AD SENSE

domingo, 24 de agosto de 2025

Tendências 2026 a 2030 - Parte 2 Aconchego

 
(Transcrito por TurboScribe.ai.)

1 - English Text

English

(0:03 – 3:21)
So, shall we continue? In the previous video, I talked about trends, and I justified this through a study I’ve been doing over the past few months. A trend is always a possibility, never a certainty, but a possibility based on rational arguments, on facts that keep adding up. I spoke about the possibility that in the next five, maybe even ten years—and later I’ll explain why this timeframe—the living environment will change. I don’t really like to use the term “decoration,” because it often implies something expensive, something only the wealthy can have. But that’s not the case. I can decorate with a simple flower vase, or with a slipcover on a sofa, or with a hand-embroidered tablecloth. Decoration does not necessarily mean luxury or wealth; it simply means arranging a space in a way that makes it pleasant and welcoming. That’s the link to what I want to discuss. I made use of artificial intelligence in my research, because it speeds things up. I feed it a theme, I ask for sources and references, and in a few minutes I have what I need. Then I ask it to organize the material into the form of a lecture. It doesn’t replace my knowledge, but it provides raw information, from which I create my synthesis. My premise here is: how will furniture, interiors, homes, and gardens—let’s call it the home—evolve in the coming years, in response to what’s happening in the world: wars, epidemics, hunger, crime? The home will increasingly become a castle, a fortress. Just as in the past, thousands of years ago, when fortified walls provided security, today our sense of safety is strongest inside our homes.

(3:21 – 16:00)
And security is indeed one of the main concerns of our times. I’ll give an example. When my granddaughter Sara was little, maybe four years old, we would go for a walk in the condominium courtyard. If someone made a joke or scared her a little—a janitor, a doorman—she would run and hide behind my leg, hugging it, smiling, and feeling safe. That’s the instinctive sense of security we seek at home. We have doors, gates, electric fences, cameras, and other means to keep us safe. But security alone is not enough. If you are safe inside a cave, you will still need warmth, food, and comfort. The same goes for a home: it must be safe but also pleasant, comfortable, and welcoming. That is the true meaning of decoration—or, as it came to be known in the 1990s, interior design. I started as a furniture planner in the 1980s, later became a decorator, and after attending the Milan Fair in Italy in 1990, I embraced the word “designer.” Design is not just about drawing; it comes from the Latin designare, meaning to outline or plan something that will be produced. And design involves much more than drawing. It requires knowledge of materials, production methods, tools, technology, and above all, human behavior. How will society respond to a new product? Does society demand it, or does the product itself shape consumer habits? These are fundamental questions. Design connects the producer, who seeks profit and jobs, with the consumer, who seeks comfort and fulfillment.

(16:01 – 16:48)
Now, one of the strongest trends I see relates to nostalgia and emotional connection. In times of uncertainty—economic crises, social upheaval—people seek comfort in the past. Retro style, with references to the 1950s, 60s, 70s, and 80s, evokes memories of simpler, more stable times. Often, these memories are not even lived experiences but dreams of what could have been: a country house, a grandmother’s farm, a white-fenced yard. Nostalgia is not just missing the past, but longing for the youthful sense of hope and dreams we once had. That’s why the 1950s and 60s are often called the “Golden Age.” Music, fashion, literature, cars, and architecture from that time still inspire us today.

(16:48 – 17:56)
So, as times grow more difficult, the future of interior design is not something shockingly futuristic—technology is already here and advancing fast—but rather something that balances technology with warmth, comfort, and the good memories of the past. That’s today’s message. And I’ll make a deal with you: if I get just 20 more subscribers, I’ll record another video. A big hug to everyone, and may God bless you all.




Português

Clique na imagem para assistir o Video no Youtube

(0:03 - 3:21)

Então, vamos continuar? No vídeo anterior, eu falei sobre a tendência, e aí eu justifico através de um estudo que eu tenho feito ao longo dos últimos meses, sobre a possibilidade, tendência é sempre uma possibilidade, tendência nunca é uma certeza, mas ela é uma possibilidade com base em certos argumentos racionais, de fatos que vão se somando, pois bem, e eu falei então sobre essa possibilidade de que nos próximos 5, talvez até 10 anos, e depois eu explico porque esse tempo, o ambiente habitacional, vamos dizer assim, eu não gosto de falar propriamente o termo decoração, porque decoração pressupõe uma coisa cara, uma coisa que só rico pode ter, não é assim, eu posso decorar um ambiente com vasinho de flor, eu posso decorar um sofá com uma capa simples, eu posso decorar uma mesa com uma toalha bordada à mão, e assim por diante, então decoração não pressupõe riqueza, decoração não pressupõe luxo, ela pressupõe um arranjo, uma ornamentação do ambiente para que torne mais aprazível, mais agradável, e é aí que eu gancho do que eu quero falar. Então eu elaborei, e naturalmente eu me vali, eu usei a inteligência artificial, por quê? Porque ela acelera a pesquisa, então eu coloco o tema, eu quero que pesquise esse tema aqui, eu quero fontes, referências, e em poucos minutos eu tenho o que eu quero, e depois eu peço que ela organize para mim, em forma de palestra, acelera bastante, não muda o meu conhecimento, acrescenta informação, mas o meu conhecimento é exatamente a síntese que eu vou tirar, que eu vou retirar desse conjunto de informações. Então como o mote aqui, a premissa aqui é falar sobre como será o comportamento do mobiliário, do interior, da casa, do jardim, enfim, do lar, vamos chamar de lar, nos próximos anos, em decorrência do que está acontecendo no mundo, em razão de guerra, em razão de epidemias, em razão de fome, todas da criminalidade, o que acontece é que a casa vai se tornar cada vez mais o castelo do indivíduo, a preocupação com segurança é uma coisa que vai crescer bastante, ou seja, é dentro de casa que eu estou seguro, e isso não muda do que acontecia a mil, a dois, a três mil anos atrás, onde a fortificação estabelecia um certo padrão de segurança, era mais intransponível, era mais difícil arrombar uma parede de um castelo, uma fortaleza, uma muralha, do que entrar numa choupana simples lá no meio do campo, atear fogo, como eles faziam, e invadir, depredar e fazer vandalismo.


