AD SENSE
terça-feira, 24 de outubro de 2017
sábado, 21 de outubro de 2017
A violência que nos cerca é realmente gratuita?
Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do que está cheio o coração. (Mateus 12:24)
Seria como chover no molhado, dizer que estamos cercados de violência e apelos à violência todas as horas do dia, e de forma mais perceptível, do acordar ao deitar. Os noticiosos nos despejam sangue aos borbotões em cada canal que acessamos às notícias, em cada postagem nas redes sociais, ao ponto de nos deixar cada vez mais insensíveis àquilo que é virtual, e como consequência disso, também aquilo que é real, uma vez que o cérebro recebe todas as informações sempre como virtuais, como impulsos elétricos, e processa as informações de acordo com padrões preestabelecidos de acordo com a repetição das informações, e a partir das sensações provocadas por estas sensações, formatando tais padrões como naturais, sejam estes prazerosos ou repugnantes; que provoquem sensações de prazer ou medo;e de acordo com a intensidade deste abastecimento mental, tornam-se perceptivelmente propensos a exigir uma carga maior destas informações, destas percepções, de tal modo que um e outro, venham a dominar o conjunto de informações que se determinam como prazerosas, de um aspecto ou de outro.
Neste contínuo, temos de um lado, o prazer em si, que gera novos padrões e amplia a intensidade de sua atividade, e chega a um estágio de não apenas receber e perceber, mas também de retribuir mediante estes mesmos padrões, aquilo que armazenou ao longo dos anos. Assim se a percepção foi de prazer, devolve prazer, e se foi de violência, certamente devolverá de igual forma.
Há no entanto um fator que determina um divisor de águas entre o prazer pelo prazer, de forma hedonista, mas o prazer enquanto atos de generosidade, de acordo com o balanço das informações e das respostas estimuladas e administradas, capacitando o indivíduo a administrar de forma positiva tais sentimentos, sabendo dosar e perceber que aquilo que entrou em sua mente como forma de violência, não foi bom e o resultado foi negativo, frustrante, e aquilo que entrou como forma de prazer moderado, isto é, aquele prazer que foi necessário conquistá-lo, que não veio com facilidade vulgar, torna-se um vetor de orientação moral e ética, gerando padrões de ética em uma conduta que gera empatia e torna-se participante do sofrimento alheio como alguém que não apenas vê, mas que ousa interagir de forma positiva a minimizar este sofrimento, o que chamamos de atos de bondade, compaixão ou generosidade.
Já aquele indivíduo que tem como alimentador da mente um contínuo de violência, e esta violência com tal intensidade e continuidade que invade o inconsciente através da repetição e banalidade, torna-se o fertilizante que fermenta e anestesia a consciência paulatinamente, embora não anestesie a vontade e o livre arbítrio,pois este independe da consciência para ser exercido, embora aquilo que a alimenta seja um fator determinante na tomada de decisões, onde tal como numa balança, o peso maior sobrepujará o peso menor,e portanto as decisões serão tomadas de acordo com os padrões estabelecidos na mente, de acordo com a chamada "Casa de Freud", que classifica estes padrões de formação da mente análogos a uma casa, onde a área social recebe as informações e as armazena no porão, sendo registradas pelo sótão, que age como mero agente de protocolos de acesso, durante o dia, mas que, durante a noite, por ocasião dos sonhos, age como verificador e revisor destes padrões, armazenando-os de acordo com o volume de entrada, e, á medida que boas ou más informações sejam registradas com frequência, são estas colocadas mais próximas ao acesso principal da casa, permitindo que sejam utilizadas em momentos em que decisões autônomas, tomadas sem ou com pouca reflexão, necessitem ser tomadas, e desta forma, agem com espontaneidade, correspondendo àquilo que Jesus quis dizer, que o coração fala ( e as mãos agem) com aquele padrão que foi orientada a mente. Se com amor, com amor responderá. Se com violência, da mesma forma irá retribuir ao feito e tal será sua reação espontânea.
Vou aos fatos então. Cada dia mais uma espiral amplia os padrões de violência, e as barbáries crescem à medida que dão prestígio aos seres humanos dominados pela falta de domínio próprio que as praticam. Uso de propósito a expressão "Seres Humanos", em lugar de "Monstros", expressão à qual melhor identifica seus atos, em lugar de aparentemente minimizar seus autores. Reitero que são atos monstruosos cometidos por Seres Humanos falhos de caráter e escravos das paixões, isto é, que não possuem mais a leveza da generosidade em suas vidas, e que como tal, necessitam ser retirados do convívio social e mantidos isolados para que se neutralize suas ações sobre os demais,isto é, sobre os demais que por questão de oportunidade não devolveram a tais culpados o mesmo peso da violência que os distanciou deste convívio, porque como se diz que a ocasião faz o ladrão, a oportunidade promove a violência, porque a sociedade está doente por inteiro. Você e eu estamos sendo contaminados pelos vírus da violência e estamos de peito aberto numa guerra onde fomos colocados sem espada e sem couraça de defesa. É uma questão de tempo e oportunidade para que sejamos nós mesmos (D-s nos livre disso) os agentes de algum tipo de violência.
Existem muitos tipos de violência, e tais Seres Humanos em estado de Moral Terminal chegaram ao extremo de seu destempero, mas a cada dia somos bombardeados de motivos para que cresça em nós o mesmo câncer da maldade que os acometeu aos fatos.
Assistimos à um crescente de tragédias de matadores em massa, atacando vítimas estupefactas, onde busca-se às cegas encontrar os motivos desta violência, ou quais fatos desencadearam aquela tragédia em especial.Pois vou responder, embora não seja este o propósito destes escritos, e sim motivar questionamentos, então o faço sob forma de perguntas,para que o leitor reflita e responda a si mesmo.
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1 - Você estimula sua leitura e alimentação intelectual naquilo que te faz crescer enquanto pessoa, ou prefere aquilo que produz emoções, sensações, paixões, adrenalina, romance, aventura ou emoções literárias que promovem a fantasia em lugar da realidade?
