AD SENSE

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Eu te desafio ser elegante



Pasmo em ver que a politica é uma manifestação humana que transcende as possibilidades e disputas eventuais de comando administrativo de uma Prefeitura, Estado, Nação, Clube ou Condomínio. Política é o instrumento, a capa, pela qual se manifestam também a fraqueza de caráter, e até mesmo a maldade humana,mediante a possibilidade de externar suas insatisfações, ou executar os planos do coração.

O escritor bíblico diz que "a boca fala aquilo que enche o coração". Diante desta reflexão, ponho-me a pensar no ódio contido e arraigado pela velha política de Gramado.Um carretel interminável de vinganças, de difamações, justas, se no foro e tempo, mas injustas e maldosas, se por meios externos e fora de tempo, é manifesto semana após semana, com claro intento de pisar, esfacelar, humilhar os vencidos, independente que tipo de vantagens esta humilhação possa trazer aos vencedores.

A maldade humana é tal, que não basta a alternância para execução de ideias, mas urge que se derrubem todas as boas lembranças de quem se ausenta, para que se saciem as hienas que se banqueteiam dos despojos dos lobos.

Num momento em que a delicada situação do mundo pede por pacificação, prega-se a maldade como prato do dia. Dia após dia. E o povo tem que digerir este prato sangrento, como se isso fosse natural. 

Não é natural nem tampouco saudável, que se misture justiça com política, embora a civilização desceu novamente ao patamar onde a Justiça se fez títere dos políticos, onde a voz e a razão não mais são debatidas nos púlpitos, senão que o sejam regurgitadas como caminhos nas tribunas cartorárias.

Os velhos políticos estão acostumados à velha política. A política da vingança. A política da disseminação do ódio. Quando digo velhos, não falo da certidão de nascimento, mas dos métodos. Das velhas práticas. Dos velhos e maus costumes do olho por olho.

Gramado não votou por mudanças? E por que então não quer mudar? Gramado não votou por transformação e oportunidades? Então por que continua a remexer gavetas? gramado não deseja paz? Então eu errei de lugar para amar. Erraram meus ancestrais quando nesta terra plantaram os primeiros pés de esperança. Errou você, leitor e eleitor, quando investiu sua crença num lugar melhor para seus filhos. Porque Gramado se faz representar pela fina pele da vingança pessoal. Dos conchavos regados a álcool, e bravatas contadas entre os dentes que rangem.

Eu desafio você a repudiar esse tipo de pensamento. Eu desafio você, meu querido leitor, minha querida leitora, a que diga não a difamações pelas redes sociais. A que não siga a quem tem ânsia por destilar ódio e incitar contendas. Eu convoco você a mudar este cenário, e a confrontar a intriga, em nome da esperança. Eu desafio você, leitor da oposição, a apoiar as boas ações de seus governantes, assim como desafio você, que apoiou seus governantes, a juntar forças com seu oponente, e juntos rechaçarem esse tipo de linguagem que só corrói, que só desmancha, que só deprecia.

Eu desafio você, leitor e leitora, a cumprimentarem as pessoas com um abraço, e fazer deste abraço a sua marca pessoal. Eu te desafio a sorrir e abraçar aquele que colocou em seu jardim uma bandeira com cor diferente da sua durante a eleição. Eu te desafio a virar as costas quando ouvir o que dizem quando o que é dito não edifique. Eu te desafio a fazer de Gramado a cidade mais feliz do Brasil. Porque se isso não acontecer, a felicidade é um trem que acelera morro abaixo, e em dado ponto ninguém mais é capaz de frear.

Eu te desafio a ser elegante. E a verdadeira elegância mora naqueles que promovem a paz.

PS*
Por coincidência, fui ler a coluna do Ricardo Amorim , no Linkedin, e vejam o que ele escreveu hoje:

https://www.linkedin.com/pulse/o-abra%C3%A7o-da-esperan%C3%A7a-ricardo-amorim?trk=mp-reader-card




sábado, 18 de fevereiro de 2017

A Coerência Política de Fedoca


Minha mãe foi professora, nos dias da minha infância, lá nos distantes tempos do guaraná com rolha. Primeiro, professora municipal, e depois, foi aprovada para trabalhar no Estado.

O Município era pequeno, ainda pobre, oferecia poucos recursos à Educação, e osa salários eram pagos sempre com muito atraso. Algo assim como seis meses, oito meses. Tínhamos que comprar "na caderneta", e sobreviver pela generosidade dos comerciantes que suportavam, com paciência, a espera. Presto aqui minha homenagem aos já falecidos Horácio Cardoso, Abel Parmegiani, e Joãozinho Morais, de quem já escrevi a respeito.