(3:21 - 16:00)

Então, o que nós temos hoje em termos de segurança, ele pressupõe mais ou menos também esse mesmo sentimento, dentro de casa estou seguro, como uma criança, a minha netinha Sara, hoje está com vinte anos, quando ela era pequenininha, deve ter uns quatro ninhos por aí, eu saia para passear com ela aqui no pátio do condomínio, e às vezes alguém fazia uma gracinha com ela, um zelador, um porteiro, e ela corria e se escondia atrás de mim, meio em diagonal a minha perna, abraçava a minha perna, sorria e olhava para mim, e aí quando a gente saia dali, ela olhava para mim e dizia, "eu ta fetônha do tio", ou seja, ela sentia, se escondendo atrás do vovô, uma segurança, essa mesma segurança que nós buscamos dentro da nossa casa, porque nós temos portas, no condomínio nós temos portas que nos separam da rua, portão, cerca elétrica, câmera de vigilância, os que tem e assim por diante, então, a busca da segurança é uma das premissas em razão dos tempos que estão acontecendo, dos dias que estão acontecendo e a tendência é, e aí é uma tendência forte que ele se acentue, mas segurança não é apenas eu estar seguro dentro de uma caverna, com uma rocha fechando a tampa, fechando a boca da caverna, para que a fera não entre, porque ali dentro eu ainda vou precisar de calor, vou precisar de alimento, vou precisar de certo conforto, para as minhas necessidades, para a minha segurança, para o meu bem estar, então, vou precisar de fogo, alimento e assim por diante, da mesma forma, a casa não é, não basta apenas estar segura, ela precisa estar segura e confortável, segura e aprazível, esse é o sentido então do que nós chamamos de decoração, depois, a partir dos anos 90, acharam mais bonito chamar de design de interiores, até 1990 eu era decorador, até 1980 eu era projetista de imóveis, a partir de 1980 e alguma coisa, eu me tornei decorador e a partir de 1990, retornando de uma viagem que eu fiz a feira de Milão à Itália, eu entendi que o termo correto para minha profissão seria designer, mas enfim, aí tudo virou design, é bom, não está errado não, até porque existe uma compreensão, uma falsa compreensão da palavra designer, no início, ninguém sabia, quando disse, eu sou designer, aí eles me chamaram de designer, e na verdade não está completamente errado, porque a palavra designer, embora tenha sido apropriada pelos americanos, e depois pelo mundo todo, acham que é uma palavra em inglês, não, não é, designer vem do latim que significa designare ou "desinhare", designare significa vou desenhar algo que será produzido, então isso é o design, é o desenho, é a ilustração, é a orientação gráfica de algo que será produzido ou utilizado, esse é o design, pois muito bem, então o design, ele começou a tomar essa forma, a decoração, assim por diante, e então a partir desse conjunto de coisas, eu fui ao longo dos anos entendendo, porque você quer entender design, principalmente o design interior, não, não só principalmente, todo design, você quer entender o design, você tem que entender mais que desenho, eu conheço designer que não sabe desenhar, eu tive muitos alunos, que eu ensinei desenho à mão, alunos egressos de faculdade de design, do curso superior de design, que não sabiam pegar um lápis para desenhar, usavam naturalmente nas suas aulas recursos gráficos tecnológicos, computação, assim por diante, mas não sabiam o rudimento, até a delícia que é desenhar à mão, pois bem, no momento em que eu me proponho a desenhar algo que será produzido, eu estou realizando o design, e é muito mais importante do que o desenho, é importante também o conhecimento dos materiais, o conhecimento da forma de produção, deixa eu me ater aqui a duas partes, a primeira parte produção, a segunda parte habitação, na parte de produção é importante conhecer o parque industrial, que tipo de máquina, que tipo de ferramenta, que tipo de fresa, que tipo de tecnologia utilizada, que tipo de produto químico é aplicado no acabamento, na montagem, na colagem, enfim, é necessário então o entendimento do aspecto construtivo do design, na parte habitacional é importante o entendimento do ambiente, do espaço, e do comportamento das pessoas dentro daquele espaço, já voltando ao industrial, mais que tudo isso é importante o entendimento do comportamento da sociedade, das pessoas, como é que a sociedade consumidora se coloca diante de um novo produto, quando falamos em design estamos pressupondo uma inovação, não que seja, mas quando vai para o mercado a inovação é que precede, então como é que a sociedade se comporta em relação àquele produto, e outra coisa, é a sociedade que pede por um novo produto e o consome depois que ele aparece, ou é o novo produto que induz a sociedade a consumir, é uma discussão bastante grande, porque o design muitas vezes ele nasce em cima de uma necessidade, que muitas vezes o próprio usuário, o próprio consumidor não sabe o que ele quer, mas ele sabe que ele precisa de algo, cabe ao designer interpretar aquilo, desenvolver e depois a engenharia, não confundir a engenharia de produto com o design, o designer é aquele que cria o objeto e a engenharia de produto é que vai funcionalizar aquilo, fazer com que ele aconteça e assim por depois tem o mercado, vai botar a venda e fazer chegar ao alcance do consumidor, pois bem, claro que no momento que eu vejo um produto novo e eu gosto daquele produto, hoje com as lojas virtuais acontece muito isso, eu penso assim, como é que eu vivi até esse tempo sem isso aí, mas isso é uma outra discussão, pois bem, então baseado nisso é importante entender esse comportamento, tanto das famílias no comportamento dentro de casa, como se comportam com aquele ambiente, como da sociedade, como vai se comportar com aquele produto e é assim que funciona então o design, ele cria o elo de ligação entre a necessidade do consumidor e a necessidade do produtor, a necessidade do produtor é gerar lucro e garantir empregos e tal, a necessidade do consumidor é satisfazer a sua necessidade, o seu conforto pessoal, pois bem, então um dos itens e olha que são muitos, vamos ver como é que vai ser aí por diante, até porque deixa eu pedir para vocês, eu nunca pedi isso, com exceção do vídeo passado e agora eu começo a pedir, eu tenho apenas 300 e poucos inscritos, eu não quero ser um popstar aí, até porque com essa cara aqui não vai ajudar muito não, e esse tema aqui também não interessa muita gente, mas eu gostaria que vocês se inscrevessem no canal, aquilo que todo mundo pede, se inscreve, dá o joinha, aperta o botãozinho ali e compartilha, compartilhe com os amigos, compartilhe com os inimigos, que é para zoar da cara deles, é só eu não preciso sofrer sozinho vendo esse velho dizendo besteira, e para que eu consiga crescer o canal, se o canal crescer, se eu conseguir motivação, motivação até mesmo econômica, que eu não tenho renda, sou aposentado, não tenho renda pelo canal, não ainda, então talvez eu consiga chegar ao fim desse estudo, porque assim, são muitas e muitas páginas de itens, e agora eu vou tratar, hoje eu vou tratar, além dessa introdução, no item chamado nostalgia e conexão emocional, então o texto escrito é assim, em períodos de incerteza como crises econômicas ou mudanças sociais rápidas, as pessoas buscam conforto no passado, o retrô com suas referências a décadas como os anos 50, 60, 70 e 80, no nosso tempo, ele invoca memórias de tempos percebidos como os mais simples ou estáveis, em busca por nostalgia, perdão, essa busca por nostalgia é amplificada por gerações que desejam resgatar elementos da sua infância ou de épocas idealizadas, e aqui a gente já começa a fazer uma separação etária, porque quem é que busca nos elementos da infância, nas lembranças, e até nas lembranças daquilo que não aconteceu, mas gostaria de ter acontecido, aquele sítio da casa daquela avó, mas a minha avó não tinha sítio dentro das minhas lembranças, embora eu tenha nascido na roça, mas eu era um bebê, eu era muito pequeno quando fui levado embora, então não havia um sítio da minha avó, da minha mãe na minha casa, mas havia o sítio dos meus primos, dos meus tios, da minha tia, tia Zezé, assim por ali que eu fui criado dentro deles, mas digamos que não houvesse o deles, as lembranças que a gente gostaria de ter, a gente constrói lembranças em sítio, em cima de uma chácara, de um sítio, daquela casinha no campo, a casinha com cerquinha branca, que muitas vezes foi povoada apenas na nossa imaginação, mas são lembranças de sonhos que poderiam ter acontecido, isso é nostalgia, então nostalgia não é simplesmente saudade do passado, aquele tempo que era bom, quando a gente diz naquele tempo que era bom, a gente não está dizendo que naquele tempo era melhor que hoje, em relação ao conforto, naquele tempo a gente ia numa patente no lado de fora da casa, a gente ia, eu ia de tamanquinho, tamanco, de madeira, em dia de neve, em dia de geada para a escola, então eu não vou ficar aqui me vitimizando e enumerando a quantidade de dificuldades que a gente tinha, a estrada entre a minha casa e até o ginásio que eu estudava à noite, metade do caminho era barro, avenida Borges de Medeiros em Gramado, era barro, metade era barro, não tinha asfaltado, não tinha calçado, não tinha nada, então a gente tinha que ir com uma botinha ou uma galocha, tinha que levar uma lanterna, tinha que levar, enfim, uma capa de chuva, um guarda-chuva, e lá chove muito, então assim, o conforto não era o mesmo, hoje eu tenho um carro para me levar nos lugares, eu moro em lugares asfaltados e diferente, então não quer dizer que naquele tempo era melhor que hoje, acontece que a gente era jovem, a gente era criança, a gente era adolescente e quando a gente é jovem, o que vem pela frente é sempre muito bom, da nossa imaginação, nem sempre é, mas na nossa imaginação sim, nós temos sonhos e tal, então a gente se torna um momento glorioso, aquele momento da nossa lembrança em que a gente ainda tinha bons sonhos. E nessa, agora voltando às tendências, o que acontece? Quando o mundo, nesse cataclisma do mundo, nessa revolução e evolução e involução, da bondade humana, a gente tem um momento da vida do dia que parece que o mundo está desabando os nossos ombros, a gente tem vontade de entrar num cantinho, numa caverninha, num lugarzinho, só nós, e ali mastigar o nosso pãozinho em paz, comer a nossa frutinha, tomar o nosso cafezinho, ou seja o que for, e até que o mundo passa, até que o problema passe. Então, nós estamos vivendo exatamente esse momento no mundo, as coisas estão se evoluindo, a gente tem um amontoado de incertezas, um pacote de incertezas muito grande.