2 - Você (esta é para pais e educadores) estimula seus filhos a buscarem emoção e prazer em brincadeiras que promovam a paz social, ou estimula a disputa, a buscar o primeiro lugar, a promover a "mais valia", em lugar de promover o companheirismo, a camaradagem, o afeto desinteressado e a boa convivência entre todos?
3 - Você escolhe s canais de filmes que ofereçam "adrenalina", "emoção", violência gratuita, pancadaria, tiros à vontade, explosões, sangue voando pela tela, gritos, socos, pancadaria, ou procura por filmes que favoreçam a descontração, biografias, bons documentários, que enalteça os bons hábitos, a família, a devoção à fé e que deixem a alma mais leve, em lugar de ira e ansiedade?
4 - Quando assiste a um noticiário e toma conhecimento de brutalidade contra inocentes, estupros, assaltos e assassinatos a sangue frio, tece comentários acerca de suas ideias sobre justiça, tais como: Pena de morte, espancamentos, linchamentos, justiça pela ira, ou ainda desliga o noticiário porque "só mostra violência" e liga o vídeo game em jogos onde a violência é apenas uma "brincadeira", e acredita que extravasando sua "energia negativa" de forma virtual, tornar-se-á uma pessoa mais dócil e preparada para enfrentar a violência do mundo?
5 - Realmente acredita que seus filhos serão pessoas melhores preparadas para o mundo, se permitir que experimentem brincadeiras onde a morte e a dor sejam apenas personagens eletrônicos, e que isso não terá nenhuma consequência negativa no caráter destas crianças?
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Minha leitura é que não sabemos dosar a pimenta na comida e com o excesso de violência virtual e eletrônica, sobrecarregando o prato dos nossos estímulos com aquilo que não edifica, que não promove o equilíbrio e as boas maneiras, que suscita respostas prontas aos problemas, e alimentam o mal que é escrito com tinta formulada com um fixador perpétuo sobre um pano outrora branco, e estimula os maus modos no trânsito, no trabalho, na escola, nas relações sociais, motivando o isolamento e o distanciamento das pessoas, onde o virtual torna-se o lugar solitário onde o que é solidário não passa de uma "curtida" rápida, e em determinados grupos, um "sincero" e temeroso "amém".
terça-feira, 17 de outubro de 2017
O Dedão do Apolônio - Causos absurdos do Apolônio Lacerda
Apolônio Lacerda não era um taura de duas palavras. Não era mesmo! De pavio curto, embora cauteloso com os revesgueios, o ensimesmado Apolônio não levava desaforo pro rancho, e andava sempre com a xerenga meio afiada na bota à espreita de algum ximango pra passar a degola, por quarqué dá-cá-uma-páia. Nunca passou. Também nem havia mais ximangos no seu tempo. E mesmo que houvesse, Apolônio era ôme de bom sizo. Nada de veolênça. "Um ximango - dizia - não se esfaqueia nem com o trêis lista!"
Peão traquejado na lida, Apolônio era par-e-passo com o matungo véio, o saudoso "Bergamota", parceiro fiel e manso, capaz de conduzir o borracho noite adentro de volta ao rancho, ainda que dormindo fosse.
Numa feita, despois de um carteado, no rancho do Gualhába, arrotando e matando a camada de ozônho com suas ruidosas flatulências, zóio murcho e a baba escorrendo pelo beiço afora, lá vinha a pareia dereito ao morro: Um amuntado no outro e o outro carregando o um, que balouçava de lá pra cáe de cpa pra lá, feito dois jacás no lombo de uma mula manca costeando o rio. O que vinha em cima de veis em quando, num trupicão que o pingo dava num toco, dava um pulo, que parecia um soluço, arregalava os zôio vermêio de trago, e sortava um berro, seguido de uma gargaiáda sôrta noite adentro:
_ Ah lá guascaaaa! Se caguêmo, mãns não se entreguêmo pras percanta! Ôrre bosta!
Num dado passo o pingo véio falseia o lombo, e a carga desanda. Apolônio despenca e dá com as fuças num monte de estrume, enlameando as venta e tontiando ainda mais o vivente. Meio que num "upa", se levanta, agarrado nos arreios e solta um xingamento, que por ser esta barbaridade que escrevo lida por dimenór também, vou poupar o verbo e dizer que o arcaide sortô um nome bem feio mesmo. Mas deixemo o nome feio de lado, e seguimo o causo.
Pous Apolônio, ergueu-se apoiado nos arreios, e num "upa", como disse, deu um pulo, o que fez com que o alimar se assustasse e fastrasse um tanto, dando com a anca nas paleta do borracho, e erguendo a pata traseira, dá um pistotão bicharedo no vivente. Pous, lês digo que não foi pôca côza, não senhor. O causo é que Apolônio usava uma bota garrão-de-potro, onde os garrão e os dedo ficam de fora. Pous foi junto no dedão de maior monta, que o pingo meteu o casco.
Vou encurtar o causo, porque o ôme sofria munto. Noutro "Uba" e um "Bamo!", galopeou daquele jeito rumo ao rancho de Carsulina, que a essa hora já tinha mijado e tava lavando os zóio pras reza. Não deu tempo. Ouviu um: "Tá dimpé, madrinha?"
- Se achegue, que o dóga é manso e foi capado!
- Mãns chê! Não tenho medo que o dóga...(e nisso dá uma topada na cabeça do arreio, soltando um sonoro nome feio, daqueles que dá tapa na zoreia se um piá chamar o outro disso) - O pingo me pisotiô o dedão, chê, e penso que posso inté morrê, se não tratá, madrinha!
- Se achegue, fio! Vou lê faze um implásto de catinga-de-mulata com banha de capivara, e antes de casá, vai vê que sara, filho! O pobrema é mais pisco do que fisco!
Apolônio apeia, não sem cair de novo, porque a cachaça ainda dominava a mente do demente, o que até era de certo modo um benifício, porque ancim doía menas. Carsulina então fez um emplasto e amarrou uns trapos no que encontrou antes de dois parmo de zunha xuja naquele dedão viscoso.
