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sexta-feira, 26 de março de 2021

Civilização Pós Covidiana* - A COVID-19 e a reinvenção do design

Pacard - Designer - Consultor, Escritor e Palestrante - Especialista em Tendências para o Setor Moveleiro*

 Quem "inventa" a moda não são os designers. Moda é aquilo que passa. Tendência, é o que ainda virá, mas o que permanece é sempre o comportamento humano, e sim, este é imutável. O que muda, são as maneiras com que o Ser Humano se comporta diante das estações da vida, e de que maneira ajusta as velas à navegação do destino.

São os movimentos sociais, sejam eles políticos, econômicos, ou comportamentais, quem determinam as curvas as retas, as cores, os volumes, e a funcionalidade das coisas que utilizamos no dia a dia, e quando tais coisas são usadas de forma imperceptível, então, pode se estabelecer uma tendência em determinado costume. Um sapato, por exemplo, pode ser considerado adequado, quando não lembramos que estamos calçando, e assim acontece com as roupas, com as lentes dos óculos, ou com o volume da televisão. Quando tudo está funcionando de acordo com a adequação desenhada para aquela função, o seu uso corriqueiro gera um costume, e quando os costumes se multiplicam entre as demais pessoas de certa região, ou padrão, temos uma tendência.

As guerras, as calamidades, os eventos políticos, tudo faz parte daquele pacote de ingredientes que irão abastecer os desenhadores de objetos e coisas que irão oferecer maior conforto, status, e prazer, aos seus usuários, da porta pra fora da loja. Uma guerra pode modificar o modo de segurança das casas, dos automóveis, de medicamentos de emergência, novas anestesias, vacinas, e assim por diante.

A corrida armamentícia da Guerra Fria entre USA e URSS, criou a corrida espacial, que por sua vez, trouxe a liofilização dos alimentos, dos aspiradores portáteis, das roupas com tecidos inteligentes, e da tecnologia das comunicações.

As grandes quebradeiras das bolsas de valores, aprimoraram o sistema financeiro, e uma após outra, as grandes tragédias  foram indutoras de soluções desesperadas para situações desesperadoras, o que resultaram em significativos avanços na qualidade da medicina, comunicações, indústria metal mecânica, transportes, vestuário, e praticamente, uma a uma das demais áreas interligadas, foram se ajustando aos novos tempos.

Não quero dizer com isso que seja bom ou necessário o sofrimento para que o remédio seja inventado, pois, sem sofrimento, também não há necessidade de remédio. É simples assim. Então, o homem que sobe diariamente um morro íngreme para buscar água ou alimento, decididamente tem as pernas e os braços mais fortes do que aquele que caminha em uma linha reta e plana para satisfazer suas necessidades.

Em tudo o que se encontra no caminho da civilização, há necessidade e oportunidade para o novo desenho dos utilitários, e as circunstâncias em que isso acontece, aceleram a criatividade. Estamos, portanto, vivendo um momento único, dentro do período pós guerra, que exige um despertar criativo e inovador sem precedentes na história, uma vez que a descoberta do fogo, tenha criado imediatamente a necessidade de criar instrumentos para reacender a chama, e prover recursos para alimentá-la. Nasceu assim, a fricção, a pedra sílex, e o machado. Com estes instrumentos em uso, o sabor da caça se tornou melhor e mais macio, após o cozimento, e a adição de ervas. As frutas se tornaram mais abundantes depois que o homem descobriu que poderia reproduzi-la em um ambiente controlado, e nasce a agricultura, depois a troca por caça, por terras, por armas.

O mundo vive seu momento de aceleração contínua e a velocidade de seu giro, diante dos avanços da ciência, deixa de ser em uma rotação em torno de si por dia, mas de milhares de rotações por minuto, por segundo, e até em Nano segundos, uma milionésima fração de tempo, em que o próprio tempo que conhecemos se torna lento demais.

Dizia o profeta Daniel: "Porém tu, ó querido Daniel, tranca em segredo, mediante um selo, as palavras do Livro, até o tempo próprio do fim. Muitos farão de tudo e correrão de uma parte a outra em busca do maior saber; e o conhecimento se multiplicará muitas e muitas vezes!” (Daniel 12:4). Vivemos esse tempo sem nenhuma dúvida. Vivemos o tempo em que tudo que pensávamos ser futuro, torna-se presente, e o que era presente, é jogado ao passado, de um dia para outro. E aqui encontra-se a necessidade de que pessoas com visão holística (ampla) mergulhem numa análise conceitual, e redefinam o novo comportamento da "Civilização Pós Covidiana*  (Acabo de criar a expressão), e a partir disso, redesenhem o novo padrão de necessidades, e tal padrão, poderá nortear os novos caminhos do Design, segundo o avatar dessa tendência, e o sopro desse vendaval.

Na minha singular leitura, o novo padrão do Design deverá oferecer o perfume da alegria, como um broto frágil que eclode da casca ressequida de uma árvore castigada pelo inverno. Os novos padrões deverão soprar como brisa, e não como furacões. Deverão lembrar a essência das raízes sublimes, para apagar a tristeza das perdas incontáveis. Este é o novo desenho do Design que vejo, a partir do rescaldo da pandemia. É nesta direção que vejo brotar os novos talentos, aqueles que tem, antes de tudo, profunda sensibilidade, e não os que apenas buscam a glória das capas de revistas e brilho dos holofotes em salões suntuosos.
O novo Design da Civilização Pós Covidiana* deverá ser um refrigério às almas doloridas, e padrões como: Leveza, pureza de estilo, Cores suaves e traços delicados, farão a diferença  para quem não pode olhar para trás sem que o coração se desfaça em quebrantos, e que o mar inteiro se deposite nos olhos. Esta é a função do Design: Promover conforto e bem estar ao usuário. E o sofredor de agora será o usuário de logo mais.


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