AD SENSE

domingo, 21 de novembro de 2021

ARTESANATO GRAMADENSE, de Elisabeth e Erich Rosenfeld em GRAMADO de priscas eras

Artesanato Gramadense

Este lugar e bem mais que uma lembrança arquitetônica, que nem estilo tem, senão algumas caixas de tijolos cobertas com telhas de fibrocimento. A questão não é o estilo, mas o conteúdo, que povoa a memória de quem passou por lá, e a falta de memória de quem não o conheceu.

No início dos anos 60, chegaram à Gramado, os alemães, imigrantes, Elisabeth e Erich Rosenfed. Ela, artista plástica, premiada, e ele, funcionário de uma Cia. Alemã de tecnologia. Eis o que relata Dr. Ricardo Rosenfeld, neto do casal:


"Oi Paulo. Minha avó-drasta, 2a esposa de meu avô, nasceu em 20/10/1907, na cidade de Flensburg. Batisada com o nome de Elisabeth Redlefsen Schaberg. Quando casou com meu avô ficou apenas Elisabeth Rosenfeld. Abraço."

Eram proprietários das terras. Na localidade do Caracol, inclusive onde fica a Cascata, e venderam, comprando a terra de Gramado, que tinha cerca de 100 metros de frente, talvez mais, por cerca de um quilômetro, no sentido norte. Havia mato, arroio, cascata, campo, aclives e depressões, e sobre o alto de uma colina, construíram a casa, que se vê, aos fundos. 

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Elisabeth, tinha um Fusca branco, e Erich, passeava com seu elegante Simca Chambord, pela cidade, além de seu inseparável cachimbo, que denunciava sua presença simpática, por onde passava.

Elisabeth era muito brincalhona, e adorava passar trotes, no dia primeiro de abril. Era generosa, e conheço relatos e testemunhos de pessoas a quem ela estendeu a mão, até mesmo financeiramente. Adorava contar histórias, especialmente as histórias vividas por pessoas de suas relações, que vieram para o Brasil, fugindo dos horrores da guerra. Eram pessoas cultas.  Lembro de um piano de meia cauda, preto, que foi vendido para um médico local, e substituído por outro de quarto de cauda, muito lindo, que ficava na sala da casa.

Elisabeth Rosenfeld

Arquivo de família Rosenfeld - Cortesia, Mônica e Ricardo Rosenfeld
Logomarca do Artesanato Gramadense. 
Cortesia de Cezar Augusto Nerys de Oliveira


Ao Tear, Elisabeth Rosenfeld, e atrás, à direita, Ilse Bohn
Arquivo de família Rosenfeld - Cortesia, Mônica e Ricardo Rosenfeld
Eu desconheço a razão, mas estas são algumas dentre as raras fotografias que mostram Elisabeth, e não é por falta delas, pois bem recordo que ela gostava de fotografar e ser fotografada no seu cotidiano. Enfim, uma lástima, que tenha se sublimado nos espólios, o remanescente material e memorial destas pessoas e lugar. Apelo então `minha, e de outrem, memórias, para alguns pitorescos.
Sou bastante grato aos netos de Erich e Elisabeth, meus queridos amigos desde a infância, Ricardo e Mônica Rosenfeld, por cederem estas imagens.

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Gramado era já visitada por pessoas de diversos lugares, especialmente Porto Alegre, e São Paulo. Não posso deixar de mencionar que o Instituto Balneo Lodoterápico, da família Nelz, contribuiu para a internacionalização da cidade. Mas sobre estes, falarei em outro capítulo.
1 - Lucinda Parissenti
2 - Manoelina
3 - Nelda Pante
4 - Elisabeth Rosenfeld
5 - Remi galgaro
6 - Nelson Tegner
7 - Luis Brombatti
8 - Carmen Tegner
9 - Irene Grade
10 - Luis Parissenti (João canela)
11 - Erich Rosenfeld
12 - Iraci Gross
13 - Iracema Lüdtke
14 - Marlene Bohn
15 - Elvira Nienow
16 - ...???
17 - Ivo Schaumlöeffel
18 - Ivo Niclotti
19 - Fioravente Brombatti
20 - Valmor Benetti (Flechinha)
21 - Lucinda Bohn 
22 - Nelsi Pimel (Morena)
23 -Marlene Bohn
24 - Ilse Bohn
25 - Eronita Galgaro
26 - Sebastiana de Oliveira
27 - Irani Gross
28 - Rita
29 - Nailor Benetti
30 - Gelson Oliveira Rodrigues (Pelé)
31 - Dinah Teresa Rodrigues dos Santos
32 - Teresinha Pimel (Zita)
33 - Elida de Moura
34 - Lucide Pimel
35 - Lucinda Bohn
36 - Irma Rossa
37 - Nadi Rodrigues dos Santos
38 - Angelina Muraro

Quando começou, Elisabeth tinha um pequenino atelier na garagem do chalé onde morava. Logo, percebeu que precisava ampliar suas possibilidades criativas, e construiu um pequeno atelier (aliás, foi a primeira vez que ouvi palavras como: Mosaico, Atelier, e Artesanato). Neste atelier, contratou um especialista em fornos, um tal de Olímpio, e com ele, veio um assistente, o Nelson Tegner. Olímpio terminou a tarefa, e foi embora. Mas Nelson ficou, e ficou tanto tempo, que muitos anos depois, bem de vida, já, comprou a propriedade particular onde moraram Elisabeth e Erich (ou Erico) Rosenfeld.
O negócio de cerâmica não prosperou, pois já havia uma amiga de Elisabeth, uma senhora egressa de um campo de prisioneiros pelos nazistas, chamada Wanda Duczynka (Não sei se é assim que se escreve), ceramista, e nunca irei saber, mas quero presumir que Elisabeth não quis promover concorrência com a amiga.
Amigos, aliás, não faltava aos Rosenfeld. Logo, foi construída a casa maior, e o chalé, passou a ser a casa de hóspedes, onde os Rosenfeld recebiam artistas, eruditos, de Porto Alegre e São Paulo. Alguns também da Alemanha. 
Arquivo de família Rosenfeld - Cortesia, Mônica e Ricardo Rosenfeld
Foto à esquerda, acima: Orlando Alves de Moraes
Foro à  esquerda, abaixo: Samuel Isaac Cardoso (Desconheço quem está à sua direita, atrás)
Foto acima à direita, sentido horário: Angelina Muraro, Elvira Nienow, e Maria Elisa Dias Cardoso. Atrás, de pé, Samuel Isaac.
Foto do meio: Ilse Bohn
Foto menor, abaixo: Reconheço Maria Elisa, Elvira e Samuel. Não identifico os demais.

Elisabeth comprou um Tear de madeira para tecer tapetes de lã, que era comprada dos fazendeiros de São Francisco de Paula, mas a lã chegava suja, da mesma forma que era tosada, assim, precisava ser lavada, e era minha avó, maria Elisa, quem fazia esse serviço.