Quando passou para o Estado, as coisas deram uma boa melhorada, e segundo me contava, o Governador era o legendário Leonel Brizola. Deve à Brizola, o Rio Grande, até mesmo um estilo arquitetônico na rede de escolas, ao que atribuíram a alcunha de "brizoletas", as pequeninas escolinhas de madeira, pintadas de tinta de cor Alumínio. Eu fiz o primário numa destas brizoletinhas. Saudosas brizoletinhas.

Os tempos passaram, os custumes mudaram, Gramado cresceu, enriqueceu, modernizou-se, ganhou projeção internacional, ajustou-se aos novos tempos, o que não poderia ser diferente, e com isso, o estilo de política cultivado pelo Ex-Governador Brizola, foi extinto. Quase completamente.

O próprio Brizola, foi obrigado a mudar de estilo, quando mudou de Estado e governou o Rio de Janeiro. Amado aqui e ridicularizado lá, Brizola alçou-se ao voo mais alto, à presidência da República, alcançando o melancólico índice de pouco mais de três por cento dos votos na última eleição onde participou, e encerrou ali sua trajetória executiva na política.

Brizola, embora não tendo sido, originalmente do mesmo partido de Getúlio Vargas, banhou-se do estilho caudilho de discursar, de olhar no olho de pessoa a pessoa do alto dos palanques,e confrontar os adversários com ataques incisivos e até mesmo de ofensas pessoais, optando pela ridicularização do oponente,com alcunhas do tipo: "Sapo Barbudo", e outras, que não lembro agora.

Sua forma de galgar notoriedade era sempre na tribuna, e seu estilo, muito vagamente, lembrava os históricos tributos romanos, onde havia um endeusamento dos heróis. Brizola não chegaria a tanto, até porque sua religião Protestante (Metodista) não permitiria tal coisa, mas aquela aura de heróis caía-lhe bem e proporcionava ao seu séquito uma certa embriagues de alma, que correspondia à ânsia por estar próximo de um herói vivo, quase uma divindade palpável.

Fedoca, Prefeito, carrega o mesmo estilo. Suas estratégias e foco administrativo abraçam causas que a médio e longo prazo permitirão que ele seja reconhecido pela galhardia e bom humor, mas impávida ousadia em olhar no olho dos adversários e confrontá-los para duelos verborrágicos, no confronto das propostas, ao que, um e outro se firmam em convicções antagônicas, e que, no modo caudilho brizolista que Fedoca se estriba, arrebanha delirantes seguidores, antes, populistas peões com foices e martelos e punho cerrado com brados de vitória antecipada, e hoje, valentes propagadores de urros repetidos com jargões pelo meio cibernético, até que se difamem e sejam destroçados os adversários, ou que se curvem e resignados se deixem difamar pelos espumantes impropérios disseminados em perfis pelas redes sociais.

Estou julgando tal atitude? De modo algum. Estou avaliando métodos. Se de um lado, resigna-se no conforto das lágrimas a oposição vilipendiada, e com isso aceita a dor como natural ou traição, de outro lado, Fedoca constrói sua estrada rumo aos objetivos, que por certo tempo quase foram guardados na zona do esquecimento, mas que pela sua inimaginável chegada ao poder, empurrado pela massa acéfala dos aliados, já arrependidos, volta ele, Fedoca, a reconstruir os sonhos de seu velho pai, e do jeito que sempre sonhou chegar.

Fedoca não tinha um plano, mas por não estar só nesta jornada, mais que depressa costurou um. E seu plano nada tem a ver com dar sequência ao crescimento material e urbano de Gramado, mas será pela Educação, o braço forte do brizolismo, que reconstruirá suas aspirações. Serão os professores, os educadores, os alunos, e através deles, as famílias, que estarão envolvidas neste projeto de volta do populismo caudilho, numa cidade que oferece um modelo de crescimento ao Brasil, e com tamanha vitrine, Fedoca e seus aliados poderão galgar voos mais altos. Piratini, Senado (não necessariamente nesta ordem), enquanto Gramado torna-se o Quartel general deste ressurgimento possível.

O momento político brasileiro está  propício ao surgimento de novos heróis. Triste povo que precisa de heróis. Mas Fedoca tem as ferramentas políticas e o capital intelectual necessário para oferecer este legado. Tem o privilégio numa bandeja entregue pelo PMDB, que mesmo tendo liderado a composição dos dez partidos da vitória, ainda não está recuperado da possibilidade que não previu, onde o acordo de alternância em 2020, poderia ser quebrado. Fedoca viu um brilho com muita intensidade, e empenhou todos os esforços políticos que dispunha para adquirir a terra onde luzia aquele ouro.

