Aprontar trote é mais comum que a posição de defecar, e não há quem não tenha alguns memoráveis para contar, o que alias, faz até bem pra engrossar o couro, tomar um trotezinho aqui e outro ali. Eu, pelo menos, prezo por este modo de pensar, só pra não pensar em cada trote que tomei. Por misericórdia, como eu fui tonto nessa vida, gente do céu! Tá, eu também passei alguns, e vou contar aqui uns dois, com o mesmo mote: O "Professor de Ballet"!.
Vou omitir os personagens, mas os fatos são aproximadamente verdadeiros.
Trote número 1
Eu alugava uma sala em um prédio de salas comerciais, no centro de Gramado,tinha meu escritório. No mesmo prédio, haviam outros escritórios, sendo um de engenharia e decoração, e outro era um consultório médico, cujo titular era (e continua sendo) um grande amigo. Todos eram meus amigos, diga-se pelo bem da verdade. Volta e meia, nos visitávamos, para jogar conversa fora, tomar cafezinho, chimarrão, ou contar lorotas das boas.
Certa ocasião, passei no consultório do amigo médico, e vi que havia uma atendente nova, começando naquele dia. Estiquei o pescoço porta adentro, cumprimentei, e perguntei se o "Dr Fulano" estava.
- Gentilmente disse que não, e perguntou se era urgente. Respondi que urgente não era, mas que ele havia marcado comigo para que, dentro da próxima meia hora, nos encontrássemos no Tênis Clube, próximo dali, pois ele teria aula de Ballet comigo e outras pessoas. A moça achou aquilo muito estranho e perguntou quem eu era. Respondi que era o professor de Ballet do doutor, e que passei para lembrar que ele não poderia faltar à aula, porque iríamos experimentar nos alunos os novos collants e sapatilhas que eu trouxera de Porto Alegre, e que contava com o doutor em aula.
Apertando os lábios para evitar uma risada, saí dali e fui para a sala no fim do corredor, do escritório de engenharia. Lá trabalhava uma mocinha, que tinha um irmão de tamanho avantajado, e contei à ela a situação, e pedi que não me denunciasse. Ela então tomou a iniciativa de chamar o irmão,e juntos foram até à sala do doutor, e se apresentando, perguntaram se ela já havia localizado o doutor, porque o professor de Ballet deles estava na cidade, e eles não poderiam faltar. E eu voltei pra minha sala. Poucos minutos depois recebo uma ligação do doutor, perguntando se eu era o autor do trote. Depois de rir um bom bocado, ele disse que ela havia ligado para todos os lugares por onde ele passava e deixava o recado para que ele entrasse em contato com o tal professor de Ballet.
Trote número 1.1
Mesma situação aconteceu, num dia, em que fui, acompanhado de um vendedor de minha equipe, a uma fábrica de móveis, e o vendedor era bastante alto também. Lá nos deparamos com uma secretária nova, e pense no formigamento que me deu em ver uma secretária nova perguntando quem queria falar com sue chefe.
- Sou o professor de Ballet do fulano (o dono da fábrica, que era um sujeito bem encorpado, grande mesmo, e sues irmãos não eram muito menores, Maiores até, eu acho). Vim entregar o collant que ele encomendou, e também a tiara com cristais e pérolas porque ele faria o papel do Cisne Negro, na peça Lago dos Cisnes.
A moça desatou a rir, e aí me "enfureci".
-"Por que você está rindo? Como você é preconceituosa. Só porque o sujeito é um armário de grande, acha que ele não tem direito de ser delicado? Por favor, assim que ele chegar, peça para contatar urgente comigo. Ele tem meu número! Este rapaz que está aqui comigo, parece um armário também, mas ele faz o cisne negro, que agora é seu chefe quem irá tomar o lugar dele"
Disse isso e saímos, segurando os frouxos de riso.
Depois do meio dia, fui ao centro da cidade, e lá encontrei os três irmãos, e mais alguns amigos, à porta do banco, e contei a história.
Malandros, de igual ou ainda piores que eu, o empresário chegou na fábrica, logo mais tarde, e ao chegar logo perguntou para a secretária:
- Meu professor de Ballet esteve aqui me procurando hoje?
Depois disso, toda vez que eu ia lá, ela nunca me oferecia cafezinho. Rancorosa!
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