Esta é uma imagem de internet, mas os teares eram bastante similares à estes

No terreno dos fundos da casa, um imenso gramado, bem cuidado, que terminava numa mata e esta estendia-se até à rua dos Abraão, que hoje, liga o Bairro Moura ao Dutra.
O cidadão ao fundo, era o Seu Joanão, um preto velho que tinha carregado sotaque de italiano. Uma criatura de doçura e mansidão, que jamais vi igual. Sempre sorrindo, conversava com simplicidade, e cuidava daquele jardim como se cuida de uma criança. Seu Joanão tinha um filho adotivo, Alcindo Portulan, que foi marceneiro no Artesanato Gramadense.


O tear foi a sensação da vizinhança, que se amontoava à porta do pequenino atelier, já ampliado, para acomodar a engenhoca, jamais vista por aquele povo (eu também era daquele povo). Uma especialista, vindo de São Paulo, Dona Carla Blum, foi encarregada de montar o tear, e treinar pessoas para a nova atividade do já afamado atelier de Elisabeth Rosenfeld.
 O trabalho era reconhecido, e a cada dia apareciam mais pessoas dos arredores, oferecendo seus préstimos serviçais à “Dona Rosenfela”, como diziam os mais símplices, que tinham um certo brilho no olhar, ao vislumbrar um emprego, um aprendizado para os filhos, e um futuro mais digno para a família.
E o Artesanato só crescia. O estacionamento, externo, cascalhado, ficava abarrotado de carros, com placas de Porto Alegre, Caxias do Sul, Novo Hamburgo. Os negócios prosperavam, e Elisabeth descobriu um modo de permitir que seus colaboradores também prosperassem.

Arquivo de família Rosenfeld - Cortesia, Mônica e Ricardo Rosenfeld
Elisabeth não era envolvida em política, mas era bem relacionada com a alta sociedade civil e militar.
Arquivo de família Rosenfeld - Cortesia, Mônica e Ricardo Rosenfeld

Arquivo de família Rosenfeld - Cortesia, Mônica e Ricardo Rosenfeld

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Lavação de Lã

Minha avó, Maria Elisa, lavava e secava a lã, de modo muito rudimentar, no inícios, nas priscas eras do Artesanato Gramadense. Nem sei se chamava assim naquele tempo.
Atrás dela, "Seu Joanão", um Preto velho, que tomava conta do jardim. Pensa numa alma generosa e gentil: era ele. Era Negro, mas tinha sotaque carregado no italiano, pois foi filho adotivo de italianos da colônia


Elisabeth então contratou pessoas com certo refinamento, para colocá-las à frente do atendimento aos visitantes. Tais colaboradores, Elisabeth recusava-se de chamar de “vendedores”, mas os chamava de “Recepcionistas”. 

As pessoas recebiam nas fábricas, o seu salário, e era tudo. Os Rosenfeld inovaram, pelo menos lá. Os colaboradores recebiam religiosamente a cada quinze dias, uma parcela do salário, e recebiam ainda, um adicional, um prêmio coletivo pelo desempenho do grupo, ao que chamavam de “Gorjeta”. Assim, enquanto existiu o Artesanato Gramadense, sob a direção dos Rosenfeld, e ainda depois, pelo casal Rubim, pagava os melhores salários da categoria na cidade.

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De tempos em tempos, era oferecido um churrasco coletivos, extensivo às famílias, e mais que uma confraternização, todos recebiam prêmios por merecimento.

Estes eventos eram oportunidades culturais, ao que, ao longo do crescimento, e da construção de mais prédios, formando quase uma vila, Elisabeth construiu um, em especial, que chamou de “Teatrinho”. Todas as unidades recebiam nomes, mas o “Teatrinho” era um teatro em miniatura, com direito à coxia, palco, e auditório.














A Torre
Era costume, que as casas tivessem uma despensa de alimentos, reservada para conservas e estoque de cereais, bebidas e outros alimentos menos perecíveis, antes da popularização dos mercados, e dos congeladores domésticos. Assim, compotas e doces de frutas, conservas em vinagre e sal, ou mesmo secos, eram guardados em locais menos acessíveis, ao dia a dia da lida na cozinha.

Elisabeth tinha um lugar assim. Ficava no porão da torre da caixa d’água, que tinha um quartinho onde eram guardadas ferramentas de jardim, e no chão, um alçapão discreto, dava lugar ao porão, onde estava guardado um tesouro de especiarias e guloseimas.

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Foram os netos dos Rosenfeld, Ricardo e Mônica, meus amiguinhos de infância, quem me enveredaram para o mundo da bandidagem, que ingressei para o mundo do crime, cujo alvo era o porão das compotas. Traçávamos muitos planos, uso de máscaras, lanterna, mapas, para efetuarmos a abordagem aos calabouço onde eram feitas prisioneiras as latas e os vidros de conserva, que ansiavam por sua libertação, pelos valentes cavaleiros da comilança. Na verdade, isso foi feito apenas uma, talvez duas vezes, pois o serviço de contraespionagem e a segurança do complexo, denunciaram nossas investidas, após descobrirem vidros abertos, e comprovarem por especialistas, que ratos não tinham tecnologia para abrirem “Vidros-Veeck” com os dentinhos. Assim, para frustração de nossos planos criminosos, foi nos oferecida a oportunidade para que nos servíssemos, à vontade, na dispensa convencional da cozinha de Dona Elisabeth. Paciência. Vida que segue. O crime perdeu talentos valiosos.

Cortesia de Rodrigo Parissenti

Esta placa em mosaico, moldada com pedras de ametista (garimpadas em Gramado), tacos de madeira, pastilhas de construção, e desenhos, retrata os primeiros trabalhos de Elisabeth, que sempre contou com auxiliares em suas obras. A placa ainda está fixada na parede de um dos prédios em ruínas.
Todos os retratados ali, existiram de fato, e eu sou aquele agachadinho com uma carda de abrir lá, dentro de uma gamela.

Os Artesãos
Eu nunca tinha ouvido a palavra “Artesanato”, até então, assim como também desconhecia a palavra “Atelier”, “Tear” Mosaico”, e até “Doce de Leite”, senão quando passei a frequentar o círculo social e cultural de Elisabeth Rosenfeld.

Mais que fazer arte ou artesanato, Elisabeth motivava as pessoas a que se tornassem hábeis e também criativos. Grande parte da arte que ela trouxe ao mundo, dizia respeito às pessoas. Onde muitos viam pobreza, Elisabeth viu pessoas. Onde muitos viam pessoas, Elisabeth viu talentos. Onde muitos viam talentos, Elisabeth viu um futuro. E as pessoas abriram os olhos e viram oportunidades.

Assim, Elisabeth demonstrava em sua obra, nos desenhos, nos entalhes, nos mosaicos, grafias pictóricas antropomórficas, onde o Homem e o Ambiente se mesclavam. O painel ao lado, ainda existe, colado sobre uma parede de um dos espaços, hoje em ruínas, que mostra o dia a dia de seu trabalho de artesanato, e as pessoas que participavam dele.