E a oposição que não é oposição, empenha-se nas trapalhadas da equipe recém empossada do Prefeito, que chego a imaginar, tenha colocado colaboradores notadamente trapalhões em lugares visíveis, para que sejam criadas cortinas de fumaça para o projeto muito mais ambicioso que se oculta pelo silêncio das noites frias da Serra Gaúcha.

A estratégia é perfeita. Fedoca é talentoso com as mãos em dedilhar instrumentos de cordas, e hábil com as palavras, embora a homilética não tenha se mostrado o seu forte, e a retórica passa longe de suas habilidades. Mas o que ele pouco fala, e menos faz, ele muito pensa. Olha e pensa, Examina e pensa. E quem olha em diagonal e muito pensa, não pensa pequeno.

É ruim isso? Não. Pode ser proveitoso a Gramado, se junto com sua ambição, estiver um espírito pacificador. Se ele souber controlar o ímpeto de seus escritores de ocasião, a que edifiquem a união de Gramado, em lugar de vomitarem a ira. E um verdadeiro líder sabe como fazer isso, como frear a discórdia e estabelecer a paz. 

Por enquanto, Fedoca tem em mim um observador, à distância. Não enquanto pessoa, a quem admiro e quero bem, mas na condição de político,de líder, de construtor de pontes e não de muros, que começam e serem levantados em Gramado. Espero, com sinceridade, que Fedoca veja o loirão norte-americano que quer construir um enorme muro, e separar pessoas, e que reflita que aquele homem está muito distante dos ideias de Brizola que é até hoje bem lembrado pelo povo, e que fez história no trato da Educação aos riograndenses, e que levante a bandeira da pacificação, que é o mais elevado modo de educar.




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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Para ler e pensar
















Escrever é ...




Quem acha que escrever é apenas vomitar letras no teclado. falta-lhe sutileza, sua inteligencia é pouca.

Escrever é expressar ideias, mas também fazer pensar. Fazer refletir. Propor o contraditório com elegância.

Há uma gritante diferença entre a sutileza e a proposição que se contrapõe ao ranço da agressiva verbalização.

Escrever é ser sutil. É dizer com propriedade e construir com sabedoria. o que passar disso são grunhidos indizíveis,incompreensíveis e trogloditas.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O Cortejo e o gambá da Carsulina (Sim, ela voltou com a corda toda)




Carsulina era a intendente do Cêrro do Bassorão, o que é de conhecimento de todos, e como tal, deveria cumprir com os requisitos da função, ou segundo ela, da "Fonção". E um dos requisitos, era viajar pra capital da Província, em busca de "binifício" pro povoado.

A questão  é que uma viagem é sempre algo muito dispendioso, além do que, como sua fama a precede, Carsulina em solo "capitalista", é deveras um acontecimento, e segundo ela, um "acunticimento", Quase uma efeméride, pois não? E não é por acaso que Carsulina, a Lady do Bassorão, é "biçuluta e compretamente" desconhecida por sete bilhões de pessoas do mundo que cerca o Cêrro do Bassorão. Acha pouco? Não é pouco não. Esse número expressivo empresta-lhe notoriedade e prestígio.

Então, chegado o tempo de visitar a capital, Carsulina foi convocada pelo governador, que fazia gosto em receber a notável em grande pompa. E assim foi. As escolas da capital foram dispensadas, e as professoras levavam multidões de criancinhas com bandeirinhas do Cêrro nas mãos, entoando o hino nacional do Bassorão. E ao stilo da velha realeza, foi recebê-la na estação do trem, em carruagem aberta, puxada por seis garbosos alazões enfeitados, e bem alimentados. Vestiu o traje de gala, e levou junto sua espada de Cadete, que herdou do avô, velho caudilho da guerra cisplatina.

A Primeira Dama, ladeada por suas pajens, foi numa segunda carruagem, logo atrás, para não quebrar os protocolos de hierarquia. E assim, sucessivamente, os Ministros de Estados, os Alferes, Intendentes e por fim os lacaios, que levavam guloseimas e convescotes para refestelo da troupe ao fim do desfile, e antes das reuniões tediosas no palácio.

Carsulina, que era prenda pouco acostumada com pompa, abanava ao povo, enquanto mascava um naco de charque de capivara, e bebia uns goles de café que trazia dentro de uma guampa. Entre um bocado e outro, que oferecia ao Governador, abanava para o povo e abençoava as criancinhas pelo caminho.

Mas, lembram, que ali no terceiro parágrafo, eu mencionei que os alazões eram bem alimentados? Bem até de mais, e aquele pasto novo misturado com ração e milho, criava gases nos quadrúpedes, que, numa feita entre um trote e outro, o alazão mais próximo da carruagem,  dá uma patada num gambazinho que passava por ali, e em defesa, alivia um daqueles esturricados, advindos lá do fígado, e que fedeu. Por misericórdia, mas como fedeu aquilo, ao que o bagual corresponde, largando outro em seguida, como se um traque saudasse o outro, numa linguagem que só os intestinos são capazes de compreender. É o que Carsulina chama de "Intindimento Intistino)

O Governador, envergonhado, aproxima-se do ouvido de Carsulina, e tapando o nariz com um lenço, diz baixinho:

- A Comadre me perdoe....