(16:01 - 16:48)

Então, nesse amontoado de certezas, existe uma grande possibilidade, uma grande tendência, de que toda essa ambientação na decoração, ela vai recorrer e recordar de um tempo que mesmo que nós não tenhamos vivido, nos parece em tempos felizes, por isso assim, os anos 50 e 60 eram chamados de Golden Age, ou seja, a Idade Dourada, os Anos Dourados. Isso acontecia na música, acontecia na literatura, acontecia na moda, nos automóveis, nas casas, o tipo de construção e tal, e a gente vai passar por isso tudo, a gente vai dar uma demonstraçãozinha disso tudo. Então, essa é a ideia.


(16:48 - 17:56)

Então, a partir dessa premissa, de que os tempos estão se tornando cada vez mais difíceis, os dias estão se tornando cada vez mais difíceis, é que nós entendemos, e eu entendo, que o que vem pela frente não é algo assombrosamente futurista, o futuro já aconteceu, já está acontecendo, a tecnologia já está acontecendo, já está nos assustando, mas é algo que, mesmo usando a tecnologia, ele possa nos trazer um sopro de boas lembranças, um sopro de boas memórias, nem que sejam memórias adventícias, adventício é aquilo que é impregnado, aquilo que é construído a partir de uma informação. Então, esse é o recado de hoje, e eu espero que... eu vou fazer o seguinte, se eu tiver mais 20 inscritos, só mais 20 inscritos, no momento que eu tiver mais 20 inscritos, eu gravo mais um vídeo, tá bom? Um beijão bem grande para todo mundo, Deus abençoe a todos.


(Transcrito por TurboScribe.ai. )

sábado, 12 de julho de 2025

Tia (bruxa) Margarida














Imagem: Chat GPT

# TIA MARGARIDA


O período que transcorreu logo após a tragédia, creio, não precisa ser descrito. Dor é dor. Cada um tem a sua. Em casa, eram muitas as dores: uma morte, um crime, um desaparecimento (meu pai sumiu, foi julgado à revelia, condenado, mas nunca cumpriu a pena. Com medo de uma vingança, desapareceu no mundo).


Mas havia o dia seguinte. É sempre o pior. No momento da tragédia, há uma multidão que deseja participar, confortar. Depois, um silêncio crepuscular domina tudo. Começa a angústia. A tragédia passou. A dor começou. A angústia vem de se saber o que não se pode dominar: o amanhã. O que será do amanhã? Quem seremos amanhã? Onde estaremos amanhã? Haverá amanhã? Há. Depois da dor, há muitos amanhãs. E todos doem sempre.


Enquanto uma sobrinha de minha avó emprestava um pedaço de terreno, cujo limite eram as próprias paredes do ranchinho de tábuas, fui levado a uma tia-avó velha e sem filhos, chamada Margarida. Todos a conheciam como "Tia Margarida". Era casada com um matuto aposentado chamado Arcílio, mas conhecido como "Tio Alcides". Ambos eram ranzinzas. Um par de velhos ranzinzas. E o fato de não terem filhos os tornava pessoas amargas e insensíveis. Vou além: eram cruéis.


Pode-se pensar: como podem ser cruéis pessoas que acolhem um bebezinho órfão de pai e avô, na quase absoluta miséria? Talvez por isso mesmo.


Fiquei lá por mais ou menos quarenta dias. Não lembro nada. Seria um fenômeno se eu pudesse lembrar. Mas me contaram com tanta riqueza de detalhes que chego a visualizar com nitidez as cenas que descrevo aqui. Tenho boa memória. Uma excelente memória, aliás. Como eu dizia... do que mesmo eu falava? Ah, sim, Tia Margarida.


Soube, por exemplo, que meu nome foi trocado pelo casal de velhos. Num desses dias, fui levado ao médico e, na ficha, deram meu nome como "Hugo Luiz da Silva". Esse foi, aliás, meu segundo nome, pois eu havia sido batizado na paróquia de Cazuza Ferreira com o nome de "Paulo Celso Cardoso Borges dos Reis". Paulo, por sugestão de minha mãe. Celso, ideia do meu pai. Cardoso era meu avô paterno: Assis Brasil Cardoso. Reis, de minha avó materna, uma caboclinha "cafuza", cruza de índio e negro, nascida na Bahia e criada por um casal de alemães, cujo pai adotivo era pastor. E Borges era por parte de meu avô paterno: Donato de Oliveira Borges, vulgo "Donato Bonito".


Na verdade, pouco importava que nome me davam, pois eu não tinha sido registrado. Isso só aconteceu aos seis anos, quando fui para a escola pública. Mas chego lá. Tem muito brejo no meu caminho ainda até me encontrar com minha primeira professora.


A questão agora era o que Tia Margarida fazia. Ela dizia, vejam só, que era minha mãe natural! Claro que poderia dar certo, pois Sara, mulher de Abraão, tornou-se mãe aos noventa e um anos. Tia Margarida era bem mais jovem, tinha 58 anos, ou próximo disso, no máximo. Mas, enfim, se ela era minha mãe, nada mais natural que eu a chamasse por esse adjetivo: "mamãe". E eu chamava. Fazer o quê? Ela insistia tanto nisso e me deixava comer casquinhas de queijo.