O menino agachadinho, cardando lã, era eu. Na bancada, estavam, ela própria, pintando, e nos teares acima, basta saber quem eram as primeiras colaboradoras, que seus nomes estarão ali, e assim com os escultores, os marceneiros, e os fiadores de lã para os teares.

A vida social de Elisabeth e Erich Rosenfeld
Não quero dar "spoiler"! aqui, pois sei que ainda contarei muitas histórias mais sobre estes visionários.

Arquivo de família Rosenfeld - Cortesia, Mônica e Ricardo Rosenfeld
Arquivo de família Rosenfeld - Cortesia, Mônica e Ricardo Rosenfeld
Elisabeth era uma excelente amazona, com muitos prêmios de equitação.
Arquivo de família Rosenfeld - Cortesia, Mônica e Ricardo Rosenfeld
Elisabeth em sua casa, no Caracol,. anterior à propriedade de Gramado (no Artesanato Gramadense).

Arquivo de família Rosenfeld - Cortesia, Mônica e Ricardo Rosenfeld
Elisabeth em seus passeios, desbravando as matas
Arquivo de família Rosenfeld - Cortesia, Mônica e Ricardo Rosenfeld
Arte e cavalos. Ah sim, tinha música e literatura também. Sempre elegante, esta era Elisabeth.

Arquivo de família Rosenfeld - Cortesia, Mônica e Ricardo Rosenfeld
ESSA foto ME representa! essa era a Elisabeth que conheci. Gostava de gente do povo. não tinha frescura
Arquivo de família Rosenfeld - Cortesia, Mônica e Ricardo Rosenfeld
Pense num casal elegante, nobre, aristocrático, e de uma simplicidade luxuosa: Elisabeth e Erich Rosenfeld

E agora, a notícia triste
Triste ocaso do descaso
Atualmente o patrimônio do que restou do Artesanato Gramadense, encontra-se, não apenas em ruínas, mas em interminável litígio judicial por conta de uma sequência de gestões desastrosas depois que mudou de mãos, não sei dizer em que período isso aconteceu, exatamente.
 Uma lástima. Eis um tesouro com histórias, que está se desmanchando pela falta de conhecimento.

Fotos: Pacard

Fotos: Pacard
Fotos: Pacard


Fotos: Pacard

Fotos: Pacard

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Fotos: Pacard

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Pacard, autor
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Chez Pierre, no Casarão da Borges - O "Happy Hour" dos artistas, em GRAMADO de priscas eras




 

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Estas janelas eram emblemáticas. Quem é desse tempo, sabe o significado. Prefiro deixar no mistério.




Casarão da Borges
A casa pertenceu à família Castilhos, e quando a conheci, morava lá Dona Alice Castilhos, funcionária pública da Prefeitura, conhecida como “Tia Alice”, uma pessoa doce e meiga, que tratava à todos om elegância. Fomos colegas, no tempo em que trabalhei da Secretaria de Turismo, e a conheci bem. Era dona de um fusquinha cor de café com leite, que, ao que soube, ficou de herança ao seu sobrinho João Alfredo, o “Fedoca”, que foi Prefeito do município, seguindo os passos do seu pai, Walter Bertolucci.
Mais tarde, foi alugado para uma artista plástica, que trabalhou durante muitos anos com cerâmica artesanal, na parte de cima da casa.

Desconheço o autor - Imagem de Internet

Foto - Osvaldo Tissot (Imagem de internet)


O porão foi palco de duas boates, até a década de 70, e depois, foi utilizado como restaurante especializado em Queijos e Vinhos, o Chez Pierre, do saudoso amigo, Pedro Gobbi, o “Pierre”.
A especialidade da casa eram o Fondue, e a Raclette, uma bandeja com picles, embutidos picados, e queijo derretido.
Antes disso, o porão foi utilizado como boate: Primeiro, chamada de "Sambão", e depois, "Toca", administrada pelo empresário Beto Schwingel, de Igrejinha, que perdeu a vida em um acidente. Depois disso, então, foi instalado o Chez Pierre, pelo empresário Sommelier,  Pedro Gobbi.

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Em 1978, foi realizado um filme entre Gramado e Canela, pela Linx Filmes e Editora Três, dirigido por Walter Hugo Khoury, com atores conhecidos no elenco, como Rosina Malbouisson, e a italiana Paola Morra. Nesse tempo, eu trabalhava como assessor de turismo, e fui designado pelo prefeito Nelson Dinnebier, a acompanhar e auxiliar a produção do filme, intermediando locações, e o que fosse necessário no ambiente local. Então, além de ganhar um saboroso cachê, e boca livre nos melhores restaurantes da cidade, pelo tempo da produção, quase sessenta dias, nosso local favorito era o Chez Pierre, ao qual, os diretores da Linx não lembravam do nome da Raclette, e a chamavam de “Tarraqueta”. Assim, o Chez Pierre, era também chamado, pelo grupo, de “Tarraqueta”.
Quanto ao filme... Bem, a categoria "Trash" ainda não havia sido criada naquele tempo. Mas se encaixa perfeitamente.
Acrescenta a informação, a Dra Lucia Bezzi, de que  "nome do cine Embaixador foi escolhido em um concurso que cada um dava um nome e o escolhido foi o dado por Marília Daros, nossa querida historiadora  e a boate a Toca parece-me que também foi de propriedade de Cláudio Berend - farmacêutico."

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E eu, o que tenho a ver com esse relato? Pois então. Eu era "aspone" (Assessor de porcaria nenhuma) do então Secretário de Turismo, e por ser de completa inutilidade na função, eu era designado a acompanhar estes movimentos ligados à cinema, gravações de comerciais, e eventos culturais, que nesse tempo, eram promovidos pela Secretaria de Turismo. Mas esse é um causo pra ser contato quando eu mostrar como era o Cine Embaixador, nome que antecedeu ao "Palácio dos festivais", e sucedeu ao "Cine Splendid". Então, pra quem acha que sou volúvel em modificar o nome do blog, de acordo com o estilo de publicações, saiba que Gramado é por natureza um lugar mutante. Mas também falarei disso em outra oportunidade, quando irei abordar a economia de Gramado através dos tempos.

A Raclette ou "Tarraqueta", segundo o vernáculo dos artistas de "As Filhas do Fogo". (Clique na imagem para saber como é o preparo)

Walter Hugo Khoury, Cineasta


Cartaz do filme de Walter Hugo Khoury, "As Filhas do Fogo", gravado em Gramado.

Rosina Malbouisson  (Atual Rosina Sardenberg) (Imagem de internet)
Karin Rodrigues (Imagem de internet) Karins teve uma participação menor no filme

Paola Morra (Imagem de internet)
Serafim Gonzalez (Imagem de internet)
Serafim, além de ator, era escultor, casado com Mara Antônia Hüsemann Gonzalez (Imagens indisponíveis), quem também participou das filmagens, ao lado do marido.
Durante os intervalos da filmagem, reuniu um grupo de escultores de Gramado (Nailor Benetti, Samuel Isaac, e outros) e esculpiu um tronco, com a efígie de uma mãe, com filho ao colo, que ficou exposta, até apodrecer e ser retirada, na pracinha infantil ao lado da Escola Mário Bertolucci.