- Lê agardeço, madrinha! Pôus então me vou pro catre véio apinchá o lombo antes que o dia venha!
- Mas de jeito nenhum, filho. Agora mêmo vou aperpará um feijão mixido e um caneco de café passdo pra mór do filho passá a lombêra. O filho se apinche ali naquele pelego, e tire um sono. Quando ficá pronto, lê chamo.
O cheiro do café passado despertava a manhã, e logo um revirado de ovo com farinha de mandioca e um feijão mexido perfumavam o rancho, onde o café passadinho exalava aquela fragrância de campo e primavera. Apolônio acordou com uma bandeja de goloseimas, a cabeça inchada de ressaca, e um dedão latejando. Mas como diz Carsulina, quando uma subestânça dói, é perciso sabê que o pobrema é sempre mais pisco do que fisco, e carçá a mágoa no chumbo, que o mundo ainda é redondo. Mas isso é assunto pra outra prosa.
Este causo é em homenagem às boas prosas e causos que tive com meus primos Ananias, Zacarias, Izaías, Jeeremias, Elias, Malaquias, Saulo e Tia zezé, de quem sempre vou lembrar com carinho e boas risadas, o gosto do mate, do pinhão e das lorotas que contávamos ao do crepitar das lenhas e das lembranças de tempos que não voltam nunca mais. É também dedicado àqueles a quem ainda quero contar muitos causos e muitas lorotas, meus netos Davi, Daniel, Lucas e sarah!
O ódio que nos une - Uma análise sobre a disseminação do ódio nas redes sociais
Foto: Internet
Na condição de estudioso das Escrituras, mas também de alguém que mantém sempre viva uma certa curiosidade e necessidade de permanecer alinhado com temas seculares, e ainda como um autêntico "dedo nervoso" de belas imagens ou artigos no Facebook ou whatsapp, o tema da violência desperta em mim, assim como em todos, uma mescla de horror, com espanto e medo continuado, ao ponto de já filtrar aquilo que não gostaria de ver no meu perfil logo pela manhã, ou em qualquer outra hora do dia, e com esta premissa, acabo por mantendo a pessoa em minha rede de contatos, mas não acompanhando mais as suas publicações.
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Deletar aquilo que nos desagrada é uma das vantagens dos relacionamentos na tecnologia, mas bem mais complicados nos relacionamentos reais e palpáveis. É algo doloroso o processo de extermínio de uma amizade. Gera sofrimento, mágoa, pesar e dor. Eis então o porquê das amizades virtuais se avantajarem neste processo de relacionamento humano: é muito simples retirar uma pessoa de seu campo de visão, e mais ainda, ela dificilmente perceberá este vácuo de relacionamento, uma vez que as redes sociais favorecem a "mentira branca e suave", a "morte sem agonia ou eutanásia" de um ou mais relacionamentos.
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Há porém um ingrediente ainda mais avassalador que este amor e paixão baratos, crescendo de maneira assustadora, mas não sem motivo ou propósito: o ódio! Através de simples visualização de uma chamada bem elaborada, tornamo-nos imediatamente cúmplices morais (ou imorais) de determinada proposta de "justiça", vestida como vingança, contra este ou quele indivíduo ou grupo destes, que cometeram esta ou aquela atrocidade, devidamente filmada pelo celular e com a velocidade e ferocidade das comunicações cibernéticas, é capaz de entrar imediatamente no nosso inconsciente, e devolvemos a resposta de pronto com um polegar abaixado, assim como faziam nas arenas de Roma, cujos espetáculos de sangue inebriavam a multidão.
Vale ressaltar que estes espetáculos vão muito além do que mostra Hollywood nas dramatizações, em que o foco da violência e orientação de sentimentos está sempre voltado para este ou aquele personagem, e de fato, eram os gladiadores ou os cativos, fossem estes cristãos, judeus ou inimigos capturados, que serviam de banquete às feras e ao fogo, mas que também serviam de festim diabólico aos espectadores ricos e nobres, que bebiam o sangue dos lutadores mortos, na certeza que estariam adquirindo desta forma sua força e bravura.
Felizmente não dá pra beber sangue pela tela do computador ou da televisão, que a cada cem filmes ou seriados que mostra, noventa são de violência gratuita, louvor às trevas e adrenalina macabra, e que, sim, você está bebendo o sangue de alguém quando se detém em examinar tais imagens e mensagens, e mesmo que seus lábios e seu paladar não toquem na carne das vítimas, sua mente já está saciada pelo que seus olhos e ouvidos colocaram em sua refeição espiritual e psicológica. Parabéns! - diz o diabo. Você é um de "nós!". Lógico que você não ouve aquela gargalhada sonora como aparece nos filmes, porque quem está gargalhando é você mesmo, ao dizer: "Bem feito!", quando vê um bandido levando tiro, ou um estuprador sendo massacrado e seu corpo queimado, ainda vivo, porque "eles mereceram isso!".
Longe de mim poupar a justiça sobre alguém que comete crimes, seja da natureza que for. Mas justiça é uma coisa e vingança é outra. Justiça vem de D-s, e vingança é a justiça que vem do diabo. E quando os homens se distanciam de D-s ao sentenciarem o mal, esta gangorra os direciona ao príncipe das trevas, que dá o tom da conversa e da sentença. Quando os Homens que promovem a justiça se tornam fracos, estão fortalecendo a justiça impregnada de maldade que habita dentro de cada um de nós. Quando o mal triunfa e o bem se encolhe no Estado, o mal de nossas teclas acolhe o bem distorcido que há em nossa justiça, e assim, disseminamos o ódio, em lugar de promovermos a paz. E isso terá um amargo preço em nossa sociedade, em nossa família, e nossa mente e em nosso coração.
Quando acordamos com imagens e chamados para compartilhamento de ações vingativas, disseminação de ódio, ilações, promoção de vingança, estamos fazendo exatamente o contrário, e alimentando tudo isso, porque a maioria de nós acreditamos que isso tudo tem um maestro do mal orquestrando isso tudo, e o alvo somos nós, nossa família, mas principalmente nossas crianças.