Carsulina, que se distraía abanando para uma guriazinha sardenta e com longas trancinhas douradas, volta-se para o envergonhado político, e dando-lhe um tabefe no ombro, diz, às gargalhadas:

_Mas quê isso, compadre? Não se apoquente. Eu até pensei que tivesse sido o matungo e o gambá!



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Vida Bandida





VidaBandida
Pacard

Meu nome é...não interessa como é meu nome. Quer saber pra quê? Se liga, sou esperto. Muito esperto. Mas pode me chamar de Zarôio. Acho bem legal o apelido “Zarôio”. Lembra “Scarface”, “Cicatriz”, “Fogo Cruzado”. Bons nomes pro crime.

Meu negócio é o crime. Não era, mas decidi entrar pro crime. Crime organizado. Eu mesmo organizo tudo. Quando saio pro crime, levo lanche e água mineral. Primeiro bebo a água e depois como o lanche. Cuscuz mexido com ovo. Dá trabalho pra fazer, mas vale a pena. Faço na hora.

A moda agora é crime magnético. Gosto do nome, acho científico. Crime pela internet.Por isso “magnético”. Talvez porque a gente enjoe fácil e fique mudando de página. Enjoo lembra leite de magnésia bisurada. Então o nome magnetico. 

Meu nome é conhecimento. Pronto, falei o meu nome. Você não devia ter lido o meu nome. Agora terei que apagá-lo. FUUU (assopro). APAGUEI VOCÊ! Desculpe.Eu só queria assoprar, não queria cuspir. Limpe aqui com meu lencinho. Pouco uso. Leninho de confiança. Acabei de usar quatro ou cinco assoadas de nariz. Gripe é brabo. Trato com libão e bél. 

O negócio agora é enviar mensagens em grupo de avezaps. Acabei de engatar uma véia. Marquei com ela de assaltá-la na terça feira. Mas bateu medo, Ela não pareceu de confiança. Não pareceu mesmo. Nunca se sabe em quem se pode confiar. Tem gente ruim nesse mundo, Tem mesmo. Sim senhor.

Consegui um numero. Não sei de quem é.Muito melhor. Fico incógnito. Mandei uma mensagem de bater medo. Pavor mesmo:

-Alô, usuário!
- Quem fala?
- O sequestrador!
- Vc é doido?
- Ok.já que me cconhece, sabe que sou periculoso! Faça um depósito na conta de R$ 56,39,IMEDIATAMENTE!
- Na conta de quem devo depositar?
- Na sua conta,otário. Pensa que sou bobo em passar o número da minha conta pra você? Eu NEM CONHECO VOCÊ!
- E que provas eu tenho que você esteja dizendo a verdade? Tem muito golpista no mundo esquelético.
- Ah, tem mesmo. Vou fazer assim, porque gostei de tu, madamo! Vou mandar pelo sedex uma orelha e dois dedos,pra ver que tou falando sério.
- Orelha e dois dedos de quem?
Ora de quem? MEUS, é CLARO?
- Cara! Você já tentou um psiquiatra?
- Sim. Ele não quis nada comigo. Me mandou consultar com um veterinário, e depois passar num ferreiro. Ele se preocupa com meu bem estar. Gostei do cara. Quer o telefone dele?
- Nãooo!
- Certo! Já chega de conversa. Pra que endereço eu mando a orelha e os dedos?
- Manda pra casa da sua mãe!
- Perfeito! Tem uma taxinha pra pagar o motoboy, senhor. 5,95, com impostos e sem a “grujetinha”.
- VAI PRO INFERNO, DEMENTE!
- Pois não, cavalheiro. Mas antes passo na casa de mamãe pra saber se ela recebeu a orelha e os dois dedos.
…...tu...tu….tu...tu…

- Ué! Desligou! Como tem gente mal educada nesse mundo. Credo! O cara entende, é nada, de sequestro.



domingo, 12 de fevereiro de 2017

A Serpente e o Gambá - Fábula


Imagem de internet

No tempo em que os bichos falavam,vivia um velho gambá em sua toca, que passava os dias dormindo, e à noite, saía à procura de sustento para sua ninhada.
Entravam e saíam os dias, e o velho gambá saía troteando pelas veredas em busca de algum ninho esquecido, para roubar os ovos, ou de uma fresta no galinheiro, para refestelar-se com uma galinha gorda. Esta era a vidinha daquele gambá, e de todos os gambás. Comer, dormir, reproduzir, e deixar a vida em seu curso, assim como O criador havia deixado desde a Criação, tempos atrás.