Maria Rosa (Imagem de internet)

Assista aqui o filme "As Filhas do Fogo, rodado entre Gramado e canela, em 1978
Atenção: Filme NÃO recomendado para menores.
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quarta-feira, 17 de novembro de 2021

A saturação mental dos tempos do fim


Não escolhi este título para impressionar, nem aterrorizar ninguém, até porque tudo tem um fim, enquanto estivermos nesse mundo, onde ainda se discute o início, e mal nos damos conta que, enquanto discutimos a origem, estamos chegando ao destino. Mas o que é o destino, se nem aproveitamos ainda o cenário da jornada? Seria o destino aquele fim dramático preconizado pelo medievalismo recorrente em muitas doutrinas? Ou será que é aquela paisagem de flores e nuvens, ansiosamente desejada por outros, ainda dentro da mesma linha medieval puritana de conforto às almas sedentas por um lenitivo espiritual que possa justificar tanto sofrimento pelos espinhos e pedras da jornada?

Definitivamente eu não sei, e já que não sei, entro na porta ao lado, que é a porta da crença, que nela entrando, ainda há outras duas portas, por escolher: A porta da esperança e a porta da descrença. Na porta da descrença, não há interruptor de luz, e o caminho que se encontra é de escuridão completa. Já a porta da esperança é repleta de luzes e pela soma de todas as cores, que é o branco absoluto, cintilante, sonoro, perfumado, e climatizado em vinte graus de temperatura. E daí pra frente, o grande mistério das luzes e melodias que nos acompanha até o infinito (é claro que não estou criando nenhuma definição teológica a respeito, até porque cada orientação denominacional já tem o seu próprio mapeamento dos caminhos da eternidade. Só uma coisa é unânime: Depois daqui, nada é empírico. É tudo "a priori", o que é bom também, pois abre as salas vazias da imaginação que podem ser abastecidas pela fé.

Mas, sinto dizer que não é sobre o além que eu quero falar aqui e agora. Quero falar sobre o momento em que vivemos, em que há muitos, religiosos e cientistas, e qualquer um que tenha um mínimo de capacidade de reflexão e com olhar filosófico histórico do cenário, que sim, estamos sapateando e fazendo barro, em idas e vindas, nos tempos do fim, e para impressionar mais, no fim dos tempos. Isso é o que é. Sendo assim, urge que deixemos um pouco de lado os grandes projetos para a construção de Babel, e pensemos na edificação da torre de nossas vidas: a presente e a futura (em uma daquelas portas que mencionei há pouco). O tema proposto é sobre a tal saturação mental, essa que você está começando a sentir porque meu texto está começando a se esticar, e ainda não fui ao ponto. Tenha paciência, e leia mais um pouquinho, pois já chego lá.

Recebo uma enxurrada de e-mails e anúncios a cada instante, de empresas ligadas à tecnologia, que me fazem pensar que acreditam que, por eu saber ligar e desligar um computador, que não seja por pauladas e chutes, eu seja capaz de entender o interminável novo léxico de termos técnico aterrorizantes que despejam em mim, e me oferecem cursos para que eu me atualize nessa linguagem, que pelo acelerado das coisas, está transformando magistralmente e tão avassaladora quanto um Tsunami (olha aí outra palavra que só aprendi depois que um aconteceu), e sim, não estamos percebendo, mas estamos trocando de civilização da mesma forma que uma serpente, ou uma cigarra, trocam de casca. Quanta ironia. A serpente mata e come a cigarra, se puder, mas ambas atravessam a mesma situação para seu amadurecimento. Assim estamos nós, trocando de casca, de pensamento, de atitudes, acumulando medos que antes não existiam, e nos sentindo dominados por quem jamais imaginou dominar, de um modo tão veloz, como veloz é o vento de uma tempestade.

Diante da avalanche de propostas que chegam à mim, imediatamente deleto (se dissesse apago, estaria sendo classificado como antiquado) o arquivo, antes que me contamine a tentar entender o significado daquela terminologia tão barulhenta para meus ouvidos sensíveis, acostumados a ouvir palavra por palavra das canções, e assimilar a poesia das melodias.  Expressões como "Backup, browser, bug, crack, hacker, download, data-base, entre tantas, se eu não souber do que se trata, é melhor que eu nem passe perto da máquina eletrônica que governa nossas vidas, então. Eu não recebo mais cartinhas de instituições oferecendo planos de saúde, mas "Healthcare planes", com um linguajar que absolutamente eu não tenho mais capacidade para assimilar na velocidade em que são despejados na minha mente. É aí que eu travo. É nesse amontoado de palavras e estrangeirismos que nosso cérebro satura, e é no amontoado de informações que nossas decisões se tornam confusas.

O excesso de conhecimento satura o campo cognitivo (aquela parte do miolo em que a gente aprende alguma coisa), e as decisões tornam-se automáticas, pelo comparativo de fontes, isto é, quando recebo uma notícia interessante, não sento mais à sombra de uma árvore, para refletir sobre o assunto, mas percorro o Google para saber o que outras fontes disseram sobre isso, e estabeleço uma estatística que me facilite a tomada de decisão pela média favorável. Não sou mais eu quem decido em que devo acreditar, mas a estatística faz isso por mim. Assim, não importa se eu compreendo ou não as palavras velozes do estrangeirismo tecniquês que me cobre de verbetes, mas importa que eu perceba, em algum momento, que chegou a hora de me desligar, porque o infeliz do computador não se desliga sem que meus olhos já estejam absolutamente fechados, e minha mente lacrada para o exercício da razão.

Paralagramabundas perengtemptas. Não isso não significa absolutamente nada. Eu só escrevi isso para ter certeza de que você nem leu até aqui, e já voou para o Tik Tok, que dá pra rir mais e pensar menos.




sexta-feira, 12 de novembro de 2021

A tríade Social



Tríade é a denominação dada à um conjunto de deuses da mitologia que eram incorporados, e ao mesmo tempo, fracionados, em três pessoas que compunham um compacto divino. No cristianismo, deu-se, em português, o título "Trindade", assim como em inglês, "Trinity", tem o mesmo significado, isto é, as Três personalidades divinas, cumprindo funções diversas, no relacionamento com o Ser Humano. Não é este o tema que aqui proponho à reflexão, apenas empresto o termo pagão, para organizar um conceito de diversidade pessoal, mas com objetivo comum, e forças uniformizadas, para fechamento destes propósitos, os quais, penso que sei, mas apenas em teoria, e certamente não tenho como saber, senão por especulação, que é o método mais comum, no que se refere à questões escatológicas.

Nessa linha de raciocínio, encontro três nomes bastante conhecidos, que cumprem essa função, pela natureza de seus trabalhos e empresas: Mark Zuckerberg, Papa Francisco, e estou com certa dificuldade de identificar nesse pacote, o terceiro integrante, pois que ficaria entre Wladimir Putin, Joe Biden, ou Xi Jinping, ou uma soma dos três, para formar um único corpo, assim como eu poderia incorporar a Zuckerberg, ainda, Elon Musk, e Jeff Bezzos, como acrescentaria a Francisco, lideranças islâmicas e evangélicas, para que também tomassem assento em uma única cadeira, com propósitos similares. Agora explico.