Quando acordamos todas as manhãs e nos deparamos com incitações à violência no whatsapp, Telegram, Facebook, Twitter ou qualquer outro espaço virtual, estamos chamando a nós mesmos de bebedores de almas e comedores de carne humana. Aos poucos vamos amortecendo nossa consciência, e é exatamente com isso que o diabo conta: Consciências mortas são robôs espirituais. Zumbis, para entrar no clima do texto, e está na moda. Talvez sem percebermos, mordendo aos poucos, pedaços de nós mesmos, até que nos exterminemos por completo. Que exterminemos os traços de semelhança com D-s Porque Quem fomos criados, e passemos a nos assemelhar com sombras daquilo que apregoamos, até que nem sombras hajam mais, porque para que haja sombra, é necessário que haja pelo menos um resquício de luz atrás de nós. Mas até esta luz um dia pode se apagar.
Shalom
domingo, 15 de outubro de 2017
A Doença de Narciso - Por que políticos só dão notícias enaltecendo a si mesmos?
Narciso
Foto: Pinterest
"Segundo Ovídio, Narciso era um rapaz plenamente dotado de beleza. Seus pais eram o deus do rio Cefiso e da ninfa Liríope. Dias antes de seu nascimento, seus pais resolveram consultar o oráculo Tirésias para saber qual seria o destino do menino. E a revelação do oráculo foi que ele teria uma longa vida, desde que nunca visse seu próprio rosto.
Narciso cresceu, e se transformou um jovem bonito de Beócia, que despertava amor tanto em homens e mulheres, mas era muito orgulhoso e tinha uma arrogância que ninguém conseguia quebrar. Até as ninfas se apaixonaram por ele, incluindo uma chamada Eco que o amava incondicionalmente, mas o rapaz a menosprezava. As moças desprezadas pediram aos deuses para vingá-las. Para dar uma lição ao rapaz frívolo, a deusa Némesis, (aqui como um aspecto de Afrodite) o condenou a apaixonar-se pelo seu próprio reflexo na lagoa de Eco. Encantado pela sua própria beleza, Narciso deitou-se no banco do rio e definhou, olhando-se na água e se embelezando. Depois da sua morte, Afrodite o transformou numa flor, narciso.
Até em sua morte, ele tentava ver nas águas do Estige as feições pelas quais se apaixonara."
Fonte: Wiki
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Recebo e leio centenas de notícias advindas de equipes de comunicação de prefeituras, câmaras de Vereadores, Deputados, Senadores, Governadores e até da Presidência da República, sejam lá quem forem os seus titulares, a essência da notícia é sempre a mesma: "Como somos bons, justos e eficientes!" Ainda que traduzidos pela refinação de profissionais das palavras, as mensagens, todas elas, transmitem duas coisas apenas: Ou autoelogios, ou desculpas e em defesa de acusações que os vitimaram. Desta forma, fica muito difícil acreditar naquilo que se lê, quando proveniente destas fontes, da forma que são mostradas.
Estou querendo dizer que a comunicação destes órgãos e políticos seja mentirosa ou desnecessária?De modo algum! Antes digo que a comunicação entre o governante e seu eleitor, o cidadão, é absolutamente necessária, conquanto proporciona tranquilidade por meio da informação. Não apenas deve ser mantida, como deve aprimorar-se através da confiabilidade que chega ao leitor, seja qual for o veículo utilizado para tal.
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O jornalismo, principalmente o bom jornalismo é feito de fontes, sejam estas provenientes de políticos ou de empresas que necessitam comunicar-se com o consumidor de forma abrangente, e especialmente transparente.
Então, onde quero chegar com isso? Acho que apenas pelas palavras diretas não chegarei a lugar algum, uma vez que meu raio de influência não chega a tanto. Não comoverei senão a mim mesmo, fazendo transparecer ao leitor que não importa o quanto ame seu político; não importa quão convincentes sejam os textos bem elaborados pelas cartilhas e códigos de conduta que sigam, haverá sempre por trás deles a intenção de mostrar que a perfeição é possível, e esta perfeição está encriptada nos filtros vernaculares dos bons redatores que se encontram a serviço da política, seja ela boa ou má; decente ou indecente. A ânsia por mostrar o que há de bom e esconder o indesejável, faz da comunicação um mordomo fiel e impudico da relação entre o Homem público e o público de Homens que apenas leem e creem naquilo que leram, sem pensarem se aquilo que leram foi mesmo aquilo que era necessário ler, ou apenas aquilo que desejariam ler e os comunicadores sabiam disso com antecedência.
Sendo assim, o comunicador é um prostituto literário, que escreve aquilo que convém para ser lido por aqueles que são convenientes. Necessários, mas perigosos. Por esta razão, a cultura sempre será a Espada de Dâmocles sobre a verdade, e são os comunicadores a mão que sustenta com força e movimento calculados tal força, porque as mesmas verdades ajustadas aos olhos e ouvidos dos leitores poderão ser o cair da espada sobre as cabeças dos que fizeram gerar os fatos relatados e levados ao público pelos comunicadores.
Dâmocles e Narciso brotam das lendas e adormecem nas letras e nas palavras, nas imagens e nas vozes, cada vez que você, leitor querido e leitora perfumada debruçam-se sobre notícias plantadas distribuídas pelas redes, jornais e veículos de comunicação de massa. Cabe a você questionar uma por uma e decidir se ela traduz a verdade verdadeira ou um fragmento de verdade contido naquilo que que os comunicadores desejam levar até você para induzir e conduzir seu modo de pensar.
É por isso que eu provoco e motivo a pensar, pois quem pensa não tem tempo nem espaço mental ou espírito para ser aprisionado por manipulação de qualquer espécie. Seja por campanhas de Esquerda, Direita, Ideologias de Gênero, Número ou Grau. O Direito à informação não é publicar ou ler qualquer imundície que cai à mão para fazê-lo, mas a capacidade de discernir entre o que é bom e o que é pernicioso. Em todos os sentidos. Mesmo isso que acaba de ler. Leia novamente e reflita pelo meu direito de também estar tentando manipular os leitores, mas principalmente pelo direito dos leitores em não acreditarem em uma única palavra do que estou dizendo. Ou será que não?