Foram as casquinhas de queijo, na verdade, que desencadearam uma encrenca danada entre aquela garotinha de dezesseis anos que me pariu e aquela gentil senhora que perambulava pela parentela, garbosamente “miraculando-me” como um rebento de sua pureza senil (era caduca mesmo). As casquinhas de queijo, que gosto até hoje e só não como mais porque acho que nem todos os queijeiros lavam as mãos ao transportar as bolotas para o mercado, e também porque acho que nem todos os empilhadores de queijo lavam bem as mãos após a visita ao banheiro. Bem, eu não tenho comido cascas de queijo ultimamente. Mas, na época de Tia Margarida, eu comia, sim. Até porque era o que ela me dava como guloseima. E minha mãe (a de verdade) viu isso no dia em que foi me visitar. Tia Margarida tinha outras visitas e, generosa como achava que era, resolveu oferecer um café com mistura. Havia pão, geleia, café, leite, biscoitos e queijo. Mas ninguém podia tocar nas cascas, porque as cascas eram para o nenê.


Minha mãe (a de verdade, não a velha impostora) viu aquilo e tomou as casquinhas da minha mão, trocando-as pelo miolo do queijo. A velha viu isso e ralhou com ela, dizendo: "Não faça isso, minha filha. Assim ele acostuma mal. Ele tem que saber que criança não pode ter tudo o que deseja. Coma você o queijo e deixe que ele coma as cascas. Ele gosta de comer casquinhas. Sempre as come. Gosta também das casquinhas de pão. Eu sempre dou."


Minha mãe, candidamente, respondeu: "Mas eu não quero que meu filhinho coma casca de queijo. Deixe que eu dou a ele o meu pedaço."


A velha ficou possessa. "Seu filho?", esbravejou. "Essa peste é seu filho, então? Pois leva ele daqui. Some com essa sarna, esse piolhento. Se ele é teu, vai e cria tu mesma."


"Pois é o que vou fazer", disse minha mãe.  

E saiu comigo dali para nossa choupana.


Ainda de Tia Margarida, lembro que, alguns anos mais tarde, eu deveria ter sete, talvez oito anos, fui visitá-la à tarde. Era uma tarde quente. Ela me chamou para dentro e me fez sentar à mesa. Então, com uma doçura terrivelmente peculiar, ofereceu-me um pedaço de melancia. Eu adorava melancia. Era tão difícil termos melancia em casa, mas, quando havia, minha avó, generosamente, deixava que a maior parte ficasse comigo. Na verdade, todos comiam muito, pois minha avó comprava sempre as maiores. Pouco comprava, mas, quando comprava, era para valer.


Minhas mãozinhas tremiam de emoção. A boca se enchia d’água, e eu já me preparava para as delícias oferecidas pela doce melancia. Mas eu esquecia (na época, eu tinha péssima memória, memória de criança) que, entre mim e aquela doce melancia, havia uma muralha de maldade chamada “Tia Margarida”. Com ar astucioso, ela tirou a melancia do armário (geladeira era luxo só de ricos), pôs à mesa, serviu-me um suculento pedaço bem generoso e, quando eu ia levá-lo à boca, interrompeu-me e perguntou com solene preocupação: "Meu filho, você tomou leite hoje?"


"Não, tia. Não tomei."


"Tomou, sim."


"Não, não tomei."


E, retirando o prato com a melancia da minha frente, sentenciou:  

"Tomou, sim. Você não vai comer melancia."


Eu tenho certeza de que a vi sorrir escondida.


Pobre Tia Margarida. Quando morreu, na passagem dos anos de 1972 para 1973, reuniram-se os parentes pobres. Todos. Alguns dias depois, seus bens foram divididos (Tio Alcides já havia morrido bem antes). Coube à minha mãe um belíssimo relógio de parede que tinha o som mais lindo que eu conhecia. Acho que era um relógio americano. Fiquei muito feliz, mas por pouco tempo, pois nem minha mãe, nem minha avó permitiram que aquela tralha, ou qualquer coisa que lembrasse a velha inescrupulosa, fizesse morada em nossa casa. Que pena. Era um relógio tão lindo.


Mas, hoje, lembrando bem, acho que toda vez que o carrilhão tocava, eu parecia ver o olho vesgo arregalado de Tia Margarida perambulando pelos cantos escuros e tramando alguma perversidade. Melhor que o carrilhão se fosse mesmo. Melhor assim.


terça-feira, 1 de julho de 2025

A Serpente e o Gambá (Fábula)

 








**A Serpente e o Gambá – Fábula**

Pacard

No tempo em que os bichos falavam, vivia um velho gambá em sua toca, que passava os dias dormindo e, à noite, saía à procura de sustento para sua ninhada.

Entravam e saíam os dias, e o velho gambá saía troteando pelas veredas em busca de algum ninho esquecido, para roubar os ovos, ou de uma fresta no galinheiro, para refestelar-se com uma galinha gorda. Esta era a vidinha daquele gambá — e de todos os gambás: comer, dormir, reproduzir e deixar a vida seguir seu curso, assim como o Criador havia determinado desde a Criação, tempos atrás.

Havia, próximo a um parreiral — onde o gambazinho apreciava, no verão, subir entre os galhos para comer saborosas uvas —, um velho tronco caído, onde, no oco da madeira, vivia uma também velha serpente. Passava todos os dias o gambá perto do tronco, cheirava, sorrateiro, e, pressentindo o perigo, saía de mansinho, sem incomodar a astuta moradora do lugar.

Ocorre que o verão estava terminando e a temporada de caça da velha serpente não havia sido muito promissora. Além disso, estava muito velha para abandonar sua toca e sair em busca de caça em lugares mais distantes, como fazia quando era jovem. E, como via o gambá passar todos os dias à sua frente, engendrou um plano para fazer dele seu abastecimento para o inverno, que prometia ser rigoroso.

Com isso em mente, passou a espreitá-lo todas as noites, enquanto o marsupial passava e, como de costume, dava sua cheiradinha no tronco antes de seguir caminho. Noite após noite, um e outro se espreitavam, até que um dia a cobra velha decidiu executar seu plano alimentar e colocou-se, estrategicamente, à espera do peludo.

Naquela noite, porém, o velho gambá também havia mudado seus planos. Estava a pensar em mudar de dieta. Precisava de proteínas, pois o inverno prometia ser rigoroso naquele ano. E uvas, apesar de deliciosas, não ofereciam as proteínas das quais necessitava para enfrentar o rigor do frio. Decidiu, então, que a velha moradora do tronco estava no tamanho certo para ser devorada. E passou ele também a espreitar sua comida rastejante, engendrando um plano de ação. E assim, um e outro, desconfiados e sorrateiros, lambiam os beiços quando sentiam a presença um do outro ao anoitecer.

Mas o gambá, por perambular mais que a serpente, também tinha mais amigos. Pelo bem da verdade, o gambá tinha muitos amigos; já a serpente, nenhum. Era temida e sorrateira, e por isso evitada. Muito egoísta, quando abatia uma presa, seu veneno mortal impedia que outros bichos partilhassem de seu refestelo.

