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domingo, 15 de outubro de 2017

A Doença de Narciso - Por que políticos só dão notícias enaltecendo a si mesmos?

Narciso

Foto: Pinterest

"Segundo Ovídio, Narciso era um rapaz plenamente dotado de beleza. Seus pais eram o deus do rio Cefiso e da ninfa Liríope. Dias antes de seu nascimento, seus pais resolveram consultar o oráculo Tirésias para saber qual seria o destino do menino. E a revelação do oráculo foi que ele teria uma longa vida, desde que nunca visse seu próprio rosto.

Narciso cresceu, e se transformou um jovem bonito de Beócia, que despertava amor tanto em homens e mulheres, mas era muito orgulhoso e tinha uma arrogância que ninguém conseguia quebrar. Até as ninfas se apaixonaram por ele, incluindo uma chamada Eco que o amava incondicionalmente, mas o rapaz a menosprezava. As moças desprezadas pediram aos deuses para vingá-las. Para dar uma lição ao rapaz frívolo, a deusa Némesis, (aqui como um aspecto de Afrodite) o condenou a apaixonar-se pelo seu próprio reflexo na lagoa de Eco. Encantado pela sua própria beleza, Narciso deitou-se no banco do rio e definhou, olhando-se na água e se embelezando. Depois da sua morte, Afrodite o transformou numa flor, narciso.

Até em sua morte, ele tentava ver nas águas do Estige as feições pelas quais se apaixonara."

Fonte: Wiki

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Recebo e leio centenas de notícias advindas de equipes de comunicação de prefeituras, câmaras de Vereadores, Deputados, Senadores, Governadores e até da Presidência da República, sejam lá quem forem os seus titulares, a essência da notícia é sempre a mesma: "Como somos bons, justos e eficientes!"  Ainda que traduzidos pela refinação de profissionais das palavras, as mensagens, todas elas, transmitem duas coisas apenas: Ou autoelogios, ou desculpas e em defesa de acusações que os vitimaram. Desta forma, fica muito difícil acreditar naquilo que se lê, quando proveniente destas fontes, da forma que são mostradas.

Estou querendo dizer que a comunicação destes órgãos e políticos seja mentirosa ou desnecessária?De modo algum! Antes digo que a comunicação entre o governante e seu eleitor, o cidadão, é absolutamente necessária, conquanto proporciona tranquilidade por meio da informação. Não apenas deve ser mantida, como deve aprimorar-se através da confiabilidade que chega ao leitor, seja qual for o veículo utilizado para tal.

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O jornalismo, principalmente o bom jornalismo é feito de fontes, sejam estas provenientes de políticos ou de empresas que necessitam comunicar-se com o consumidor de forma abrangente, e especialmente transparente.

Então, onde quero chegar com isso? Acho que apenas pelas palavras diretas não chegarei a lugar algum, uma vez que meu raio de influência não chega a tanto. Não comoverei senão a mim mesmo, fazendo transparecer ao leitor que não importa o quanto ame seu político; não importa quão convincentes sejam os textos bem elaborados pelas cartilhas e códigos de conduta que sigam, haverá sempre por trás deles a intenção de mostrar que a perfeição é possível, e esta perfeição está encriptada nos filtros vernaculares dos bons redatores que se encontram a serviço da política, seja ela boa ou má; decente ou indecente. A ânsia por mostrar o que há de bom e esconder o indesejável, faz da comunicação um mordomo fiel e impudico da relação entre o Homem público e o público de Homens que apenas leem e creem naquilo que leram, sem pensarem se aquilo que leram foi mesmo aquilo que era necessário ler, ou apenas aquilo que desejariam ler e os comunicadores sabiam disso com antecedência.

Sendo assim, o comunicador é um prostituto literário, que escreve aquilo que convém para ser lido por aqueles que são convenientes. Necessários, mas perigosos. Por esta razão, a cultura sempre será a Espada de Dâmocles sobre a verdade, e são os comunicadores a mão que sustenta com força e movimento calculados tal força, porque as mesmas verdades ajustadas aos olhos e ouvidos dos leitores poderão ser o cair da espada sobre as cabeças dos que fizeram gerar os fatos relatados e levados ao público pelos comunicadores.

Dâmocles e Narciso brotam das lendas e adormecem nas letras e nas palavras, nas imagens e nas vozes, cada vez que você, leitor querido e leitora perfumada debruçam-se sobre notícias plantadas distribuídas pelas redes, jornais e veículos de comunicação de massa. Cabe a você questionar uma por uma e decidir se ela traduz a verdade verdadeira ou um fragmento de verdade contido naquilo que  que os comunicadores desejam levar até você para induzir e conduzir seu modo de pensar.

É por isso que eu provoco e motivo a pensar, pois quem pensa não tem tempo nem espaço mental ou espírito para ser aprisionado por manipulação de qualquer espécie. Seja por campanhas de Esquerda, Direita, Ideologias de Gênero, Número ou Grau. O Direito à informação não é publicar ou ler qualquer imundície que cai à mão para fazê-lo, mas a capacidade de discernir entre o que é bom e o que é pernicioso. Em todos os sentidos. Mesmo isso que acaba de ler. Leia novamente e reflita pelo meu direito de também estar tentando manipular os leitores, mas principalmente pelo direito dos leitores em não acreditarem em uma única palavra do que estou dizendo. Ou será que não?

Aqui eu lanço um desafio, que só os fortes entenderão:Que sejam enviadas apenas notícias daquilo que é feito em benefício do povo, omitindo as dezenas de citações e grifos em cada mensagem de seus pretensos autores. Não vejo que estariam com isso mascarando a fonte, uma vez que no setor público, a fonte deve ser sempre o empregador, isto é, o próprio povo, e quem age com o dinheiro do povo, mesmo que pareça ser seu, pela empáfia com que apresentam realizações, deve ler diariamente o Livro de Eclesiastes e lembrar que todos são, assim como eu também, "Palha ao Vento",e que não será sobrecarregando de repetições tais nomes nas mensagens e notas de comunicação, que deixarão de ser quem são, fazer o que fazem, e prestar contas a quem devem prestar, e que não sirva o erário público como fonte de recursos para auto promoção contínua, como se o eleitor estivesse realmente interessado em saber quem precisa gritar tão alto seu próprio nome para que suas obras sejam mostradas.

A doença de Narciso entra pelos ouvidos e olhos, mas é fermentada na mente. Ninguém está livre dela. Nem mesmo eu, pois tenho que vender minha própria imagem ao oferecer meu trabalho. Então, não tenho nenhuma moral para reclamar. Nem quero. Não reclamo. Apenas reflito se aquilo que eu mostro condiz com aquilo que eu entrego. O resto é propaganda enganosa.


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