Aqui eu lanço um desafio, que só os fortes entenderão:Que sejam enviadas apenas notícias daquilo que é feito em benefício do povo, omitindo as dezenas de citações e grifos em cada mensagem de seus pretensos autores. Não vejo que estariam com isso mascarando a fonte, uma vez que no setor público, a fonte deve ser sempre o empregador, isto é, o próprio povo, e quem age com o dinheiro do povo, mesmo que pareça ser seu, pela empáfia com que apresentam realizações, deve ler diariamente o Livro de Eclesiastes e lembrar que todos são, assim como eu também, "Palha ao Vento",e que não será sobrecarregando de repetições tais nomes nas mensagens e notas de comunicação, que deixarão de ser quem são, fazer o que fazem, e prestar contas a quem devem prestar, e que não sirva o erário público como fonte de recursos para auto promoção contínua, como se o eleitor estivesse realmente interessado em saber quem precisa gritar tão alto seu próprio nome para que suas obras sejam mostradas.
A doença de Narciso entra pelos ouvidos e olhos, mas é fermentada na mente. Ninguém está livre dela. Nem mesmo eu, pois tenho que vender minha própria imagem ao oferecer meu trabalho. Então, não tenho nenhuma moral para reclamar. Nem quero. Não reclamo. Apenas reflito se aquilo que eu mostro condiz com aquilo que eu entrego. O resto é propaganda enganosa.
A Igreja e D's (Deus) - Você busca respostas ou faz perguntas?
A primeira ideia para este artigo seria de dar o título: "Saia da igreja e conecte-se com D's". Seria um ensaio provocativo, não no sentido de desmantelar a prática religiosa de comparecer ou pertencer a uma determinada denominação, mas no sentido de questionar a respeito do verdadeiro motivo que nos leva a buscar este pertencimento, e quais as consequências disso na formação do nosso caráter e sobretudo da nossa espiritualidade.
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Fui criado na igreja. Minha avó, muito religiosa, ao fim da vida, que O Eterno, Bendito Seja, guardou para a ressurreição muito em breve, ela já havia lido o Santo Livro mais de cem vezes. Ela lia outros livros também, mas nenhum deles ocupava tanto a sua mente quanto a Bíblia. Desta forma, fui criado em um ambiente onde a relação de valores era iniciada pelo tripé: Igreja-Família-Trabalho, e destas três colunas, todos os seus desmembramentos, sejam eles morais, profissionais, culturais, mas acima de tudo, religiosos. Foi a religião quem sempre norteou meus passos desde a tenra infância até hoje. E este era o costume de modo geral, nos meus contemporâneos, independente do credo que professavam. A vida era resumida em: casa, trabalho, igreja, e moldado pelos princípios destes, a vida social e lazer.
O primeiro pensamento que aflora nestas lembranças direcionadas mais ao espírito do que ao corpo, pelo menos em teoria é: mas e por que, mesmo com todas estas informações e costumes, continuo sendo um pecador, consciente desta condição, e por que, mesmo dentro da igreja, sentia-me com culpa continuada? Por que, de tempos em tempos, a igreja e o convívio religioso tornavam-se mais e mais tediosos, ao ponto de precisar de bons sermões para que abastecesse minha adrenalina espiritual, e dada àquilo que penso ser um pouco de discernimento cultural, tornava-me cada dia mais exigente quanto á qualidade técnica do pregador para que voltasse saciado e abastecido de motivação espiritual, que duraria cerca de dois ou três dias, mas ao final destes, novamente o tédio e a falta de vontade de cumprir o rito de ler a Bíblia, ouvir um hino de louvor ou contrição, e dedicar o restante do dia a examinar minhas dúvidas, porque para respondê-las, necessitava de um "maior relacionamento com D-s", segundo ouvia dos mais "espiritualizados", e que isso só seria possível com total arrependimento pelos pecados e continuada oração e estudos da "Palavra de D-s", ou seja, do caminhão de livros, livretos, panfletos, apostilas, programas de reavivamento e louvor, e no clímax disso tudo, abarrotar meus ouvidos de "Louvor" esganiçado com luzes piscantes e caras de sofrimento cuidadosamente ensaiadas pelos artistas que trocavam suas carreiras falidas no mercado secular, e encontravam no meio religioso um prato cheio para seus espetáculos, onde decibéis e luzes enchiam de êxtase as pobres criaturas de mãos erguidas balançando com suavidade em direção aos céus, na ânsia de receber aquela "paz" e tremor espiritual, a qual chamam de "encontro com Jesus".
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Eu, que venho de uma geração onde os quartetos eruditos ainda procuravam somar vozes ao conjunto, em lugar de disputar decibéis, como se D-s fosse um julgador do "The Voice", que viraria a poltrona para aquele que alcançasse as mais altas notas ou produzisse os melhores efeitos e falsetes, comecei a esvaziar-me de religião, de convívio religioso, e ensimesmar-me à minha rebelde insignificância, ruminando minhas culpas por desejar ficar o mais distante possível daqueles espetáculos da fé.
Mergulhei nos estudos,mas tudo o que lia, convergia quase sempre para uma coisa, que me incomodava: Havia resposta pra tudo! E isso me incomodava,porque haviam respostas para perguntas que eu não tinha feito, e de uma forma que não me permitiam pensar em modificar as perguntas, ou pior que isso, se eu ousasse perguntar algo que não estava previamente estabelecido pela cartilha, que mais parecia uma tabelinha de perguntas à esquerda e respostas à direita, e que não havia sequer a possibilidade de ter mais que uma alternativa, porque neste pensar doutrinário, D-s era absoluto, isto é, não O Ser Onipotente, Onisciente e Onipresente, mas aquilo que estava estabelecido acerca de D-s era um pacote fechado e sem direito à escolha, porque um único desvio da pergunta previamente combinada, levar-me-ia ao julgamento antecipado por apostasia da fé. Complicado isso. Mas assim que era.
