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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

O Encolhimento mental - Pensando em Inteligência natural (enquanto ainda existe alguma)

Imagem vergonhosamente gerada por AI, apesar do autor ser Designer à moda antiga*

Eu seria hipócrita se dissesse que não estou pasmo, extasiado, ululante, diante das possibilidades de respostas quase prontas geradas pela Inteligência Artificial (é tão real, que já tem personalidade e se escreve com letras maiúsculas (aquela letra grande que começa uma frase depois de um ponto - sempre é bom lembrar certas funções antes que sejam extintas completamente), AI. Gosto muito sim, e já comecei a usar, a princípio para me divertir, e um pouco também, tenho usado o DALLE-e (IA geradora de imagens aleatoriamente surreais) para compor paisagens, que utilizo em meus desenhos, haja vista que o uso de fotografias, por mais belas que sejam, estão protegidas por Direitos Autorais, o que é justo, mesmo porque, talvez muitos não saibam, mas também os meus desenhos e ilustrações, mesmo compartilhadas por mim nas redes sociais, também estão protegidas pelas mesmas leis, e desse modo, para paisagens de fundo (eu ia dizer "background", mas deixo os jargões pras conversas mais técnicas entre colegas), obtendo o efeito que desejo, na maioria das vezes.

Mas não vim aqui para falar mal da IA, e sim,  estabelecer um paralelo entre as facilidades das tecnologias desde os primeiros avanços do conhecimento (viu só, eu poderia chamar de "Ciência", para parecer erudito), e pasme só, se pensa que eu vou meter tijolaços no saber criativo, seja artístico ou tecnológico, para defender algum ponto de vista religioso, como tal. Ledo engano! Vim exatamente fazer apologia ao uso da inteligência como ferramenta de criatividade, razão precípua da existência humana, de acordo com o relato bíblico, onde o Ser Humano, criado à imagem e semelhança de D'us, é por excelência, um co-criador, e como tal, sim, tem necessidade, oportunidade, direito, e obrigação de ser criativo.

Pois é. É agora que encontrei o primeiro hiato do caminho, porque a finalidade do conhecimento é promover a facilidade e conforto da civilização (animais domésticos estão inclusos, senão pergunte ao gato, o bicho mais dependente da tecnologia que possa existir, pois basta perceber uma fonte de calor, seja ela humana, animal, eletrodoméstica, ou solar, e lá está o pulguento esticado ou enrolado, tanto faz, gastando todas as calorias que possa gastar, e depois disso, depois de saborosas e reconfortantes lambidas, esnobar seu dono (não é "tutor", viu? Sou velho e posso falar do jeito que se falava quando eu era novo). Então, sim a tecnologia veio para produzir mais tecnologia, conforto, e outras facilidades que o mundo moderno impõe. Até mesmo artefatos para matar, dizimar, exterminar, afinal, a super população volumosa da Terra precisa ser dosada, segundo o pensamento retorcido de uns e outros, não é assim? 

Mas vou deixar os artefatos da dor de lado, e tratar do conforto. Da fdacilidade. Da agilidade de ação. E vou pular a parte da enxada para a colheitadeira, e vou para a tecnologia da moda: Inteligência Artificial (acho que já falei disso, eu acho).  O tal Chat GPT está formatando uma nova geração de micro-cérebros, atrofiados pela falta de uso (explico: Cérebro é aquilo que meus leitores usam ao ultrapassarem a barreira da quarta linha, sem pular parágrafos, pra saber o que eu quis dizer, lá no final, e que por não entenderem nada, são obrigados a respirar fundo e retornar ao início e ler com calma, linha por linha, para acompanharem meu reciocínio textual (alguns conseguem. Eu, nem sempre). E vou confessar: eu faço isso por puro sadismo, uma técnica que utilizo na minha academia virtual para fortalecimento da mente de quem consegue chegar ao final e ainda resolve ver se eu não fui incoerente aqui e ali, e nesse vai-e-vem de leitura maçante (eu tenho que admitir), exercita a parte crítica da massa cinzenta estacionada entre uma e outra orelha, me dessa forma, mantem a mente pulsante, descarregando sinapses, e obrigando o coração a acelerar no bombeamento de sangue, e claro, sangue que sai do coração, alimenta e oxigena o cérebro, mas antes disso, já encheu o bandulho de trilhões de outras células, obrigando-as a perceberem que ainda estão vivas.

A IA está vindo para atrofiar o que resta de mentes, antes brilhantes, hoje apenas pulsantes, que esperam dos dedos a dedilharem teclados (no caso de celular, apenas dois polegares dão conta) e que digitam duas ou três palavras, e recebem um discurso tão erudtido quanto eruditos eram os discursos de Cícero, Anaximandro e Quintvs Hortensivs, seu rival na erudição e retórica.

Está chegando a IA para ensinar seus filhos a acelerarem as tarefas escolares, e se não houver um despertar dos educadores, muito em breve, os robôs entregarão os trabalhos escritos à mão em papel Almaço, que porventura tenham solicitado, imaginando que com isso obrigariam os alunos a voltarem a descobrir para que servem os dedos. 

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