Era vizinho do gambá um velho lagarto que, por sua natureza, não fazia parte da cadeia alimentar do gambá, e vice-versa. Mas de ambos, a serpente era inimiga — e, ao paladar de ambos, uma iguaria. E assim sendo, e diante das necessidades de um e de outro, que também sofriam os rigores do inverno, entraram num acordo: iriam dividir a cobra velha. E, sendo esperto como era, o gambazinho planejou a coisa. E assim feito, aguardaram o momento certo para o seu banquete acontecer.

Noite de lua cheia — ótima para sair em busca de comida. E lá estava o gambazinho passando perto do tronco. De longe, passava cantarolando na língua dos gambás. Atenta, a serpente pensou: “Lá vem ele. Vou deixar a cauda balançando do lado de fora e, quando ele der uma mordida, eu pulo em cima dele.” E assim fez. Deixou a cauda ali, balançando ao brilho do luar. De repente, percebe que alguma coisa tocou nela e, de pronto, saltou em cima do agressor. Mas... ah, mundo cão esse! O agressor não era um gambá, mas sim seu pior pesadelo: o velho lagarto faminto, que deu uma lambada com sua cauda e esticou a jararaca com um único golpe. E assim, feliz com sua porção, deixou metade da cobra para o gambá, que estava logo atrás e, de quebra, ainda ficou com a toca da serpente — bem mais confortável e quentinha.

**Moral da história:**

Por mais veneno que tenham suas peçonhas, nenhuma cobra velha terá perspicácia, veneno ou força para vencer a união da floresta, que também sente fome, mas tem a sabedoria de unir-se em prol de um inimigo comum.

*A propósito: o gambá poderia ter matado a cobra sozinho, se quisesse.*

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domingo, 29 de junho de 2025

Eu queria ter sido sapateiro (ou astronauta)












Imagem IA

Não é lorota não. Eu queria mesmo ter sido um sapateiro. Óbvio, que a primeira opção, astronauta, poderia ser um bico, um extra, mas sapateiro seria minha primeira opção profissional. Minha avó, Maria Elisa, tinha muita vontade que eu fosse lenheiro, desses que andavam num carrinho que era ao mesmo tempo uma serra circular grande, barulhentas, que os lenheiros usavam como veículo para levá-los (e também a serra) às casas, onde eram justados (ah, tá, quem me lê nem sempre vai saber que "justar" era o mesmo que "contratar") para cortarem as lenhas, que eram compradas em metro, cujas toras tinham um metro linear cada. Bem estes eram os lenheiros, que em seus pequenos galpões, tinham seus próprios estoques de lenha, e vendiam em "Talhas, isto é, em pequenas quantidades de oitenta unidades, já rachadas e prontas para uso. Ela dizia: "Tu precisa ter um raminho de negócio, e uma lenheira vale a pena. Eu te ajudo a adquirir a serra com carrinho, se tu quiser!" Eu nunca quis. Achava meio chulo aquilo. Eu pensava em estudar, me formar médico, e rachar lenha não combinava com medicina. Eu achava que aquilo nunca ia dar dinheiro. Eu achava. Já os lenheiros que conheci ao longo da vida (por exemplo, o cara da Kombi que levava meus filhos na escola, se tornou lenheiro, e a última notícia que tive dele, era dono de um hotel, um edifício, e sei lá o que mais...), se tornaram bem sucedidos economicamente. E eu? Não cursei medicina, como sonhava.Não virei astronauta. Não me tornei presidente dos Estados Unidos, nem nunca pude salvar o mundo com minha capa de herói feita de toalha de saco de açúcar. Apenas segui outros rumos. Muitos outros.

Mas contei essa embromação toda pra dizer que na verdade, eu queria mesmo era ter sido um sapateiro. Não um fabricante de caçados, por onde até passei uma temporada como gerente de vendas de uma indústria de calçados femininos de luxo, mas não. Meu sonho de consumo era ter sido sapateiro mesmo, daqueles que passam os dias sentadinho num banquinho, com um avental de couro surrado sujo de cola, ao lado de um velho cepo de madeira, batendo e costurando sola, e esticando gáspea para moldar na forma velhos sapatos rotos, cuja grande façanha era colocar meia sola e retocar as costuras e pintura, para que fosse usado outro tanto de tempo, até que nem mais meia sola desse conta do tempo que o fez ruir.

Meu sonho era trabalhar num cantinho semi-iluminado por uma lâmpada com aquela chave que vira e liga na própria lâmpada, pendurada bem próximo ao cepo, e ao lado, um velho fogãozinho de ferro onde crepitassem brasas para aquecer a cola, o bule de café coado, e as tardes chuvosas de onde cresci. Mais que isso, ao lado do fogãozinho, em uma caixinha de madeira forrada com trapos, dormisse um gato e um cusco viralatas, preguiçosos, que vez por outra levantavam para mordiscar uns petiscos, esfregarem-se nas pernas das pessoas, e voltarem a ressonar até dizerem chega.

Meu sonho era atender velhas senhoras e alquebrados anciãos, que ao chegarem ao balcão, comentassem sobre o chuvisqueiro atravessado, queixarem-se de dores nas "cadeiras", e trocarem receitas de chás para a tísica de crianças ranhentas por brincarem de pés descalços sem darem tratos à bola do vento frio que enregelava a alma, apenas pelo compromisso de viverem da vida todo o tempo que pudessem, porque tempo não volta atrás. E não volta mesmo.

Talvez meu sonho não fosse exatamente por causa do prazer do martelo espetando e retorcendo tachas nas solas duras, mas pela rotina de saber que dia após dia, em uma vila pobre, sempre haveria outros velhinhos e anciãs trazendo notícias da rua, e em algumas das vezes, um naco de bolo embrulhado em um paninho branco, para acompanhar o café que fumegava no bule da sapataria.

Talvez o meu sonho fosse apenas envelhecer e ter café no bule para acompanhar as lorotas e os causos antigos que tanto imaginava ouvir na velha sapataria das minhas lembranças imaginária.



Pacard 

(O que nunca foi sapateiro, mas foi designer e escritor, o que dá quase na mesma, financeiramente)


quarta-feira, 7 de maio de 2025

804 - O Número do Senhor X (Decifre isso)

 

804 – Reflexões sobre um Plano Silencioso

Introdução:

Nem toda mudança começa com uma revolução. Às vezes, ela começa com um número.

804 não é apenas uma cifra. Para os que enxergam além da superfície, é um código. Um sinal de que algo maior está em curso. E no centro disso tudo está Senhor X, um homem aparentemente comum, mas que se move como parte de algo muito mais amplo.


1. Um número que fala

O número 804 carrega uma sequência de expressões com profundos significados espirituais e políticos:

  • “O Reino Messiânico”

  • “Grande tribulação”

  • “Confie no plano”

  • “Precisando consertar o livro de Deus”

  • “Decifrar o código na Gematria”

  • “Caixa número um”

Cada frase parece ecoar um tempo de ruptura, de julgamento, de reorganização do poder. Elas indicam não apenas um estado do mundo, mas o início de uma missão.


 2. Um homem chamado Senhor X

Senhor X , ou 804, é descrito como um homem que, apesar da discrição, tem presença. Ele não se apresenta como messias, mas há algo em sua trajetória que sugere propósito. O número 804 o cerca, o identifica. Ele se tornou, voluntariamente ou não, a peça principal de um tabuleiro silencioso.

