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terça-feira, 17 de outubro de 2017

O ódio que nos une - Uma análise sobre a disseminação do ódio nas redes sociais

Foto: Internet



Na condição de estudioso das Escrituras, mas também de alguém que mantém sempre viva uma certa curiosidade e necessidade de permanecer alinhado com temas seculares, e ainda como um autêntico "dedo nervoso" de belas imagens ou artigos no Facebook ou whatsapp, o tema da violência desperta em mim, assim como em todos, uma mescla de horror, com espanto e medo continuado, ao ponto de já filtrar aquilo que não gostaria de ver no  meu perfil logo pela manhã, ou em qualquer outra hora do dia, e com esta premissa, acabo por mantendo a pessoa em minha rede de contatos, mas não acompanhando mais as suas publicações.
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Deletar aquilo que nos desagrada é uma das vantagens dos relacionamentos na tecnologia, mas bem mais complicados nos relacionamentos reais e palpáveis. É algo doloroso o processo de extermínio de uma amizade. Gera sofrimento, mágoa, pesar e dor. Eis então o porquê das amizades virtuais se avantajarem neste processo de relacionamento humano: é muito simples retirar uma pessoa de seu campo de visão, e mais ainda, ela dificilmente perceberá este vácuo de relacionamento, uma vez que as redes sociais favorecem a "mentira branca e suave", a "morte sem agonia ou eutanásia" de um ou mais relacionamentos.
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As redes sociais favorecem a adição de pessoas todos os dias. Gente que você nunca viu, torna-se em poucos dias amiga de infância, paixão ou motivo de ódio avassaladores. Porém, com a mesma facilidade que entraram em nossas vidas, elas também se esvaziam de nós e quando percebemos, nem mesmo lembramos que elas existem. Aqui praticou-se o amor sem amor e o ódio sem ódio. Amor e ódio técnicos. O amor em bits e o esquecimento em bytes.

Há porém um ingrediente ainda mais avassalador que este amor e paixão baratos, crescendo de maneira assustadora, mas não sem motivo ou propósito: o ódio! Através de simples visualização de uma chamada bem elaborada, tornamo-nos imediatamente cúmplices morais (ou imorais) de determinada proposta de "justiça", vestida como vingança,  contra este ou quele indivíduo ou grupo destes, que cometeram esta ou aquela atrocidade, devidamente filmada pelo celular e com a velocidade e ferocidade das comunicações cibernéticas, é capaz de entrar imediatamente no nosso inconsciente, e devolvemos a resposta de pronto com um polegar abaixado, assim como faziam nas arenas de Roma, cujos espetáculos de sangue inebriavam a multidão.

Vale ressaltar que estes espetáculos vão muito além do que mostra Hollywood nas dramatizações, em que o foco da violência e orientação de sentimentos está sempre voltado para este ou aquele personagem, e de fato, eram os gladiadores ou os cativos, fossem estes cristãos, judeus ou inimigos capturados, que serviam de banquete às feras e ao fogo, mas que também serviam de festim diabólico aos espectadores ricos e nobres, que bebiam o sangue dos lutadores mortos, na certeza que estariam adquirindo desta forma sua força e bravura.

Felizmente não dá pra beber sangue pela tela do computador ou da televisão, que a cada cem filmes ou seriados que mostra, noventa são de violência gratuita, louvor às trevas e adrenalina macabra, e que, sim, você está bebendo o sangue de alguém quando se detém em examinar tais imagens e mensagens, e mesmo que seus lábios e seu paladar não toquem na carne das vítimas, sua mente já está saciada pelo que seus olhos e ouvidos colocaram em sua refeição espiritual e psicológica. Parabéns! - diz o diabo. Você é um de "nós!".  Lógico que você não  ouve aquela gargalhada sonora como aparece nos filmes, porque quem está gargalhando é você mesmo, ao dizer: "Bem feito!", quando vê um bandido levando tiro, ou um estuprador sendo massacrado e seu corpo queimado, ainda vivo, porque "eles mereceram isso!".

Longe de mim poupar a justiça sobre alguém que comete crimes, seja da natureza que for. Mas justiça é uma coisa e vingança é outra. Justiça vem de D-s, e vingança é a justiça que vem do diabo. E quando os homens se distanciam de D-s ao sentenciarem o mal, esta gangorra os direciona ao príncipe das trevas, que dá o tom da conversa e da sentença. Quando os Homens que promovem a justiça se tornam fracos, estão fortalecendo a justiça impregnada de maldade que habita dentro de cada um de nós. Quando o mal triunfa e o bem se encolhe no Estado, o mal de nossas teclas acolhe o bem distorcido que há em nossa justiça, e assim, disseminamos o ódio, em lugar de promovermos a paz. E isso terá um amargo preço em nossa sociedade, em nossa família, e nossa mente e em nosso coração.

Quando acordamos com imagens e chamados para compartilhamento de ações vingativas, disseminação de ódio, ilações, promoção de vingança, estamos fazendo exatamente o contrário, e alimentando tudo isso, porque a maioria de nós acreditamos que isso tudo tem um maestro do mal orquestrando isso tudo, e o alvo somos nós, nossa família, mas principalmente nossas crianças.

Quando acordamos todas as manhãs e nos deparamos com incitações à violência no whatsapp, Telegram, Facebook, Twitter ou qualquer outro espaço virtual, estamos chamando a nós mesmos de bebedores de almas e comedores de carne humana.  Aos poucos vamos amortecendo nossa consciência, e é exatamente com isso que o diabo conta: Consciências mortas são robôs espirituais. Zumbis, para entrar no clima do texto, e está na moda. Talvez sem percebermos, mordendo aos poucos, pedaços de nós mesmos, até  que nos exterminemos por completo. Que exterminemos os traços de semelhança com D-s Porque Quem fomos criados, e passemos a nos assemelhar com sombras daquilo que apregoamos, até que nem sombras hajam mais, porque para que haja sombra, é necessário que haja pelo menos um resquício de luz atrás de nós. Mas até esta luz um dia pode se apagar.

Shalom



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