Nos longos diálogos com minha avó, uma velha cheia de defeitos e péssimas virtudes, foi minha grande referência religiosa. Era teimosa como uma mula, mas era o que eu tinha. Era o meu patrimônio de conhecimento acerca da fé, e então era com esta "ferramenta" que eu deveria trabalhar minha construção. Os anos passaram, ela se foi, outros vieram, e um dia, entediado, comecei a recompor nossas conversas. E nestas reminiscências, resgatei o histórico familiar que ela entretecia com maestria de memória, e lembrava as minúcias dos casamentos da família de até cinco, talvez seis gerações atrás, relacionando seus costumes e historia à nossa ancestralidade judaica. Eu me divertia com aquilo, e dava pouca ou nenhuma importância ao fato. Porém, um dia resolvi investigar isso mais a fundo, e descobri que a organização religiosa à qual eu era filiado (e continuo), aceitava que seus membros de origem judaica, praticassem a forma de serviço religioso deste formato, e que se reunissem em separado, diferente dos cultos tradicionais do restante dos membros.
Foi assim que despertei para o judaísmo, e esta é a primeira vez que escrevo sobre o assunto, uma vez que não o faço por razões proselitistas, nem anti-igrejeiras, mas como uma análise pessoal de meu relacionamento com D-s, isto é, como parte de um processo de conhecimento daquilo que fugi por tantos anos, o estudo da Bíblia. O que mudou foi que antes eu estudava a Bíblia, ou fazia a leitura do ano bíblico, contando as páginas que faltavam para terminar. Hoje, simbolicamente eu "raspei" a numeração das páginas, e passei e estudar como se descascasse uma cebola: camada por camada. Passei a estudar a Bíblia sob um viés de quem a escreveu:os judeus!
E o que eu aprendi neste formato de estudo e comportamento? Aprendi o fundamental para entender que durante cinquenta anos (eu tenho sessenta hoje) de religiosidade de cartilha, eu não sabia nada, e estes recentes dez anos que se passaram, me mostraram que cada dia eu sei menos ainda. O que mudou foi esta percepção: saber que nada sei. Mas algo ainda maior foi agregado ao meu modo de compreender as coisas da fé: Desisti de ler as respostas, e passei a buscar pelas perguntas. Descobri que eu não sabia perguntar, e quando o fazia, era por razões apologéticas, isto é, eu já tinha uma resposta pronta para a eventual resposta que poderia ouvir. Meu mundo era formado de contrarrazões e dificilmente um debate agregava algo,porque em lugar de ouvir, eu estava sempre pronto a falar. Em lugar de perguntar para entender, eu era treinado a derrubar argumentos. Em lugar de assimilar as palavras de um sermão, fui condicionado a perceber o clímax, para poder chorar quando todos choravam, uma vez que todos os sermões que ouvia, estavam impregnados de frases de efeito e sonoridade estética para "tocar corações" e despertar sentimentos na congregação.
Cheguei a um ponto onde ser chamado de "irmão" passou a me incomodar. Não era espontâneo, ainda que sincero. Era uma obrigação formal de pertencimento. Quando você passava a fazer parte daquele mundo, agora você era "de Jesus", isto é, seu querer não era mais seu, mas dÊle. E eu aceitava isso tudo, sem questionar, porque questionar era "artimanha de satanás" para me desviar da fé. Mas que fé? Eu não tinha nenhuma fé. Tinha era culpa, e então criava calo nos joelhos quando a situação ficava calamitosa, e senti certo alívio, porque importunava D-s com minhas súplicas e remorsos, até que as coisas normalizassem. daí começava tudo de novo.
Cheguei ao ponto de ouvir sermões e passar o tempo analisando a técnica do orador, prevendo com muita antecedência o clímax da mensagem. Era quase capaz de repetir como num jogral, as palavras de efeito que ouvia, e naquele momento do apelo, sentia-me constrangido a ser o único sentado e sério, enquanto todos estavam se derramando em lágrimas lá na frente esperando a bênção do vitorioso pregador, embevecido com tão belas palavras que "D-s colocara em seus lábios". Entrava vazio e saia murcho. Esperando que o sábado terminasse logo, para eu poder retomar minha vida pessoal. E como quem espera sempre alcança, o sábado terminava, logo estava eu radiante e cheio de culpa porque estava feliz em poder ser eu mesmo, ainda que de um modo mais secular.
Não escrevi isso tudo até aqui para terminar de forma tão negativa. Escrevi para justificar o título que dei e o título que gostaria de ter dado:Saia da Igreja e conecte-se com D-s. Repito:Não saia de sua igreja de forma nenhuma! Não existe outro lugar no mundo para que você vá, se abandonar a sua congregação e as suas doutrinas. Seu vazio será completo,porque dentro da igreja existem pessoas que sofrem as mesmas angústias que eu sofria e que talvez você desde agora passe a perceber que também sofre. Mas então, qual a respostas disso? Nenhuma! Exatamente. Nenhuma resposta. Eu não encontrei respostas quando redirecionei minha conduta espiritual e ancestral. O que aprendi foi que antes do ovo, veio a galinha, uma vez que foi criada por Quem criou todas as outras coisas, e aprendi que antes das respostas, devem vir as perguntas, e caso você não saiba como começas a perguntar, comece por estas três perguntas (esta é a única resposta que darei): Quem eu sou? De onde eu venho? Para onde eu vou? E não aceite as respostas simples que poderá ouvir para calar sua curiosidade. Busque a origem das suas perguntas. O que diziam Platão e Aristóteles sobre quem é você? o que dizia Descartes sobre as mesmas perguntas? O que dizia Moisés, Jesus, Paulo de Tarso? O que disse D-s ao Homem quando o viu escondido por ter encontrado respostas sem ter feito as perguntas a Quem devido para respondê-las?