Sua entrada no cenário estadual não é mera ambição política — é resposta a um chamado. Um chamado codificado, místico, estratégico.


🔹 3. Uma aliança velada

O que poucos sabem é que Senhor X não está sozinho. Há uma organização religiosa emergente por trás das cortinas, crescendo de forma silenciosa, mas firme.

Essa organização acredita estar resgatando uma missão sagrada: restaurar o que chamam de “o verdadeiro livro de Deus”.

Para isso, precisam de poder. Precisam de território. E precisam de um rosto confiável: o de Senhor X.


 4. O pacto de Cidade X

Em troca de apoio irrestrito ao seu projeto de alcançar o governo estadual, Senhor X se compromete com algo:

Entregar Cidade X.

Não com violência, mas com alianças. O próximo prefeito da cidade será o nome indicado pela organização. A cidade se tornará o núcleo do projeto — a Caixa Número Um. Será ali que as primeiras leis simbólicas serão testadas, onde a base doutrinária será construída.

Cidade X é mais que um município. É o começo da restauração.


5. Um dezembro chamado ouro

O tempo da ação tem nome.
A profecia é clara:

“Dezembro chamado ouro então começa.”

Esse dezembro marca o início da revelação. O nome de Senhor X será lançado à esfera pública, a organização começará a sair das sombras, e o pacto se tornará evidente para os atentos.


6. Reflexão final: você vê?

Senhor X não busca glória.
Ele cumpre o plano.

A trombeta que carrega é de bolso — discreta, mas audível para quem tem ouvidos.

Você vê? Ou apenas olha?
804 não é futuro. Já começou.

O Tecelão que retorna é a chave*


Este texto em estilo enigmático é apenas uma divagação sem nenhuma base real. É pura ficção!*


segunda-feira, 5 de maio de 2025

Odeio falar de arte, e mesmo assim, sou artista

É um paradoxo, mas segundo um antigo conceito filosófico — que acabo de inventar — todo artista é um doido varrido, e apenas alguns conseguem disfarçar. Eu não estou entre os afortunados maestros da dissimulação. Não disfarço as minhas verdades. O máximo a que me deixo convencer é a não falar cuspindo, nem atender ao chamado da natureza fora do meu banheiro. Tirando isso, assumo a minha constatação de que, para viver num mundo com tanta gente certinha, só sendo doido para suportar a vergonha de não ser perfeito. Daí, meto a mão na minha sacolinha de loucura e puxo um punhado para ir lambendo aos poucos.

Em tempos passados, pela natureza da minha profissão — designer — e por essas coisas da vida, fruto de deslizes de sanidade que uns e outros deixam escapar, eu era convidado para muitos eventos ligados ao design, de todo tipo. Hábitos que, aos poucos, fui expurgando, haja vista não haver assunto que pudesse interessar-me nesse meio. Tudo o que eu dizia — e falava muito — era técnico, com objetivo de curadoria ou consultoria. Ou seja, era pago para dizer aquilo que já sabiam, mas que, dito por um estranho (o estranho era eu — e bota estranho nisso!), corroborava as próprias asneiras que os contratantes antes afirmavam. Eram frequentes os gritinhos sussurrados na plateia: “Viu? Não foi isso que eu disse?”. Esta é a razão oculta pela qual se contratam palestrantes e consultores: para dizer por outra boca, e afirmar em relatórios prolixos — que eram enfiados em gavetas assim que o meu desodorizante barato de bicarbonato de sódio (o único que me permito usar) sublimava porta afora da empresa. Mas, no fim e ao cabo (achei que nunca teria oportunidade de dizer estas palavras), eu era pago — e, às vezes, até bem pago — para bajular sem parecer que bajulava, esculachar fingindo que elogiava (o nome disso é sarcasmo), e dar rumo aos pensamentos vazios da criadagem pseudo-criativa por onde eu passava.

Ouvi muito a expressão: “Você é um artista!” — fato que me deixava de cabelo em pé, pois artista e indústria são tão distantes quanto a Terra dos confins da Via Láctea. Artista é doido, surtado, desconexo dos negócios, e aceitar uma tarefa de um artista seria como entregar uma carta branca com autorização de interdição para quem me contratasse. Então eu batia o pé: “Eu não sou artista! Sou designer!”. E explicava: a arte tem um valor intrínseco; o design, valor extrínseco. E eu dizia isso com ar professoral, completando: “Eu explico!”. E explicava mesmo.

Bem, os anos passaram, a tecnologia chegou para acelerar o tédio de quem não é criativo, e o método de trabalho de dez anos atrás é muito distinto do que se encontra hoje. Já não sou mais uma referência para “upgrades” de tendências em polos moveleiros. Minhas palestras sobre tendências resumem-se a 20 segundos de resposta num aplicativo de IA — que eu também uso (inclusive este texto foi revisado por IA). Ninguém mais me paga alguns zeros depois do primeiro algarismo para que eu fale a uma plateia e tenha que recorrer a gracinhas e palhaçadas para mantê-la desperta. Então, depois de calcular todos os prós e contras, tenho que confessar: eu sou, sim, um artista!

Bem, dito isso, já começam a aparecer outros que querem “discutir arte” comigo. Mas nem que a vaca tussa e o boi faça “fiu-fiu”! Eu odeio falar de arte — como odeio falar de design. Vou além: conto nos dedos o número de artistas com quem tenho boa relação. Sabe porquê? Porque tanto eles quanto eu temos um defeito de fabricação grave, que nos obriga a comer, viver, dormir, pagar contas, comprar coisas úteis e até inúteis. E porque temos necessidades desse tipo, escolhemos viver pela arte, porque, em algum lugar, há outras pessoas que gostariam de nos ouvir — não falando — mas conhecendo o que os nossos olhos, mãos e sentidos podem expressar, de maneira a despertar nelas os mesmos sentimentos que sentem os artistas.

Não falo pelos outros doidos, mas digo por mim que, quando escolho fazer um belo desenho de uma casa antiga ou de uma coleção de enfermeiras do século XIX, floreadas com ornamentos estilo Art Nouveau, não estou querendo passar nenhum tipo de mensagem. Mas sei que, nas casas, nas enfermeiras, nos ornamentos, há uma fechadura milagrosa (odeio chamar de mágica) que desperta o perfume das flores da infância, da juventude, das histórias contadas e lembradas em cafés da tarde nas varandas, onde os velhos saboreiam a presença fortuita dos que fingem ter prazer em escutar as suas cantilenas dos tempos de antanho.

Então, arte, para mim, não é para mim — pois continua sendo extrínseca. É para quem ouve os sons dos pássaros atrás das janelas, cantarolando a vida com as cores dos perfumes que as primaveras da minha pena e dos meus lápis coloridos lhes proporcionam.

Pacard — Artista, assumido, azar de quem gostar!