No livro de Revelação (Apocalipse), está assim descrito: "Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Seu número é seiscentos e sessenta e seis. (Ap. 13:18). Ora, durante muitos anos, fiz um cálculo muito simples, trocando letras por números, e somando o resultado, e encontrei três personalidades, cada uma, com seu vetor direcionando ao outro: O papado, Bill Gates, e até Ellen. Gould White. Assim, de acordo com o viés, com o lado do muro em que se encontra o estudioso desta doutrina, encontrará a "besta" no quintal do vizinho. Já vi versões diferentes, e uma versão diz que este número é número de Homem (Ser Humano), e que precisa ser calculado (estudado meticulosamente). 

Numa leitura livre, é necessário compreender que no fim do fim, haverá uma junção de forças e inteligências, que formará um "governo único", isto é, um sistema unificado de controle do mundo, sob a bandeira da paz, da família, de valores humanísticos, e sob viés telúrico, isto é, tendo o planeta como uma "mãe" (Gaya), que amamenta e protege seus filhos, e que depende destes para que não pereça ela própria, antes geradora da vida ("o pó retorne à terra, de onde veio" Ecl. 12:7). Então, por esta relação, temos aqui nesta tríade humana, representantes do corpo (Musk, indústria, energia), da alma (Zuckerberg, entrelaçamento social), e do espírito (Francisco e demais religiosos). Todos eles, completam um conjunto de poder que carrega um forte magnetismo de poder, e convergem a cada dia para uma fusão, cujo núcleo se aquece em acelerada velocidade, onde uma força multiplica a força complementar e é fortalecida em contrapartida pelo somatório das massas ideológicas das demais.

Bem verdade é que, em declarações de uma, em relação á outra, há divergências notáveis (Musk critica Zuckerberg, e Francisco critica os dois), mas que todas elas contribuem para um estudo com mais acurada percepção, onde o quarto poder gravita à volta dos três citados, e joga sementes ao vento, para ver de que lado sopra o vento, isso até o momento em que os quatro ventos (Depois disso, vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, segurando os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem sobre árvore alguma. Ap 7:1-4) sejam liberados para agirem. Na minha particular leitura, acredito que o primeiro dos ventos já foi libertado, restando então, os três demais, que acompanharão ou darão voz à esta tríade (não destas pessoas, mas do que elas representam), e neste furor de vozes e sons, se ouvirá o compasso de cavaleiros em acelerado tropel, que darão fechamento do fim dos tempos, bem no tempo do fim.

Não! Não estou assustado. Não me assusta aquilo que conheço. Apenas apreensivo pela possibilidade de que eu perca o foco do meu objetivo final, que é encontrar-me com O Messias prometido. Quero ser contado entre os salvos, junto com meus amados.

domingo, 12 de setembro de 2021

Badaró - O jogo de bulita



Badaró era um piazote bem resolvido com a vida, sabia o que queria ser: Alcoviteiro! Isso era um plano de vida, uma meta a ser buscada com determinação. Tinha lá os seus dez ou onze anos, quando deu-se o feito, que aqui relato.

Desbocado que só ele, retrucava a tudo com uma rima e uma empulhada, se a ocasião fosse oportuna. Respeitava os mais velhos, e sobretudo, a mãe, dona Castorina, uma senhora corrugada pela vida, e dotada de certa acidez natural, que carimbava com olhar de reprovação a quem cruzasse seu caminho. Vivia ralhando com os piás, com o marido, uma borracho acomodado, que bebia e cantava milongas de saudade, todas elas ininteligíveis, porque o tragoléu continuado amortecia a coordenação labial, e assim, emitia sons que mais se assemelhavam à desacatos entre babuínos, do que sintaxe coordenada para produzir palavras.

Badaró jogava bulita com a meninada do lado de fora, no terreiro, arrecém barrido por Castorina, enquanto ela lavava a loiça, com a janela, um tampão de madeira, aberta, e bombeava de quando em quando as atitudes dos malevas, entre uma areada e outra das panelas reluzentes de contínuo que ostentava no velho paneleiro da casa.

- BADARÓOO! - Berrava ela. Passa pra drento, digêro, porque te agácho as carça e te dou umas parmada na bunda, guri!

- AH! Vai tomá no cu da sinhóra! - Respondia, de chôfre, o desbocado badaró, sempre respeitoso.

Isso dito, continuava o jogo de bulita.

- Ispichinháque!

- Dá cá um fede!

Ah, fiadaputa! De bustefão não vale!  Qué cambiá teu bustefão pela minha águida e cinco barrucha?

- Só pela águida e déis barrucha!

- Tá bão, oito barrucha e a águida e fechemo agora!

Cusparada na palma da mão, e um aperto de mão, e negócio feito. Bustefão pra lá, águida e oito barruchinhas pra cá.

- Bamo batê outra partida?
- Às deva ou às brinca?

- Uma às brinca e dispois às deva!

- BADARÓ! - Berrava Castorina.  Lava as mão e passa pá drento, que a bóia tá pronta! Chama os guri pra vim cumê junto, mas lava as mão também.

A piazada entrava, de mãos limpas, em fila, espiando desconfiadas, enquanto Castorina à porta, examinava com olhar severo, um por um, e por fim, ao entrar o desbocado Badaró, ela dava-lhe um tabefe sonoro na bunda, e olhava para o lado para rir, solita. Era um píá maleva, mas não era um maura de todo. Fio único, dava-lhe o consolo da companhia, nos tempos bicudos, que não cessavam.

Silenciosamente, de olho arregalado, os piás comiam sua couve com polenta, enquanto, por baixo da mesa, com a mão enfiada no bocó, contavam as barruchas, já planejando a próxima partida. Às deva!


Projetos  - Arquitetura temática

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Três, ou mais palavras




O Amor

Amor é uma palavra "coringa", nos tempos modernos. Tudo é "amor": amor à alguém, amor à algo, amor reprodutivo, ou simplesmente prazeroso, tudo é chamado de amor. É uma palavra que necessita de um dicionário em cada situação, porque se encaixa em muitas situações.

Amor, para os gregos antigos, era organizado em quatro capítulos:

Eros - o amor do desejo

Fileos - O amor entre as pessoas em si

Storge - O amor da necessidade de filhos pelas mães

Ágape - O amor universal.

Já os hebreus, tinham uma palavra: Ahavá, que significa: "doar-se". Nesta leitura, amar não é carregar baterias para servir-se mais tarde, mas descarregar a própria bateria, sem nada esperar em troca, porque aquilo que é dado em troca, deixa de ser Ahavá, mas passa a ser sobrevivência, ou até egoísmo. Assim, quem ama, simplesmente ama, independente do julgamento de quem é amado, pois assim como o vaso não pode julgar as mãos do oleiros, o que é amado, não pode dimensionar a extensão do que ama.