Depois da queda pela desobediência, o primeiro método que D-s usou para comunicar-Se com o Homem e a Mulher, foi perguntá-los. Quando Moisés duvidou de sua capacidade de enfrentar o Faraó, O Eterno perguntou-lhe: O que tens à mão? Diz-se que a mãe judia recebe o filho, vindo da escola e pergunta a ele: "Meu filho! Você fez uma boa pergunta hoje?" Somos um compêndio de desconhecimento. D-s disse ao profeta: "Meu povo está morrendo por falta de conhecimento!". Jesus disse: "Conheçam a Verdade e a Verdade vos libertará!" Mas o que é "A Verdade"? Bem, a resposta pronta é: "Eu Sou A Verdade, O Caminho e A Vida!". Simples assim. Simples? Simples coisa nenhuma. Resolvi buscar a origem desta expressão, percorri a Torá (Pentateuco), para buscar lá na fonte, na raiz, e como se tivesse encontrado um lago de águas límpidas, percebi que o que via era apenas um espelho do que estava à frente: as respostas.Mas aquilo que eu realmente queria ver, era o que estava sob as aguas. E para que visse o que o espelho visível escondia, era necessário que mergulhasse no invisível. Não estou falando de misticismo, mas de acender uma luz mais forte para vasculhar os recônditos da fonte de conhecimento que conduz à vida eterna.
Descobri que eu tinha um armário abarrotado de respostas, e um porão entupido de perguntas, mas que não havia conexão entre um e outro. E assim, tateando no escuro, com um pequeno candeeiro chamado "ânsia por saber", fui apanhando coisas pelo caminho, coisas que se encaixavam nas coisas que eu tinha naquele armário, e à medida que estes encaixes aconteciam, como num quebra-cabeças de tabuleiro, um "puzzle", imagens começavam a formar cenários, e nestes cenários eu começava a entender mais e mais cada vez.
Durante muitos anos fui doutrinado pelas circunstâncias e pré-conceitos. Imaginava que ter as respostas na ponta da língua para um debate apologético, serviria para um ranking de pontos acumulados que dariam acesso ao céu. Vi que não. Vi que por mais que procurasse na base da Bíblia que é a Torá, os cinco livros de Moisés, não encontrava nenhuma referência de céu ou vida eterna como recompensa pelo meu conhecimento e devoção. Aceitava por aquilo que entendia como fé, que aquelas atrocidades eram algo necessário para aquele tempo, e que no fritar dos ovos, tudo passou a ficar bem depois da morte de Jesus, e quando encontrava alguém que colocada o D-s do Antigo Testamento como um D-s estúpido e cruel, mas que tinha sido disciplinado e tornara-se comportado quando Seu Filho fora entregue à morte por minha causa de moto tão atroz, e que aquele sofrimento deveria me trazer alegria, porque agora eu estaria salvo.
Só que não não trouxe. Trouxe apenas conformação. Sou porque sou, e pronto. Se crer, serei salvo, se não crer, serei condenado. Escolho crer para ser salvo. Simples assim. Mas crer como? Crer em Quem, se O D-s que Se identifica comigo por Um Ser Humano, não me permite sequer conhecer Seu santo Nome, para que possa adorá-lo? A quem vou adorar, se O Messias, O qual creio ser Jesus, diz que não pode ser adorado, e deixa esta honra exclusivamente Ao pai que está nos céus. e que ensina a orar do mesmo modo que já se orava desde tempos bíblicos? Como vou conhecer A Verdade, se Ele diz Ser esta verdade, e desta forma me oferece aquela resposta pronta da qual estou tentando fugir?
É aqui que vejo no livro dos Provérbios, a profundidade da Sabedoria que clama pelas ruas. É aqui que vejo a sublimidade do entendimento de ter sido criado à Sua Semelhança, porque começo a perceber que D´s não criou um robô programável pela tabelinha de perguntas e respostas, e que se busquei a resposta para a promessa de vida eterna no Pentateuco, quebrei a cara, porque não irei encontrá-la desta forma objetiva, mas encontrarei de forma subjetiva, e portanto mais íntegra, porque como um garimpeiro precisa varrer a areia do rio para perceber algumas poucas pedrinhas de ouro e pedras preciosas, também é o entendimento contido na Torá, onde D-s não Se esconde, mas Se mostra a cada letra, cada sinal, cada parágrafo, e que mostra a Sua infinita sabedoria,e ao final de tudo, fala da vida eterna de uma forma que "aquele que lê, entenda", segundo disse Jesus, isto é, que para encontrar as pegas de D-s eu preciso primeiro retornar (em hebraico, "teshuvá"), voltar à fonte onde a água é mais fresca (em tupi-guarani é "acangaú") e ali encontrar em uma única palavra todas as respostas que procuro: Vida!
É preciso retornar à Torá e perceber que lá diante do rio Jordão, D-s fala a Moisés, diante do povo e diz: "Ponho diante de vós a Vida e a Morte, mas quero que escolham a vida". Aqui está a chave de toda a redenção: Vida! Vida prometida lá no deserto pelo Autor da vida, e vida em D-s não é vida pela metade, mas vida eterna. Aqui encontro a chave de alcançar esta continuidade de vida, chamada de "Graça" lá adiante por Paulo de Tarso, através dos mandamentos, das instruções, das orientações, que de forma tão pobre foi traduzido por Lei. É Lei, mas só assume o aspecto jurídico, julgador, policialesco, para quem não as cumpre,porque o inocente não tem que ser julgado, e mais ainda, mesmo o julgamento torna-se um ato de misericórdia, porque cabe ao Juiz conceder o perdão ou efetivar a sentença condenatória. Aqui entra o entendimento que esta Lei não é um aguilhão que fere para escapar do inferno, mas como um guia experiente que convida a segui-la para alcançar os portais da vida.
É neste conjunto de livros, seguido dos profetas e dos escritos, dos salmos, cânticos e provérbios, que começo a aprender a perguntar e deixo de fornecer respostas que eu desconheça a qual pergunta pertence.
Este é meu compêndio de busca, e se a igreja ou a congregação estiverem atrapalhando minhas perguntas, então as respostas que ouço serão também vazias de sentido. Não vou deixar aqui nenhum conselho porque conselho também é uma forma bondosa de responder àquilo que nem foi perguntado.