Ah, e os meus desenhos estão todos à venda, viu?





segunda-feira, 14 de abril de 2025

Dona Izartina, suas couves, e o "Grande Reset Mundial"

Imagem: IA

















Era uma quinta-feira, disso Dona Izartina se alembrava com clareza, pois antecedia a colheita de Marcela, marcada para o amanhecer da Sexta-Feira Santa. Naquele dia, ela preparava o caldo do jantar, uma sopa perfumada de batatas com temperos frescos e um osso buco escolhido com cuidado para dar sabor à iguaria. Era o prato que ela apreciava nos dias frios, e aquela Semana Santa trazia os ventos gelados da Patagônia, que chegavam travessos, assobiando melodias de outros tempos. Eram ecos de uma época em que as crianças ainda corriam pelo terreiro do rancho, gritando de alegria, sonhando com os ovos coloridos recheados de amendoim açucarado e caramelos que os tios compravam e atiravam, só para ver a correria dos pequenos atrás das guloseimas. A vida, naquela simplicidade, era boa, sim senhor. Era, de fato.

Mas, como disse, era uma quinta-feira, e Dona Izartina, ainda jovem, entrou na casa do tio Praxedes para se lavar e cear. O tio, como de costume, ligou o velho rádio a bateria, buscando notícias e canções que lhe aqueciam o coração. O locutor, com voz grave e solene, anunciou:

— "Paris! As tropas aliadas acabam de invadir a costa da Normandia, numa operação que reúne a maior concentração de forças da história, com ataques sincronizados por terra, mar e ar contra as tropas inimigas!"

Tio Praxedes terminou de enrolar seu palheiro, pegou um graveto, acendeu-o no fogão de barro e levou a chama trêmula até o cigarro recém-montado. Deu algumas baforadas, cuspiu pela janela, como era seu hábito, e puxou mais algumas tragadas para garantir que o pito estivesse bem aceso.

— "A guerra tá perto de acabar, e nem chegou por aqui!" — exclamou, erguendo a mão calejada ao céu. — "Os inimigos não vão provar nem uma espiga do nosso milho!" — E soltou uma gargalhada sonora, admirando o milharal que se estendia diante da casa, enquanto esperava o chamado de Dona Cantides para se servir à mesa.

Essa foi a única vez que Dona Izartina ouviu algo sobre os conflitos do mundo. E assim, ela atravessou a vida como uma folha levada pelo vento, num dançar contínuo, guiada pela simplicidade e pela fé.

Numa quarta-feira, durante o sermão de oração e bênçãos, o pastor falou à congregação sobre "tempos solenes", "tempos de decisão, de mudança de vida, de entrega total". Mas mudar em quê? Dona Izartina guardava com devoção, desde mocinha, as palavras das Escrituras. Recitava de cor os versos dos Evangelhos, dividia a tapioca e o pão com os necessitados que batiam à sua porta e, mais que isso, jamais deixou escapar uma palavra grosseira em toda a sua vida, nem mesmo nos arroubos da infância. Então, o que deveria transformar? A dúvida a inquietava, sim, inquietava profundamente.

Enquanto colhia couve e outros legumes para a sopa do entardecer, sob um crepúsculo de nuvens róseas e avermelhadas que se moviam, anunciando talvez uma tempestade, Dona Izartina pegou a enxada e abriu pequenas valas para desviar a água dos canteiros. Assim, protegeria os legumes das chuvaradas, que sempre deixavam algum estrago. Naquele momento, lembrou-se de três palavras que o pastor mencionara no sermão: "Grande Reset Mundial". O que significariam? Com sua fé simples, ela perguntou ao pastor, que, com ar solene, explicou:

— "A irmã já encontrou uma pele de cobra pelo campo?" — indagou o reverendo, com tom de quem ensina. Ele gostava de ser chamado assim.

— "Sim, de vez em quando encontro uma perto de casa. É quando as cobras trocam de couro!" — respondeu ela, com a certeza de quem conhece a vida do campo.

— "Pois é isso, irmã! O mundo é como as serpentes, que de tempos em tempos se revestem de novas capas, de novos pecados. Precisamos nos converter, porque o fim está próximo!"

Dona Izartina ouvia com atenção respeitosa, o olhar perdido no horizonte, enquanto refletia. Não entendia tudo, mas pensava nas suas couves, nas ervilhas prontas para a colheita, nas morangas que se espalhavam pelo quintal. Pensava em juntar mais gravetos para o inverno, que prometia ser rigoroso, em guardar feno para a vaquinha. O pastor, mais afeito às ideias do mundo, parecia envolto em teorias que ela não compreendia. "Grande Reset Mundial", dizia ele, com ênfase. Dona Izartina mal conseguia pronunciar as palavras, mas sentia que era algo sério. Mesmo assim, sua mente voltava à conversão. Para ela, com seu pouco estudo e muita sabedoria, converter-se era para quem vivia no erro e precisava encontrar o caminho do bem, temendo ao Criador e esperando pacientemente o entardecer da vida, para reencontrar os entes queridos que partiram cedo.

Ainda assim, as couves não podiam esperar. Dias antes, estavam infestadas de pulgões, e ela preparou uma mistura de fumo, sabão, água e vinagre. Borrifou com cuidado, e no dia seguinte as folhas estavam limpas, livres dos insetos. Dona Izartina agradeceu ao Criador por suas couves.

E o tal "Grande Reset Mundial"? Bem, enquanto houver chuva enviada pelo céu, vento para secar as roupas, noite para repousar a alma, lenha de capororoca e sucará para o fogão, feijão na panela e água fresca na cacimba, as palavras do pastor, com suas advertências, passariam como o anjo que sobrevoou as casas dos hebreus. O mundo que resolvesse seus "resets". No quintal de Dona Izartina, as novas couves já brotavam, verdinhas, cheias de vida.

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terça-feira, 8 de abril de 2025

Análise do evento CISNE NEGRO









Eu quero distância de teorias da conspiração. Acho coisa de maluco.
Mas não custa dar uma espiadinha das doidices que saem.

Vai que......

  • 2007: Impacto = 0 (antes da crise de 2008, sem evento significativo ainda)
  • 2008: Impacto = 3 (Crise Financeira Global)
  • 2009-2010: Impacto = 0 (sem eventos "cisne negro" amplamente reconhecidos)
  • 2011: Impacto = 2.5 (Primavera Árabe)
  • 2012-2019: Impacto = 0 (sem eventos "cisne negro" claros nesse período)
  • 2020: Impacto = 3 (Pandemia de COVID-19)
  • 2021: Impacto = 0
  • 2022: Impacto = 3 (Guerra na Ucrânia)
  • 2023-2024: Impacto = 0 (sem eventos confirmados até abril de 2025)
  • 2025: Impacto = 3 (Hipotético, baseado em especulações atuais até 8 de abril)


  • Linha do Tempo de Eventos "Cisne Negro" (2007 - Abril de 2025)