Ahavá é um paradoxo, porque aplica-se ao que ama, com a mesma intensidade com que é aplicado ao que é amado, com a diferença de que quem ama, tem obrigação de amar, mas o que é amado, é livre para decidir se também deseja amar.


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As disputas

Nunca fui bom em esportes, talvez, por duas razões: porque não tenho nenhuma habilidade, e a segunda, em razão da primeira, eu nunca venceria uma disputa.

Levei isso para a minha profissão, e por isso, nunca participo de concursos, porque me assusta a ideia de gostar de ser melhor que os outros. Não sou. No entanto, acredito em ser melhor hoje, do que fui ontem, e amanhã, desejo pensar que farei melhor do que faço hoje. Não por mim, mas pelos que dependem da qualidade daquilo que ofereço.


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Liderança

Por que as pessoas, religiões, partidos, tem tanta fixação por liderança, formação de líderes, vencedores. Não isso exatamente o oposto do que ensina a Bíblia, sobre mansidão, humildade, docilidade, e vontade de servir?

Não é mais nobre o que serve, do que aquele que se põe a fazer com que outros o sirvam?

Desejo de ser líder, e buscar especialização nisso, é a parte obscura do caráter, que pesará no dia do julgamento final.

Maior é aquele que encontra na mansidão o seu equilíbrio, do que o que anseia por subir à tribuna e vociferar palavras de ordem, para que os inertes as repitam.

Buscar o louvor próprio é temperar a água com sal. Não sacia a sede em tempo algum. O poder é água salobra. A mansidão é água da fonte mais limpa.


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Humildade

Ser humilde não é falta de capacidade. O humilde não é o mais fraco, mas o mais prudente. A humildade é um preventivo da humilhação. É incomum alguém vangloriar-se de ser o mais humilde de um grupo, ou corporação, pois é mais bajulado aquele que é notado por sua protuberante presença no grupo. 

Todos apreciam a luz do candeeiro, mas ninguém tece louvores ao óleo que alimenta a chama. Não há luz sem combustível. Não há mérito no pódio, sem o que correu ao lado, e não alcançou aquele lugar. 

Ser o número dois ou ocupar a última posição, não faz nenhuma diferença ao que alcança o destino. A porta das realizações não se abre apenas para o primeiro, mas para todos os que não desistirem de entrar por ela. Ser o primeiro, é apenas demonstração da ansiedade expressa pela vaidade ao olhar para trás.




domingo, 22 de agosto de 2021

O Velório da Atabarildo


(Ficção)
Pacard

 Pous o Atabarildo atravessava uma crise existencial das brabas, côusa de reza braba para  aliviar o lombo, completamente desenxabido, abichornado uma barbaridade. Andava de um lado a outro com a cuia vazia na mão, sem perceber que nem tinha cevado o mate, como fazia desde tenra idade, lá em priscas eras, quando ainda era um piá largado no mundo, trepador de pinheiro, e pescador em sanga. Desde os tempos em que tinha gosto pôlas côusa, e como dizem os "carça larga", "de bem com a vida". Como dizem as moças, "um piá faceiro!".

Entrava ando, saía ano, e as côusa rastejavam feito lesma, na sua vida. Não era má pessoa. Era até bão cos alimár,  zeloso com a lavourinha que sameava e carpia todos os dias, e com os parcos caraminguás que ganhava, fazendo um biscatinho aqui e outro ali, fazia sobrar um tantico pra comprar uns caramélo  pros baguris da vizinhança, ou tomar uma cervejinha preta nos domingos à tarde, lá no bolicho do Jaguaré. 


Como não era afeito ao truco ou o carteado, de modo geral, nem gostava de falar bobajada desrespeitosa, acabava por ficar solito num canto, perto da porta, de adonde bombeava a paisagem, e matutava sobre a vida. Esse era seu mote: "Matutar"! Atabarildo matutava em tudo, e assuntava, quando encontrava quem lhe fizesse par, em quaje tudo também. Das efemérides, à pecicolojia.  Não era letrado, mas lia os almanaques que lhe caíam à mão. Lia devagar, sílabando as palavras, pois fora até o primeiro ano da escola, mas isso não lhe impedia de buscar sabedoria nas letras, parcas e custosas, mas se esforçava para compreender os mistérios da vida e das palavras. Assim, era procurado para dar respostas por quem sabia menos que ele, o que não era sobremodo incomum no lugar.

Atabarildo, por não se associar aos beberrões, pouco era chamado para outros feitos, e costumava isolar-se voluntariamente, para observar o povaréu, onde quer que fosse, e assim, se divertia, ao seu modo também.

Atabarildo era um sujeito prestimoso. Nunca negava um obséquio, um benefício a quem quer que fosse, e muito raramente, pedia devolução dos favores que prestava. Não que não tivesse necessidade, mas nas vezes em que buscava uma gentileza, à quem havia outrora, estendido a mão, e dado até um braço, não obtinha recíproca, e assim, passava se conformar, enquanto do outro lado, achavam que ele estava ali mesmo era para servir o mundo, e que fosse lamber suas próprias chagas, quando a dor lhe assoberbasse a alma. E assim era.

Atabarildo era solito no mundo,  mas apesar de ter uma família até numerosa, não participava das prosas familiares. Não que não quisesse, até que gostava dos circunlóquios loquazes da piazada saltitante, mas aos poucos, fora se tornando descartável, e à medida em que o tempo corria, tornara-se invisível, nulo, um estorvo. Ao menos era o que lhe parecia ser. Não era mais convocado a dar conselhos, não o cumprimentavam mais, e só se comunicavam com ele por gestos e olhares, duros, gelados, mofados, e rancorosos. Não que Atabarildo  fosse um santo ou mártir. Não era. Era apenas o Atabarildo, mas quem nasce pra Atabarildo, jamais chegará à coisa alguma, que não seja apenas ser um "Atabarildo". E a quem ao feio despreza, odioso lhe parece cada dia mais. E é assim que se constroem os muros encobertos de espinheiros, para quem nem mesmo os gatos subam às suas costas, nos passeios da madrugada, vadiando e ronronando à espreita de gatas vadias. Muros espinhentos não gostam de gatos, e pessoas de alma de pedra não gostam de Atabarildo transparentes, de alma vazia.

Certa manhã, Atabarildo acordou disposto, cevou seu mate, e apanhou, numa gaveta, papel e lápis, e com os garranchos primitivos que conhecia, escreveu um bilhete, com os seguintes dizeres:

"cOnviTe pÁra o vElôreo do atAbaRildO  fOrtuna"
cOnviDamoz vÓsa cenHoriA páRa o velóreo do estinTo AtAbarilDo  fOrtuNa

que Vai acontSSer no dOmingo de Tarde (escolheu essa data, pra que ninguém tivesse desculpa para faltar), no BolixO do jAguarè.

bEbida de gRátiz pÁra toDoz.


Feito isso, deu de mão à um martelo e um prego torto, e garrou rumo ao bolicho do Jaguaré. Lá, pediu licença, e afixou junto à entrada, de modo bem visível, o bilhete, para que todos lessem. E tomou o rumo de casa, sem dizer uma palavra.

