado" - Burro que deveria puxar carroça em lugar de melecar a urna com o mesmo dedo que futuca o nariz!
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