Havia, próximo a um parreiral, onde o gambazinho apreciava, no verão, subir entre os galhos para comer saborosas uvas, um velho tronco caído, onde no oco da madeira, vivia uma também velha serpente. Passava todos os dias o gambá perto do tronco, cheirava, sorrateiro, e pressentindo o perigo, saía de mansinho, sem incomodar a astuta moradora do lugar.

Ocorre que o verão estava terminando, e a temporada de caça da velha serpente não havia sido muito promissora. Além disso, estava muito velha para abandonar sua toca e sair em busca de caça em lugares mais distantes, como fazia quando era jovem. E como via o gambá passar todos os dias à sua frente, engendrou um plano para fazer dele o seu abastecimento para o inverno, que prometia ser rigoroso.

Isto pensado, passou a espreitar todas as noites enquanto o marsupial passava, e como de costume, dava sua cheiradinha no tronco, antes de prosseguir caminho. Noite após noite,um e outro se espreitavam, até que um dia, a cobra velha decidiu executar seu plano alimentar, e colocou-se estrategicamente à espera do peludo.

Naquela noite, porém, o velho gambá também havia mudado seus planos, e estava pensando em mudar de dieta. Precisava de proteínas, porque o inverno prometia ser rigoroso naquele ano. E uvas, apesar de deliciosas, não ofereciam as proteínas das quais necessitava para enfrentar o rigor do frio. Decidiu então, que a velha moradora do tronco estava do tamanho certo para ser devorada. E passou, ele também a espreitar sua comida rastejante, e engendrar um plano de ação. E assim, u e outro, desconfiados e sorrateiros, lambiam os beiços quando sentiam as presenças, de um e do outro, ao anoitecer.

Mas, o gambá, por perambular mais que a serpente, também tinha mais amigos. Pelo bem da verdade, o gambá tinha muitos amigos, mas a serpente não tinha nenhum. Era temida e sorrateira, e por isso evitada. Era muito egoísta, e quando abatia uma presa, seu veneno mortal impedia que outros bichos partilhassem de seu refestelo.

Era vizinho do Gambá um velho lagarto, que por sua natureza, não fazia parte da cadeia alimentar do gambá, e vice versa. Mas de ambos, a serpente era inimiga, e ao paladar de ambos, era uma iguaria. E assim sendo, e diante das necessidades, de um e outro, que também sofriam os rigores do inverno, entraram num acordo: Iriam dividir a cobra velha. E sendo esperto como era, o gambazinho planejou a coisa. E assim feito, aguardaram o momento certo para seu banquete acontecer.

Noite de lua  cheia, ótima para sair em busca de comida. E lá estava o gambazinho passando perto do tronco. De longe, passava cantarolando, na língua dos gambás. Atenta, a serpente pensou: Lá  vem ele.  Vou deixar a causa balançando do lado de fora, e quando ele der uma mordida, eu pulo em cima dele. E assim fez. Deixou a cauda ali balançando ao brilho do luar. De repente, percebe que alguma coisa tocou nela, e de pronto saltou em cima do agressor. Mas, ah, mundo cão esse! O agressor não era um gambá e sim seu pior pesadelo: o velho lagarto faminto, que deu uma lambada com sua cauda e esticou a jararaca em um único golpe. E assim, feliz com sua porção, deixou metade da cobra para o gambá, que estava logo atrás, e que de quebra, ainda ficou com a toca da serpente, bem mais confortável e quentinha.

Moral da historia:
Por mais veneno que tenha suas peçonhas, nenhuma cobra velha terá perspicácia, veneno ou força para vencer a união da floresta, que também, sente fome, mas tem a perspicácia de unir-se em prol de um inimigo comum.

A propósito, o gambá poderia ter matado a cobra sozinho se quisesse.

Gambá contra veneno de cobra

Famoso pelo mau cheiro que assusta os humanos, o gambá poderá agora ajudá-los.

Famoso pelo mau cheiro que assusta os humanos, o gambá poderá agora ajudá-los. Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, isolaram uma proteína existente no organismo do animal que o torna resistente ao veneno de cobras do gênero Bothrops, como a jararaca e a jararacuçu, responsáveis por cerca de 90% das picadas de serpente no Brasil. “A proteína bloqueia efeitos locais do veneno, como hemorragia e edema, tarefa em que os anti-soros existentes não são tão eficientes”, diz o biólogo Jonas Perales da Fiocruz. Ela poderá estar no mercado em dois ou três anos e é um providencial reforço terapêutico. Segundo um relatório da Fundação, em 1991, dos 39 780 casos de intoxicação, 10382 foram provocados por animais peçonhentos.

