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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Por que gastais naquilo que não é pão? - O Desperdício dos Alimentos


 

Diante do artigo anterior, sobre a Shemitá, uma leitora comentou comigo que infelizmente é necessário este volume de produção, por causa do excesso de população. Eu sou levado a concordar com a elitora, mas essa observação provocou a segunda parte desse tema, que trata exatamente sobre o desperdício de alimentos no mundo, e começo o assunto com uma citação bíblica que diz:

"Venham, todos vocês que estão com sede, venham às águas; e, vocês que não possuem dinheiro algum, venham, comprem e comam! Venham, comprem vinho e leite sem dinheiro e sem custo. Por que gastar dinheiro naquilo que não é pão e o seu trabalho árduo naquilo que não satisfaz? Escutem, escutem-me, e comam o que é bom, e a alma de vocês se deliciará na mais fina refeição." Isaías 55:1,2

Quando ainda morava em Gramado, minha loja ficava ao lado de um restaurante, e ao que eu percebia, não era o restaurante mais movimentado. Cerca de suas vezes por semana, passava um homem com um reboque cheio de tonéis, e recolhia os restos dos alimentos que retornavam das mesas. Por estar quase sempre desocupado, pela falta de movimento na minha loja, tive o "capricho" de calcular, pelo volume de latões que ele recolhia, qual seria o volume semanal, mensal, e anual. Multipliquei essa quantia pela média de restaurantes que havia na época, e, embora eu não lembre mais do cálculo feito, posso recordar que eram algumas centenas de toneladas mensais, milhares ao ano. Acredito que a porcada era bem gorda. Não sei. nunca fui ver. Mas, independente se eram alimentados os porcos, ou jogados nos aterros sanitários, e mais tarde, composteiras, o volume de alimentos que sobra nas mesas (apenas dos restaurantes, pois em casa, há sempre um modo de reaproveitar as sobras para um "Restô donté"). Assustador. Mas até aqui, trabalhei no achismo. Fui aos números, e foram, digamos, aterradores.

O desperdício alimentar é um problema global que afeta tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), cerca de um terço de todos os alimentos produzidos no mundo para consumo humano é perdido ou desperdiçado a cada ano. Isso representa cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos que são jogados fora ou perdidos a cada ano.

No Brasil, o desperdício de alimentos também é uma questão importante. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), cerca de 40% de toda a produção agrícola do país é perdida antes mesmo de chegar ao consumidor final. Isso ocorre devido a fatores como falta de infraestrutura adequada de armazenamento e transporte, bem como o descarte de alimentos que não atendem aos padrões de qualidade estabelecidos pelos varejistas.

Além disso, dados do IBGE mostram que cerca de 19 milhões de brasileiros ainda passam fome no país, o que torna o desperdício de alimentos ainda mais preocupante.

Algumas outras estatísticas relevantes incluem:

Segundo a FAO, a maioria do desperdício alimentar no mundo ocorre nas fases de produção, pós-colheita e processamento (54%), enquanto a porção restante ocorre durante a distribuição e consumo (46%).

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o desperdício de alimentos é responsável por cerca de 8% das emissões globais de gases de efeito estufa.

No Brasil, estima-se que o desperdício de alimentos cause prejuízos anuais de cerca de R$ 22 bilhões, segundo o Instituto Akatu. No mundo, estima-se que sejam 750 Bilhões de Dólares por ano.

Ainda de acordo com o IBGE, cerca de 30% dos alimentos comprados pelas famílias brasileiras acabam sendo desperdiçados.

Assim, não se trata apenas de falta de alimentos, que justifique o esgotamento da terra, mas de educação alimentar, para que sobre a produção, ainda que fosse aplicada a Shemitá, independente do caráter religioso que se origina.

Lamentavelmente só vemos programas de reeducação alimentar e aproveitamento total dos alimentos, por grupos alternativos, veganos, naturalistas, e em muitos casos, os ensinamentos são confundidos com doutrinação ideológica ou religiosa, o que atrapalha os programas neutros, mas focados em consciência alimentar sem fanatismo ou proselitismo.




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