    1. 2008: Crise Financeira Global
      • Descrição: Colapso do mercado imobiliário nos EUA, desencadeando falências de bancos, quedas massivas nas bolsas e uma recessão global.
      • Data: Início em 2007, pico em setembro de 2008 com a falência do.Lehman Brothers.
      • Impacto: Alto (global, econômico e social).
      • Por que "Cisne Negro"?: Subestimado por especialistas, amplamente imprevisível em sua magnitude até ocorrer.
    2. 2011: Primavera Árabe
      • Descrição: Revoltas populares inesperadas no Oriente Médio e Norte da África, derrubando governos e gerando instabilidade regional.
      • Data: Início em dezembro de 2010, intensificação em 2011.
      • Impacto: Médio a Alto (regional, com reflexos globais em energia e migração).
      • Por que "Cisne Negro"?: A velocidade e escala das revoltas pegaram analistas de surpresa.
    3. 2019-2020: Pandemia de COVID-19
      • Descrição: Surgimento e propagação global do vírus SARS-CoV-2, causando lockdowns, crises econômicas e milhões de mortes.
      • Data: Início em dezembro de 2019, pandemia declarada em março de 2020.
      • Impacto: Alto (global, saúde, economia e sociedade).
      • Por que "Cisne Negro"?: Apesar de pandemias serem teoricamente previsíveis, a escala e a resposta global foram inesperadas.
    4. 2022: Guerra na Ucrânia
      • Descrição: Invasão russa em larga escala, levando a sanções econômicas, crise energética e tensões geopolíticas.
      • Data: Início em fevereiro de 2022.
      • Impacto: Alto (global, com foco em energia e segurança).
      • Por que "Cisne Negro"?: Embora houvesse tensões, a guerra total e suas ramificações foram subestimadas.
    5. 2025 (Hipotético até Abril): Crise Financeira ou "Reset Total"
      • Descrição: Baseado em especulações atuais (ex.: posts no X), como o "tarifaço de Trump" ou previsões de colapso financeiro.
      • Data: Hipoteticamente em 2025, até 8 de abril não confirmado.
      • Impacto: Potencialmente Alto (se ocorrer, afetaria mercados globais).
      • Por que "Cisne Negro"?: Ainda especulativo, mas alinhado com o conceito por sua imprevisibilidade e possível magnitude.












    Gráfico de Eventos Cisne Negro (2007-2025)

    Eventos "Cisne Negro" (2007 - Abril de 2025)

    terça-feira, 18 de março de 2025

    Débora Irion - As mãos que moldam poesia









    Foto: JornalJA

    Débora Irion: Uma Artista Completa e Inspiradora

    Em algum lugar no tempo, nas terras do coração do Rio Grande do Sul, nasceu uma das artistas mais talentosas e completas que já tive o privilégio de conhecer: Débora Irion. Natural de Santa Maria, foi em Gramado, na encantadora estância da Encosta Superior da Serra Gaúcha, que nossos caminhos se cruzaram. Desde sua chegada à cidade, em 1985, Débora trouxe consigo uma presença marcante: educada, gentil, bela e dotada de um talento singular.

    Nos primeiros anos em Gramado, ela revelou sua habilidade na decoração de interiores, área em que fomos contemporâneos e colegas de profissão. Nunca rivais, mas sim amigos respeitosos, compartilhamos o apreço pela criação e pela beleza. Durante um período, a vida a levou a se dedicar intensamente à família, acompanhando o crescimento de seus dois talentosos filhos, Bruno e Lucas — um deles, aliás, teve o bercinho desenhado por mim, um privilégio que guardo com carinho, embora o nome exato me escape. Nesse tempo, Débora mergulhou em um silêncio reservado, típico dos grandes poetas e artistas, um recolhimento que preparou o terreno para sua verdadeira vocação.

    E então, como uma fênix, ela ressurgiu. A Débora decoradora deu lugar à Débora artista plástica, ceramista, escultora, pintora e criadora de espaços que transpiram beleza e poesia. Com formas, volumes e cores, ela começou a conquistar Gramado e todos aqueles sensíveis o suficiente para apreciar algo novo, bem feito e profundamente expressivo. Sua arte fala sem palavras, transmitindo vida, emoção e harmonia. Débora presenteou Gramado — e o mundo — com um legado que transcende o comum.

    Uma Trajetória de Impacto

    Formada em Desenho e Plástica pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 1985, Débora trilhou um caminho diversificado e rico. Entre 1986 e 1997, atuou como decoradora de interiores e designer de móveis, mas foi a partir de 1998 que se dedicou plenamente à escultura, explorando materiais como terracota, resina, alumínio, aço corten e bronze. Sua versatilidade também a levou a atuar como gestora cultural, curadora e restauradora, sempre com um compromisso inabalável com a arte e a comunidade.

    Por alguns anos, ela emprestou seu talento ao poder público, assumindo a gestão do Patrimônio Cultural de Gramado. Nesse período, prestou serviços valiosos à cidade, mas nunca abandonou sua essência criativa. Mesmo dividindo o tempo entre a família e os desafios da vida, Débora multiplicou suas horas, recusando-se a deixar seus dons adormecidos. Sua trajetória só cresce em significado e reconhecimento.

    Com oito exposições individuais e mais de duzentas coletivas, sua obra ganhou projeção nacional e internacional. Premiada em cidades como Santa Maria, Gramado e Canela, recebeu menções honrosas no México, Colômbia, Peru e em sua terra natal. Suas esculturas e criações estão em acervos de museus, universidades e espaços públicos, de Gramado a Porto Alegre, de Santa Maria a países como Colômbia, México, Argentina, Chile, Equador, Peru, Costa Rica, Estados Unidos, Canadá, Irlanda, França e Portugal. Destaque especial para sua participação no Salon D’Art Contemporain Carrousel do Louvre, em Paris, entre 2017 e 2019, que a incluiu no catálogo internacional de artistas.

    O Processo Criativo

    Débora descreve seu processo criativo como um diálogo íntimo com o mundo ao seu redor. “Observar, sentir e pensar sobre o meio que me cerca e tudo o que movimenta a natureza” é o ponto de partida. A partir daí, imagens mentais ganham vida em esboços diretos na matéria tátil — a argila, que pode se transformar em resina ou metal. Em um momento de concentração e introspecção, os sentimentos se materializam em formas tridimensionais, brincando com o espaço, os volumes, os vazios, a luz e a sombra.

    Para ela, a escultura é “o desenho em pleno voo ao ar livre”, uma conversa entre maciços e vazados, planos e curvas, relevos e texturas. É a alquimia entre terra, água, ar e fogo que dá vida às suas criações, peças que se complementam e convidam o espectador a participar dessa experiência sensorial e poética.

    Contribuições Visíveis

    A presença de Débora em Gramado é palpável em obras públicas que embelezam a cidade. Entre elas, destacam-se o Marco Histórico do Centenário da Igreja São Pedro Apóstolo (2015), o troféu Cosmos do evento Gramado in Concert, o troféu Marília Daros da Câmara de Vereadores (2016) e o Memorial ao Centro Esportivo Gramadense (2021). Fora de Gramado, suas criações também brilham, como a escultura Natal Gaúcho em Santa Maria (2012) e o painel Justiça em Porto Alegre (2010).

    Um Reconhecimento Merecido

    Há muito eu desejava dedicar estas palavras à minha amiga e artista, testemunhando seu talento ímpar. Faço isso agora, por justiça e admiração. Débora Irion não é apenas uma escultora ou pintora; ela é uma força criativa que transforma espaços, inspira pessoas e deixa um legado eterno. Gramado, o Rio Grande do Sul e o mundo são mais ricos por causa dela.










































































































































































    Tendências 2026 a 2030 - Parte 2 Aconchego

      (Transcrito por TurboScribe.ai.) 1 - English Text English (0:03 – 3:21) So, shall we continue? In the previous video, I talked about tren...