Fonte:
http://super.abril.com.br/ciencia/gamba-contra-veneno-de-cobra/

Se correr, o GAMBÁ pega. Desta vez fedeu...




 PS: Nenhum político, nenhum eleitor, e principalmente, nenhum gambá foi maltratado para esta crítica do mundo imaginário. Os personagens são todos imaginários e qualquer semelhança com a vida real, não é problema meu.
O autor

Gambazinhos recolhidos no Pinterest, mas já foram devolvidos por causa do fedorzinho nojentinho que exalavam do traseirinho.


Quando penso que já vi de tudo, descubro que o fundo de tudo é o topo do porão do que ainda resta pra ver.
(Fedorent, Le Gambá)

Acompanhando, com discrição, as manifestações nas redes sociais, deparo-me com melancólicos desabafos de quem sentiu-se desprestigiado, apesar de terem sido devotados colaboradores da campanha ao atual governo, mas que, ao longo dos primeiros dias já começam a descobrir que o buraco da vida pública era bem mais embaixo.

É o momento da transição da adolescência ruidosa, tempestuosa da vida, onde os vivazes gritinhos de euforia da infância são substituídos pelos grunhidos roucos e desafinados da puberdade, onde as ideias se fundem e se confundem em desvarios entre a ira e a desilusão. Entre a incerteza e a ânsia pela vida. É aquele momento da angústia pelo isolamento, e a contida saudade do colo,que são as bravatas da campanha. 

Acabou-se a festa e começa a semana. E descobrem que nesta semana todos já encontraram seus lugares, menos aqueles que continuaram no delírio e na ilusão de acreditar que alguma coisa seria melhor do que apregoaram e se empenharam até às últimas consequências. E as últimas consequências não se esgotaram,porque descobrem terem sido traídas por falsas promessas e pela ânsia de ensejar mudar o mundo, sem perguntar ao mundo se queria mesmo ser mudado.
Já, do outro lado da cerca, agora se fechando,  estão os governantes, que em impopular  atitude, estabelecem suas fronteiras, e nestas fronteiras, traem a quem ajudou a carregar os moirões e os aramados. E os arames eram farpados. 

É uma cobertor curtíssimo em que se encontra agora o executivo, que jactou-se em reduzir os cargos comissionados em nome da governabilidade e da moralidade, gabando-se ainda em haver considerado as nomeações por prova de capacidade (sob critérios misteriosos), e que, caso ceda aos rogos e gemidos destes correligionários, estará se contradizendo, e estará atendendo a exigências políticas e politiqueiras, em lugar de oferecer respostas ao clamor das necessidades administrativas que diz ter encontrado. 

Que situação! Se correr, o bicho pega, Se ficar, o bicho come.E o bicho desta vez não é nenhum gambá. É bicho do próprio cercado. Mordendo os calcanhares. Grunhindo e não deixando ninguém dormir, nas frias noites que breve haverão de chegar.

Já começo a perceber que o bicho não geme sozinho...


E vem aí.....



FEDO'RENT, Le Gambá!(

Da série: Gambá meu ninguém tasca!)

Aguardem


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O dia em que faltou leite pro gatinho - Um conto quase absurdo

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Contava um sujeito que conheci, de um gatinho que teve quando era criança.  Gato esperto, daqueles raros, e muito exigente, também.  Gostava de beber leite, como todo gato gosta, e assim, mimadinho como ele só, ganhava todos os dias sua tigelinha transbordando do suquinho de vaca, para refestelar os longos bigodes, depois da lauta fartura, esparramando-se ao sol, pensando na vida.

Certa feita, o leite tornou-se escasso, e nem com reza de padre velho, encontrava-se um saquinho disponível no mercado. Nem no mercadinho, e nem no mercadão. O gato já andava subindo pelas paredes, de abstinência,e do nada, atirava-se contra as pessoas, num gritante pedido de socorro; Ele precisava de lactose. A situação estava tão crítica, que ele já enrolava casquinha de queijo num papelote, e fumava, desesperadamente, como se não houvesse amanhã.

Ninguém mais dormia na casa, diante dos desesperados miados do bichando, sentindo falta do leitinho diário. Até um milagre aconteceu, isto é, aconteceu pela metade. Mas não deixava de ser um milagre: alguém conseguiu contrabandear meio litro de leite. Mas tudo tinha que ficar em silêncio, afinal, outros poderiam também querer o tal leite, e não havia leite pra todo mundo. Sendo assim, meu amigo fez uma coisa: Meticulosamente calculado, ele dividiu o leite em cinco partes, uma para cada membro da família, que era composta de quatro pessoas. Isso mesmo:  o gato era a quinta pessoa daquela comunidade. Mas (sempre há um "mas"), meu amigo, precavido como era, não deu todo o leite num único dia. Misturou um tantico de leite com outro tanto de café. Não era leite puro, mas era leite; Café com leite, porém, leite também. E lá estava a cumbuquinha do gato cheia, transbordando, farta, de café com leite, tudo para o gatinho. Deixou no chão, chamou o bichano, e saiu de perto, para que o gato fruísse de sua intimidade com a substância. Era um momento muito pessoal, isto é, "gatal". O gato e seu potinho de leite.