Quais respostas o banco de minha igreja ou congregação tem para me oferecer, e o que exige em troca de fornecer-me tais respostas? Meu lugar neste banco está apenas preenchendo espaço de uma plateia que chora diante de um bom pregador, e sente-se aliviada após o êxtase do apelo, e saio dali cheio de respostas, ou a quietude do lugar conclama meu vazio a que se desnude das respostas prontas enlatadas e que retome a minha relação com D-s pela fórmula do Profeta Isaías que diz: "Kav kav lacav, Kav kav lacav. Çav, çav, laçav, Çav, çav, laçav, Zeer sham, zeer sham!" (Regra sobre regra, preceito sobre preceito e mais preceito; um pouco daqui, um pouco dali)?
Não sei você. Mas eu estou começando uma jornada longa. Minhas crenças não mudaram uma linha, mas minha fé começa a aquietar minha alma, sequiosa por saber o que vou perguntar a cada manhã.
Você busca respostas ou apenas faz perguntas? Se D-s que é D-s, faz perguntas, quem sou eu para dar respostas?
Shalom
*Se deseja conversar comigo e tem perguntas a fazer, talvez eu não dê as respostas, mas vou acrescentar as suas perguntas à minhas para mergulharmos juntos na profundidade das águas da vida, e talvez encontremos respostas que preencham nossas expectativas.
(48) 999 61 1546
sábado, 14 de outubro de 2017
Politicamente Indecente - Apolônio Lacerda
Apolônio Lacerda tinha um parafuso a menos, e o outro estava quase caindo, daí que chamá-lo de "desparafusado" era basicamente um elogio. Ele não tinha papas na língua. Dizia o que pensava e não pensava no que dizia. Não tinha nenhum trato social e elegância era coisa que ele deixava pros "frescos", segundo suas próprias palavras. Convidá-lo para um batizado, era garantia de vergonha.
-Este é meu fiu, Sêo Apolônio! Pegue um pouquinho no colo!
-Mas nem a pau eu pego! Vou só oiá de canto de ôio que é pra não me afeiçoá!
Aí, olhava detidamente a criancinha e saía com essa:
- Mas como é feio! Que barbaridade! Que criancinha mais feia, ôme do céu! Isso parece uma cruza de lambisome com capivara, chê! Tu tem certeza que é pra criá dentro de casa? Melhor que não!
Dizia isso e aproveitava a paralisia de estupefação das vítimas para sair meneando a cabeça em busca de algo mais interessante pra ver.
Chega no bolicho e comenta:
-Fui visitá a cria da comadre Casturina! Mas Ô bicho mais feio, cruis!
- Mas compadre - atalha o bolicheiro - Como é que o compadre pode achar feio um pitoquinho recém nascido. Eles são meio esquisitinho mesmo, mas ancim, dizê que é feio, pega até mal pra pessoa!
Serve-lhe o trago e sai para passar um pano sujo no balcão molhado de pinga. Nisso entra Dolores, a professorinha. Educada, cumprimenta a todos, e também Apolônio.
- Bons dias, Senhor Apolônio!
- Buenas!
Responde em seco e continua bebericando a pinga numa caneca de guampa. Cheira a caneca e berra pro bolicheiro:
- Tu não lava esse canego,ô jaguara? Isso aqui tá com cheiro de mijo e cheiro de bunda de tia véia!
A professorinha enfia a cara atrás das mãozinhas delicadas e só exclama baixinho, envergonhada:
- Sêo Apolônio...!
- Não se apoquente, dona! Eu digo isso que é pro bem dele. Eu nem mencionei que o cheiro era da bunda da vó dele mesmo..... (e caía na gargalhada).
- Veja-me, por obséquio, dois quilos desta linguíça, senhor bolicheiro - emenda a professorinha.
- Ah, mas a senhôra vai fazê uma bela compra, madama! O Cachaço tinha sido capado havia mais de ano e tava gordo feito o Padre Genaro, quando carnearam o bicho (o porco, não o padre). Leve também um naco do torresmo, porque tá bão de arreganhá as berbela....
Foi o suficiente para que o bolicheiro metesse a cara na janela e lançasse uma sonora cusparada que quase acertou Carsulina, que vinha chegando. Saiu dali e olhou com ternura pra garrucha de dois canos debaixo do balcão.Mas se controlou. Só emitiu um grunhido rouco e um olhar matador em direção do Apolônio.
- Mãns chê! Deveras um dia eu ainda ganho na loteria.
- O que que vai fazer com os conto que ganhar ?- Perguntou o bolicheiro, engolindo o choro de raiva e disfarçando pra ver se passava a raiva, não sem um último olhar para a professorinha que já ia longe.
- Compro uma égua pra lida e um lote de terra!
- Pous lê vendo o bolicho também e me bandeio pra Vacaria!
- Pede muito pelo bolicho?
- Só um tanto!
- É demais! Dê desconto!
- Pra fechá negócio, déis por cento!
- Passe pra vinte que já deixo aqui um fio de bigode!
- Pous ponha o fio cá junto com o meu e o negócio tá fechado!
- Mâns chê! Tenho um negócio a lê prepôr!
- Pous me diga qual é?
- Lê vendo o bolicho de volta!
- Dependendo do preço, pensêmo!
- Por tanto e mais um pouco!
- Tá caro!
- Mas é de boa procedência. Um único dono antes de mim!
- De fato o lugar parece bão!
-Aceita vórta?
- Talvez uma égua!
- Tenho uma que tá prenha!
- Arreiada?
- Compréta!
- Negócio fechado!
Apertaram as mãos, e Apolônio se despediu, agradecendo o trago, as linguíça e pelo negócio da égua pelo bolicho, e mais um tanto. O bolicheiro saiu esfregando as mãos, feliz, por ter comprado tão excelente estabelecimento por apenas dois quilos de linguíça e uma égua encilhada, pois nao tinha a menor intenção de pagar o tanto e mais um pouco prometidos.
Carsulina ria, ria, ria...
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