Em poucas horas, o bafafá espalhou-se pelo povoado, e imediatamente as pessoas se desocupavam de suas lides, pois a notícia era mais importante, até porque carregava um quê de mistério, pois quem anuncia o próprio velório, ainda em vida, a não ser que tenha propósitos nefastos em mente.

Compadre Adenor, o intendente substituto do povoado, foi convocado para ter com Atabarildo, e saber do intento do pobre, não que isso importasse, mas não era de bom tom saber de antemão de um velório.
Atabarildo o recebeu com uma cuida de mate, e ao contrário do que pensara o intendente substituto esticava a mão para receber uma cuia de mate, e a prosa rolou solta até o entardecer. Não se falou mais no assunto, e Adenor não tocou numa palavra com ninguém, pois estava de acordo com o que ouvira de Atabarildo.

Chegado o domingo, missa pela manhã, um churrasco ao meio dia no salão da paróquia, e lá estava o Atabarildo, saboreando sua costela com farinha, e contando causos à rodo, distribuindo caramelos pra pixotada, e piscando pras moças, fazendo-as rir em um isto de nervoso e expectativa, pelo velório de logo mais.

A tarde chegou, e lá estava o bolicho apinhado de curiosos, com flores, as carpideiras alinhadas, com seus lencinhos bordados, o Jaguaré, passando com uma bandeja de pastéis, vendendo à rodo, e numa mesa comprida, um arranjo de flores, tendo ao centro, um vazio, que tinha a forma de um corpo, e em lugar deste, apenas um bilhete:
" AtAbariLdO FortUna, sAudAdez Eterna!"

Barbaridade! mas que disparate. Isso haveria de ter uma explicação plausível, e sim, tinha.
Atabarildo abriu o povaréu em duas colunas, e bem vestido, com uma flor na lapela, achegando-se ao local do corpo ausente, pede que lhe sirvam uma cerveja preta, e de pé, segurando uma flor, começou a falar:
......
Continua........

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Colo, coleira & civilização

Gosto de fazer piada de quase tudo, até mesmo de coisas tristes, que digam respeito, única e exclusivamente à mim próprio. Não tenho o hábito de troçar o infortúnio alheio, posto que minha ética me puxa pelas orelhas, se um dia fizer isso. Às vezes, porém, faço alguma ironia, e sim, aí o assunto é serio, creiam em mim. No entanto, há coisas que exigem um tempinho a mais do que fazer piada, e esse me parece ser o caso.

Nas três imagens, devidamente protegidas em suas privacidades, embora recolhidas de espaços públicos de internet, há retratos distintos do cenário da sociedade líquida, à qual fazia referência Sigmund Bauman: “Tudo é mais fácil na vida virtual, mas perdemos a arte das relações sociais e da amizade”. (Bauman em entrevista ao El País)" 

 Na primeira imagem, uma cena bastante comum: adultos de classe média, passeando com seu cãozinho (gato não é muito afeito a essas liberdades, prefere se lamber e analisar o mundo, do parapeito da janela), e do outro, uma criancinha, em idade de colo, atada a uma pulseira presa a uma guia, cuja extremidade está atrelada ao forte e seguro pulso de um adulto. Já na foto à direita, um casal, divide o prazer de motivar um pequenino ao passeio, que cada passo torna-se uma aventura memorável.

Passear com uma criança ativa em um shopping, cujos parapeitos e acessos ao penhasco arquitetônico, são pífios, e nem vou gastar letras em descrever quantas desgraças já aconteceram nestes locais, com crianças irrequietas e saltitantes, o que justifica cuidado multiplicado na observação em tempo real, e mais que isso, na segurança que só uma mão firme, porém delicada, pode assegurar aos promissores acrobatas da vida.
Estou falando de segurança, claro, mas não é sobre segurança que quero falar, e sim sobre inversões, sobre valores dedicados a um e outro, animais, e crianças, seja qual for o grau de parentesco que tiverem.

Pai de três filhos, e avô de cinco netos (embora um eu ainda não tive a alegria de carregar o numero cinco, no ombro, que lhe pertence por direito, por conta de circunstâncias que só um mundo mau pode definir), e orgulhoso proprietário de uma hérnia de lombar, uns desvios na coluna, e joelhos tremelicantes, pelos anos em que levei no colo estes adoráveis depósitos de fofura, ao que chamamos de bebês, nenês, pimpolhos, e amiguinhos. Muitos e muitos passeios, idas aos parques, caminhadas por trilhas, visitas aos parentes, sempre, sempre com um ou dois, em simultâneo, pendurados no pescoço e nas costas.
Claro, tem ainda o perigo de andar com eles pelas multidões, praia, shoppings, ruas movimentadas. Tudo isso é de extrema gravidade e exige cuidadoso planejamento, para que tudo de bom continue a acontecer, pois criança é como um passarinho: olho pro lado, eles voam. Então, qual a solução para levar uma criança ao shopping, praia, ou lugares delicados e de alto risco? Amigos, tias, tios, avós, vizinhos confiáveis. Sim, Um mutirão em favor de um prazeroso passeio, onde se pode olhar vitrines, sem ter que manter uma corda esticada numa mão, e uma criança infeliz na outra, ou você acha mesmo que uma criança presa a uma coleira, feito cachorro, está feliz nessa situação? Passear no shopping ou na praia levando o filho em uma coleira, feito bicho, pra virar atração, diverte à quem? À criança?
Ora, shopping é bom para passear, visitar lojas, tomar o tempo dos vendedores, gastar, mas não é uma obrigação, ao ponto de arrastar um bebê por uma coleira, para mandá-lo comportar-se com um puxão por uma corda. Não é mesmo, ainda que o brilho das lojas seja mais intenso que o amor e a paciência em acompanhar as lamúrias de um pequenino desagradado com o lugar.

Achou ruim isso que escrevi? Então faça o contrário: Ponha uma coleira em si mesmo (a), e deixe que outra pessoa a carregue de um lado pra outro, como se puxa um burro ou cavalo pela estrada, e quando esta pessoa desejar sentar-se, para um café, que o amarre a um palanque, com uma canequinha de água e uma gamelinha de biscoitos, afinal, quem amarra um filho para passear, não vai se importar de que lhe façam o mesmo.

Se não tem paciência para ter filhos e dar-lhes atenção, como parte do prazer de seu crescimento e educação, que feche as pernas ao fazê-los, ou corra para o ato solitário do prazer, que não engravida ninguém, em lugar de carregá-los como animais, ou trocar o colo a estes, por um cachorro, porque pesa menos e não pede pra comprar nada.
Eu fui muito, muito pobre, mas ganhei muito colo quando era pequeno. E guardei o sabor para dar colo aos meus amadinhos também. E claro, nunca neguei colo pros gatos que tive, mas jamais troquei bicho por gente. Por pior que seja, gente ainda é gente e bicho é bicho.