Meu amigo, com o coração aliviado e a alma leve, ouvia, discretamente, detrás da porta, o "schlépt, schlépt" aimado do gatinho, que em poucos minutos, passou ao seu lado,de rabo erguido e acenando feliz, para o dono, indo recolher-se para a sua dignidade ensolarada. Ato seguinte, meu amigo corre para a cumbuquinha, e depara-se com uma surpresa digna de figurar nos anais da história da capacidade e genialidade que só os gatos possuem: O gato havia bebido apenas o leite, e deixado o café de ladinho.

Que lição eu tirei disso? Algumas. A primeira lição é que não pense que engana um gato. Gatos são sorrateiros, silenciosos, fazem as coisas sem deixar rastros. Diferente dos gambás, que são muito engraçadinhos, mas quando incomodados, liberam certas toxinas que, para outro gambá, pode ser até erótica, mas para o resto da bicharada, pode afastá-los da cumbuquinha de leite. 

Outra lição é  que um gato nunca será fiel ao humano que o serve,  mas apenas ao volume de leite servido na sua cumbuquinha. Não é por fome,pois gatos são hábeis caçadores. É pura vaidade mesmo. Para que possa mostrar-se aos demais gatos, que ele tem um humano apenas seu,  a seu serviço. Isso o torna uma autoridade. Seu ego é enaltecido, e sua despensa se enche com fartura. 

Porém, quando chega a hora de ter que dividir o leitinho com outros gatos, gambás, cachorrinhos, o gato não  aceita que o seu potinho baixe de qualidade, e torna-se audaz defensor dos fracos e oprimidos, no caso, elee mesmo, e luta até o último fio de bigode, para que sua canequinha se encha novamente de leite. Puro. Sem café.

Outra lição que posso tirar disso, é que, gato não morre de amores pala casa que o sustenta. Isso quem faz é o cão. Morre de fome, apanha, é chutado, e mesmo assim, lambe a mão do humano que o tratou mal. O gato não. Gato alia-se aos camundongos, ratos e ratazanas, e dispara em direção à fazenda onde as vacas ainda pastam gordas, e o leite está farto. E não encontra nenhuma dificuldade em reconciliar-se com os gatos dos vizinhos, porque onde há fartura de leite, as noitadas de agosto são bem mais animadas. E noitada de agosto nunca acontece na solidão.

Se eu fosse bicho, ia querer ser um gato.Mesmo que goste de café.



terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Verter, converter ou perverter



Gosto de trocadilhos. A riqueza de nosso vernáculo nos permite passeios verbais que fazem brotar ideias a partir de simples troca de verbetes homófonos, ou ao menos de sonoridade muito aproximada entre as palavras.

Mas em muitas palavras, a sonoridade diversificada, com base no radical da palavra, nos permite avançar em reflexões mais profundas. Como é o presente caso dos verbos sugeridos. Verter, converter ou perverter.

O primeiro verbo, sugere criação, emanação, edificação,generosidade, produtividade.

O segundo verbo,derivado do primeiro, sugere uma mudança  de direção.Um novo caminho.Alternativas a seguir.

E o terceiro é aquele que distorce os outros dois. É pernicioso, destrutivo, enganador, miseravelmente infame.

Estes três verbos são irmãos da mesma mãe, mas separados pelo nascimento. Caminham juntos, mas espargem atributos diversos. Tomam aquilo que foi gerado e  cada um, a seu modo, transforma o resultado de acordo com seu próprio interesse.

A política é cheia destes trocadilhos.

Uns vertem.
Outros convertem
Outros, revertem.
E para tristeza do mundo,  infiltrados entre todos estão aqueles que pervertem.




domingo, 5 de fevereiro de 2017

Fedoca - Entre O Carnaval e a Saúde

Foto: Site Caíque Marquez



Justiça seja feita. Sou o maior crítico do Governo de Fedoca. Não o faço por inimizade,pois até  manifestação contrária, ainda o considero um amigo, dos tempos de juventude. Não concordo com suas posições políticas, mas nada conheço que o desabone no campo moral. 

Acho seu governo pífio e com requintes sutis de esquerdismo saudosista.Acho discutível, no campo ético, sua decisão de levar ao alto comando de Gramado, políticos que sejam estritamente partidários com sua ideologia brizolista, mas que nenhuma ligação comprovou-se possam ter com o histórico do Município. Mas, ele éo Prefeito, e continua sendo uma prerrogativa sua esta escolha. E ainda corro o risco de estar errado, o que não descarto aqui. Mas até lá, bato o pé no cheiro da terra para  plantio desta administração.O que vier de fora, com único objetivo eleitoreiro, isso eu descarto como desnecessário.

Explicado o preâmbulo, vamos aos fatos. E o fato é que preciso elogiar a atitude do Prefeito, em trocar o carnaval pelo hospital. A folia pela saúde. Acho incabível que não haja sacrifício do prazer em detrimento à grave crise financeira pela qual passa a Casa de Saúde, única da cidade, apesar da urgência que evoca.

Isso é uma coisa que traz muita preocupação, e também uma reflexão. Gramado, ainda quando uma pequena aldeia, com talvez oito, dez mil habitantes, contava com o serviço de dois hospitais.Isso mesmo. Havia em Gramado dois hospitais, Havia certa rivalidade entre os médicos (não mudou nada), e os pacientes também escolhiam um e outro como se escolhe um partido politico, um clube de futebol ou uma religião. E defendia com paixão os talentos de um e outro médico, de um e outro hospital. Mas isso acabou. Gramado cresceu, modernizou, e  o prêmio disso, foi a extinção de  um hospital. Uma lástima.

Hoje, a Saúde em Gramado torna-se o palco onde lamenta-se o ocaso da qualidade de vida. Aquilo que deveria ser motivo de orgulho para a cidade com mais de trezentos hotéis e pousadas, com milhares de leitos, torna-se objeto de escândalo para a política e seus políticos interesseiros.

Vergonhoso pensar que sejam necessários apelos da oposição, para que haja sensibilidade em enviar uma verba tampão. Está bem. Desta vez foi o carnaval, pelo hospital. E qual será próxima barganha? 

Mas pelo menos uma coisa foi certa: Na foto onde se divulga a assinatura do Decreto, estão exatamente os dois personagens que deveriam estar: o Prefeito Fedoca, e o Secretário da Saúde, João Teixeira. Justo. Muito justo.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Limites



Limites


Temos um muro muro que separa o condomínio onde moramos, com o terreno do vizinho.
E mais adiante há mais uma cerca, e outra cerca, e assim consecutivamente, de cercado em cercado, está construída esta imensa colcha de retalhos, que é o mundo onde nós vivemos.

Desde muito pequenos ainda, nós aprendemos a conhecer nossos limites.

O colo da mãe, a porta da casa, a cerca do jardim.

São os limites quem estabelecem nossa dimensão de espaço, mas há também limites de tempo.

Um minuto. Uma hora, um dia.

O limite de um dia é exatamente onde começa o dia seguinte.

O limite de um lugar é onde começa o lugar seguinte.

Os limites são contestados por uma corrente de pensamento, que nos leva a pensar que o Ser Humano, tal como os animais, não deveria ser enclausurado por cercas, por limites.

Mas não é bem assim que acontece.

Até mesmo entre os animais, há limites sim.
Limites de território, limites no tanto que comem, o quanto caçam, em tudo há limites no reino animal.

Quando d’s fez o mundo, diz o texto Sagrado, que no segundo dia, separou as águas e a terra. As águas e o ar, mas ainda no dia anterior, havia também estabelecendo limites da luz e das trevas.

Então, percebemos que os limites não são algo estranho à nossa existência, e tampouco às nossas necessidades.

Os limites são também a nossa proteção, e o nosso conforto.

São os limites que nos impedem que cometamos excessos, mesmo que por vezes, com boas intenções.

Os limites nos mapeiam o território ao qual pertencemos, quando nos angustiamos com os problemas do mundo.

Não quero, com isso dizer, que devemos ser alienados.

A leitura que faço é que, se pensarmos que seremos capazes de resolver os problemas do mundo, o peso do mundo cairá sobre nossos ombros, desnecessariamente, e continuará sem solução.

Os limites então nos dizem, que temos responsabilidade em tornar o mundo um lugar melhor.

Mas apenas o mundo que esteja ao alcance dos nossos passos. Do nosso abraço.

Se você quer resolver os problemas do mundo, comece por promover a paz.

Comece por atenuar a discórdia.

Comece por estender a mão.

Duas mãos estendidas para um abraço tem o poder de levar a paz ao mundo.

Ao mundo de dentro do limite que você possa alcançar.

Shalom





Minha "quase esposa" do Tadjiquistão

Pois parece um pesadelo doido, mas o fato deu-se como verdadeiro. Eis o causo: No cotidiano da faina, lá pelos idos de 2012, recebo pelo mes...