A civilização cresce como rabo de cavalo, sempre pra baixo. A sociedade se liquefez em egoísmo, e o amor está se esfriando em quase todos.

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quarta-feira, 21 de abril de 2021

De teologia e de saudade



De Teologia e de Saudade

Pacard

Dez mil seitas e duas mil religiões há no mundo, sem que estes números ofereçam alguma precisão.  Há países onde são milhões os seus deuses. Somos bilhões de pessoas, não apenas vivas e contadas pelos modernos censos e avaliados pelas estatísticas, mas todas aquelas bilhões de pessoas que já existiram neste mundo, cheio de religiões, cheio de personagens, cheios de medos, anseios, necessidades, sonhos e sobretudo crenças.

Somos seres distintos dos animais, a quem  Darwin classificou e qualificou de irmãos remotos, ancestrais não evoluídos, o que na concepção judaico-cristã, e por via indireta também, islâmica, torna-se uma blasfêmia, pois implica em duas afirmações antagônicas: Ou o homem, feito à imagem e semelhança de Deus, e nesse caso, advindo de uma ameba evoluída, torna o Seu Criador outra ameba, para  ratificar esta afirmação mosaica, ou então, mata o Criador com um golpe único de uma lâmina mordaz oculta sob o manto da ciência.

Mas não é tão simples assim, pois desta forma estaria matando também a essência destas bilhões de pessoas que um dia nasceram, foram amamentadas e acalentadas, receberam nomes, foram chamados de filhos e amigos, ou mesmo inimigos. Tiveram dores, alegrias, se ajuntaram em duplas e reproduziram outros filhos a quem amamentaram e os viram andar pela primeira vez, os encaminharam para a vida, ensinaram a eles lições e os protegeram o quanto puderam dos perigos que o mundo já oferecia desde então.

Estas mesmas bilhões de pessoas, que ao seu tempo, lugar e modo, se ajuntaram em grupos, bandos, tribos, clãs ou fraternidades, quase sempre o fizeram em solene reverencia a algo em comum, misterioso e invisível: o seu medo. Mais do que a alegria, a esperança, o companheirismo, o medo sempre uniu as pessoas, porque medo só é fracasso, mas medo em conjunto é uma causa. Um partido. Uma religião (Não podemos confundir as religiões que nasceram a partir do medo da morte e desgraças, cujos destinos eram confiados à sapiência dos feiticeiros e sacerdotes, com aquelas criadas a partir da contemplação e busca de respostas para os mistérios da natureza humana).

Temos no entanto duas teologias distintas nesse raciocínio: uma que cria elementos e formula conceitos a partir de sua própria interpretação de fenômenos ligados às forças da Natureza,  a teologia de valores extrínsecos, e outra, que trabalha soluções que mesclam atitudes reais intrínsecas, inerentes ao próprio indivíduo e que dá resposta às suas questões íntimas no tocante à morte, ao sofrimento, e relativas à paz de espírito, essencial a todo ser humano.

São aparentemente apenas formas de cultuar aos deuses, cujos fenômenos da natureza se assemelhavam aos seus medos ou às suas aspirações, transformando “deus” em “Deus”, porquanto passa a ser pessoal essa crença, nascendo sempre de forma pedagógica, seja punitiva ou contemplativa, mas única. Nascem então bilhões de deuses moldados à forma e semelhança do homem, porquanto atribui a si culpa e pequenez diante do incompreensível e incognoscível, mas que vê nestes deuses distantes a resposta para as questões que o caminhar da vida lhe permite formular. Não há respostas, apenas olhares rumo ao infinito em busca de nada, na ânsia que assuma a divindade criada, caráter antropomórfico, para que possa compreendê-lo e criar uma proximidade segura até que a morte os separe.

Já no pensamento judaico cristão, em que o Homem, criado à imagem e semelhança de Deus, nada pode fazer para encontrar esse D-s, não pode mapear nem rastrear Seus caminhos, fica uma possibilidade única de contato com a divindade:  encerrar a busca e deixar-se encontrar por D-s. Não compete ao homem correr, mas parar. Não compete ao indivíduo formular imagens ou essências, moldar o caráter e as características que poderia ter  o seu D-s Criador, mas em simplesmente permitir-se envolver pela bondade desse Criador, que o gera a partir do nada, e que com um sopro o faz andar, pensar, sorrir, chorar, deitar, levantar ou simplesmente existir e ser completo em cada etapa do seu caminho.

Se de um lado, caminhamos pela mão do tempo e da história, e encontramos um universo de bilhões de pessoas que buscaram as mesmas coisas, somos levados a pensar e temer que somos mais uma delas, diante das tantas outras bilhões que estão por vir, e formularem as mesmas perguntas, e desejarem ser únicas, como desejamos, porque de nada vale para cada uma delas, e eu e você, inclusive, que sejamos formiguinhas de contemplação do Todo Poderoso em sua enfadonha tarefa de absolver os inocentes e punir os culpados até que o sol se apague e tudo não tenha passado de uma fração de tempo na eternidade. Ou se de outro lado, sejamos sim, uma das bilhões de pessoas, com nome e sobrenome ( nome de família, o que diz que tivemos uma um dia), e historias a contar, mas alinhados numa caminhada com um Deus amigo, de preocupações reais com as minhas preocupações e suas reais, com empatia e simpatia para com o tropeçar continuo desses pequeninos que titubeiam no caminhar, e que não me faz correr atrás de suas pegadas para que eu O encontre, mas que segue Ele então, nas minhas próprias pegadas, ao mesmo tempo em que prepara veredas que me esperam, e que me sustém nessa jornada, e que me abraça em minhas mágoas, e seca as minhas lágrimas, e que guarda o meu tesouro, que sou eu próprio, para que mesmo em chegando o descanso da morte, possa ser encontrado intacto e perfeito, na manhã da ressurreição e abraçá-lO, conhecê-lO, ouvir a Sua voz e desfrutar as delícias que me prometeu.

Tenho saudade deste D-s e desta Teologia, que me dispõe na segurança de uma esperança que me faz desejar continuar a jornada sem olhar para trás, exceto para que lembre dos feitos de Sua bondade e da beleza de Seu caráter, cuja luz deseja espelhar em mim, pelo modelo que me fez conhecer, O Messias

Tenho saudade desta Teologia que me permite saber que em bilhões, eu sou único, mas que como único, só sou completo se com estes bilhões estiver o meu coração. “Ama ao teu próximo como a ti mesmo” pode ser traduzido também em “ama aos bilhões de filhos de D-s com tal intensidade, para que te sintas amado bilhões de vezes mais pelo teu D-s”. Muda o sentido da expressão. Multiplica em infinitas vezes esse amor, e que minha fé me diz, que é apenas uma centelha, uma infinita quantidade de amostra do amor incontido e incontável que o D-s que caminha por entre bilhões de pessoas, continue firme ao meu lado. 


O erro da Inteligência Artificial (IA) - Um diálogo quase absurdo com uma IA

Pergunta -  IA! a IA poderá criar outra inteligencia artificial mais evoluida que a atual, a partir do conhecimento e da capacidade que já p...